• Nenhum resultado encontrado

3. A SUPERBOM E O SEU DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO

3.3 Superbom no século XXI, desafios: adaptação ou permanência?

Já em 2001, Guilherme Silva, aponta para os hábitos alimentares dos brasileiros como ainda necessitando de reformas. Segundo ele:

Em um almoço típico, no Brasil, não pode faltar o arroz, o feijão e o bife. Nos intervalos do trabalho, o cafezinho é a bebida oficial. As gorduras representam mais de 30% da dieta calórica dos brasileiros. E 40% ingerem colesterol acima do recomendado. Estudos, porém, têm comprovado que esse padrão alimentar é uma receita infalível para morrer mais cedo. Um bifinho aparentemente inofensivo, ingerido diariamente, aumenta em 50% a possibilidade de se contrair câncer no intestino, afirmam pesquisadores europeus de nove países (REVISTA ADVENTISTA, Janeiro 2001, p. 17)

E após apresentar esses dados, o artigo enfatiza o compromisso da fábrica Superbom com a proposta de saúde whiteana. É preciso lembrar que, o principal objetivo desta pesquisa é: apresentar dados que evidenciem a intima relação que existe entre as instruções whiteanas acerca da mensagem de saúde e o desenvolvimento institucional da fábrica Superbom. E ainda que a base dos dados dessa tal pesquisa possa colocar em cheque a credibilidade da afirmação, o que se procura é mais a compreensão de uma sociedade brasileira mergulhada em hábitos alimentares prejudiciais, do que a constatação de uma pesquisa acadêmica sobre a condição nutricional brasileira. Deve-se também levar em consideração que a intenção da revista constitui mais na autoafirmação da fé entre os adeptos do adventismo do que a divulgação indiscriminada dos resultados de uma pesquisa. Ainda assim, Guilherme continua:

O fato de se comprometer a produzir apenas alimentos e bebidas que irão promover a saúde dos consumidores, atesta o vínculo entre a Superbom e a missão da Igreja. Essa ligação não se limita à temperança e saúde. Seu gerente geral, Itamar de Paula Marques, faz questão de que a empresa se comprometa diretamente com a pregação da Palavra (REVISTA

117

Do ponto de vista denominacional, percebe-se que a Superbom se orientou a partir da visão de saúde pregada pela denominação, que em resumo, tem uma grande dívida para com os escritos e, pensamento, de White. “Ao oferecer o alimento físico de boa qualidade, sem esquecer-se do pão espiritual, a Superbom se empenha em oferecer saúde para agora, e a esperança de uma refeição à sombra da Árvore da Vida” (REVISTA ADVENTISTA, Janeiro 2001, p. 17).

Fica claro que, até então, a Superbom buscava de diversas formas adequar-se as implicações da área mercadológica, sem se distanciar da proposta original em que se fundou a fábrica anos atrás. Ainda assim, ainda existiam desafios do ponto de vista evangelístico a serem vencidos. Em 2003, “uma das metas nesse novo momento é fornecer um atendimento de qualidade e facilitar para as igrejas (irmãos) e instituições a aquisição dos produtos da Superbom, pelo preço de atacado” (REVISTA ADVENTISTA, Janeiro 2003, p. 30). Ainda em 2003, o valor dos produtos continuava sendo um empecilho para a difusão, tanto do ponto de vista evangelístico, como mercadológico.

Dando continuidade ao projeto de tornar acessível os produtos Superbom ao público, os disponibilizando pelo preço de atacado, em 2004, a Superbom abriria novamente as portas à comunidade. Ali foram oferecidos os produtos mais rentáveis ao público. Sucos de diversos sabores, proteínas vegetais, cevada, mel e outros. "O evento contou com a presença de mais de 2 mil pessoas, entre as 9h e as 15h" (REVISTA ADVENTISTA, Julho 2004, p. 35).

