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CAPÍTULO 3 ALÉM DA NORMA

3.3 SEMIÓTICA DAS CONDUTAS

A semiótica da norma jurídica evidencia algumas dificuldades para o entendimento desse instituto como símbolo. Algumas dessas questões foram apresentadas e não comportam uma resposta definitiva.

Uma forma de elucidar esses problemas e ao mesmo tempo cumprir com a pretensão de prover um conceito de signo adequado ao estudo semiótico do direito é o deslocamento do foco para as condutas humanas80. Aqui o espaço de análise é mais amplo e nem por isso menos rigoroso. O comportamento81 humano é trazido ao foco, sem a intermediação de um sistema normativo ou mesmo lingüístico – ou, pelo menos, com o mínimo de interferência destes.

Além de promover a modelagem de um signo propriamente jurídico, essa proposta tem a vantagem de iniciar uma superação do paradigma normativo e do paradigma lingüístico. Em outras palavras, é um retorno do direito às suas origens.

Está sendo entendida como conduta qualquer comportamento humano. Em síntese, qualquer ação que possa ser percebida por outro agente pode ser considerada conduta, na medida dessa percepção.

Ao agir, o sujeito afirma sua posição ante o mundo e passa a fazer parte da realidade. Em uma ilustração mais concreta, cada passo dado pelo homem é um complexo exercício de abdução, porque sempre supõe que o chão vai continuar sob seus pés.

Para iniciar uma ação, o homem precisa perceber a realidade, formular uma explicação coerente e em seguida decidir de acordo. Todo esse esforço de cognição,

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Já em Hans Kelsen (1986, p. 38, 115-116) a conduta aparece como objeto da norma. Na verdade, é evidente que o termo objeto não está aí sendo usado no seu sentido semiótico, mas já é uma indicação para as idéias propostas a seguir.

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Mesmo sem pretensões de iniciar uma semiótica das condutas, o próprio Kelsen (1998, p. 4) já apontava, sobre o comportamento humano, a necessidade de atentar para “o sentido objetivo que está ligado a esse ato, a significação que ele possui”.

explicação e decisão resulta em um ato82 que, pode-se dizer, simboliza o processo numa metonímia primordial.

Max Weber definiu ação social como uma ação cujo sentido está no outro83. Essa referência à alteridade dá uma ótima noção do poder de influência que o agir de um sujeito exerce sobre os demais. Observar a forma pela qual um outro age permite supor a validade dos mecanismos de cognição que fundamentaram aquele ato, naquilo que têm de explícito.

Além disso, os hábitos humanos gregários permitiram um certo deslocamento de subjetividade. O outro ser humano não é apenas um outro, como os demais entes da natureza, mas um outro do mesmo gênero, um outro que guarda semelhanças, um semelhante. Com essa extrapolação da subjetividade, o semelhante pode ser tomado como um arquétipo84, ou uma possibilidade de ser do próprio observador.

A linha do “interacionismo simbólico” iniciada por George Herbert Mead enfatiza esse processo de formação do indivíduo por meio das condutas alheias. Os termos “self”, “me” e “I” representam, respectivamente, o processo, a organização das condutas alheias e sua afirmação perante elas, nesse deslocamento de subjetividade que leva à formação daquilo que é entendido como mente:

O “self” (si mesmo) não é tanto uma substância quanto um processo no qual a conversação de performações foi internalizada dentro de uma forma orgânica. Este processo não existe por si, mas é simplesmente uma fase de toda uma organização social da qual o indivíduo é uma parte. A organização do ato social foi importada para um organismo e torna-se então a mente do indivíduo. Ela ainda inclui as atitudes dos outros, mas agora altamente organizadas, de forma que elas se tornam o que nós chamamos atitudes sociais, em vez de papéis de indivíduos separados. Este processo de relacionamento do organismo de uma pessoa com os outros nas interações presentes, na medida em que isto é importado dentro da conduta do

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A conduta já aparece como elemento da tríade semiótica e como fundamento do pragmatismo em PEIRCE (2003, p. 179): “O Objeto Imediato de todo conhecimento e todo pensamento é, na última análise, o Percepto. Esta doutrina de modo algum entra em conflito com o Pragmatismo, que sustenta ser a Conduta o Interpretante Imediato de todo pensamento adequado”.

