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4 AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO NO CEARÁ E SEUS MARCOS

4.3 Situação atual das políticas de Turismo na Costa Sol Poente

A portaria nº 74, de 2 de abril de 2018 instituiu o Programa Nacional de Desenvolvimento e Estruturação do Turismo – Prodetur + Turismo, e com isso foi aprovado o documento com as Diretrizes Estratégicas do Programa, além de instituir o Selo +Turismo. Desde então, foi estabelecido no Art. 5º que não serão mais aceitas solicitações para elaboração de novos planos de desenvolvimento de Turismo embasada nas diretrizes e componentes do PRODETUR Nacional. O Documento Diretrizes Estratégicas do PRODETUR +Turismo chega então substituindo as diretrizes, objetivos e estratégias do PRODETUR Nacional.

Segundo o Ministério do Turismo (2018), o novo programa amplia a oferta de recursos para a realização de projetos para o desenvolvimento do Turismo no Brasil. Ainda segundo o Ministério do Turismo, o Programa de Desenvolvimento e Estruturação do Turismo (PRODETUR + Turismo) surge para apoiar estados e Municípios no acesso a linhas de financiamento com prazos e juros diferenciados de instituições parceiras como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O novo PRODETUR disponibiliza 5 bilhões de reais para o setor.

Para alcançar seus objetivos, dentre eles o de contribuir para o desenvolvimento local, regional e nacional do Turismo de modo sustentável e integrado, o PRODETUR +Turismo propõe a organização embasada nos eixos de atuação da Regionalização do Turismo.

Nesse sentido, o Programa é redesenhado para legitimar as ações políticas e institucionais e mecanismos que assegurem investimentos nas atividades essenciais para o crescimento econômico.

[..] de fortalecer o papel articulador do Ministério do Turismo, para que atue com mais eficiência na elaboração e na implantação de Políticas Públicas de Turismo, propõe-se Diretrizes Estratégicas para implementação de um Programa de Desenvolvimento e Estruturação do Turismo no Brasil, por meio de linhas de financiamento, para os projetos elegíveis, apresentados pelos territórios priorizados, constituindo-se em um importante instrumento estruturador e indutor, no desenvolvimento e fortalecimento do Setor Turismo. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2018). Segundo o MTUR(2018), os investimentos e linhas de financiamento serão assegurados por meio de projetos dos entes elegíveis (estados ou Municípios) no âmbito de suas Operações Individuais de Crédito e deverão incluir o financiamento de atividades de acordo com as necessidades e as realidades de cada estado, Distrito Federal, Município ou região turística, não havendo obrigatoriedade de proporcionalidade ou limitação de investimentos entre os eixos de atuação do Programa.

Nas diretrizes estratégicas do Programa, tais propostas que objetivam a obtenção de financiamento, deverão cobrir ações que objetivem, principalmente, projetos nas áreas de infraestrutura turística, saneamento básico, gestão e avaliação ambiental, transporte e mobilidade urbana, bem como qualificação, promoção, apoio à comercialização, pesquisa e inovação, empreendedorismo e parcerias público-privadas.

O novo PRODETUR será avaliado por meio de um sistema de monitoramento e avaliação do Programa, que será desenvolvido com base em metas e indicadores de resultados alinhados aos eixos de atuação do Programa e aos objetivos estabelecidos para o Plano Nacional de Turismo – PNT vigente, os quais deverão ser atualizados a cada revisão do PNT.

A fim de terem as propostas individuais analisadas para obtenção de crédito, junto aos bancos financiadores, os Municípios deverão obedecer os critérios para obtenção dos investimento após recebimento do selo +Turismo, a saber: compor o Mapa do Turismo Brasileiro; possuir um Conselho ou Fórum Municipal de Turismo; participar da Instância de Governança Regional da região turística da qual faz parte, caso já esteja instituída; possuir Plano de Desenvolvimento para o Setor Turismo com prazo de vigência válido; estar alinhado com os eixos de atuação e as propostas de ações do Programa; e comprovar experiência na execução de planos de desenvolvimento.

Nesse contexto, é possível perceber que o Município de Acaraú, inserido na região Sol

Poente, além de estar na rota turística no Estado do Ceará, no correr dos anos, se preparou para uma nova realidade e olhares mais sensíveis quanto ao desenvolvimento do Turismo na

região. No quadro abaixo, estão os desdobramentos das políticas nacionais, bem como os marcos regulatórios no Município, o situando como propício e potencial local de novos investimentos e consequente crescimento local, com suporte dessas ações.

O quadro demonstra que há olhares voltados para a Costa Sol Poente e reconhecimento das potencialidades da região.

