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Sobrevivendo aos Perigos

No documento A Formação de Um Líder - LeRoy Eims.pdf (páginas 138-152)

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ascavéis são comuns onde eu moro. Encontro uma quase todo verão. E uma experiência assustadora ver uma casca­ vel enrolada, olhando para você, pronta para dar o bote. Ata­ cam como um raio, rápido e certeiro. Tenho duas opções em se tratando de cascavéis; evitá-las, ou fugir delas. Você não precisa de muita intuição para saber o que fazer com algo tão perigoso. Não há por que vacilar.

Um amigo meu tentou apanhar uma cascavel certa vez. Foi parar no hospital. Ela não o matou porque a mordida pegou com um só dente. Mas Bob ficou muito mal. O dedo que foi atingido está marcado até hoje. Uma vantagem ao lidar com essas cobras é que elas não tentam enganá-lo. Quando elas chacoalham os guizos e m ostram os dentes, você sabe com quem está lidando.

Infelizmente, o mesmo não acontece com muitos dos peri­ gos que os líderes enfrentam. Na grande maioria, as ameaças parecem inofensivas, ou estão mascaradas por trás de um man­ to de respeitabilidade. Em outras ocasiões mostram-se clara­

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mente e não deixam nenhuma dúvida. Exibem os dentes. Você sabe onde está. Vamos olhar para alguns dos perigos que cer­ cam a liderança.

Há alguns anos reuni um grupo de homens para um movi­ mento de evangelismo entre estudantes universitários. Bob Stephens, oficial da Força Aérea que estava na reserva, escre­ veu-me uma carta expressando interesse no projeto. Eu lhe res­ pondi dizendo que tinha algumas perguntas a fazer.

A primeira era: "Você acha que podemos envolver neste ministério companheiros que odeiam a Deus?". Bob é um jo­ vem brilhante, formado com louvor em Engenharia na Univer­ sidade de Maryland. Não demorou muito para dar a resposta. Quando replicou que não, eu lhe m ostrei a Escritura: "N in­ guém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um, e amar ao outro; ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Mt 6:24)

Com este versículo, fiz uma nova pergunta: "Você acha que podemos ter trabalhando conosco homens que sejam inimigos da cruz de C risto?". Ele disse não. Então lhe m ostrei outro versículo:

Irmãos, sede imitadores meus, e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos dizia e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocu­ pam com as cousas terrenas" (Fp 3:17-19)

Nesta passagem Paulo diz que os inimigos da cruz "pensam nas coisas da terra". Ele estão totalmente mergulhados nas coi­ sas deste mundo e dessa forma vivem opostamente ao espírito da cruz, que é o do amor sacrificial.

Bob concordou. Ele tinha o desejo de dar a si mesmo. Por muitos anos estava servindo nesse espírito. O pecado de avare­ za nunca dominou sua alma. Deus o tem usado grandemente através do mundo. Jovens nos três continentes traçam suas ro­ tas espirituais pela influência de Cristo através da vida de Bob.

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Avareza

A avareza é um dos pecados totalmente repudiados pelo após­ tolo Paulo. "A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus dis­ to é testemunha" (1 Ts 2:5). O ganho pessoal não era um motivo que se escondia nas sombras de seu ministério. Se isso tivesse acontecido, ele não teria sido usado como foi no ministério de semear igrejas prósperas.

Além do mais, Paulo não estaria praticando o que pregara. Ele disse aos colossenses:

Portanto, sefostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, não nas que são aqui da terra. Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, de­ sejo maligno e a avareza, que é idolatria (Cl 3:1-2,5).

Note que avareza é idolatria, e o apóstolo João também es­ creveu: "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos" (1 Jo 5:21).

Por que a avareza é tão danosa aos líderes espirituais? No mínimo por duas razões. Primeiro, a avareza faz com que os lí­ deres percam sua perspectiva — sua vida começa a tornar-se focada no mundo. Jesus disse: "O meu reino não é deste mun­ do" (Jo 18:36). Se os líderes estão ocupados com as coisas do mundo, sua mente está desviada para ocupações inúteis. Eles estão vivendo para o transitório, e não para o eterno.

