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Síntese comparada

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Capítulo 3 – Descrição dos Dados

3.1.3. Síntese comparada

Tendo por base os dados descritos nas secções anteriores, procede-se agora à sistematização dos resultados obtidos pelos dois grupos de sujeitos no teste de produção.

Relativamente às propriedades do verbo matriz e à selecção do modo em frases afirmativas, verifica-se que:

- Nos grupos de verbos que seleccionam o modo indicativo na encaixada, nomeadamente nos grupos I (afirmar e saber) e III (sentir, achar, prometer e dizer), os dois grupos de sujeitos registam 100% de ocorrências no indicativo. Os tempos mais produzidos pelos sujeitos são o presente do indicativo, mesmo nos contextos em que são utilizadas as formas perifrásticas. Assim, com estes dois grupos de verbos, a taxa de sucesso é total.

- No grupo de verbos II (lamentar, querer e esperar), verbos que seleccionam o modo conjuntivo na encaixada, o grupo de sujeitos I (10º ano) apresenta 96.7% de produções no conjuntivo e o grupo de sujeitos II (12º ano) 100%. O presente do conjuntivo é o tempo mais produzido pelos dois grupos de sujeitos (10º e 12º anos), apresentando em

ambos um valor percentual de 93.3%. Por conseguinte, a percentagem de produções incorrectas, que se verifica apenas no grupo de sujeitos I (10º ano), é de 3.3%.

- Na frase com o verbo matriz duvidar (grupo IV), que selecciona o modo conjuntivo na encaixada, o grupo de sujeitos I (10º ano) apresenta 60% de produções no modo conjuntivo e 40% de produções (incorrectas) no indicativo; o grupo de sujeitos II (12º ano), por seu turno, apresenta 100% de produções no conjuntivo. No indicativo, os sujeitos do grupo I utilizam essencialmente o pretérito perfeito; no conjuntivo, os dois grupos de sujeitos produzem predominantemente o presente e, também com um valor significativo, o pretérito perfeito composto.

O grupo de sujeitos I regista, assim, uma taxa de insucesso de 40% enquanto o grupo de sujeitos II não apresenta produções incorrectas.

- Com os verbos do grupo V (acreditar, imaginar, suspeitar e prever), que seleccionam ou o modo indicativo ou o modo conjuntivo na encaixada, os dois grupos de sujeitos optam maioritariamente pelo indicativo em detrimento do conjuntivo, numa média de 82.5% para o indicativo face a 16% para o conjuntivo. De entre as ocorrências no indicativo, o presente é o tempo mais produzido pelos sujeitos. As ocorrências no conjuntivo envolvem sobretudo os verbos suspeitar e prever e, com estes verbos, predomina também a utilização do presente.

- Com o verbo pensar (grupo de verbos VI), admite-se igualmente selecção modal dupla na encaixada, embora, como já referido anteriormente, a selecção do conjuntivo possa ser considerada marginal por alguns falantes. Os dados recolhidos neste grupo, revelam que os sujeitos produzem apenas o modo indicativo, predominando o presente com 80%. Assim, verifica-se uma preferência absoluta pelo indicativo, modo este que regista 100% do total das ocorrências.

Modo seleccionado na encaixada (%) Indicativo Conjuntivo Grupo de Verbos Modo seleccionado na encaixada GS I GS II GS I GS II I Indicativo 100% 100% 0% 0% II Conjuntivo 3.3% 0% 96.7% 100% III Indicativo 100% 100% 0% 0% IV Conjuntivo 40% 0% 60% 100% V Indicativo/ Conjuntivo 82.5% 82.5% 15% 17.5% VI Indicativo/ ?Conjuntivo 100% 100% 0% 0%

Quadro 12 – Distribuição dos modos indicativo e conjuntivo na encaixada, nas produções dos grupos de sujeitos I (10º ano) e II (12º ano).

Ainda no âmbito do teste de produção, verificou-se que, na presença de um operador de negação na oração matriz:

- Com o grupo de verbos I (afirmar e saber), que selecciona o modo indicativo na encaixada, todas as produções dos dois grupos de sujeitos estão conforme o alvo, ou seja, o indicativo regista 100% do total de ocorrências. Em ambos os grupos de sujeitos o tempo verbal mais seleccionado é o presente (40% para o grupo I de sujeitos e 70% para o grupo II de sujeitos). O pretérito perfeito e as formas perifrásticas, com o auxiliar predominantemente no presente, revelam igualmente valores relevantes.

- Nas frases com os verbos matriz lamentar, querer, esperar e prever (grupo de verbos II), que seleccionam o conjuntivo na encaixada, o grupo de sujeitos I selecciona maioritariamente o conjuntivo (97.5%), apresentando apenas uma produção agramatical no indicativo, que corresponde a 2.5% do total de ocorrências.

No caso do grupo II de sujeitos, regista-se 100% de ocorrências no conjuntivo, não havendo, portanto, produções incorrectas.