Quadro 5: Marcos regulatórios de 2005 a 2018.

ANO MARCO

LEGAL DESCRIÇÃO

2005 Lei municipal

nº 1114/05 Cria o Conselho municipal do Turismo em Acaraú e dá providências

2008 -

Lei Orgânica do Município de Acaraú onde se estabelece que deve haver o Plano Diretor que delimita e descrimina as áreas específicas para o Turismo.

2008 Lei

11.771/2008

Dispõe sobre a Política Nacional de Turismo, define as atribuições do Governo Federal no planejamento, desenvolvimento e estímulo ao setor turístico; revoga a Lei no 6.505, de 13 de dezembro de 1977, o Decreto- Lei no2.294, de 21 de novembro de 1986, e dispositivos da Lei no 8.181, de 28 de março de 1991; e dá outras providências

2011 Contrato Nº 2321/ OC-BR

Início do Programa para o Desenvolvimento do Turismo - PRODETUR Nacional

2013

Portaria nº 105, de 16 de maio de 2013

Portaria que instituiu o Programa de Regionalização do Turismo;

Alterações: Portaria nº 161, de 23 de junho de 2016 - Portaria que institui Comitê Executivo; Portaria nº 119, de 08 de abril de 2016 - Dá nova redação aos art. 1º; 3º, § 2º, 4º, inciso III; e 5º, incisos II e III; Portaria nº 221, de 04 de outubro de 2016 - Dá nova redação ao § 2º do art. 3º.

2013

Portaria nº 313, de 03 de dezembro de 2013

Portaria que define o Mapa do Turismo Brasileiro e dá outras

providências. Alterações: Portaria nº 205, de 09 de dezembro de 2015 - Revoga os arts. 2º, 3º e 4º, bem como a Portaria nº 116 de 09 de julho de 2015. Portaria nº 172, de 11 de julho de 2016 - Revoga o anexo da Portaria 313, de 03 de dezembro de 2013.

2015

Portaria nº 144, de 27 de agosto de 2015

Estabelece a categorização dos Municípios pertencentes às regiões turísticas do Mapa do Turismo Brasileiro, definido por meio da Portaria MTur nº 313, de 3 de dezembro de 2013, e dá outras providências. 2017

Portaria nº 197, de 14 de setembro de 2017

Define o Mapa do Turismo Brasileiro 2017 e dá outras providências.

2017 -

Plano Brasil +Turismo tem objetivo de fortalecer o setor de viagens do país ( Acaraú é inserido no mapa do Turismo do Ceará como categoria C que recebe fluxo de turista domésticos e internacionais) .

2018 Portaria nº 30 de 07 de fevereiro de 2018

Altera os arts. 1º, 2º e 7º da Portaria MTur nº 144, de 27 de agosto de 2015.

2018 Portaria nº 74 de 2 de abril de 2018

Institui o Programa Nacional de Desenvolvimento e Estruturação do Turismo - Prodetur+Turismo, aprova o documento com as Diretrizes Estratégicas do Programa e institui o Selo+Turismo.

2018 Lei Municipal N° 1744/2018

Dispõe sobre a Política Municipal do Turismo prevista na Lei Orgânica do Município de Acaraú.

Conforme expresso no Quadro 5, em 2017, o Município de Acaraú, foi inserido como categoria C, sendo esta a categoria que concentra o fluxo de turistas domésticos e internacionais. Além do local em estudo, no Litoral Extremo Oeste, Camocim também recebeu a mesma classificação, sendo acompanhados por Jericoacoara que recebeu categoria B. Em virtude disso, em 2018, foi instituída a Política Municipal do Turismo através da Lei Municipal N° 1744/2018.

Tal política se articula com as políticas nacionais quando na própria Lei, no seu artigo 10, estabelece que o Órgão Oficial de Turismo do Município, no âmbito de sua atuação, coordenará os programas de desenvolvimento do Turismo, em interação com os demais integrantes e, ainda, conforme seu art. 11.

III) A articulação com os órgãos competentes para a promoção do destino, o planejamento e a execução de obras de infraestrutura, tendo em vista o seu aproveitamento para finalidades turísticas; e

IV) Ações de intercâmbio com entidades nacionais e internacionais vinculadas direta ou indiretamente ao Turismo. (ACARAÚ, 2018) O Município também atende ao critério de possuir Conselho ou Fórum Municipal de Turismo desde 2005, quando pela Lei municipal nº 1114/05, cria o Conselho municipal do Turismo.

