• Nenhum resultado encontrado

5 Reservas e produção de petróleo e gás natural

5.6 Resultados Consolidados

Nesta seção são apresentados de forma consolidada os resultados discutidos na seção anterior.

Da Primeira à Quarta Rodada foi marcante a participação de empresas estrangeiras.

O baixo resultado da Quinta Rodada, em relação ao total de participantes, pode ser explicado pela situação vigente na época, como já mencionado na seção 5.5.5, que afetou o resultado da licitação. A partir da Sexta Rodada de Licitações, passou a ser mais expressiva a participação de empresas nacionais na obtenção das concessões para as atividades de E&P. Essa tendência foi consolidada nas Rodadas seguintes, em especial na Sétima e Nona Rodadas, que apresentaram relação mais equilibrada entre o número de empresas nacionais e estrangeiras habilitadas. A Tabela 24 apresenta a origem das empresas habilitadas por Rodada de Licitação.

Rodada

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2008

Manifestaram

Na Décima Rodada, apesar da redução no número de participantes em relação as licitações anteriores, também foi marcante a atuação das empresas nacionais. As participantes nacionais superaram as estrangeiras, o que pode ser explicado pelo perfil de blocos licitados. Como esta Rodada ofereceu somente blocos terrestres, as oportunidades possuíam pouca atratividade para as grandes empresas internacionais do setor, mas mostraram-se adequados às pequenas empresas, em especial às nacionais que marcaram significativa presença nesta licitação.

Esse comportamento também pode ser constatado entre as empresas que apresentaram ofertas, bem como para aquelas que arremataram blocos nas licitações da Agência. A Tabela 25 contém o resultado das licitações em relação a origem das empresas que apresentaram ofertas.

Tabela 25: Empresas ofertantes por Rodada de Licitações.

Rodada

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2008

Ofertantes 14 27 26 17 6 21 32 42 23

Rodadas as empresas nacionais superaram as estrangeiras. A Tabela 26 apresenta a origem das empresas que arremataram blocos, bem como a evolução do número de novos operadores que passaram a atuar no setor de E&P de petróleo e gás natural no Brasil.

Tabela 26: Empresas que arremataram áreas e novos operadores por Rodada de Licitações. 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2008

Vencedoras 11 16 22 14 6 19 30 36 17

Entre as empresas que tornaram-se concessionárias para exercer as atividades de E&P no país, prevaleceram, de forma mais significativa, as empresas estrangeiras até a Quinta Rodada, sendo este grupo predominantemente formado por empresas com atuação internacional. A partir da Sexta Rodada de Licitações foi crescente o número de empresas nacionais que passaram a ser concessionárias do setor, observando-se também aumento no número total de empresas que obtiveram concessões, em especial na Sétima e Nona Rodadas de Licitações, que registraram número recorde de empresas vencedoras.

A abertura do setor em 1997 permitiu a realização de investimentos privados nas atividades de E&P tendo os blocos exploratórios sido adquiridos por diversas companhias estrangeiras e nacionais, incluindo a Petrobrás. É também marcante a diversificação do capital investido no setor, sendo observado significativo interesse de empresas oriundas de um número variado de países – na Primeira Rodada, empresas de cinco países distintos obtiveram concessões, o que foi crescente nas licitações subsequentes chegando a empresas oriundas de quatorze países na Nona Rodada de Licitações.

considerando todas as Rodadas de Licitações, de aproximadamente 48% nos blocos arrematados. Nota-se que o sucesso e predominância da empresa são esperados e relacionam-se ao conhecimento geológico, sistêmico e empresarial, bem como ao desenvolvimento tecnológico adquirido durante o longo período de atividade monopolista (CAMPOS, 2005; VIANA, 2007b). Além do resultado positivo da Petrobrás, a participação de empresas nacionais entre as que obtiveram concessões aumentou de forma gradativa desde a Primeira Rodada, quando a estatal foi a única empresa nacional a arrematar áreas, até as Rodadas mais recentes, destacando-se a Sétima, Nona e Décima Rodadas, quando mais de dez empresas nacionais obtiveram concessões de áreas exploratórias (COUTINHO et al, 2000).