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Por ação, gênero, entende-se o comportamento humano relacionado a um sentido. Este, por sua vez, pode ser considerado aquilo que é subjetivamente visado, aferido num caso histórico específico, numa média de casos ou em um tipo conceitual construído. O sentido deve ser apreendido de forma racional pelo investigador, em um processo de compreensão do sentido. Aí reside a singularidade da abordagem compreensiva da sociologia proposta pelo autor (Cf. WEBER, 1999, p. 4-6).

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Sobre arquétipos, comentando as idéias de Jung e Mircea Eliade, vale recomendar a explanação de Nelson Saldanha (1999, p. 35).

indivíduo com a conversação do “I” (eu) e do “me” (mim), constitui o “self”85 (MEAD, 1934, p. 1).

Com essa visão, os atos revelam uma dimensão essencial para a vida em comunidade. Dos primeiros grupos até a sociedade globalizada, os processos miméticos envolvendo a conduta são a origem da formação de padrões na sociedade. Nos atuais dias, o indivíduo passa a fazer parte de um grupo desde o seu nascimento e, a partir desse momento, entra em contato com uma realidade inóspita e até certo ponto incompreensível, em que busca pontos de referência.

O desenvolvimento da noção de subjetividade e o reconhecimento da semelhança são processos psicológicos fundamentais para isso. Começa então, numa mimesis que o acompanhará durante toda a sua vida, a abdução pelas condutas. O modo de agir do outro é a chave para decidir o próprio modo de agir. Os sinais de assimilação de comportamentos, na criança, vão desde as expressões faciais até os primeiros gestos e os primeiros movimentos. Na presente linha de raciocínio, é bastante significativo que, no geral, a aquisição da língua aconteça depois.

Mesmo após o domínio da língua (falar é uma forma de agir), a imitação de comportamentos continua sendo uma peça-chave para a socialização de um indivíduo, ao longo de toda sua existência. A correta interpretação da conduta alheia (compreensão, conforme Weber) constitui a maior fonte de informações sobre o próprio agir, sobre as próprias abduções86.

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Uma tradução livre de “The self is not so much a substance as a process in which the conversation of gestures has been internalized within an organic form. This process does not exist for itself, but is simply a phase of the whole social organization of which the individual is a part. The organization of the social act has been imported into the organism and becomes then the mind of the individual. It still includes the attitudes of others, but now highly organized, so that they become what we call social attitudes rather than roles of separate individuals. This process of relating one's own organism to the others in the interactions that are going on, in so far as it is imported into the conduct of the individual with the conversation of the ‘I’ and the ‘me’, constitutes the self”.

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Sobre a sociologia compreensiva e sua relação com as chaves simbólicas, merece referência a avaliação de Hans Lenk (1990, p. 90-91).

Aí está representado o potencial comunicativo das condutas. Saber como o outro age – e as conseqüências que sofre por tal – representa uma percepção importante para orientar o próprio agir. Não se nega, com isso, a importância de uma consciência individual e de uma também individual noção da realidade. O que se sugere é que ambas são socialmente formadas e socialmente orientadas pela comunicação das condutas. Nenhum indivíduo pode alterar toda a realidade, mas está continuamente afetando a sociedade por suas próprias atitudes (MEAD, 1934, p. 2).

A observação das condutas não é apenas direta, para expulsar quaisquer dúvidas. É possível a utilização de qualquer outro meio de comunicação – inclusive a língua – para saber o que outro indivíduo fez ou faz. Em uma sociedade como a atual, diversas mídias, como a telefônica, televisiva, fotográfica, cinematográfica, computadorizada, servem como pontes para que um agente distante e às vezes desconhecido tenha sua conduta avaliada.

