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A Formação de Um Líder - LeRoy Eims.pdf

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A FO RM AÇÃ O DE UM LÍD ER

Princípios de liderança espiritual

LeRoy Eims

Tr a d u z id op o r

Jorge Camargo

EG

EDITORA MUNDO CRISTÃO

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Eims, LeRoy

A formação de um líder: princípios de liderança espiritual / LeRoy Eims; traduzido por Jorge Camargo — São Paulo: Mundo Cristão, 1998.

Títu lo original: Be the Leader You Were Meant to Be ISBN 85-7325-132-8

1. Liderança cristã — Aspectos religiosos — Cristianismo 2. Liderança cristã — Ensino bíblico 3. Liderança na Bíblia I. Título.

98-0108 C D D -253

índices para catálogo sistemático:

1. Liderança cristã: Teologia pastoral: Cristianismo 253

Titula do original em inglês:

Be thc Leader You Were Meant to Be Copyright©1966, 1975 por

Chariot Victor Publishing

Tradução:

Jorge Camargo

C apa:

Douglas Lucas

Supervisão editorial e de produção:

Jefferson Magno Costa 2" edição brasileira:

Fevereiro de 1998

Im pressão:

Imprensa da Fé

Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela

ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO

Caixa Postal 21.257 CEP 04602-970 - São Paulo - SP

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 senhora Dawson Trotman,

mulher de Deus, mãe espiritual de milhares,

em todos os cantos da terra.

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Sobre o autor

L

eRoy Eims é diretor mundial de evangelismo para os Nave­ gadores, uma organização internacional que treina cristãos para reproduzir seus relacionamentos de vida transformada com Cristo. É muito requisitado como conferencista, abordando os temas de evangelismo e liderança cristã.

Sua preocupação, já há alguns anos, tem sido o desenvolvimen­ to de líderes comprometidos com a excelência na vida pessoal e com o exemplo desses líderes para com os que por eles são lidera­ dos. Como ex-combatente da Marinha americana na Segunda Guerra Mundial, Eims experimentou em primeira mão os resulta­ dos de lideranças excelentes e pobres, no que diz respeito a vidas humanas. Para ele, é na arena de batalha da vida cristã o lugar onde se deve exigir o melhor em termos de liderança.

Este livro é o amadurecimento de um estudo pessoal das Es­ crituras feito pelo autor, bem como o compartilhar de princípios sobre liderança. Está repleto de exemplos bíblicos e experiências próprias, fruto de seu ministério ao redor do mundo.

Ele e sua esposa Virgínia têm três filhos, Larry, Becky e Randy.

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Sumário

Introdução... 11

P refácio... 13

1. Quem Está Apto a L iderar?... 15

2. A Fonte de Poder do Líd er... 25

3. A Vida Interior do Líd er... 3 7 4. A Atitude do Líder para com os O u tro s... 55

5. Por que Alguns Líderes São Excelentes... 63

6. Como Causar Im pacto... 81

7. Armando o Palco para o Sucesso... 9 7 8 . Como Produzir M ais...107

9 . Superando as Dificuldades... 121

1 0

.

Sobrevivendo aos Perigos... 141

1 1

.

Atendendo às Necessidades do G ru po...155

1 2

.

C om unicação... 165

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Introdução

D

urante quase duas décadas tenho tido a oportunidade de observar LeRoy Eims no papel de líder. Eu o vi trabalhan­ do com jovens que pareciam não ter propósito na vida, até torná-los líderes. Vi também sua atuação na direção de centros de treinam ento e preparação de estudantes universitários para o serviço cristão e para a liderança. Com sua força e auto-disciplina, tem ele preparando muitas pessoas para uma vida verdadeiramente disciplinada.

Sendo o bom estudioso da Bíblia que é, Eims baseou o con­ teúdo deste livro em sólidos princípios bíblicos. Via de regra, ele primeiramente apresenta os métodos de liderança de Deus. Depois, ilustra estes preceitos com exemplos bíblicos e experi­ ências pessoais. Em outras palavras, não está ensinando idea­ lismo, mas princípios de liderança baseados na Palavra e em sua vida pessoal.

A leitura e releitura deste livro, bem como a prática destes princípios básicos e aprovados de liderança espiritual, fará

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bem a obreiros e líderes cristãos. Também creio que será de grande utilidade como um guia para o treinamento de outros.

Assim sendo, recomendo-o aos cristãos em toda parte.

T h eod ore H . Epp

Fundador do programa de Rádio D e Volta à Bíblia

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Prefácio

E

m 1956 minha esposa e eu fomos convidados por Dawson Trotman, fundador e diretor dos N avegadores, para ir a Omaha, Estado de Nebraska, e abrir uma extensão desse minis­ tério no Centro-Oeste do país.

Minha responsabilidade principal era ganhar homens e mulheres para Cristo, discipular os que respondessem ao evan­ gelho e treiná-los para que repetissem o processo na vida de ou tros. A segunda carta de Paulo a T im óteo, capítulo 2, versículo 2, tornou-se um guia para nós: "E o que de minha par­ te ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmi­ te a homens fiéis e idôneos para instruir a outros".

Além deste ministério básico, fui designado para recrutar e enviar líderes que levariam a mensagem do evangelho aos lu­ gares mais distantes da terra.

Propus-me a fazer um estudo sobre liderança que me aju­ dasse a treinar 12 líderes potenciais, que faziam parte de nosso ministério.

Para começar, passei um dia consultando 25 livros na biblio­ teca pública de Omaha. Dentre eles, escolhi 12 e entreguei-os

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aos 12 homens que estava treinando. Depois de um mês, passa­ mos juntos um dia inteiro a fim de compartilhar o que aprende­ mos em nossas leituras.

Na metade do período, uma verdade surpreendente come­ çou a desvelar-se em nosso meio. A medida que ouvíam os aqueles jovens e promissores líderes relatando o que haviam aprendido com os livros, percebi que grande parte dos princi­ pais pontos sobre liderança contidos naqueles livros, estavam na Bíblia.

Esta percepção levou-me a estudar durante 19 anos o assun­ to liderança nas Escrituras, e o resultado foi este livro que você vai ler.

Estou certo de que estas lições sobre liderança ajudarão você em sua caminhada com Deus e em seu serviço a Ele.

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Quem Está Apto a Liderar?

A

ntes que as pessoas assumam uma liderança, devem ava­ liar o assunto cuidadosamente. "Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de rece­ ber maior juízo" (Tg 3:1). Os líderes serão julgados de maneira mais severa e rígida que seus liderados. Esse pensamento deve fazer-nos parar e refletir.

A próxima sentença no mesmo capítulo apresenta-nos outra razão: "Porque todos tropeçamos em muitas coisas". Sabemos que cometemos muitos deslizes; tropeçamos de muitas formas. Assim, naturalmente hesitamos em crer que possamos liderar outros.

Contudo, ao analisar a vida de líderes de Deus, fica eviden­ te que esse sentimento de inadequação não é uma boa razão para recusar a tarefa. Afinal, somos todos pecadores diante de Deus. Quem entre nós poderia dizer que não "falhou" de mui­ tas maneiras e em várias situações? Se esta é uma razão plau­ sível para não assumir uma liderança, ninguém jamais pode­ ria fazê-lo.

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16 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

Vamos analisar alguns líderes escolhidos por Deus no passa­ do, e ver como eles responderam quando o Senhor os abordou para que assumissem a liderança em uma tarefa.