Apesar de todos os avanços, no entanto, no que concerne ao planejamento de ações que visem à elaboração e execução de políticas públicas de Turismo, no relatório de categorização do mapa do Turismo de 2018, o Município retornou à categoria D, onde estão categorizados os destinos que não possuem fluxo turístico nacional e internacional expressivo, mas que possuem papel importante no fluxo turístico regional e precisam de apoio para a geração e formalização de empregos e estabelecimentos de hospedagem. (MTUR, 2018)

A importância dessa categorização está no fato de que “[...] o Mapa é o instrumento instituído no âmbito do Programa de Regionalização do Turismo que orienta a atuação do Ministério do Turismo no desenvolvimento das políticas públicas”. (MTUR, 2017).

Nesse sentido, faz-se necessário indicar quais as ações municipais que se articulam com a Política Nacional de Turismo de forma a propiciar as condições

necessárias para que a atividade turística se constitua em fator de desenvolvimento social e econômico, assegurando sempre o respeito ao meio ambiente e à cultura local.

5 O MUNICÍPIO DE ACARAÚ E O TURISMO NA COSTA SOL POENTE

Para compreender o contexto e o território da implementação das políticas de Turismo na Costa Sol Poente é preciso conhecer panoramicamente o local onde a pesquisa foi realizada – o Município de Acaraú.

Esse Município está localizado no litoral extremo-oeste do Estado do Ceará, foi criado em 1849 pela lei nº 480. Tem o seu nome originário do tupi, que significa Rio das Garças, mas sua formação administrativa, segundo dados IBGE, apresenta que, o como Distrito foi criado com a denominação de Acaracu, pela provisão de 12 de setembro de 1766, e por lei provincial nº 253, de 19 de novembro 1842. A ocupação do território do delta do rio Acaraú foi feita pelos índios tremembés antes da chegada dos portugueses.

Os acarauenses estão distribuídos em distritos de Acaraú (sede), Juritianha, Aranaú e Lagoa do Carneiro, abrigando uma população de 62.557 habitantes. Em relação ao território, está fixado em uma base territorial de 839,2 km². Já a densidade populacional é de 68,31 hab/km² (IBGE, 2018).

Dados recentes mostraram números da população geral da região em estudo com as estimativas para o ano de 2018, as quais revelou que a população cearense cresceu aproximadamente 7,37%, comparada aos números de 2010. A região onde está inserido o Município de Acaraú, que compreende os Municípios de Jijoca de Jericoacoara, Cruz, Bela Cruz, Marco, Morrinhos, Acaraú e Itarema, tinha uma população de 210.784 habitantes, segundo o último censo, o que corresponde a aproximadamente 2,49% do total da população do estado do Ceará no mesmo ano. A referida região, de acordo com a estimativa populacional de 2018, foi alvo de um aumento superior a 8,27% da população contabilizada no censo supramencionado. Acaraú, cidade na qual se perfaz nessa investigação, é o Município com maior taxa populacional, conforme apresenta o Gráfico 1.

Gráfico 1: População de Acaraú e Região Limítrofes no Censo de 2010 e estimativa da população de 2018

Fonte: IBGE, 2018. Adaptado.

Os Municípios em análise, no ano de 2010, apresentaram densidade demográfica conforme os dados demonstrados no gráfico 2 a seguir.

Gráfico 2: Densidade demográfica de Acaraú e Região Limítrofes no Censo de 2010 e estimativa da população de 2018

Fonte: IBGE, 2018. Adaptado.

No que concerne à localização fica entre os paralelos de 2º 53’ 08” de Latitude Sul e os Meridianos de 40º 07’ 12” de Longitude Oeste. O Município sob exame está situado na desembocadura do rio homônimo, ao noroeste do Estado do Ceará.

Quanto à regionalização, Acaraú pertence à macrorregião do Litoral Oeste Cearense. Algumas dessas características podem ser observadas nos mapas que vêm em seguida.

Acaraú Itarema Cruz Bela Cruz Marco Morrinho s Jijoca de Jericoaco ara Censo 2010 57551 37471 22479 30878 24703 20.700 17002 Estimativa 2018 62557 41445 24131 32593 27127 22354 19587 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000

População de Acaraú e Região Limítrofes no Censo de 2010 e estimativa da população de 2018 Censo 2010 Estimativa 2018 68,31 52 68,13 36,63 43,03 49,81 83,02 0 20 40 60 80 100

Acaraú Itarema Cruz Bela Cruz Marco Morrinhos Jijoca de

Jericoacoara D e n s i d a d e d e m o g r á f i c a n o ú l t i m o c e n s o d e 2 0 1 0

Mapa 2: Município de Acaraú - CE

Fonte: GOOGLE MAPS (2018)

No que se refere à região administrativa na qual Acaraú está inserida, conforme mapa 3, que traz as microrregiões do Estado cearense, o mencionado Município está situado na microrregião administrativa 3, também denominada de região do Baixo Acaraú, sendo composta pelos seguintes Municípios de Jijoca de Jericoacoara, Cruz, Bela Cruz, Marco, Morrinhos, Acaraú e Itarema.