A propensão mimética do ser humano está nas bases de toda a comunicação social. Porém, a comunicação pelas condutas é transparente e esquecida, como as lentes do observador. O homem social está tão habituado a se orientar no agir alheio que raramente se detém para avaliar esse tipo de comunicação87.

O teatro e a dança são exemplos de comunicação pelos atos, de uma forma explícita. Na maioria dos casos, todavia, a troca de informações é implícita – subconsciente, até. Essa implicitude decorre da enorme freqüência com que os atos alheios se manifestam ante um ser em sociedade. Uma saturação de elementos com poder comunicativo tende a fazer com que o canal se feche, ou seja mais seletivo. Uma vez socializado, o indivíduo não empresta o mesmo valor a todos os atos observados. Aqueles que já lhe são familiares, ou seja, que não acrescentam informações novas à sua noção de realidade, pouco fazem além de confirmá-la e por esta razão são relegados a segundo plano.

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Para Mead (1934, p. 4), esse processo de importação das condutas alheias é sinônimo de “mente”. Em suas palavras, “a mente é simplestemente a interação de tais performações na forma de símbolos significantes” (“the mind is simply the interplay of such gestures in the form of significant symbols”).

Toda a força comunicativa das condutas é evidenciada, porém, quando essa transparência é quebrada. Uma ação imprevista, ou um ato improvável, tem poder suficiente para chamar a atenção dos indivíduos e passar uma mensagem não apenas sobre o fato em si, mas sobre a sociedade em que vivem.

Uma catástrofe natural teria um efeito parecido e nem por isso se pode afirmar que seja um ato comunicativo – exceto de um ser supremo, talvez. A diferença entre o fato natural imprevisto e a conduta humana imprevista é a subjetividade deslocada envolvida. No primeiro caso, o indivíduo é forçado a rever seu comportamento pela mudança ambiental. No segundo caso, o ato de um outro semelhante força o sujeito a considerar a possibilidade de que ele também poderia agir daquela forma e não agiu – nas mesmas circunstâncias.

A natureza comunicativa das condutas está em transmitir possibilidades ao observador. Durante toda a vida, com experiências diretas ou informações indiretas, o indivíduo constrói sua noção de realidade, principalmente por meio de exclusões lógicas – separando o que é possível do que não é. Juntamente com as impossibilidades impostas pela lógica do mundo, o próprio sujeito também retira autonomamente um conjunto de ações da esfera do possível, as proibições: aquelas que ele pode realizar, mas não deve, porque impõem algum tipo de custo ou conseqüência nefasta a si mesmo ou a algo que lhe seja valioso.

No caso da vida em sociedade, além das impossibilidades e proibições naturais o indivíduo assimila também as impossibilidades sociais – aqueles atos que não podem ser realizados naquele grupo – e as proibições sociais – os atos que ele pode realizar, mas impõem socialmente um custo ou uma conseqüência indesejada. Nessas limitações naturais e sociais, o conjunto de atos que o sujeito poderia realizar vai sendo cada vez mais limitado ou, melhor dizendo, autolimitado.

É nesse ponto que o comportamento imprevisto provoca mudanças. Quando o indivíduo deixa de praticar uma conduta, habitualmente, porque a considera uma

impossibilidade ou uma proibição social, basta ter contato com esse tipo de comportamento, realizado por outrem, para rever sua noção de realidade e, ao menos minimamente, considerar a possibilidade de agir daquela forma.

Isso revela, na análise das condutas, sua propensão a formar padrões. Condutas reiteradas, bem como conjuntos habituais de ação e resposta, têm uma capacidade elevada de reprodução nas sociedades humanas, em virtude da propensão mimética dos indivíduos. A manutenção dessas condutas é garantida pela sua assimilação pelos novos indivíduos, um fenômeno mimético específico conhecido como socialização.

Uma demonstração de que esses padrões podem ser entendidos como sistemas é a maneira como excluem os elementos discordantes. As condutas imprevistas que fogem ao padrão – exatamente pelo seu potencial transformador – são desencorajadas ou reprimidas em praticamente todas as sociedades. Cada uma desenvolve seus mecanismos próprios para reforçar a idéia de impossibilidade ou acrescentar custos e conseqüências nocivas ao ato, o que estimula a idéia de proibição.