O chamado de Moisés

Vejamos Moisés. Ele estava no deserto, pastoreando o rebanho de Jetro, seu sogro, quando o chamado de Deus chegou. O fato de que este homem culto, acostumado aos confortos e prazeres do p alácio , trab alh av a ag o ra num dos em p regos m enos prestigiados de sua época, poderia ser suficiente para deixá-lo amargurado. Apascentar ovelhas era uma profissão sem atrati­ vos. Talvez Moisés estivesse agora sentindo pena de si mesmo, tão ocupado com sua desgraça que seria incapaz de ouvir a voz de Deus. Para piorar ainda mais sua situação, trabalhava para os sogros!

Então uma coisa estranha e ao mesmo tempo maravilhosa aconteceu. "Apareceu-lhe o Anjo do Senhor numa chama de fogo do meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ar­ dia no fogo, e a sarça não se consumia." (Ex 3:2).

A primeira coisa que o Senhor fez foi revelar-se a Moisés. Moisés estava seguro de que havia falado com ele (veja os v. 5 e 6). Isto é algo do qual você precisa ter certeza. Quando alguém lhe pede para servir de um modo ou de outro, certifique-se de que Deus está ao seu lado. Não se comprometa um milímetro sequer em nenhuma direção, seja ela "sim" ou "não", sem iden­ tificar a vontade Dele neste assunto.

As vezes, você a reconhecerá imediatam ente. Em outras ocasiões, terá de esperar até que Deus a torne clara. Mas tenha certeza disto: Ele irá mostrá-la a você. Nosso Pai que está nos céus sabe muito bem comunicar-se com seus filhos. Ele confir­ mará Sua vontade naquela área específica. Ele não quer que vi­ vamos sob incerteza.

Por estar interessado no que fazemos, Deus tornará sua von­ tade conhecida. Ele assim nos promete. "Instruir-te-ei e te ensi­ narei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho." (SI 32:8). Observe neste versículo que Deus

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QUEM ESTÁ APTO A LIDERAR? 17

assume a responsabilidade de dirigir-nos. A certeza da direção nas Escrituras é tão básica quanto a certeza do perdão. Note também que Deus nos instruirá, en sin ará e aconselhará. Em ou­ tras palavras, mostrará o caminho que devemos a seguir. Que segurança!

Outra prom essa encontra-se no Salmo 48:14: "Que este é Deus, o nosso Deus para todo sempre: ele será nosso guia até a morte". As palavras desta promessa são inconfundíveis: "Ele será nosso guia". Você pode então descansar na disposição e habilidade de Deus em mostrar qual é a Sua vontade para você. Como Moisés, você pode estar certo de que foi realmente Deus quem falou.

A segunda coisa que ocorreu foi que o Senhor revelou a Moisés a responsabilidade que tinha por seu povo. "Disse ain­ da o Senhor: Certamente vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento..." (Êx 3:7). Moisés — você deve recordar — havia tomado para si a responsabilidade sobre a situação dos fi­ lhos de Israel, e foi um encorajamento para ele saber que o pró­ prio Deus também se interessava por eles.

O Senhor então fez uma declaração dramática: "... por isso desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e m el..." (v. 8). Dá para imaginar a alegria e o entusiasmo que inundaram a mente de Moisés àquela altura? O Deus vivo pes­ soalmente ajudaria e livraria o povo!

Logo depois, vem outra declaração que deve ter colocado em parafuso a cabeça de Moisés. "Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito" (v. 10). E possível ouvir as questões bombardeando a sua men­ te: "Mas Senhor, eu pensei que ha vias dito que T u descerias e os livrarias. Por que agora essa idéia de eu ter de ir a Faraó, eeu ter de tirar os filhos de Israel do Egito? Se tu vais fazer isto, Senhor, por que é que eu tenho de ir?"

Esta é, aliás, uma pergunta-chave que todos devemos res­ ponder a nós mesmos. Quando com preendem os que Deus,

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18 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

como m étodo para realizar seus planos e propósitos, usa pessoas,

passamos então a entender nosso papel no Seu reino.

Foi assim com Moisés. Deus tinha um trabalho para ele. No entanto, Moisés não se sentia qualificado para a tarefa que ha­ via recebido. E clamou ao Senhor com a pergunta: "Quem sou eu?".

Agora, francamente, esta não é uma questão tão difícil para Deus. Ele pod eria sim plesm ente ter respondido: "V ocê é Moisés". Mas a indagação foi tão irrelevante, que Ele nem se­ quer teve o trabalho de respondê-la.

Nesta atitude divina reside um dos grandes segredos da li­ derança para o cristão. Deus disse: "Eu serei contigo".

O Senhor estava tentando comunicar a Moisés uma verdade poderosa. Em outras palavras, Ele disse: "Moisés, não importa realmente quem você é, ou se sente ou não qualificado, pronto ou não para a tarefa. A questão é que Eu estarei lá. A declaração que fiz a você permanece: 'Desci a fim de livrá-los'. E eu farei isto e lhe darei o privilégio de estar nesta operação comigo. Você será meu instrumento de libertação".

Lembre-se desta verdade quando Deus chamá-lo para assu­ mir uma posição de liderança em Sua obra. Ele não está procu­ rando pessoas que se sintam "suficientes". Paulo disse "não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus"(2 Co 3:5).

Estou certo de que o senso de necessidade e inadequação podem ser um triunfo, mais que uma desvantagem. O testemu­ nho de Paulo é um exemplo disto: "Então ele me disse: A mi­ nha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas para que sobre mim repouse o poder de Cristo... Porque quando sou fra­ co, então é que sou forte." (12:9-10).

Muitas pessoas ficam admiradas diante disso e exclamam: "Você quer dizer que o grande apóstolo Paulo sentiu-se as­ sim?". A resposta é sim, e isto, sem dúvida, contribuiu para sua grandeza.

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QUEM ESTÁ APTO A LIDERAR? 19

A próxima lição que aprendemos de nossa observação do chamado de Moisés é também muito importante. É ótimo que tenhamos consciência de nossas limitações, mas não devemos parar aí. Devemos também estar convencidos da absoluta sufi­ ciência de Deus. Esse é o próximo passo, em seu diálogo com Moisés.

Moisés levanta outra questão: "Suponhamos que eu vá ao povo e diga: 'O Deus de seus pais enviou-me a vocês', e eles me perguntem, 'Qual é o nome dele?', o que é que eu vou dizer?" (Êx3:13).

A esta pergunta, Deus dá uma resposta singular: "Eu sou o que sou... Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração a geração" (vv. 14-15).

Quando eu era recém-convertido, fiquei por muito tempo confuso com essa resposta. O que será que Deus quis dizer quando Se revelou como "eu sou"? Então, um dia, 'finalmente entendi'. Ele está dizendo "Seja o que for que você precise, é isso o que eu sou!".

Aquela altura da vida, Moisés necessitava de encorajamento e força. Essa será, muito provavelmente, também a sua necessi­ dade quando você receber um chamado de Deus para servi-lo em alguma tarefa específica.

E o fato de que sempre temos necessidades reforça ainda mais esta verdade. Estamos carentes de conforto? Eu sou o teu conforto: "lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (1 Pe 5:7). Precisamos de vitória sobre algum pecado que nos importuna? Eu sou tua vitória. "Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 15:57). Necessitamos de amor? "Deus é amor" (1 Jo 4:8). Podemos listar um rol de necessidades. Deus é absoluta­ mente suficiente para atendê-las. O que Ele estava dizendo era

Eu sou tudo o que meu povo precisa.