Jesus viveu e morreu para trazer vida eterna ao mundo. Os líderes, por sua vez, não devem viver para melhorar sua pró­ pria situação com ganhos pessoais. Por causa da sutileza deste perigo, devem constantemente estar em guarda, observando a advertência de João:

Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo pas­

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sa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente (1 Jo 2:15-17)

Certa vez ouvi um evangelista vangloriar-se de que poderia orar durante duas semanas inteiras, porém jamais usaria o mes­ mo termo duas vezes! O escândalo dos que acumulam tesouros para si mesmos tem sido uma mancha na vida desse ministro. Isso não quer dizer que o trabalho de Cristo não deve ser bem- financiado. O Novo Testamento m ostra que os apóstolos ti­ nham amplos fundos. Era comum as pessoas venderem suas posses e bens para o avanço do trabalho. Barnabé, "como tives­ se um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos"(At 4:37). Mas o dinheiro não foi para aumentar a fortuna pessoal dos apóstolos. Pedro disse: "Eu não tenho ouro nem prata" (3:6).

A segunda razão por que a avareza é tão mortal é que, quan­ do a pessoa coloca Deus em segundo lugar, em pouco tempo Ele não tem lugar nenhum. A avareza é um pecado insidioso que cresce nos espaços vazios do coração. Deus disse: "Não te- rás outros deuses diante de m im "(Ex 20:3). Idolatria é amar al­ guma coisa mais que a Deus. Hoje alguns poucos deuses são feitos de pontas de pedra ou árvore. A maioria dos deuses deste mundo é feito de vidros tingidos, banhados em esmalte e cro- mo, ou lã de vidro, ou seda, ou couro de jacaré.

Recordo um incidente com um jovem rapaz que aspirou tor- nar-se um líder na causa de Cristo. Eu e ele estávamos conver­ sando na escola bíblica que se havia formado naquele verão. Ele tinha um excelente currículo acadêmico e parecia esconder um grande potencial para Deus. Perguntei-lhe o que faria agora que estava formado. Ele começou a refletir, e pude ver que esta­ va pensando muito profundamente. Estava curioso para saber o que iria dizer. Desejaria ser um missionário numa selva remo­ ta? Ou arriscaria a vida para levar o Evangelho para além da cortina de ferro? Minha imaginação correu solta.

Finalmente ele me olhou e, num tom sério e cuidadoso disse: "Eu acho que vou comprar um automóvel Buick!".

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Meu coração foi a pique. Eu fiquei assombrado! Ali estava um homem com potencial para o serviço de Deus cuja mente estava dominada pelo brilho passageiro da vida. O mandamen­ to de Paulo não havia penetrado o suficiente para governar sua motivação interior: "E não vos conformeis com este século, mas transform ai-vos pela renovação da vossa m ente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm 12:2). O amor de Cristo não o estava incomodando nem constrangendo em direção a alvos mais altos e nobres (veja 2 Co 5:14-15).

A questão, é claro, não é se somos ricos ou pobres. Algumas das pessoas mais ricas que conheço são homens e mulheres de Deus dedicados, que ocupam lugares estratégicos de liderança na causa de Cristo. A avareza é uma condição do coração, não do bolso. As coisas desta vida podem ser usadas para Cristo. As posses podem ser escravas ou senhoras. Elas podem possuir- nos ou nós podemos usá-las. As pessoas que possuem riqueza e a usam com sabedoria podem ser uma bênção para centenas de outros seres humanos.

As pessoas que são capturadas pelas garras da avareza cau­ sam pena ao serem contempladas. A satisfação pessoal as ilude a caminho da morte. "Quem ama o dinheiro, jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; tam­ bém isto é vaidade" (Ec 5:10).

Paulo adverte sobre dois tipos de pessoas. O primeiro são as que vivem exclusivamente para se tornarem ricas.

Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os ma­ les; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se ator­ mentaram com muitas dores (1 Tm 6:9-10).

Essa armadilha é uma ameaça muito real. Isso aconteceu muito próximo de Paulo quando Demas o abandonou: "Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi

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para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia" (2 Tm 4:10). Embora fosse companheiro do grande apóstolo, Demas falhou na atenção a esta advertência. Foi a sua ruína.

O segundo grupo é formado pelos que são ricos.

Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pra­ tiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir, que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, afim de se apoderarem da verdadeira vida (1 Tm 6:17- 19).

Os ricos são tentados a ser orgulhosos, a confiar nas riquezas deste mundo e não em Deus. Eles devem viver com a eternida­ de na mente, e usar em conformidade com isso suas riquezas.

Jesus falou deste tópico muito bem. Um homem, sentindo- se injustiçado pelo irmão, veio a Jesus e disse:

Nesse ponto, um homem que estava no meio da multidão lhe falou: Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas Jesus lhe respondeu: Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós? Então, lhes recomendou: Tende cuidado eguardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abun­ dância dos bens que ele possui (Lc 12:13-15).