Em suma, as condutas não são apenas formas pelas quais o ser humano atua na sociedade. Elas também se projetam sobre os comportamentos alheios numa interferência recíproca, normalmente implícita e invisível.

A invisibilidade não é obstáculo para o direito, muito menos para a semiótica. Continuando a modelagem, o objeto do signo é o elemento capaz de determiná-lo como tal, segundo um certo fundamento. O objeto deve manter uma certa alteridade com o seu signo, muito embora deva ser seu correlato tão próximo a ponto de poder ser tomado por aquele.

No estudo semiótico das condutas, é preciso indagar qual o elemento a exercer o papel de objeto na relação triádica. A primeira proposta envolve a adoção da própria conduta como ponto de partida para determinação de signo.

manutenção das estruturas

sociais valores

Figura 12 – Signo jurídico – terceiro modelo: Signo jurídico social

12.1. Condutas e valores sociais – a prática das condutas pode apresentar um valor significativo quando avaliadas sob o prisma dos valores sociais. Assim, as condutas em sociedade – na medida da sua externalidade e cognoscibilidade – determinam valores sociais que, por sua vez, determinam uma forma de entender e agir naquele grupo, uma representação social.

12.2. Elementos do signo social – as condutas são tomadas como objeto do signo social, de acordo com o seu potencial comunicativo. Os valores sociais (incluindo os individuais) relacionam essas condutas com as representações sociais resultantes.

12.3. Direito na semiose das condutas – o Direito também pode ser apreciado sob o modelo da semiose das condutas. Uma das formas mais nítidas da interferência jurídica é o uso e a manipulação das normas de Direito para a manutenção de representações sociais. Ao estimular (ou impor) comandos abstratos que se apresentam como universais, os titulares do poder de decisão político afastam os valores sociais que de outra forma seriam determinados pelas condutas e impedem também a formação da sua respectiva representação social. Portanto, o discurso jurídico é posto como um signo, um valor social, mas na verdade atua como dogma, porque separa a semiose social – de um lado as condutas e os valores, agentes dinâmicos de transformação da sociedade; do outro uma estrutura social estática que interfere com sua própria semiose para poder existir.

Figura 12.1 Condutas e valores sociais Figura 12.2 Elementos do signo social signo objeto interpretante condutas representações sociais Figura 12.3 Direito na semiose das condutas conduta representações sociais valores sociais objeto condutas interpretante norma jurídica signo valores Direito

Uma decisão como esta exige um delineamento mais preciso do que se entende por conduta, para que se possa empreender uma categorização coerente. A noção de conduta como comportamento envolve dois aspectos básicos.

O primeiro é a sua manifestação factual, representada por uma ação de um indivíduo. Não é importante, para essa conceituação, se a ação é voluntária ou não, desejada ou imprevista. Também não entram considerações sobre o ambiente no qual se desenvolve essa ação. Por isso, no âmbito mais amplo, conduta é o ato humano – que, com toda redundância, exige apenas uma ação praticada por um ser humano.

Todavia, é comum associar à conduta um esteio moral, ou seja, a pressuposição de existência de um ambiente social e de valores sociais que incidem sobre esse comportamento. Como transparece, essa segunda posição já traz, em si, alguns elementos que comprometem a colocação da conduta como objeto de um signo, muito embora antecipem categorias úteis a serem utilizadas nessa mesma relação triádica.

Por enquanto, então, é importante reafirmar que o termo conduta está sendo usado no seu sentido mais objetivo, como procedimento. As considerações sobre valores e ambientes sociais são postergadas para um outro momento.

Contudo, o objeto de um signo precisa ter potencial para determiná-lo. Ou seja, um objeto incapaz de fazer nascer uma relação triádica não deve, por óbvio, sequer ser considerado objeto, no sentido semiótico. A ação humana, portanto, precisa ter esse poder de determinar um signo, sob um certo fundamento. Por essa razão e para esses efeitos, não é qualquer ato humano que se pode tomar como conduta.