Assim, é verdade que devemos reconhecer nossa insuficiên­ cia, mas não podemos deter-nos nesse ponto. Se assim o fizer­

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20 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

mos, teremos problemas. Devemos seguir adiante no raciocínio e reconhecer também a absoluta adequação e suficiência de Deus para encarar qualquer teste, superar qualquer problema, conquistar qualquer vitória. Foi necessário algum tempo para que Moisés aprendesse, mas ele chegou a essa compreensão e foi usado poderosamente por Deus.

O chamado de Gideão

Para reforçar essa verdade absolutamente essencial que é a su­ ficiência de Deus, consideremos outro homem, por ocasião de seu cham ado. Lem bra-se das grandes batalhas travad as e vencidas por Gideão? Com um peqLieno grupo, ele fez bater em retirada os exércitos inimigos. Será que ele foi sempre assim? Ousado, corajoso, valente na batalha?

D ificilm ente! Os filhos de Israel sofriam nas m ãos dos midianitas. Escondiam-se em covas e cavernas nas montanhas. Tinham sLias colheitas destruídas e seus animais confiscados. Estes inimigos, como uma praga de gafanhotos, consumiam tudo o qtie encontravam pela frente. A razão para o drama do povo de Israel era, obviamente, seu pecado. "Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor; por isso o Senhor os entregou nas mãos dos midianitas..." (Jz 6:1).

Uma noite, Gideão estava malhando trigo no lagar a fim de colocá-lo a salvo dos midianitas. O anjo do Senhor apareceu e o chamou para ser o instrumento de libertação de seu povo.

Sua primeira reação soou bem familiar para Deus àquela al­ tura. "... Ai Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis qLie a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai" (v. 15).

De novo, Deus foi ao cerne da questão com o homem que escolhera para a tarefa. "... Já qLie eu estott contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem" (v. 16).

Note a semelhança com o que Deus disse a Moisés na sarça ardente. Com efeito, Deus declarou: "Gideão, não importa que sua família seja a mais pobre em Manassés, ou que você seja o menor na casa de seu pai. A qLiestão não é quem você é, mas

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QUEM ESTÁ APTO A LIDERAR? 21

que Eu estarei com você. Não é na sua fraqueza que nos detere-mos, mas em minha força. Eu trabalharei através de você".

Portanto, se Deus o chama para uma tarefa e você experi­ menta um sentimento avassalador de fraqueza, incapacidade e inadequação, alegre-se, pois você está em boa companhia! Ho­ mens e mulheres de Deus através dos séculos sentiram-se do mesmo modo. Mas eles também creram que Deus seria sufici­ ente para realizar a obra para a qual os havia chamado.

O chamado de Jeremias

Há um homem cuja vida precisamos examinar quando trata­ mos deste assunto. Jeremias foi um dos grandes profetas de Deus. Ele foi fiel ao seu chamado e sofreu por causa de sua fide­ lidade. Mas como ocorreu esse chamamento? E como Jeremias respondeu quando Deus o instruiu a assumir uma posição de liderança em seu reino? Observe o texto: "A mim me veio, pois, a palavra do Senhor, dizendo: Antes que eu te formasse no ven­ tre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te con­ sagrei e te constituí profeta às nações" (Jr 1:4-5).

O trabalho básico de um profeta era proclamar a Palavra de Deus ao Seu povo. Como Jeremias respondeu a este desafio? Ergueu-se imediatamente com fé e entusiasmo? Não, sua res­ posta foi semelhante às de Moisés e Gideão: "... ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque não passo de uma criança" (v. 6). Sua reação inicial foi de inadequação. Ele não se sentiu capacitado para a tarefa.

Veja a resposta de Deus: "Mas o Senhor me disse: Não digas: Não passo de uma criança; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto eu te mandar, falarás. Não temas diante de­ les; porque eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor" (vv. 7-8). Observe a promessa de Deus: "Eu estou contigo."

Novamente, a questão é que Deus estará lá. O Deus todo-sábio, todo-poderoso, todo-suficiente estará ao seu lado. Em todas essas ocasiões, é isto o que Ele sempre diz.

No caso de Jeremias, Ele não prom eteu um m ar de rosas, mas a certeza de Sua presença, proteção e direção foi reiterada

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22 A FORMAÇAO DE UM LIDER

diversas vezes. "Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; por­ que eu sou contigo, diz o Senhor para te livrar" (v. 19).

Outros chamadosNaquele tempo e agora

Você recorda as últimas palavras de Jesus Cristo a Seus discípu­ los? "Ide portanto fazei discípulos de todas as nações". Acom­ panhando esta ordem, houve uma promessa: "E eis que estou convosco todos os dias". (Mt 28:19-20). Deus nos dá hoje o mes­ mo fundamento que deu aos heróis da fé no passado, para ser-vi-Lo confiadamente: Eu estou contigo.

Há alguns anos, fui convidado a falar no retiro de uma classe de escola dominical, em que, por anos, Jim Rayburn, fundador do movimento Vida Jovem, havia sido o professor, na Primeira Igreja Presbiteriana de Colorado Springs. Nesse retiro anual da classe os N avegadores haviam sido convidados a falar. Rod Sargent, a quem o convite foi primeiramente endereçado, não poderia ir. Por isso, chamou-me em seu escritório e sugeriu que eu fosse.

Congelei. Falar a um grupo cujo professor havia sido Jim Rayburn? O que eu poderia oferecer a uma classe que tinha re­ cebido aulas regularmente com esse homem de Deus? "Eis que não posso falar", pensei comigo mesmo, "porque não passo de uma criança." Eu tinha apenas seis ou sete anos de convertido na época, e a maioria das pessoas naquele encontro era mais madura cronológica e espiritualmente do que eu. Comecei a explicar tudo isso ao Rod e pedir-lhe que arranjasse outra pes­ soa.

Ele sentou-se e ficou me olhando sem dizer nada por um bom tempo. E então falou: "LeRoy, ele disse, tenho observado uma coisa: você sempre escolhe o caminho mais fácil. Sempre se afasta das coisas que possam ser difíceis ou exijam um verda­ deiro passo de fé". E então me orientou a pensar um pouco no assunto e orar a respeito.

E assim o fiz. Embora ainda me sentisse despreparado para a tarefa, o Senhor falou comigo para que aceitasse o convite. Nem preciso dizer que preparei minha aula com muito estudo e ho­ ras de oração.

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QUEM ESTÁ APTO A LIDERAR? 23

Para minha alegria, o retiro foi excelente. Senti a presença e a direção de Deus, e o Seu poder me capacitou. Ele me ensinou algumas lições muito úteis nessa situação. Uma das mais im­ portantes foi a admoestação de que não devo andar pela vida escolhendo os caminhos mais fáceis. Os mais difíceis são muito edificantes. A experiência foi útil para mim, duríssima, porém valiosa para os anos que se seguiram.

Outra coisa que o diabo pode usar para impedir-nos de ca­ minhar pela fé em resposta ao chamado de Deus é algum fato indesejável em nossa história de vida. Podemos ser assim leva­ dos a pensar que tal obstáculo é demasiado grave para ser su­ perado, ou que será um impedimento para a realização da obra. Novamente, as Escrituras nos lembram da falácia deste ar­ gumento.

