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Pessoas com defi ciências e incapacidades – Pessoas com limitações si- gnifi cativas ao nível da actividade e da participação, num ou vários domí- nios de vida, decorrentes da interacção entre as alterações funcionais e estruturais de carácter permanente da pessoa e os contextos envolventes, resultando em difi culdades continuadas ao nível da comunicação, apren- dizagem, mobilidade, autonomia, relacionamento interpessoal e partici- pação social, dando lugar à mobilização de serviços e recursos para pro- mover o potencial de funcionamento biopsicossocial.

Funções do corpo – Engloba o conjunto de funções fi siológicas dos siste- mas orgânicos, incluindo as funções psicológicas.

Estruturas do corpo – Caracteriza-se pelo conjunto de partes anatómi- cas do corpo constituintes dos diferentes sistemas do indivíduo.

Defi ciência – Caracteriza-se pela existência de alterações signifi cativas ao nível das estruturas e funções constituintes do organismo.

Actividade – Reporta ao nível de execução de uma tarefa ou de uma ac- ção por um indivíduo.

Limitações da actividade – Reporta ao conjunto de difi culdades que um indivíduo pode encontrar na execução de actividades.

Participação – Envolvimento real numa situação da vida.

Restrições na participação – Reporta ao conjunto de difi culdades que um indivíduo pode experienciar no envolvimento em situações reais da vida, em particular sempre que está em causa o acesso a direitos.

Factores contextuais – Representam a narrativa histórica de um indi- víduo e estilos de vida associados, incluindo dois componentes: factores ambientais e factores pessoais

Factores ambientais – Constituem o ambiente físico, social e atitudinal no qual as pessoas organizam a sua vida.

Factores pessoais – Constituem o histórico particular da vida e do estilo de vida de um indivíduo e englobam as características do indivíduo que não são parte de uma condição de saúde ou de um estado de saúde. Cidadania – Janoski (1998) defi ne o conceito como “A pertença pelos indi- víduos num Estado-nação de certos direitos universalistas passivos e acti- vos a um nível determinado de igualdade”. Assim, a cidadania (a) implica um reconhecimento de personalidade num limite geográfi co, o que se aproxima da noção de “cidadania substantiva” proposta por Bottomore (1992), e envolve o reconhecimento de uma identidade colectiva (Benhabib, 1999); (b) inclui tanto direitos de participação na vida política (cidadania

activa) como direitos de existência (cidadania passiva) que não dependem da competência do sujeito para exercer infl uência; (c) remete para direi- tos universalistas e formalmente atribuídos pela lei a todos os cidadãos (e não para direitos informais e particulares) e (d) garante, dentro de certos limites, uma igualdade processual (por exemplo, de acesso aos tribunais) e também substantiva.

Qualidade de vida – Percepção do indivíduo acerca da sua posição na vida, de acordo com o contexto cultural e os sistemas de valores nos quais vive, sendo o resultado da interacção entre os seus objectivos e expecta- tivas e os indicadores objectivos defi nidos para o seu ambiente social e cultural.

Autonomia – Capacidade individual de defi nir objectivos e de agir na di- recção desta deliberação, mobilizando recursos e competências individu- ais e colectivas, gerindo e mediando processos no sentido de alcançar os resultados desejados.

Empowerment – Processo de complexifi cação das competências individu-

ais e colectivas, durante o qual os indivíduos infl uenciam activamente as tomadas de decisão no quadro dos ambientes sociais em que se encon- tram inseridos.

Advocacy – Refere-se, fundamentalmente, a actividades de natureza

legal ou jurídica, podendo ter um signifi cado mais amplo, denotando iniciativas de pressão política e de articulação mobilizadas por organi-

temas no debate público e infl uenciar as políticas públicas. Actualmen- te, advocacy relaciona-se com os processos que produzem mudanças em sistemas institucionais.