É preciso que o ato seja capaz de comunicar possibilidades ou impossibilidades a um dado observador. É necessário que esse ato interaja com um padrão de comportamentos preexistente, para que disponha de algum grau de potencial comunicativo. Em suma, deve ser

considerada como conduta aquela ação capaz de despertar no outro o sentido de mimesis e o deslocamento de subjetividade.

Por tal razão, é mais adequado tomar a conduta como um ato social, no sentido weberiano. Para isso, é preciso admitir, portanto, a existência de uma sociedade como referência, mas sendo o mais tolerante possível em relação aos requisitos dessa sociedade, incluindo aqui qualquer tipo de relação plural entre indivíduos. Posto isso, vale chamar a atenção para o fato de que o elemento característico da ação social não é a inserção em um ambiente social, mas a referência nele.

Então, buscando a maior abrangência possível para evitar excesso de limitações ao conceito, não se pode tomar como conduta, para os presentes esforços, um ato humano que não tenha qualquer possibilidade de interferir na percepção dos outros indivíduos. A característica da externalidade da conduta é essencial,88 para tanto. A conduta, desta forma, não representa atos orgânicos ou intelectivos do ser humanos, senão quando são externados e sempre na medida em que são externados.

Além da externalidade, o ato também precisa ser compreensível. Não se trata de conformidade ou não a padrões, mas uma mera exigência de cognição, para que seja apurado seu valor posteriormente.

É preciso muita tolerância nesses dois pontos. Muito embora o ato deva apresentar um grau mínimo de externalidade e compreensibilidade, não se pode rejeitar uma situação que não atenda a esses requisitos apenas por isso. Afinal, no caso da externalidade, a percepção de um ato pode ser por via indireta e a mera notícia de que alguém agiu de uma forma, internamente ou externamente, pode ter conseqüências sociais. Da mesma forma, sobre a compreensão, não se pode desconsiderar um ato incompreensível sem avaliar suas

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conseqüências sociais. Em palavras rápidas, é preciso considerar que mesmo os fatos completamente absurdos comunicam, pelo menos, a possibilidade de sua ocorrência.

Então, a conduta precisa ser externa e compreensível, para que possa ser tomada como objeto da relação triádica. Todavia, mesmo os atos internos ou incompreensíveis podem ser considerados, na medida de sua externalidade e compreensibilidade, ou seja, na proporção de suas conseqüências sociais.

Para a teoria dos signos, o objeto está dividido em objeto imediato e dinâmico. Também aqui vale a pena analisar essa distinção, para que se possa indicar o que é o ponto de partida do signo e, igualmente, qual o seu aspecto que integra a relação triádica.

O objeto dinâmico é o fenômeno em sua ocorrência remota, naquilo que está mais próximo do real ou do que se entende por tal. Nessa modelagem das condutas, está melhor relacionado ao ato humano em sua faticidade. O fato da prática de uma ação por um ser humano, seja qual for a forma pela qual se manifeste ou seja conhecida, constitui o ponto remoto para o qual o signo tende a convergir.

O objeto imediato é o percipuum do objeto dinâmico. É o aspecto da faticidade nos seus aspectos perceptíveis e aptos a determinarem um signo. Aqui é mais adequado entender como objeto imediato a conduta, na sua noção de ação social, externa e compreensível, com todas as considerações e ressalvas apresentadas anteriormente.

Uma principal característica do objeto imediato é o fato de que integra a relação triádica, portanto é o que está relacionado aos demais elementos. Enquanto o objeto dinâmico é relativamente inapreensível e participa da relação no máximo como um limite de aproximação ideal, o objeto imediato é algo disponível – e até certo grau familiar – para o sujeito cognoscente.

Por essas razões, o objeto imediato pode ter natureza sígnica, o que equivale a dizer que é possível que um signo seja tomado como objeto. No caso em estudo, essa

afirmação é bastante explicativa, porque permite a compreensão e o tratamento de casos em