O apóstolo Paulo foi um assassino que gastou grande parte de seu tempo e energia perseguindo a igreja de Deus. Ele mais tarde confessaria envergonhado: "Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas sinagogas açoitava os que criam em ti. Quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemu­ nha, eu também estava presente, consentia nisto, e até guardei as vestes dos que o m atavam" (At 22:19-20).

Paulo disse de si mesmo: "Porque eu sou o menor dos após­ tolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus" (1 Co 15:9). Mas ele também escre­ veu": "Sou grato para com aquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim que noutro tempo era blasfemo e per­ seguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ig­ norância, na incredulidade" (1 Tm 1:12-13).

Se houve um homem cujo histórico o desabilitaria para o serviço a Deus, esse homem foi Paulo. Ainda assim, tornou-se o grande apóstolo dos gentios e foi usado para escrever a maior parte do Novo Testamento.

Outras pessoas com negras manchas em seus arquivos pes­ soais também tornaram-se grandes servos de Deus. Penso em João Marcos, o jovem que se mostrou um servo infiel em uma

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24 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

viagem com Paulo e Barnabé. Quando planejaram a próxima viagem, Paulo disse que recusaria levar Marcos junto, por cau­ sa de seu passado desabonador (veja At 15:36-38).

No entanto, este foi o homem que Deus escolheu para escre­ ver o Evangelho de M arcos, que apresenta Jesus, Seu Filho, como servo sempre fiel. O passado de Marcos certamente não foi o fundamento para que Deus o escolhesse para essa tarefa. Davi foi escolhido por Deus para ser o comandante e o líder de Seu povo, e para ser a cabeça administrativa do governo. Sua história de vida foi a de um pastor que cuidava de ovelhas so­ bre os montes da terra de Israel. Mas Deus o chamou e ele aten­ deu ao chamado. O seu histórico, ou mesmo a falta de um, não foi problema.

Assim, quando Deus chamar você para uma obra, não deixe que o sentimento de inadequação ou seus "pobres anteceden­ tes" o impeçam de seguir Sua liderança. "Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp2:13).

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A Fonte de Poder do Líder

U

ma falta de energia pode ser desastrosa. Hospitais e ou­ tros serviços essenciais possuem geradores de reserva em caso de falta de eletricidade. Estes equipamentos devem manter tudo funcionando, porque vidas dependem disto. A energia e os meios para utilizá-la são vitais em uma sociedade industria­ lizada.

Os líderes devem estar cientes disto. Devem perceber que precisam manter sua program ação, seus liderados e a si mes­ mos em movimento. Qual é a fonte de poder do líder para tudo isso? O próprio Deus.

Comunhão

O apóstolo Paulo disse a uma das igrejas que o sustentavam: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4:13). Davi, séculos antes, declarou: "Deus é a minha fortaleza e a minha força, e ele perfeitam ente desem baraça o meu cam inho." (2 Sm 22:33). Deus mesmo é a nossa fonte de força, mas a com unhão com Ele é que "liga a chave" e torna o poder operante e efetivo em nossa

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26 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

vida. A grande escola para a liderança de Davi como rei foi o tempo que ele gastou a sós com Deus, quando ainda era um jo­ vem pastor de ovelhas.

Anos e anos a sós com DeLis prepararam Davi para a lideran­ ça sob a direção de Deus. Ele certamente havia visto líderes em ação, primeiramente vivendo no palácio ainda menino, mas seu tempo com o Senhor foi de maior valia do que seu tempo com as pessoas. Como líder do exército e administrador da nação, Davi possuía pouco preparo. Não teve oportunidade de cursar nenhuma universidade, mas conhecia a DeLis.

E nesta área que o diabo mais concentra seus ataques. Ele nem se importa se você participa de seminários sobre o assunto ou assina revistas especializadas. Mas quando você leva a sério o conhecer a Deus através de uma comunhão íntima, prepare-se para uma guerra. Sua agenda com eçará a ficar lotada com assLintos urgentes e imprevistos. Você ficará muito ocupado para ter comunhão com o Senhor.

Por que o inimigo de nossa alma ataca tão furiosamente o tempo que o líder reserva para ter com Deus? Por causa da im­ portância vital que esse tempo tem na vida do líder. Quais são as recompensas espirituais que recebemos, se formos fiéis em nossa comunhão com Ele? Para responder, precisamos fazer outra pergunta. Qual é o propósito maior do homem sobre a terra? A resposta: "... todos os que são cham ados pelo meu nome, que criei para minha glória, que formei e fiz". "O objeti­ vo final do homem é glorificar a DeLis e alegrar-se Nele para sempre." As pessoas freqüentemente recitam a declaração de fé de Westminster, mas não sabem na verdade o que ela significa na vida diária.

Recordo uma discussão com um grupo de seminaristas. Eles sabiam que nosso propósito sobre a terra era glorificar a Deus. Perguntei a L im deles como alcançar este objetivo. Como você

realm ente glorifica a Deus? Sua face expressou um olhar de con­ fusão e, com um sorriso amarelo, ele disse: "Não tenho a menor idéia". Imagine só! Lá estava um grupo de estudantes em pre­ paração para a liderança espiritual sem a menor idéia de como alcançar o alvo principal de sua vida.

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A FONTE DE PODER DO LÍDER 27

D eixe-m e com partilhar um a lição simples que aprendi quando ainda era jovem na fé. Deus originalmente criou pesso­ as para glorificar seu nome. Criou seres humanos à Sua ima­ gem para que tivessem comunhão com Ele. Mantinha uma re­ lação íntima com Adão e Eva no jardim. Mas então eles peca­ ram , desobedecendo-O e trazendo desonra ao Seu nome. A imagem foi desfigurada, e a comunhão quebrada. No tempo certo, contudo, Deus deu um passo decisivo para recriar nas pessoas a possibilidade de novamente darem glória ao Seu nome.

Seria possível haver alguém que, em cada pensamento, pa­ lavra e atitude trouxesse glória a DeLis, a cada momento, todos os dias e anos de sua vida? Sim. Essa pessoa foi o Senhor Jesus Cristo. Em sua oração ao Pai, Ele disse sobre si mesmo: "Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer" (Jo 17:4). Portanto, se desejo atingir meu alvo principal na vida, que é glorificar a Deus, devo ser transformado mais e mais à Sua imagem, para tornar-me como Cristo.

O desejo do coração de Deus é que nos tornemos como Seu Filho. "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irm ãos" (Rm 8:29). Isto glorifica a Deus.

Como posso então tornar-m e semelhante a Cristo? Como alguém pode tornar-se semelhante a outra pessoa? Estando ao seu lado, conversando com ela, fazendo coisas juntos. Você já viu alguma foto de um casal que tenha convivido durante 50 anos e esteja celebrando bodas de ouro? Eles não apenas agem de modo semelhante e apreciam as mesmas coisas ou têm os mesmos gostos; eles chegam até a se parecerem fisicamente um com o outro!

Lembro-me o dia em que Al Vail, um amigo da Marinha, casou-se com Margie Igo, uma jovem elegante, bonita e inteli­ gente, formanda da Universidade de Stanford. Eles se haviam conhecido em uma conferência cristã em Colorado, e Al apaixo­ nou-se perdidamente por Margie. Vestido com a farda da Mari­

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28 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

nha, iniciou uma campanha para conquistá-la. Cartas, telefone­ mas, flores e presentes começaram a chegar.

A princípio, Margie ficou um pouco assustada com tudo aquilo, mas após alguns meses o Senhor confirmou em seu co­ ração que Al era a escolha dele para ela. Assim, eles se casaram. Pouco mais de um ano depois, eu os visitei em sua casa na Virgínia.

