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2.4 Terapia ocupacional e reabilitação profissional

2.4.2 Terapia ocupacional, trabalho e reabilitação profissional: uma revisão bibliográfica dos

2.4.2.2 Revista de Terapia Ocupacional da USP

A partir de levantamento realizado em todos os 21 volumes desse periódico, de 1990 a 2010, foram encontrados 34 artigos a respeito das temáticas pertinentes ao estudo.

Gravina, Nogueira e Rocha (2003) trazem um estudo sobre facilitadores e dificultadores do retorno ao trabalho no processo de reabilitação profissional em um banco, sendo este o único artigo desse periódico a abordar especificamente o tema da reabilitação profissional (GLINA; ROCHA, 2003; GRAVINA; NOGUEIRA; ROCHA, 2003).

9 artigos tratam de questões relacionadas a determinadas categorias profissionais e/ou de locais de trabalho. Alencar (2010) investiga as relações existentes entre os distúrbios osteomusculares de trabalhadores que cuidam de idosos em instituições de longa permanência e a organização de suas atividades de trabalho. Alguns autores discutem condições de trabalho e sintomas relacionados à saúde de catadores de materiais recicláveis, e também fatores de risco de distúrbios músculo-esqueléticos em atividades de trabalho de operadores de produção em uma empresa desse ramo (ALENCAR; CARDOSO; ANTUNES, 2009; ALENCAR,

2009).

Outros tratam das relações entre trabalho e saúde mental e suas implicações nos processos de envelhecimento, buscando a compreensão dos processos que geram sofrimento psíquico e de seus reflexos na vida, na saúde e no trabalho, junto a agentes de trânsito, bem como de uma análise ergonômica da atividade profissional desses trabalhadores, para a compreensão da relação entre desgaste e envelhecimento precoce no trabalho (LANCMAN; SZNELWAR; JARDIM, 2006; GONÇALVES et al., 2005).

Lancman et al. (2003) trazem ainda uma discussão acerca da importância e das possibilidades de intervenção da terapia ocupacional no campo da saúde e trabalho, tendo como foco a prevenção de riscos ambientais, a partir de um grupo de reflexão junto a trabalhadores de um hospital universitário. Glina e Rocha (2003) colocam temas relacionados a condições de trabalho e sintomas de dor muscular e estresse de/em estagiários de um banco. Alves et al. (2002) discutem a prática da Terapia Ocupacional na avaliação de posturas adotadas pelos trabalhadores em uma fábrica de joias, em situação real de trabalho, e Lancman et al. (2000) apresentam uma pesquisa/intervenção no processo de trabalho em um restaurante universitário, com uma abordagem ergonômica e de grupos de reflexão sobre o trabalho, discutindo o alcance dessas metodologias.

Demais autores, em 12 artigos, trazem para a discussão temas que relacionam o trabalho a pessoas com deficiência, pessoas com transtornos mentais e/ou populações em desvantagem.

Com relação a pessoas com deficiência, apresentam-se temáticas diversas (TOLDRÁ; MARQUE; BRUNELLO, 2010; TOLDRÁ, 2009; TOLDRÁ; SÁ, 2008; SIMONELLI; CAMAROTTO, 2005; GHIRARDI, 2004; TISSI, 1999), colocando-se, respectivamente: a reflexão sobre experiências, desenvolvidas por instituições especializadas, de preparação e inclusão de pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho; a opinião de pessoas com deficiência acerca da legislação de reserva de vagas no mercado de trabalho; as ofertas de profissionalização destinadas a pessoas com deficiência, desenvolvidas por instituições governamentais e não governamentais, no município de Campinas; a aplicação de um método de análise de tarefas industriais em uma indústria aeronáutica, para a identificação de postos de trabalho potencialmente ocupáveis por pessoas portadoras de necessidades especiais e para a orientação da empresa na política de contratação dessa população; as cooperativas de trabalho como espaços de inclusão social de pessoas com deficiência; e a abordagem das

temáticas da deficiência e do trabalho a partir do eixo inclusão/exclusão social e do depoimento e observação do trabalho de pessoas com deficiências físicas, atuantes no comércio ambulante na cidade de São Paulo.