Aos poucos a Superbom procurou novas formas de expandir sua influência no mercado. Em 2009, por exemplo, “em Tocantins, o ramo alimentício aliado ao educacional planeja melhorar a qualidade de vida dos alunos dos colégios adventistas no Estado” (REVISTA ADVENTISTA, Maio 2003, p. 2009). O projeto teve como objetivo tornar toda a rede de cantinas dos colégios adventistas uma promotora dos produtos Superbom, expondo a filosofia de vida saudável da instituição.

A busca por diferentes formas de sobreviver ao mercado competitivo teve como principal motivação a concorrência agressiva. Afinal, a década de 1990 realmente foi, notadamente, uma década complicada do ponto de vista econômico para instituição. A Revista Adventista (Novembro 2010, p. 21) relata que:

Depois de passar por alguns anos de grande crise administrativa e financeira, a Superbom dá sinais de uma reação. Investimentos, compra de máquinas, reciclagem profissional, criação de um departamento de marketing, crescimento de vendas e lançamentos de novas linhas de produtos têm marcado essa nova fase.

118

Depois de passar por uma faze de desenvolvimento letárgico, a Superbom encontrou outros problemas do ponto de vista mercadológico. “Com a conscientização sobre a importância da prevenção de doenças e a busca pela qualidade de vida, a Superbom deixou sua condição de pioneira em alguns produtos, para agora lutar por sua sobrevivência num mercado de concorrência agressiva” (REVISTA ADVENTISTA, Novembro 2010, p. 21).

Obviamente, a fábrica contava com a fama que havia conquistado nos anos anteriores. Para Alexandre Lopes, diretor geral da Superbom em 2010, “a maior herança que temos dos pioneiros é uma marca forte, positiva, e que está associada a real preocupação com a saúde de seus clientes” (REVISTA ADVENTISTA, Novembro 2010, p.22). Isso não quer dizer que os dirigentes da Superbom não enxergassem a necessidade de propor um novo formato; dar uma nova cara, aos produtos que haviam apresentado queda significativa nas vendas. Sobre isso, Alexandre ainda declara que: “é preciso repensar o designer das embalagens, zelar constantemente pela qualidade, formar uma estrutura moderna e ágil como a natureza dos jovens e usar as redes sociais para chegar até o público-alvo” (REVISTA ADVENTISTA, Novembro 2010, p. 22).

Esses problemas apresentados anteriormente reforçam a necessidade dos dirigentes em propor novas formas de apresentação do conteúdo. Se as novas vias de comunicação proporcionavam melhores condições para a difusão da mensagem do Adventismo, cabia aos dirigentes da fábrica buscar adequar-se a essas novas necessidades. Isso faria com que “em 2010, 1,6 milhão de reais fossem investidos na modernização do pátio fabril, no aperfeiçoamento dos processos, na compra de equipamentos, na contratação de engenheiros de produção e qualidade, na criação do departamento de marketing e em divulgação” (REVISTA ADVENTISTA, Novembro 2010, p. 23).

De qualquer maneira, a Superbom do século XXI aparece sendo retratada como mais realista diante do cenário nacional. Se antes a Revista Adventista retratava a Superbom como colecionando troféus, agora destacaria a Superbom diante de um cenário hostil. Neste cenário, não apenas as inovações na comunicação se tornavam um problema em potencial para o desenvolvimento da fábrica, mas também a competividade. Agora a Superbom não detinha o público vegetariano cativo de seus produtos, a concorrência havia chegado e, quais eram as possíveis soluções? Adamir Alberto, diretor geral da Superbom no período de 2014, apontava para o comercio internacional como sendo uma das possíveis soluções para os problemas da Superbom.

119

A ideia é exportar produtos como o suco de uva para a China. A estratégia faz parte de um plano de expansão iniciado em 2012, que conta com investimentos de 13 milhões de reais, o que permitiu à empresa ampliar sua capacidade de produção em 300%. A previsão da Superbom é que o faturamento da empresa aumente em 20% em até três anos. [...] E com o crescimento, a instituição potencializa as possibilidades de cumprir sua missão. “A Superbom está engajada com a mensagem de saúde da Igreja Adventista de levar para a população produtos de qualidade, sem aditivos químicos e feitos a partir de matérias-primas naturais. Nosso objetivo é chegar em todos os lares que pudermos”, garante o diretor-geral da empresa, Adamir Alberto. “Nosso propósito é transformar hábitos alimentares e vidas. O propósito dessa empresa é o mesmo da Igreja Adventista: levar o evangelho. E nós fazemos isso de modo silencioso, entregando um produto saudável nas casas das pessoas” (REVISTA ADVENTISTA,Janeiro 2014, p. 27).