Jesus não se solidarizou com o homem que dizia ter sido tra­ paceado pelo irmão. Ele tentou m ostrar que ambos tinham o pecado da avareza. Um homem tinha o dinheiro, e o outro o desejava. Os dois estavam presos nas garras da avareza. Jesus contou então a parábola que descreve como é tolo o homem que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus" (v. 21).

Os líderes farão bem em colocar o coração neste problema para ter certeza de que não estão escorregando nesta sutil e mortal armadilha.

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Autoglorificação

O segundo perigo mortal para os líderes é o orgulho. Paulo es­ creveu: "Também jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros" (1 Ts 2:6). Ele tinha acabado de re­ pudiar o pecado da avareza (v. 5). Agora ele faz o mesmo com a autoglorificação, a procura de honra e prestígio.

Aqui está outra sutil armadilha. Ela acontece tão natural­ mente que muitas vezes nem nos damos conta. Se você é um orador numa conferência ou lidera um grupo, as coisas podem acontecer de modo que você se destaque como alguém especial. Isto tem acontecido comigo: "Lá vai LeRoy Eims. Ele lidera um dos workshops da conferência" / "LeRoy, venha aqui e conver­ se por um minuto. Tenho alguns amigos que desejam conhecer você". / "LeRoy, você se junta a nós no púlpito à noite, cumpri­ menta a congregação e dirige-nos em oração?" / "LeRoy, acom­ panhe-nos no almoço especial de hoje. E mais tranqüilo e con­ fortável do que comer no salão com os conferencistas comuns". Recentemente eu estava numa conferência em que algumas destas coisas aconteceram. E estava caindo na armadilha de me alegrar com estas coisas e sentir-me importante. Mas, em mi­ nha hora devocional no segundo dia, o Espírito Santo me falou muito direta e pessoalmente na Palavra de Deus. Eu estava len­ do Marcos e estes versículos se destacaram como uma luz de néon:

E, ao ensinar, dizia ele: Guardai-vos dos escribas, que gostam de an­ dar com vestes talares e das saudações nas praças; e das primeiras ca­ deiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes; os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações; estes sofrerão juízo muito mais severo (Mc í 2:38 40).

O Senhor disse com efeito: "Você ama todas estas coisas que estão acontecendo, que fazem você se sentir importante?"

"Sim, Senhor."

"Você ama a saudação das pessoas que alimentam seu ego?" "Sim, Senhor."

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"Você ama subir na plataforma e ser visto por todas aquelas pessoas importantes?"

"Sim, Senhor."

Eu reli a passagem um bom número de vezes, então dobrei os joelhos, confessei meus pecados e me concertei com Deus. Senti seu conforto e perdão. Agradeço a ele por sua promessa: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça"(l Jo 1:9).

^ O perdão de Deus foi tão completo que eu por fim acabei rin­ do comigo mesmo de tudo isso. Ficou tudo muito vazio, uma vez que o Espírito Santo havia sido claro comigo. Quando eu entrava no corredor nos dias seguintes na conferência, admoes­ tava a mim mesmo: "OK, estúpido, não haja como um profes­ sor de direito". Tenho certeza de que muitas pessoas que me viram estavam curiosas para saber qual era a razão do meu sor­ riso. Mas eu sabia. Eu me divertia com a tolice e estupidez de procurar autoglorificar-me e regozijar-me com o senso renova­ do de proximidade com Deus.

O líder fará bem em subestimar o perigo sobre o qual o após­ tolo Paulo advertiu quando escreveu: "N ão nos deixemos ser desejosos de vangloria". Um incidente na vida de Paulo ilustra seu temor pessoal de adoração humana. Ele e Barnabé estavam sendo poderosamente usados por Deus em Listra, tanto que as pessoas diziam: "Os deuses, em forma de homens, baixaram até nós!" (At 14:11). Quando os apóstolos se deram conta que as pessoas pretendiam oferecer-lhes sacrifícios e bens, "Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multi­ dão, clamando: Senhores, por que fazeis isto? Nós também so­ mos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciam os o evangelho para que destas cousas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o m ar e tudo o que há neles" (vv. 14-15).

De fato, os apóstolos se depararam com dois perigos em Lis­ tra. Um era o louvor e a adoração do povo. O segundo foi a ira e a perseguição dessas mesmas pessoas. "Sobrevieram, porém, judeus de Antioquia e Icônio e, instigando as multidões e ape­

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drejando a Paulo, arrastaram-no para fora da cidade, dando-o por morto" (v. 19). Decididamente, o maior destes perigos era o primeiro. Os apóstolos não rasgaram as vestes quando as pes­ soas falavam em apedrejá-los. Eles fizeram, no entanto, quando as pessoas queriam endeusá-los. Paulo e Barnabé temiam a gló­ ria humana mais que a perseguição, e com razão.