Perspectivas relacionadas a projetos de inclusão no trabalho de pessoas em situação de desvantagem são discutidas por Nicácio, Mângia e Ghirardi (2005), que apontam a necessidade de superação das formas de intervenção norteadas pelo trabalho terapêutico e protegido, apresentando as cooperativas sociais como um dos caminhos para essa superação. OLIVER et al. (2002) problematizam a questão das oficinas de trabalho, direcionadas a pessoas com ou sem deficiências ou transtornos psíquicos, como forma de sociabilidade ou de geração de renda, com a compreensão dos significados atribuídos por alguns dos participantes de duas oficinas de geração de renda.

Mângia (1997) aborda a questão da ilusão de liberdade trazida pelo trabalho por meio das premissas do tratamento moral em psiquiatria, caracterizando-se o projeto de constituição de uma instituição psiquiátrica em Franco da Rocha/SP, e Pereira (1998) traz um estudo dos diferentes usos do trabalho e suas características junto a pacientes internados nessa mesma instituição.

Kinker (1997), Ogawa (1997) e Nogueira (1997) discutem experiências de inserção no trabalho de usuários de um programa de saúde mental, levantando questões sobre o significado destas em relação ao mundo do trabalho; colocando a oposição dessas novas experiências com relação às bases teórico-práticas do tratamento moral; e discutindo a restituição do direito ao trabalho para essa população, entendendo-se o trabalho como instrumento para reconstrução de subjetividades, respectivamente.

Em 4 artigos são colocados temas referentes à saúde mental no trabalho, à psicodinâmica do trabalho, à subjetividade e à organização do trabalho e às relações entre esses diversos temas (LANCMAN; JARDIM, 2004; MOLINIER, 2003; SAINT-JEAN, 2003; LANCMAN et al., 2002), referindo-se, respectivamente, ao impacto do trabalho na saúde mental de técnicos de controle de tráfego; a discussão de aspectos metodológicos em psicodinâmica do trabalho, trazendo-se a utilização da própria subjetividade como forma de compreensão da subjetividade de sujeitos em situação de trabalho; a discussão das ligações entre a organização do trabalho e a saúde mental dos trabalhadores; e a contribuição para a formulação teórica dessas relações – entre trabalho e saúde mental – a partir da compreensão de aspectos subjetivos do trabalho em postos avançados de engenharia de tráfego.

Outros autores discutem de forma mais geral alguns aspectos relacionados ao mundo do trabalho (SAINT-JEAN; THERRIAULT, 2007; OLIVEIRA, 2003; MÂNGIA, 2003; LANCMAN; GHIRARDI, 2002; OLIVER, 1990), tratando, respectivamente, da demonstração das diferenças fundamentais entre os conceitos de trabalho, estudo e produtividade; de uma descrição panorâmica da história do trabalho humano, da escravatura ao capitalismo dos dias atuais; da apresentação dos aspectos principais das relações entre alienação e trabalho presentes na obra de Marx; da discussão de novas perspectivas práticas e teóricas em terapia ocupacional no campo da saúde e trabalho; e do levantamento de questões acerca do conceito de trabalho utilizado no modo de produção capitalista e as suas interferências na prática de terapia ocupacional.

2 artigos tratam das questões dos DORT - distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho (SILVA; GUIMARÃES; RODRIGUES, 2007; MARTINS et al., 2002), abordando, respectivamente, uma bibliografia sobre a efetividade dos programas de retorno ao trabalho para indivíduos com desordens musculoesqueléticas em membro superior; e a identificação das redes semânticas construídas sobre os DORT, em sujeitos participantes e não participantes de um programa de saúde do trabalhador.