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ONDE ENCONTREI DANÇA PARA CRIANÇAS

temática 1 que também aparecem na área temática

1.3 SÍNTESE DE IDEIAS SOBRE O ESTADO ATUAL

Esse levantamento teve como base principal a consulta aos bancos de dados, tais como Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICIT), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) após consulta, percebi que muitas teses e dissertações não estão disponíveis nesses sites. Isso me fez optar por examinar o banco de dados das universidades, já que esses sistemas agregadores ainda não reúnem toda produção realizada no Brasil. Algumas universidades, principalmente as privadas, não apresentam banco de dados na internet, o que dificultou a coleta de material nessas instituições. O acesso aos artigos de periódicos apresentou problemas semelhantes, como a ausência de padronização dos sistemas e falta de informações detalhadas.

A variação no formato de apresentação dos resumos das dissertações, teses e artigos foi grande. Esse fator muitas vezes dificultou a análise, pois alguns resumos são muito sucintos, outros confusos ou incompletos, sem informação sobre o tipo de pesquisa e procedimentos metodológicos. Por isso, na etapa de classificação dos textos, ao encontrar resumos limitados de informações, realizei uma leitura completa dos arquivos coletados, a fim de respeitar os critérios estabelecidos e explicitados anteriormente.

Apesar desses aspectos, essa etapa possibilitou identificar quais campos de pesquisa são privilegiados nos centros de formação acadêmica e examinar os referenciais teóricos adotados; a relação entre o pesquisador e as práticas pedagógicas; as propostas de trabalhos por meio do relato das experiências apresentados; a contribuição dos pesquisadores na definição das tendências e teorias e as colaborações para o fortalecimento de uma massa crítica na subárea de Dança e Educação Infantil.

65 Figura 2– Mapeamento do estado atual

A figura 2 resume as etapas desse levantamento que, como perspectiva inicial, pretendia mapear as produções de Dança e Educação Infantil. Para isso os 117 trabalhos foram distribuídos em nove áreas temáticas, das quais escolhi duas para aprofundamento: 1 – Dança na Educação Infantil e Experiências Pedagógicas e 2 – Reflexões a Respeito do Ensino da Dança para a Educação Infantil. Delas despontaram quatro e três categorias respectivamente. A partir disso, organizei um rol dos termos relativos a cada categoria, e que possuíssem unidades de significância (U.S.).

A coleta de dados por meio do estado atual foi importante para entender o momento do conhecimento em Dança na Educação Infantil. Soares (1989) acredita que

Esta compreensão do estado de conhecimento sobre um tema, em determinado momento, é necessária no processo de evolução da ciência, a fim de que se ordene periodicamente o conjunto de informações e resultados já obtidos, ordenação que permita indicação das possibilidades

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de integração de diferentes perspectivas, aparentemente autônomas, a identificação de duplicações ou contradições, e a determinação de lacunas e vieses (p. 3).

Esse levantamento permitiu verificar que a Dança voltada para a infância é um campo novo, que carece de pesquisas e aprofundamento teórico. Isso porque as diversas fontes categorizadas mostram que a maior parte da produção da área se concentra em relatos de experiência, que muitas vezes apenas descrevem os fatos, com insuficiência de dados, pouca reflexão sobre a prática apresentada e referencial teórico escasso. Os textos que refletem sobre a Dança na Educação Infantil43 são minoria, e muitos estão preocupados em defender sua importância e permanência na escola, expondo pouco aprofundamento em suas análises.

Existe, ainda, uma predominância de autores nos textos de acordo com as áreas destacadas: na Psicologia do Desenvolvimento, Wallon (1975), Vygotsky (1994); na Fenomenologia, Merleau-Ponty (1996); na Educação Física Escolar, Pérez Gallardo (1997), Kunz, (2001); na Formação de Professores, Schön (1987, 2000), Nóvoa (1997), Alarcão (1996); e na Psicomotricidade, Le Boulch (1984,1988). Este aspecto pode apontar as diferentes linhas de pensamento que estão aos poucos sendo definidas nos centros de pesquisa.

Essa recorrência de autores também pode ser explicada pelo fato de que muitos pesquisadores estão classificados em diversas áreas temáticas. Por exemplo, Almeida (2013) possui textos em Reflexões a Respeito do Ensino da Dança para a Educação Infantil e em Dança na Educação Infantil Experiências Pedagógicas.

Outro ponto observado é que termos como Dança e Movimento não se apoiam em uma única concepção teórica, mas se utilizam de diversos autores como Marques (1997), Strazzacappa (2001), Godoy (2010), Bertazzo (2004), Guimarães (2003), Fiamoncini (2001) e Brasileiro (2003) para explicá-los. Nesses textos ainda não há utilização de conceitos fechados, apenas se destacam termos, como corporeidade, qualidades de movimento, habilidades corporais e artísticas, criatividade, Dança como linguagem, linguagem da Dança, comunicabilidade e expressividade, lúdico, ludicidade e corporeidade, elementos da Dança e, em alguns casos, não apresentam referência para utilização, seja pelos textos tratarem de relatos de experiências descritivos ou porque as definições ainda não estão claras para os próprios pesquisadores.

No Brasil, autores como Marques (1995, 2012), Strazzacappa (2001, 2006),

43 Na categoria Reflexões a respeito do ensino da Dança para a Educação Infantil encontrei apenas 10 textos

67 Godoy (2003, 2014) e Rengel (2003, 2006) trabalham no sentido de organizar termos próprios da Dança voltados para a Educação, cada qual com seu conjunto de referências bibliográficas, mas todos em um caminho que permite identificar uma unidade ou linha de pensamento para a Dança na escola. As produções que vão ao encontro desse objetivo, auxiliam no entendimento da importância da Dança escola e ainda servem de subsídio para novos estudos na área.

Depois de concluída essa fase, identifiquei quais pesquisadores desenvolvem trabalhos que relacionam Dança e Educação Infantil. Observei, por meio dos relatos de experiências, que existe uma preocupação efetiva em colocar em prática os saberes em dança44 (GODOY, 2013). Além disso, pude reconhecer os termos cunhados por autores de referência na Educação Infantil e perceber a importância da definição de um vocabulário comum para a Dança.

Por fim, destaco que este levantamento ―é um mapa que nos permite continuar

caminhando‖ (MESSINA, 1998, p. 1), foi um ponto de partida para perceber as

deficiências e evoluções da subárea. A partir dele, a minha contribuição é estabelecer, por meio da Proposta para o ensino de Dança voltada para a Educação Infantil, outros termos, princípios e saberes que contribuam na difusão da Dança escolar para as crianças pequenas.