Mapa 3: Microrregião administrativa 3 do Estado do Ceará

Fonte: IPECE, 2015. Adaptado.

ICMBio (2009), o rio Acaraú, no Município de Acaraú, é o mais importante referencial histórico, ambiental e econômico do Município. A cidade é conhecida como a Princesa do Litoral. Tem 36km de praias de areias finas, pouco profundas, lagoas, e ecossistemas de grande interesse para turistas e pesquisadores. Possui também ilhas e manguezais, abrigando aves e fauna características. Tem as lagoas interdunares de Espinhos da Volta, Dantas, Lagamar, Carrapateira. Suas principais praias são: Barrinha, Aranaú, Monteiro, Arpoeiras, Barra do Zumbi, Espraiado, Volta do Rio e Coroa Grande. E ainda tem as ilhas dos Fernandes, Imburana, Coqueiros, Grande, Ilha dos Ratos e Ponta do Presídio, por essas características o Turismo é uma outra base da economia regional em decorrência dos atrativos naturais.

Os instrumentos que normatizam o uso do espaço local ou então as normas que versam sobre a utilização de determinados recursos naturais situados em locais específicos no Município de Acaraú são:

Lei Municipal № 877 de 06 de março de 1998 – Criação do Parque Ecológico de Acaraú.

Lei № 017 de 10 de outubro de 2003 – criação da Área de Proteção Ambiental da Barrinha de Cima.

Decreto № 27.647 de 07 de dezembro de 2004 – Cria o Comitê da Bacia Hidrográfica do Acaraú.

Lei № 008 de 18 de março de 2005 – Criação da Área de Proteção Ambiental do Lagamar e Lagoa dos Espíritos.

Lei Municipal № 1.167 de 19 de junho de 2006 – Dispõe sobre a política ambiental do Município de Acaraú.

Acaraú, aparece no mapa de regiões turísticas do Estado, segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE e a Secretaria de Turismo do Estado do Ceará. Acaraú tem grande potencial para o desenvolvimento de uma variada tipologia de atividades e roteiros turísticos, destacando-se Sol e praia, Turismo ecológico com seus manguezais e o Turismo rural, utilizando-se da agricultura familiar com o uso dos recursos naturais, sua preservação, conservação e recuperação dos mesmos para que estes possam constituir atrativos turísticos.

A região é conhecida como Costa Negra e mostra seu potencial com exuberantes belezas naturais que contemplam as cidades de Acaraú, Cruz e Itarema, no Baixo Acaraú, com proximidades com a bela praia de Jericoacoara, apresentando assim 48 km de litoral.

Ali se destaca ainda o Turismo Comunitário focado na preservação de ecossistemas, a exemplo da comunidade de Curral Velho - Acaraú, que segundo a pesquisadora Caroline Loreiro (2013), está associado ao Turismo Rural e Cultural.

Para o Ministério do Turismo (2010), “[...] o Turismo Rural é o conjunto das atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometidas com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade.”

Já Ricco (2012), oferece a definição de Turismo Cultural, como o Turismo que possui como principal atrativo aspectos da cultura humana, oferta a possibilidade de maior conhecimento e comunicação entre diferentes povos. Esse contato, quando tem por base o respeito à alteridade, tende a enriquecer culturalmente tanto os turistas quanto a comunidade receptora.

Destaca-se o fato de que

O Turismo não é e nem pode ser visto apenas como uma atividade econômica. É também uma atividade carregada de signos, representações, resistência e de valores sociais. Mas da mesma forma que traz o desenvolvimento e o crescimento dos lugares, traz também destruição da natureza, das comunidades locais e das tradições (PORTUGUEZ; SEABRA; QUEIROZ, 2012, p. 7).

Esse significado se fortalece na retrocitada comunidade de Curral Velho, onde se trabalha para que o Turismo local - onde são desenvolvidas atividades de pesca e extrativismo de subsistência dos produtos dos manguezais - não venha a causar consequências negativas em virtude da forte exploração da carcinicultura naquela região.

Não há, no entanto, evidências de ações governamentais que fortaleçam esse segmento do Turismo que na atualidade, com tantas transformações na sociedade, pode se mostrar de modo diferente da visão tradicional do que é atividade rural, antes vista como mera fornecedora de matéria-prima para a cidade.