Algum tempo atrás ouvi um líder cristão falar das sutilezas do orgulho em sua própria vida. Quando o diretor da missão vinha com o superior imediato deste missionário para visitá-lo em seu posto, ele vestia um ar de superespiritualidade. Ele po­ deria estar sentado lendo um jornal; mas, quando os líderes chegavam, ele fechava o jornal e fingia estar lendo a Bíblia. Ele encenava esta farsa para causar boa impressão. Ele os queria ver partindo dali a cantar-lhe louvores. Mas, segundo Escritura, devemos ministrar "não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus" (Ef 6:6).

As pessoas parecem vulneráveis particularmente ao pecado de buscar glória para si próprias em três áreas, cada uma delas envolvendo algo louvável e bom em si mesmo. A primeira está em nossa oferta. Os pastores devem procurar impressionar outros em suas denominações com o tamanho do orçamento missionário de sua igreja. Os professores da escola dominical devem tentar superar as outras classes da igreja de tal maneira que seu desempenho constará do livro dos recordes e será visto por todos. As pessoas darão ofertas bem generosas para certas causas de tal forma que seus nomes aparecerão em uma lista especial ou de forma que algum líder notará isso e dará um des­ taque especial a elas.

Jesus disse:

G uardai-vos de exercer a vossa ju stiça diante dos hom ens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão ju nto de vos­ so Pai celeste. Quando, pois, deres esm ola, não toques trombeta diante de ti, com o fazem os h ipócritas, nas sin agogas e nas ruas, para serem glorificados pelos hom ens. Em verdade vos digo que eles já receberam

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a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tu mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto: e teu Pai que vê em secreto, te recompensará"(Mt 6:1-4).

A segunda área na qual líderes devem vigiar sua motivação está na produção para o Senhor. Relatórios denominacionais anuais que falam do sucesso de certos pastores em "acrescentar ao rebanho" podem ser fatais. Pastores que estão indo bem se deparam consigo mesmos esperando que um "figurão" veja as estatísticas e se impressione. Lembre-se de duas coisas aqui. Primeiro, é o Senhor quem acrescenta à igreja: "louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos" (At 2:47). Segundo, o orgulho pode levar à queda. Davi levou ao pecado um número de pessoas, e o que ele pensou que iria trazer-lhe alegria partiu-lhe o coração. "Então enviou o Se­ nhor a peste a Israel; e caíram de Israel setenta mil homens" (1 Cr 21:14).

O Senhor nos tem enviado como trabalhadores, e dessa ma­ neira espera que façamos o que pudermos para levar adiante a mensagem que conduzirá pessoas ao Reino. E quanto mais, melhor. Deus se agrada quando nosso trabalho é usado pelo Espírito para povoar o céu e aumentar o número de discípulos. Mas tenhamos certeza de que fazemos isto "como para Deus e não para homens".

A terceira área de perigo relacionada ao orgLilho está no nos­ so serviço a Cristo. Paulo diz: "Servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram" (At 20:19). Ele estava servindo a Deus, não a pessoas. E fácil escorregar no pecado de fazer nosso melhor quando alguém importante nos está assistindo e irá elogiar- nos, e deixar as coisas desandar quando amigos comuns estão por perto.

Minha esposa é um desafio constante para mim neste senti­ do. O modo com que coloca a mesa é um exemplo clássico. Ela faz isso da m esm a forma para a família com o para visitas.

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O casionalm ente temos um m issionário ou um líder cristão para o jantar. Ela não altera seu comportamento. Estejam hós­ pedes presentes ou não, sempre há uma mesa com pasta de amendoim, gelatina, geléia, picles, mostarda, catchup, azeito­ nas, temperos — qualquer coisa que ela sirva é sempre saboro­ sa, quer num prato de jantar, quer num pote ou garrafa. O leite não vem à mesa na caixa. A mesa nunca parece um depósito de sucatas com jarros, caixas e garrafas. Os guardanapos e os talheres são colocados apropriadam ente quer para visitas, quer somente para a família. Ela nunca os coloca de qualquer jeito. Ela mantém nossa casa como para o Senhor e tenta fazer seu melhor para Ele todo o tempo (não como exemplo para os

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