Quando cheguei, Margie desculpou-se porque tive que es­ perar alguns minutos até que ela arrumasse meu quarto. De a-cordo com suas palavras, o quarto ainda não estava "liberado". "Liberado!", eu pensei. Graduados em Stanford não saem por aí "liberando" coisas. Mas ela falou assim porque já havia convivido um ano com Al Vail, que havia feito disso seu estilo de vida: que tudo e todos ao seu redor estivessem "liberados". Ela havia começado a incorporar seu vocabulário de Marinha. Então, Al chegou em casa e eu fiquei também admirado de ver como a vida de Margie havia influenciado a dele. Eles estavam vivendo juntos em comunhão um com outro e estavam ficando parecidos.

O mesmo ocorre conosco, em nosso relacionamento com o Senhor. Para que sejamos "conformes a imagem de seu Filho", devem os investir muito tempo a sós com Ele em comunhão pessoal. Líderes que fizerem isso, que construírem uma vida devocional, diferente de uma vida "de improviso", estabelece­ rão contato direto com Deus e serão poderosamente usados por Ele. Deus busca tais pessoas. "Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a fa­ vor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei" (Ez 22:30).

Esta busca é tão nova quanto os meninos e meninas que es­ tão por nascer, e tão velha quanto a aurora da humanidade. Quando Deus encontra uma pessoa que coloca como priorida­ de de vida a comunhão dinâmica, pessoal e íntima com ele, seu poder, direção e sabedoria são direcionados para e através des­ sa pessoa. Deus encontrou alguém através de quem pode mu­ dar o mundo.

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A FONTE DE PODER DO LÍDER 29

A Palavra de Deus

Três elementos básicos caracterizam a vida de comunhão com o Senhor. Deus fala conosco por meio de Sua palavra. "Toda Es­ critura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreen­ são, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Tm 3:16-17).

Devemos entrar dentro da Palavra e ela deve entrar dentro de nós. Mergulhamos na Palavra ao ouvir pregações, ao lê-la, estudá-la e m emorizá-la. Também a assimilamos através da meditação, incorporando-a em nossa vida espiritual. Como o alimento físico, não é o que ingerimos que nos afeta, mas o que digerim os e assim ilam os. Isso é m ed itação . M ed itar é aprofundar-se na Palavra, revolvê-la em nossa mente, ir além da superfície. "Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia" (SI 119:97).

Em 1963, visitei Londres para uma série de pregações. A agend a p erm itiu -m e um dia livre p ara p assear. David Limebear, um jovem membro de nossa equipe de universitári­ os, foi designado como nosso guia e estava ansioso para mos­ trar-nos os lugares e sons de sua querida cidade. Ele chegou de manhã bem cedo com uma lista de monumentos históricos e um mapa do metrô. Já tinha tudo definido, o horário exato dos trens de chegada e saída em cada estação, e quanto tempo gas­ taríamos em cada visita.

Entrei nesta excursão com o tipo de entusiasmo esperado para um garoto de Neola, Iowa, prestes a conhecer a cidade grande. David, com um porte atlético e bom preparo físico, nos manteve em movimento o tempo todo. Andamos por catedrais, demos voltas nos parques, repousam os m omentaneamente para observar estátuas e medir com os olhos edifícios que des­ tilavam magnificência e história.

Nós realmente adquirimos uma visão panorânica de Lon­ dres, mas será mesmo que a vimos?

Alguns anos mais tarde, minha esposa e eu voltamos, para mais uma série de pregações, e em nosso último dia passeamos

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novamente com outras pessoas, a passos vagarosos. Vi e absor­ vi a beleza e a majestade das catedrais por entre as quais havia praticamente corrido na primeira visita. Desta vez, minha alma foi tocada. Tive tempo para realmente observá-las, experimen-tá-las, sentir o significado e a mensagem delas.

Assim é com a Palavra de Deus. Se corremos os olhos apres­ sadamente pela Bíblia para cumprir nosso programa de leitura, ou rapidamente "passam os" o estudo para nossa classe de es­ cola dominical, se olhamos para o relógio esperando que o culto termine depressa a fim de corrermos para alguma outra ativi­ dade, quase nada acontecerá em nossa vida. E como sair em disparada por entre os corredores de uma catedral. Nós a ve­ mos, mas na verdade, não a vimos. Mas se abrirmos a Palavra e dermos tempo para que o Espírito de Deus toque nossa vida, para que possamos absorvê-la em nosso coração e ver Sua gran­ deza e formosura, estaremos em verdadeira comunhão com Deus.

O Senhor quer comunicar-se conosco através de sua Palavra. Se gastarmos tempo para meditar, experimentaremos a profun­ didade e a imensidão da mensagem, e o Espírito de Deus falará conosco e nos m overá. E aqui um ponto importante. E Deus quem faz isso, não as palavras que estão impressas no papel. Ele usa Sua Palavra como um meio, um instrumento para co­ municar-se conosco. "A minha alma está apegada ao pó: vivifi-ca-me segundo a tua palavra" (SI 119:25). Observe que é o pró­ prio Deus quem pode vivificar o salmista. E Ele utiliza Sua pa­ lavra como um instrumento para fazer isso.

Precisamos desenvolver amor pela Palavra de Deus. "Quan­ to amo a tua lei! E a minha meditação todo o dia" (SI 119:97). Foi o am or à Palavra de Deus que impeliu o salmista a m editar nela. E aí que tudo deve começar. Peça ao Senhor que lhe dê amor e encanto por Sua Palavra: "Guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois nela me comprazo" (v. 35). "Aleluia! Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, e se com praz nos seus m andam entos" (112:1). "Terei prazer nos teus m anda­ mentos, os quais eu am o" (119:47).

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A FONTE DE PODER DO LÍDER 31

Líderes dignos de sua vocação e que irão verdadeiramente conduzir outros em sua caminhada espiritual devem ser pesso­ as da Palavra.

Oração

O segundo elem ento da com unhão é a oração. Deus fala conosco através da Sua Palavra, e nós falamos com Ele através da oração. Algo a ser lembrado é que há orações que movem a mão de Deus, e há outras que não têm efeito algum. Qual é a diferença?

Jesus falou sobre diferentes tipos de oração em uma pa­ rábola.

"Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um fariseu e o outro publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: O Deus, graças te do porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda le­ vantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propí­ cio a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado" (Lc 18:10-14).

Certo verão tive o privilégio de ouvir um concerto no rio Pontomac, em Washington, D. C. A orquestra estava tocando a

A bertura 1812. A certa altura, houve uma queima de fogos. Os foguetes não tentaram atingir nada; eles eram apenas "fogos de efeito". Isso acrescentou entusiasmo e dram aticidade à peça musical.

Recordo meus dias na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial como observador de frente em uma unidade da arti­ lharia. Eu observava uma seqüência de tiros em relação a seus alvos, orientando via rádio os atiradores para que melhorassem a pontaria. Eles então executavam uma nova seqüência, e eu lhes dava novas coordenadas. Finalmente, após as instruções finais, eu gritava para que "atirassem para efeito".

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32 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

Eu usei uma expressão semelhante relacionada à Abertura, mas quis dizer algo bem diferente. No final, a bateria abria fogo contra o alvo com um efeito devastador.

