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O Super surgiu em maio de 2002 com circulação na região metropolitana (Belo Horizonte e Contagem) e em todo o estado de Minas Gerais. A proposta original era levar informação diária a preços populares às classes B, C e D, que, antes, não tinham acesso a outros jornais. O segredo da grande circulação são algumas técnicas de marketing inovadoras, como o custo menor, muita promoção comercial e o formato menor (tabloide) que facilita a leitura e economiza papel, seguindo a tendência mundial. Editorialmente, os fatores de atração são as manchetes chamativas, a linguagem clara, objetiva e os temas populares, de leitura rápida.

Em 2005, o Jornal se viu ameaçado por uma publicação semelhante na mesma região (o tabloide Aqui, dos Diários Associados), que se lançou com um custo 50% mais baixo. Em reação, a equipe de marketing do Super passou a adotar algumas estratégias como redução do preço de venda ao mesmo valor de seu concorrente (R$ 0,25), investimento no sistema de distribuição, com venda direta em padarias, sinais de trânsito, metrô, aliada à tradicional venda em bancas de jornal, e promoções que associavam a compra de exemplares a prêmios como aparelhos eletrônicos, utensílios domésticos, entre outros, e também sorteios. A estratégia deu certo, o jornal manteve sua liderança.

O jornal popular Super Notícia cresceu drasticamente nos últimos anos, a ponto de se tornar o jornal de maior circulação no país, conforme dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) de novembro de 2013, superando grandes jornais de referência nacional. O

mais lidos do Brasil. Os dados IVC mostram que, em novembro 2013, o Super vendeu 295.158 exemplares, contra 288.901 da Folha se São Paulo.

Em 2006, ele ganhou o prêmio Aberje como o Jornal do Ano/Minas. O ex-deputado federal Vittorio Medioli é proprietário da Sempre Editora integrante do grupo SADA (transporte e logística, concessionárias automobilísticas, metalurgia editorial, entre outros), que publica o popular Super Notícia e também os jornais O Tempo, Pampulha, O Tempo

Betim, O Tempo Contagem, todos da região metropolitana da capital mineira, e ainda a revista Super TV. O jornal o Tempo, de referência, faz concorrência com o tradicional jornal Estado

de Minas

No Super, a ênfase é dada aos assuntos da comunidade e de polícia. Aborda ainda esporte, celebridades, serviços, economia popular, saúde, sexo, direito do trabalhador, direito do consumo, enfim temas comuns ao dia a dia da população menos favorecida. O público- alvo é composto por homens (50%) e mulheres (50%), de classe média (55%), com faixa etária entre 20 a 29 anos.24 O fato de a maioria dos leitores (55%) pertencer à classe C, reafirma a delimitação desse seguimento como público prioritário da nossa investigação.

Vejamos a Figura 2, que apresenta o perfil dos leitores do jornal focalizado:

Figura 2 – Perfil dos leitores super notícia – critérios Sexo, Classe Social, e Faixa Etária

Fonte: Estudos Marplan Egm – mercado grande BH – abril 2012/março 2013, com adaptações.

24 Dados do Instituto MARPLAN /EGM Abril 2012/março 2013.

50% 50%

Sexo

Masculino Feminino 3% 29% 55% 12% 1%

Classe Social

A B C D E 0 5 10 15 20 25 30 17 26 23 16 10 5 3

Faixa Etária

O jornalista Rogério Pereira, editor-chefe do jornal, afirmou em entrevista (ABREU

ET AL, 2006) que o jornal foi criado para pessoas que não têm o hábito de ler jornais devido

ao preço, conteúdo e formato. Segundo ele, o Super foi pioneiro no uso do formato tabloide, fácil de manusear e ler, na região Metropolitana de Belo Horizonte. O diferencial está nas notícias rápidas e no baixo custo, para pessoas que não têm tempo, não gostam muito de ler, mas gostam de esporte, celebridades, assuntos da comunidade e serviços.

O editor ressalta que o jornal passou por transformações na parte gráfica e no conteúdo, sempre buscando agregar informações de qualidade ao leitor. É jornalismo sério e ético que ouve todas as partes, segundo ele. Para Pereira (ABREU ET AL, 2006), o jornal é como se fosse ‘a voz’ dos leitores. Carrato (2012, p. 599) discorda deste ponto de vista: “o

Super apenas surfa na onda de ascensão social vigente no país, acena com possibilidade de

inclusão dos setores emergentes, mas está longe de ter qualquer efetivo compromisso com a democracia e o avanço da cidadania”. Segundo a pesquisadora, a imprensa mineira, seja tabloide ou não, desconhece manifestações populares, greves e tudo que diverge dos interesses do Governo de Minas Gerais, alinhando-se, como a mídia tradicional, aos interesses hegemônicos.

Luiz Cabral, editor adjunto do Super Notícias, destacou em entrevista25 a importância da prestação de serviços do veículo. Segundo ele, a redação recebe muitas denúncias de leitores que ligam, mandam cartas, ou e-mails. A reclamação é comprovada e a resposta é dada ao leitor em um prazo de cinco dias. Caso seja verdadeira, a notícia sai na coluna “Panelaço” (panelaço@supernoticia.com.br) e, às vezes, pode render uma matéria. A coluna “Panelaço”, da página 6, é o espaço reservado para protestos, tendo a chamada: “Foi mal atendido? Sua rua está um caco? O transporte está ruim? Estão cobrando muito por pouco? Seu bairro está esquecido pelas autoridades”. Muitas vezes, há pessoas que procuram o jornal antes mesmo de ir à polícia, conforme apontou o entrevistado.

A equipe do Super, como nos mostrou Cabral, é enxuta e divide o mesmo espaço e profissionais com a equipe de O Tempo. No jornal são dezessete pessoas: seis fechadores, três repórteres, quatro estagiários e quatro diagramadores. O jornal tem, em média, de 28 a 32 páginas e dispõe uma versão online.

O editor, Rogério Maurício, é responsável pelas manchetes de capa e pelas notícias mais importantes (páginas 3 e 5). Na página 2, estão: o espaço para opinião, a coluna “Alô Redação”, dedicada aos comentários dos leitores, o resultado da loteria, o tempo e uma

25 Entrevista concedida a autora deste trabalho em 15 de julho de 2012 na Sede do Jornal Super Notícia, em Contagem.

charge. Nas páginas posteriores, temos as notícias mais importantes da cidade, com a coluna “Panelaço” na página 6. Na sequência, as notícias gerais, emprego e variedades, incluindo a coluna de fofoca sobre celebridades e novelas (“Menina nem te conto!”), o horóscopo e a programação cultural. As notícias de esporte ficam nas páginas finais e na contracapa. Os classificados e propagandas ficam em um suplemento dentro do jornal.