Reabilitação / habilitação – Mobilização de apoios e intervenções mul- tidisciplinares coordenados e à medida, visando a resolução das neces- sidade emergentes no quadro da relação entre pessoa e contextos de vida, o desenvolvimento de competências pessoais e a mobilização de recursos, a fi m de maximizar os níveis de actividade e promover a parti- cipação na comunidade.

O elemento diferenciador dos dois conceitos prende-se com a tempo- ralidade etiológica da defi ciência. No caso da defi ciência congénita, apli- ca-se o conceito de habilitação, atendendo a que se trata de activar um conjunto de medidas e de intervenções complementares aos serviços/re- cursos mainstream desde o início do ciclo de vida do indivíduo.

No caso da defi ciência adquirida aplica-se o conceito de reabilitação na medida em que se trata de activar os serviços especializados neste do- mínio, em complementaridade com os serviços e recursos mainstream, de forma a promover o potencial de funcionamento biopsicossocial.

Mainstreaming – Possibilidade de participação de todas as pessoas ao nível

dos serviços, recursos e estruturas regulares disponíveis na comunidade, sendo este processo assegurado pela capacitação colectiva em reconhe- cer e gerir as diferenças individuais no contexto alargado da sociedade.

Disability awareness – Conjunto de estratégias que visam a promoção da

tomada de consciência social em relação à experiência de vida das pes- soas com defi ciências e incapacidades no sentido de superar as barreiras atitudinais e dotar as diferentes comunidades de competências na gestão da diversidade.

Igualdade de oportunidades – Processo através do qual os sistemas, re- cursos, serviços e dispositivos gerais da sociedade – tais como o ambiente físico e cultural, a habitação e os transportes, os serviços sociais e de saú- de, as oportunidades educacionais e de trabalho, a vida cultural e social – são acessíveis a todas as pessoas.

Integração – Processo de participação das pessoas na sociedade, desde que estas revelem e/ou desenvolvam as características e os requisitos necessá-

rios para se ajustarem aos sistemas e estruturas sociais gerais. Neste con- texto, a integração é defi nida como o conjunto de processos de reconstru- ção da ordem social, tanto no plano interactivo como no plano sistémico. Inclusão – Processo pelo qual a sociedade desenvolve mecanismos de transformação simbólico-operatória de forma a poder incluir, nos seus sis- temas gerais, a globalidade dos cidadãos e, reciprocamente, cria condições para estes assumirem os seus papéis nas diferentes esferas da vida social. Coesão social – Relaciona-se com a adesão dos cidadãos a valores co- muns face a um bem-estar partilhado, o que inclui geralmente pelo me- nos três dimensões básicas: uma relacional (solidariedade estruturada, redes sociais e capital social), outra cultural (modelo comum de valores, identifi cação de grupo, direitos sociais garantidos) e fi nalmente, outra económica ligada à garantia das condições mínimas de vida e de acesso aos pilares básicos de inserção na estrutura social – habitação, educação, saúde, emprego.

Qualidade social – Medida de capacidade dos cidadãos em “participar na vida económica e social das suas comunidades em condições que promo- vem o seu bem-estar e potencial individual” (Beck, Maesen & Walker, 1997).

Este conceito não é apenas prometedor pela sua multidimensionalidade como apresenta a vantagem de se ter deliberadamente evidenciado en- quanto instrumento de avaliação de políticas sociais. Este facto é visível na forma como as suas quatro dimensões são formuladas, cada uma respon- dendo a uma questão específi ca:

· segurança socioeconómica, i.e., “até que ponto as pessoas dispõem de recursos ao longo do tempo”;

· coesão social, i.e., “até que ponto são partilhadas as relações sociais baseadas em identidades, valores e normas”;

· inclusão social, i.e., “até que ponto as pessoas têm acesso e estão inte- gradas em diferentes instituições e relações sociais que constituem a vida de todos os dias”;

· empowerment social, i.e., “até que ponto as capacidades pessoais dos indivíduos e a sua capacidade para agir são aumentados pelas relações sociais” (Maesen, Walker & Keiser, 2005).

Capítulo 4.

A Classifi cação Internacional