Assim é na parábola de Jesus. O fariseu orava meramente para efeito, com o um meio para impressionar, e Jesus disse: "Ele orou de si para si mesmo". O publicano, por sua vez, lida­ va diretamente com Deus. Ele orou com efeito, a fim de alcançar algo. Este é o tipo de oração que devem os oferecer a Deus. "Muito pode, por sua eficácia, a súplica dos justos" (Tg 5:16). Pois, para ser efetiva, a oração tem de ser fervorosa.

Isto é ilustrado por um incidente na Igreja Primitiva (At 12:1-12). Herodes havia iniciado seu reinado de terror e perseguição aos cristãos. Já havia mandado m atar Tiago, irmão de João, e preparava-se para fazer o mesmo com Pedro, que estava na prisão, seguramente guardado por dezesseis soldados. Mas seus irmãos oraram por Pedro, e, como resposta, o Senhor en­ viou um anjo para libertá-lo.

Várias traduções usam palavras diferentes para descrever o tipo de oração que foi oferecido. A palavra usada para descre­ ver a oração é a mesma empregada para descrever a intensida­ de do sentimento de alguém que está sendo dilacerado em uma mesa de tortura.

A razão para essa fervente oração é óbvia. Primeiro, era fisi­ camente impossível para Pedro escapar. A razão principal que desencadeou essa oração fervorosa, contudo, foi o passado de Pedro. Ele era conhecido por haver negado o Senhor quando as coisas se complicaram. Será que Deus estava respondendo às suas orações? Abundantemente! Na noite anterior à execução, Pedro estava dormindo como um bebê, acorrentado entre dois soldados. A fervente e efetiva oração daquele pequeno grupo de cristãos funcionou, e muito. Pedro não só escapou da morte, como também foi libertado da prisão de modo extraordinário. Deus ouviu e respondeu.

Há alguns anos acompanhei um médico que foi atender a um paciente em domicílio. Após examiná-lo, ele me disse: "O coração do homem está mal". Eu me perguntei como ele sabia. Aquele homem poderia contra-argumentar que nunca se havia

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sentido tão bem, que sua velha máquina estava em boa forma, e que o médico estava perdendo seu tempo conversando sobre isso. Mas, independentemente de tudo o que pudesse ser dito, o dr. Frank sabia que o coração do paciente não estava bem. Como? Simples. Ele ouviu o coração do homem com um este­ toscópio e não prestou atenção ao que o homem dizia. O mes­ mo acontece com Deus. Não oramos através de um microfone espiritual, com Deus escutando por meio de fones de ouvido celestiais. Ele, ao contrário, ouve nossas orações por meio de estetoscópios espirituais. "Este povo honra-me com os lábios, mas seu coração está longe de m im "(M t 15:8). O chamado de Jeremias para "derramar seu coração como água perante o Se­ nhor" (Lm 2:19) deve ser considerado hoje.

Você já ouviu alguma vez cristãos, ao partir, dizerem: "Vou orar por você"? Quantas vezes isso é meramente um modo de dizer adeus. Quão diferentes foram as palavras do apóstolo Paulo: "Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evan­ gelho de seu filho, é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, em todas as minhas orações" (Rm 1:9-10).

Pois oração, para ser fervorosa, tem de ser específica. Em muitas ocasiões, caímos na rotina de orar "Senhor, abençoa a igreja" ou "Deus, encoraje aos missionários" ou "Deus, ajude a classe". A oração do líder deve ser específica em duas áreas.

Primeiro, ela deve concentrar-se no crescimento e desenvol­ vimento de cada pessoa liderada. O apóstolo Paulo nos deu um exemplo:

"Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não ces­ samos de orar por vós, e de pedir que transbordeis de pleno conheci­ mento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; afim de viver des de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no pleno conhecimento de

Deus" (Cl 1:9-10).

Do mesmo modo, considere as orações de Epafras. "Saúda-vos Epafras que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se

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esforça sobremaneira, continuamente, por vós, nas orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus" (4:12).

Segundo, líderes devem orar pela maturidade espiritual de seu povo, e para que Deus levante dentre eles trabalhadores que possam ir para a colheita nos campos mundo afora.

"Vendo ele as m ultidões, com padeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas com o ovelhas que não têm pastor. E então se dirigiu a seus d iscíp u los: A seara na verd ad e é g ra n d e, m as os trab alh ad ores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que m ande trabalhadores para a sua seara" (M t 9:36-38).

O b e d iê n c ia

O último elemento da comunhão é a obediência. Não há comu­ nhão com um superior sem que haja obediência a ele, e JesLis Cristo é muito maior que qualquer superior.

Antes de tornar-me cristão, passei algum tempo na ilha de Pavuvu, com a primeira divisão da Marinha, durante a Segun­ da Guerra Mundial. Pavuvu era nosso campo de descanso en­ tre as invasões. E que campo de descanso! A ilha estava infesta­ da de moscas, saúvas, ratos e mosquitos. Nossas tendas tinham vazamentos, e muitas vezes encontrávamos pela manhã caran­ guejos dentro de nossas botas. O calor era terrível, e a chuva diária era um estorvo. Para comer, não havia outra coisa senão rações.

Para tornar a vida um pouco mais suportável, os fuzileiros providenciavam Lima lata de cerveja por mês, para o enorme deleite de apreciadores de cerveja como eu. Embora acolhêsse­ mos de bom grado este tratamento mensal, isso não satisfazia os que apreciavam cerveja como parte da dieta diária. Assim sendo, fiz um plano. Combinei com os que não bebiam, mas de igual modo recebiam suas latas, que me dessem as suas quando a ração de cerveja fosse entregLie. Isso era terminantemente proibido, é claro, mas em nossa turma uma medalha por bom comportamento eqüivalia a quatro anos de quebra de regras.

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Eu levava de doze a quinze latas de cerveja quente para mi­ nha barraca, sentava-me bem no meio deles, e as abria com a ponta de uma velha baioneta japonesa. Depois de oito ou dez latas vazias, eu normalmente ficava L im pouco "alto" e começa­ va a chacoalhar a lata antes de abri-la. Um dia, derrubei uma delas no chão por algumas vezes, finalmente coloquei-a em pé e consegui destampá-la com minha baioneta. E ela espirrou um jato de cerveja quente sobre o meu comandante que naquele instante havia acabado de entrar na barraca. E lá ficou ele, mo­ lhado dos pés à cabeça. Durante as semanas que se seguiram, ele e eu não experimentamos o calor da comunhão que possuí­ amos antes.

Não há comunhão com um superior sem obediência. Jesus disse: "Aquele que tem os meus m andam entos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele"(Jo 14:21).

O Senhor deixou claro o perigo da desobediência.

"Por que m e cham ais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Todo aquele que vem a mim e ouve as m inhas palavras e as pratica, eu vos m ostrarei a quem ésem elh a n te. E sem elhan te a um hom em que, edifican do uma casa, cavou , abriu profu n da vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa, e não a pôde abalar, por ter sido bem construída. M as o que ouve e não pratica ésem elhan te a um hom em qu eed ificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que fo i gran de a ruína daqu ela casa" (Lc 6:46-49).

Uma vida de obediência aos líderes é a grande motivação dos que os seguem. Eles vêem suas vida e são desafiados a ní­ veis mais altos de compromisso e obediência.