Os tempos verbais mais produzidos no conjuntivo pelos dois grupos de sujeitos são, em primeiro lugar, o presente e, em segundo, o pretérito perfeito composto.

- Com os verbos sentir, achar, prometer e dizer (grupo de verbos III), que, nestas circunstâncias, seleccionam na encaixada ou o indicativo ou o conjuntivo, verifica-se nos dois grupos de sujeitos uma preferência clara pelo indicativo: 65% para o grupo de sujeitos I (10º ano) e 75% para o grupo de sujeitos II (12º ano). Neste modo, destaca-se o presente como o tempo mais utilizado pelos dois grupos de sujeitos.

O conjuntivo apresenta 32.5% de produções no grupo de sujeitos I e 25% de produções no grupo de sujeitos II, predominando em ambos os grupos de sujeitos o presente, sendo de destacar o verbo achar por apresentar, relativamente aos restantes verbos que constituem este grupo, um elevado número de ocorrências em que o modo seleccionado é o conjuntivo.

- Tal como o grupo de verbos anterior, o grupo de verbos IV (verbo duvidar) sofre os efeitos na negação na oração matriz e passa a seleccionar os dois modos na encaixada. Nos dois grupos de sujeitos verifica-se o mesmo comportamento: um número elevado de ocorrências do modo indicativo (70%) face a um número de ocorrências inferior no modo conjuntivo (20% e 30% para os grupos I e II, respectivamente). O uso do tempo do presente é o que predomina com ambos os modos.

- No que diz respeito ao grupo de verbos V (acreditar, imaginar e suspeitar), com propriedades de selecção modal dupla, os dados revelam que os dois grupos de sujeitos registam, no indicativo, uma percentagem elevada, a saber 73.4% e 56.7%, respectivamente. No entanto, enquanto o grupo de sujeitos I (10º ano) apresenta uma produção reduzida de conjuntivo (26.6%), o grupo de sujeitos II (12º ano) regista um valor muito próximo do obtido para o indicativo, 43.3%. Assim, no grupo I de sujeitos há uma preferência clara pelo indicativo; no grupo II de sujeitos verifica-se uma distribuição próxima dos dois modos.

No indicativo predomina o uso do presente, seguido das formas perifrásticas com o auxiliar predominantemente no presente e do pretérito perfeito; no conjuntivo predomina também o uso do presente e, com um valor mais baixo, do pretérito perfeito composto.

- Por fim, com o verbo matriz pensar (grupo VI), que selecciona os dois modos na encaixada, o grupo de sujeitos I (10º ano) regista um valor percentual de 60% para o indicativo e de 40% para o conjuntivo, verificando-se, assim, uma preferência pelo indicativo. No modo indicativo, este grupo de sujeitos selecciona predominantemente o pretérito perfeito e, no modo conjuntivo, o presente.

O grupo de sujeitos II (12º ano), por seu turno, apresenta 100% de ocorrências no modo indicativo, predominando o uso do presente.

A sistematização dos dados anteriormente descritos encontra-se no quadro 13:

Modo seleccionado na encaixada (%)

Indicativo Conjuntivo Grupo de Verbos Modo seleccionado na encaixada GS I GS II GS I GS II I Indicativo 100% 100% 0% 0% II Conjuntivo 2.5% 0% 97.5% 100% III Indicativo/ Conjuntivo 65% 75% 32.5% 25% IV Indicativo/ Conjuntivo 70% 70% 20% 30% V Indicativo/ Conjuntivo 73.4% 56.7% 26.6% 43.3% VI Indicativo/ Conjuntivo 60% 100% 40% 0%

Quadro 13 – Distribuição dos modos indicativo e conjuntivo na encaixada, na presença da negação frásica, nas produções dos grupos de sujeitos I (10º ano) e II (12º ano).

3.2. Teste II – Avaliação

Como referido anteriormente (cf. Capítulo 2 – Metodologia), o teste de avaliação teve como objectivo testar o desempenho dos sujeitos na capacidade de identificar frases gramaticais e sequências agramaticais, tendo em conta as relações de (in)dependência temporal entre a oração encaixada e a oração superior. É formado por frases em que o verbo matriz se encontra conjugado ou no presente ou no pretérito perfeito do indicativo.

Os dados recolhidos no teste II foram, assim, organizados, a fim de dar conta:

(i) das classificações correctas e incorrectas6 relativas a cada verbo - quadros 15 a 17 (secção 3.2.1.1.) e quadros 18 a 20 (secção 3.2.1.2.);

(ii) das avaliações das sequências como correctas (OK) ou incorrectas (*) por parte dos sujeitos relativamente a cada grupo de verbos (cf. quadros 1 e 2, anexo 8);

(iii) das classificações correctas e incorrectas por parte dos sujeitos relativamente aos grupos de verbos, considerados na sua totalidade - gráficos 25 a 27 (secção 3.2.1.1.) e gráficos 28 a 30 (secção 3.2.1.2.).

No documento Índice. Resumo...3. Abstract...4 (páginas 106-111)