A Tabela 27 mostra a participação da Petrobrás e de outras empresas nacionais por Rodada de Licitação (número de blocos arrematados sozinha ou em consórcio/

número total de blocos arrematados na Rodada).

Tabela 27: Participação das Empresas Nacionais nos blocos arrematados por Rodada de Licitações

Rodada de Licitação

Participação nos blocos arrematados (%) Petrobrás Outras empresas nacionais

(excluindo Petrobrás)

1° 42 -

2° 38 5

3° 44 3

4° 38 24

5° 87 6

6° 69,5 21

7° 38 24

9° 23 46

10° 50 26

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados da ANP, 2011c

A existência de um player, como a Petrobras, com notória vantagem informacional sobre os outros participantes, visto tratar-se de uma empresa que realizou pesquisas exploratórias no país durante mais de 40 anos, favorece o sucesso da empresa em arrematar uma quantidade significativa de blocos nas licitações da Agência (SALGADO; MOTTA, 2008). A evidente proeminência da estatal nas Rodadas da ANP também está relacionada, além dos aspectos já mencionados, ao predomínio das atividades offshore, competência técnica adquirida ao longo de décadas e o tempo relativamente curto de abertura do mercado (COSTA; PASTORIZA; PRATES, 2005).

Cumpre salientar que há uma tendência mundial de concentração das reservas de hidrocarbonetos nas mãos de empresas estatais (National Oil Companies – NOCs).

À medida que as reservas de hidrocarbonetos foram ganhando importância na geopolítica mundial, os países detentores de grandes acumulações privilegiaram o fortalecimento de empresas estatais. Neste contexto, atualmente 61% das reservas provadas no mundo encontram-se sob o controle total ou predominante estatal (ALÉM; GIAMBIAGI, 2010).

Destaca-se também a participação de empresas nacionais no que diz respeito ao percentual de blocos arrematados somente por empresas nacionais, excluída a participação da Petrobrás, conforme mostrado na Tabela 27.

Inicialmente os investimentos realizados no setor foram conduzidos predominantemente pela estatal, uma vez que os novos investidores optaram por agir com cautela para entrar no mercado nacional, preferindo atuar em parceria com a empresa estatal em função da grande experiência e do conhecimento técnico, adquiridos durante o período de monopólio (COSTA; PASTORIZA; PRATES, 2005).

No caso brasileiro, a atuação das licitantes através de parcerias representa um aspecto importante, uma vez que aproximadamente 34% dos blocos licitados foram arrematados por consórcios de empresas, já que a legislação permite a participação de empresas associadas em consórcio. No tocante a Petrobrás, a empresa obteve concessão em 49,8% de todos os blocos arrematados e, desta parcela, 43% foram arrematados por consórcios formados entre a estatal e outras empresas (estrangeiras ou nacionais).

A presença da Petrobrás constituiu um fator indutor de permanência das estratégias cooperativas das empresas de petróleo no segmento de E&P no Brasil. Os novos agentes apresentam duplo interesse neste processo de entrada: (i) nos curto e médio prazos, a motivação é compartilhar os riscos, custos e benefícios com a Petrobrás na experiência acumulada em E&P offshore; e (ii) no longo prazo, a intenção é buscar a entrada no mercado doméstico, tendo em vista o tamanho e o ritmo de crescimento da demanda interna de derivados (TOMALSQUIM; PINTO JUNIOR, 2011). Fatores como altos riscos geológicos, incertezas regulatórias e incertezas econômicas, políticas e empresariais, justificam a estratégia de associação das demais empresas com a estatal nacional (CAMPOS, 2005).

A partir da abertura do mercado, as médias e pequenas empresas estrangeiras iniciaram sua participação no mercado nacional, buscando garantir bons resultados, ancorados em experiências adquiridas em outros países ou através de parcerias com empresas de maior porte (FERNANDES; ARAÚJO, 2003). Em função do respeito e credibilidade conquistados pela Petrobrás no mercado internacional, várias empresas de grande porte estabeleceram, nas Rodadas de Licitação, parcerias com a estatal brasileira. Além da diluição de riscos, a possibilidade de troca de know-how tecnológico também é um fator que colabora para a atuação cooperativa das empresas (VIANA, 2007b).

6 Empresas atuantes nas Rodadas de Licitações