Resumindo: os níveis da comunhão são: a Palavra, a oração e a obediência. Eles são imperativos para líderes. Os líderes pre­ cisam experimentar o poder de Deus em sua vida e ministério regularmente. Comunhão com o Senhor é o interruptor que completa a conexão e torna a energia disponível. Sem isso, os

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líderes não passam de organizadores de atividades e esforços humanos. Com isso, são ferramentas nas mãos do Deus Todo-poderoso para o cumprimento de Seu propósito na terra.

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A Vida Interior do Líder

O

s babilônios eram um povo bárbaro. Seu código de moral e justiça era estranho e exótico para os hebreus cativos. Para os babilônicos, m atar um ser humano era como esmagar uma mosca. E lá estavam os escravos judeus, aterrorizados na­ quela terra cruel, confrontados por regras, regulamentações e exigências, contrárias a tudo o que haviam aprendido em sua juventude, diante de uma situação aparentemente imutável; e eis que um dentre eles galgou uma posição de poder e autorida­ de, em um império cheio de violência, superstição e adoração a falsos deuses. Durante os anos de cativeiro, esse homem seria convocado por reis pagãos para servir no cargo estratégico mais elevado do país. O mais extraordinário de tudo é que ele era um homem de princípios rígidos, que adorava ao Deus vivo e ver­ dadeiro. Podemos aprender muito examinando a vida deste lí­ der notável.

Daniel era apenas um rapaz quando foi escolhido pelo rei Nabucodonosor para uma tarefa especial. Pertencia a um pe­ queno grupo designado pelo rei para aprender "a linguagem e

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literatura dos babilônios" (Dn 1:4). Ele e seus três com panheiros faziam parte de u m a elite com q u alificaçõ es m uito especiais: "jo v en s sem nenh u m defeito, de boa aparência, in stru ídos em toda a sabedoria, doLitos em ciência, e versados no conhecim en­ to, e que fossem com petentes para assistirem no palácio do rei; e lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeLis" (v. 4). Form a­ dos na cultura contem porânea, tinham privilegiada form a físi­ ca, ótim as relações sociais, inteligência, intelectualidade, prepa­ ro acadêm ico e experiência diplom ática.

Qualquer deão de qualquer universidade recepcionaria com prazer em seu corpo discente jovens com tantas qualificações. Grandes empresas se empolgariam diante do currículo desses jovens. Mas eis aqui algo interessante: Deus levantou apenas um deles para uma posição de maior liderança espiritual. Por quê? Por causa de certas qualidades básicas na vida interior desse homem. Vamos exam inar três dentre as mais im por­ tantes.

P u r e z a d e v id a

Uma característica primordial exibida por Daniel foi a pureza de vida. "Resolveu Daniel firmemente não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se" (Dn 1:8). Vale a pena notar que uma das primeiras coisas que Deus fez na aurora da criação foi separar a luz das trevas. Esse ato simboliza uma grande verdade espiritual: ou você está de um lado, ou está do outro. Não há espaço para cercas largas. No inferno não há luz, e no céu não há escuridão. Nós, que entregamos a vida a Cristo, depois de experimentar Seu amor e perdão, estaremos um dia no céu; entraremos em SLias m an­ sões e desfrutarem os Sua presença. Como preparação para aquele grande dia, devemos acostumar-nos a caminhar na luz enquanto estivermos na terra.

O apóstolo Paulo prossegue no tema: "Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto, que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? ou que comunhão da

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A VIDA INTERIOR DO LÍDER 39

luz com as trevas? que harmonia entre Cristo e o Maligno? ou que união do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo" (2 Co 6:14-16).

Paulo usou cinco perguntas para criar uma linha de separa­ ção entre Deus e a oposição. De um lado, reúne justiça, luz, Cristo, fé e a casa de Deus. Do outro, ilegalidade, escuridão, Satanás, incredulidade e falsa adoração. Ele especifica que não podemos misturar estas duas listas. Temos de escolher viver de um lado ou do outro. Essa é uma verdade óbvia; ainda que muitos tentemos fazer concessões ao pecado. Os líderes devem estabelecer um exemplo de comportamento que se iguale ao padrão das Escrituras: "E necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar" (1 Tm 3:2).

Deus sempre observa a vida interior do líder. Quando rejei­ tou o rei Saul e escolheu seu sucessor, Ele disse a Samuel: " Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei, porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração " (1 Sm 16:7). Eu e você tendemos a avaliar as pessoas superficialmente: apenas o que vemos. Deus olha o interior.

Há poucos anos atrás caiu um temporal sobre nossa cidade, destruindo janelas de lojas e bancos. Herb Lockyer, professor de nossa escola dominical por muitos anos, e sria esposa Ardis estavam voltando para casa de carro quando ela viu algo que partiu seu coração. Uma das árvores mais bonitas da cidade havia virado de raízes para cima por causa do vento. Ela cha­ mou a atenção de Herb exclamando: "Olhe, Herb! Aquela árvo­ re estava podre por dentro."

E era verdade. Embora adm irada por todos devido à sua imponência e beleza, ela estava completamente carcomida por dentro. E, por estar podre em seu interior, quando teve de en­ frentar o vento não resistiu. Ela caiu, e as pessoas que outrora apreciaram seus enormes galhos e sua linda folhagem aprende­

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ram uma verdade. A despeito de sua beleza exterior, a árvore estava interiormente apodrecida.

Assim também é com nossa vida. Se o líder cristão tenta ven­ der uma imagem exterior sem consistência interior de pureza e santidade diante de Deus, um dia uma prova revelará seu ver­ dadeiro caráter e natureza. Assim sendo, o líder precisa viver uma vida pura.

Paulo compartilha com Timóteo outra razão para a pureza moral.

"Entretanto, o fir m e fu n dam en to de D eus perm anece, tendo este selo:

O Senhor conhece os que lhe pertencem . E m ais: A parte-se da injusti­ ça todo aquele que professa o nom e do Senhor. Ora, num a gran de casa não há som ente utensílios de ouro e de prata; há tam bém de m adeira e de barro. A lgu n s, para hon ra; ou tros, porém , para desonra. A ssim , pois, se alg u ém a si m esm o se p u rific a r destes erros, será u ten sílio para hon ra, sa n tificad o e ú til ao seu p ossu id or, estan do p rep arad o para toda boa o b ra " (2 Tm 2:19-21).

Esta passagem destaca uma verdade que é óbvia em nossa casa. Diferentes receptáculos possuem diferentes usos. Em mi­ nha casa, temos um balde para lixo e outro a qrie é utilizado para guardar frutas. E minha esposa não as confunde. O princí­ pio espiritual simples é que as pessoas podem escolher qLie tipo de vaso serão para a casa de Deus. Elas é quem decidem entre ser vasos de honra e desonra. Os critérios com os quais Deus es­ colhe a qLiem usar, e para quais dos Seus propósitos na terra são demonstrados no final do (v. 21): os que se purificam a si mes­ mos da desonra serão vasos para honra.

Anos atrás o tio de minha esposa, Art, deri-lhe um belo jogo de copos de cristal. Eles ocupam um lugar de honra em nossa casa e são usados apenas em ocasiões muito especiais. Suponha que você me visitasse e ficasse com sede. Eu o levaria à cozinha e o convidaria a servir-se com um copo de água fresca. Ao abrir o armário para pegar um copo, você constataria que um desses finos copos de cristal está manchado de gordura e sujeira. Bem

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na sua frente sobre a pia, há um copo de geléia superlimpo. Qual deles você escolheria?