Segundo Campanhola e Silva (2000, p. 147),

O Turismo no meio rural consiste em atividades de lazer realizadas no meio rural e abrange várias modalidades definidas com base em seus elementos de oferta: Turismo rural, Turismo ecológico ou ecoTurismo, Turismo de aventura, Turismo cultural, Turismo de negócios, Turismo jovem, Turismo social, Turismo de saúde e Turismo esportivo.

O documento PEC Nordeste 2013 - Turismo Rural na Agricultura Familiar – Uma Proposta em Construção, estabelece o conceito de Turismo Rural na agricultura familiar, a saber:

A atividade turística que ocorre na unidade de produção dos agricultores familiares que mantêm as atividades econômicas típicas da agricultura familiar, dispostos a valorizar, respeitar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio cultural e natural, ofertando produtos e serviços de qualidade e proporcionando bem estar aos envolvidos. (P. 21).

A mesma peça documental cita a região do Baixo Acaraú como um dos articuladores regionais para o desenvolvimento de políticas públicas que têm o objetivo de contribuir para elevar a autoestima das pessoas do campo, fortalecendo a identidade cultural, a criação de postos de trabalho nos empreendimentos rurais (jovens e mulheres), gerando trabalho e renda, a redução do êxodo rural, possibilitando a permanência digna do homem no campo e incentivar a preservação ambiental.

Apesar do potencial da região, o Turismo rural no Ceará se expressa como atividade pouco explorada e ainda denota pontos negativos que dificultam seu crescimento, tais como a falta de infraestrutura adequada, falta de profissionalismo no setor, falta de promoção eficiente, baixa qualificação da mão de obra. Se essas deficiências fossem superadas em virtude de ser um setor que aponta para um futuro promissor, certamente, os ganhos seriam além do crescimento econômico, a transformação do meio social, sem o abandono das raízes.

Com tantos potenciais turísticos o Município de Acaraú, torna-se importante conhecer quais as políticas públicas que podem expandir a atividade na sua zona rural, e assim, através do Turismo promover o desenvolvimento local.

Segundo Campanhola (1999), “é evidente que as atividades não-agrícolas cada vez mais se constituem em formas alternativas e/ou complementares de geração de renda no meio rural”. Entre elas se destacam também as atividades ligadas ao lazer e ao Turismo no meio rural. Campanhola preserva a ideia de que “a base da família no meio rural não se deve restringir apenas à produção agrícola convencional e deve conter também outras atividades potenciais ao setor”.

Na abordagem de Coriolano (2003), “[...] o Turismo para benefício de comunidades, ou do desenvolvimento local, significa adotar políticas que criem oportunidades de trabalho e renda para a maioria, sem deixar de dar a proteção social requerida, colocando o homem no centro do poder, promovendo sua realização.” Nesse sentido, é importante explorar o modo como as atividades de Turismo comunitário, Turismo rural e cultural tem sido desenvolvidas em outras comunidades do território acarauense e o comportamento da população perante as demandas que poderiam ampliar o crescimento socioeconômico, haja vista a importância do envolvimento da sociedade na participação da implementação dessas diretrizes, além das ações de preservação das áreas em que a atividade turística acontece.

Sobre as potencialidades turísticas do Município sob exame, destacam-se os manguezais, o rio Acaraú com suas águas perenes, as praias, com destaque para Arpoeiras, considerada uma das maiores praias secas do mundo, onde ocorre um fenômeno natural que provoca o distanciamento de cerca de 2 km entre a maré alta e a baixa, formando piscinas naturais com águas calmas e cristalinas. Lá o vento sopra durante o ano inteiro, atraindo praticantes de esportes como kitesurf e kitebug. É também destaque a gastronomia, com seus restaurantes, que nos últimos anos têm feito investimentos de melhoria a fim de atrair turistas que passam pela rota turística que leva à praia de Jericoacoara, famosa do Município de Jijoca de Jericoacoara que fica distante 62 km da sede de Acaraú.

A vila de Jericoacoara é um núcleo indutor do Turismo, pelas dinâmicas territoriais promotoras de desenvolvimento, da atividade moderna que mobiliza fluxos de visitantes, tendo recebido equipamentos conforme políticas do Estado para o Turismo, como por exemplo, a construção do Aeroporto do Polo Turístico de Jericoacoara que serve ao Turismo do Município de Cruz e Jijoca de Jericoacoara como também aos que circulam os perímetros irrigados do Vale do Acaraú, Serra da Ibiapaba, promovendo a diversificação