A resposta é óbvia. Bem, você não é mais inteligente que Deus. Ele está buscando vidas que estejam limpas e puras. Elas então serão "utensílio para honra, santificado e útil ao seu pos­ suidor, estando preparado para toda boa obra".

Note a palavra san tificad o. Há m uita controvérsia entre o povo de Deus com relação a essa palavra, mas todos concor­ dam que um de seus significados básicos é "ser separado". Deixe-me ilustrar isso. Tenho um amigo que é oficial graduado da Marinha. Em qualquer lugar que esteja a trabalho, tem um jipe à disposição para uso pessoal. E ele sabe onde encontrá-lo quando necessita. Ai de qualquer jovem subalterno que use o jipe sem autorização e com outro propósito que não o de servi-lo. Esse jipe é separado. Pertence ao superior e é para seu uso exclusivo.

O líder cuja vida é separada para o Senhor tem um impacto poderoso no mundo ao redor. Deus prom eteu mostrar-se aos outros através desse líder. "Vindicarei a santidade do meu gran­ de nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; as nações saberão que eu sou o Senhor, diz o Se­ nhor Deus, quando eu vindicar a m in ha santidade perante elas" (Ez 36:23).

Geralmente os líderes ouvem de seu s liderados pedidos para que definam o que é certo ou errado. Desejam viver vidas puras, mas de maneira honesta deixam claro que não estão cer­ tos com relação a determinados assuntos. A Bíblia não só lida com assuntos específicos, como tam bém com princípios eter­ nos. Quatro deles foram usados pelo Senhor em minha própria vida.

Logo depois que me tornei um cristã o , percebi que certos hábitos e práticas de minha vida tinham de acabar. Eu sabia que eram errados e não honravam a Deus. A lgum as outras coisas não estavam claras. Será que eram erradas ou não? A Escritura era taxativa com relação a perjúrio, roubo, mentira, mas e aque­ las coisas para as quais não havia uma palavra específica?

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42 A FORMAÇAO DE UM LIDER

Tão logo comecei a questionar isso, o Senhor deu-me três versículos que têm sido de tremenda ajuda no correr dos anos. Eles contêm princípios de como discernir o que é certo e errado. Eu os chamo de princípios 6-8-10, porque se encontram em 1 Coríntios 6 ,8 e l 0 .

1. Isso é útil? "Todas as cousas me são lícitas", mas nem tudo é benéfico. "Todas as cousas me são lícitas, mas eu não me dei­ xarei dominar por nenhuma delas" (1 Co 6:12). Baseado neste versículo, posso perguntar a mim mesmo: E útil? Seja o que for que eu estiver prestes a fazer, será de ajuda para mimfisicam en ­ te, ou irá causar-me algum dano? Será uma ajuda à minha m en­ te, ou a fará concentrar-se em coisas que me levarão a pecar? Essas perguntas auxiliam a decidir com relação a filmes, pro­ gramas de TV, livros e revistas. E quanto ao auxílio espiritual? Posso crescer espiritualmente, ou seria prejudicado em meu desenvolvimento espiritual?

2. Isso me dom ina?, isso me escraviza? A partir desse versículo (1 Co 6:12), concluí que qualquer coisa que se torna um hábito que não posso quebrar deve ser abandonada. Tenho amigos que hoje são escravos de cigarros, licores e drogas. Paulo disse: "Eu não me deixarei dominar por nenhuma delas" (1 Co 6:12).

3. Isso fa z outros tropeçar? "E deste modo, pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que pecais. E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo" (1 Co 8:12-13). Minha atitude levará outros a abandonar a fé? Talvez eu possa lidar com isso, mas outros não serão afeta­ dos ao ver-me fazendo isso? Eles não terão problemas? Minhas ações os levarão a uma situação difícil? Nenhum homem é uma ilha. O que faço é visto e algumas vezes copiado por outros. Posso ser o único exemplo de um cristão que alguém tem. As­ sim sendo, devo pensar nos outros quando tomo decisões sobre minhas atividades.

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A VIDA INTERIOR DO I ,lDER 43

4. Isso glorifica a D eus? "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra cousa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10:31). Essa ação específica glorifica a Deus? Obser­ ve a primeira pergunta na declaração de fé de Westminster. "Qual o principal propósito do homem?" A resposta: "O prin­ cipal propósito do homem é glorificar a Deus e alegrar-se Nele para sempre". Eu e você devemos viver nossa vida para o lou­ vor da Sua glória. Portanto, devo perguntar a mim mesmo: Posso fazer isso para a glória de Deus?

Essas três passagens bíblicas têm resistido ao teste do tem­ po. Elas contêm princípios duradouros do Deus que a tudo co­ nhece e que é todo-amor.

A pergunta que Ele faz é, então: O que há no seu interior? A fachada exterior deve refletir a vida interior. Os líderes devem m anter um cam inh ar santo diante do seu povo e ap licar freqüentemente 1 João 1:9: "Se confessarmos os nossos peca­ dos, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça".

Humildade

Outra característica vital ao considerar a vida interior do líder é a humildade. De uma situação na qual a maioria ficaria satisfei­ ta se apenas sobrevivesse, Daniel foi elevado a um lugar de poder e influência. Sob sua liderança o reino prosperou, e ele deu ao rei instruções e orientação. Apesar de tudo isso, ele per­ m aneceu um humilde servo de Deus. Em m uitas ocasiões, quando poderia ter exaltado a si próprio, Daniel não hesitou em dar todo o crédito ao Senhor.

Daniel respondeu: "O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos, nem astrólogos o podem revelar ao rei; mas há um Deus nos céus, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodo-nosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas: Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do que há de ser depois disto.

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44 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

A quele, pois, que revela m istérios te revelou o que há de ser. E a m im m efo i revelado este m istério, não porqu e haja em mim m ais sabedoria do que em todos os viven tes, mas para que a in terpretação se fiz e s s e saber ao rei, e para que en ten desses as cogitações da tua m ente" {Dn 2:27-30).

Um espírito humilde é a marca registrada da pessoa usada por Deus. Ele requer isso de Seus servos. "Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura" (Is 42:8). Quando Seu povo se desvia do caminho e começa a orgulhar-se, Deus tem um modo de trazê-lo de volta ao caminho direito e estreito.

Certo verão tive o privilégio de visitar um campo missioná­ rio no exterior. Um dos missionários contou-me uma história fascinante.

Quando saiu de sua terra para o ministério, considerava-se um presente de Deus para o mundo e em especial para o país ao qual havia sido enviado. Sua atitude básica era: "Esperem até que eu chegue aí. Mostrarei a vocês! Tão logo me instalar, colocarei todos nos trilhos e farei com qLie as programações fun­ cionem". Assim ele chegou e iniciou seu trabalho.

Não é preciso dizer que sua atitude para com os colegas de ministério não os cativou. Eles viram seu espírito soberbo e se desm otivaram . Pior de tudo, Deus observou seu com porta­ mento e não recompensou seus esforços. Nada deu certo. To­ dos os seus planos visionários transformaram-se em pó. A Bí­ blia diz:

"Rogo igualm ente aos jovens: sede subm issos aos que são mais velhos; outrossim , no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de hum ilda­ de, porqu e D eus resiste aos soberbos, contudo aos hum ildes concede a sua graça. H um ilhai-vos, portanto, sob a poderosa m ão de Deus, para qu e ele, em tem po oportuno, vos exalte" (1 Pe 5:5-6).

Deus resiste, e não abençoa, ao soberbo, e Ele é a pessoa per­ feita para resistir a você!

Referências

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