Não é surpresa a utilização da justificativa religioso-evangelística para modernização do maquinário da fábrica. Ainda assim, é um consenso entre os dirigentes dos últimos noventa anos de empresa, que a produção acelerada dos alimentos auxiliava no cumprimento de espalhar a mensagem do advento. Para isso a adoção de laudos científicos quanto às qualidades intrínsecas dos alimentos produzidos pela Superbom auxiliava o discurso denominacional de saúde. “A alternativa saudável e sem restrição que a empresa oferece para as famílias brasileiras tem amparo não apenas teológico, mas científico” (REVISTA ADVENTISTA, Janeiro 2014, p. 26). Aliar o discurso teológico ao discurso científico sem dúvida favoreceu a mensagem de saúde adventista de uma forma geral. Como já se afirmou anteriormente, a incidência de bebidas alcoólicas fez, e ainda faz, parte do cardápio do brasileiro. Pensando nisto, a Revista Adventista cuidava de disseminar esse conteúdo reforçado pela ciência. Por exemplo, em um artigo da Revista Adventista (Janeiro 2014, p.26) afirmava-se que:

[...] a ingestão do vinho se encontra no resveratrol, substância presente na casca da uva. “O suco de uva não causa cirrose hepática, nem alterações comportamentais e psicológicas. Além disso, seu consumo não oferece risco de acidentes de trânsito e de dependência química.

A rápida difusão da mensagem vegetariana fez com que a Superbom pegasse carona no interesse crescente dos brasileiros por uma vida saudável. Isso fez com que aumentasse a expectativa dos dirigentes quanto aos índices de crescimento da fábrica Superbom. Segundo a Revista Adventista (Julho 2014, p. 37):

120

Os números mostram que o mercado de alimentos orgânicos está em ascensão no Brasil. Somente em 2013, segundo o instituto internacional de pesquisas Euromonitor, os brasileiros gastaram mais de 36 bilhões de dólares em produtos naturais. O segmento experimentou crescimento de 83% nos últimos anos.

Ainda que os dados apresentados pela Revista Adventista, dizendo respeito ao movimento vegetariano no Brasil esteja a encargo de revisões, o que se procura é perceber como o cenário brasileiro a respeito dos hábitos alimentares no século XXI favoreceria a recuperação da Superbom. Fato é, que a Superbom, aos poucos, retomava o caminho do sucesso no desenvolvimento. Segundo a Revista Adventista (Julho 2014, p. 37):

No fim de abril, uma entrevista com o gerente de marketing da Superbom foi publicada no jornal Destak, impresso de distribuição gratuita, com quase 400 mil exemplares de tiragem em seis regiões metropolitanas do país. A matéria destacou o pioneirismo da empresa na produção industrial de proteína vegetal, sua previsão de crescimento de 25% para este ano e o lançamento de uma loja conceitual no centro de São Paulo com certificação da Sociedade Vegetariana Brasileira. A reportagem ainda ressaltou os ideais filosóficos da Superbom e a ligação dela com a Igreja Adventista.

Mesmo no século XXI, a Superbom continuava comprometida com sua filosofia. A mensagem de saúde pregada pela denominação adventista, continuava relevante para o norteamento e ações da fábrica Superbom. Produtos como a proteína vegetal testemunhavam para o consumidor brasileiro vegetariano, a imensa contribuição que a Superbom havia oferecido para o movimento dietético do Brasil. Em comemoração, a Revista Adventista (Dezembro 2014, p. 31) destacou a relevância do produto para o cidadão brasileiro. “Neste ano, a empresa completa 40 anos de produção de alimentos industrializados à base de glúten e soja, substitutos da carne animal”. Atendendo a mais de 15 milhões de vegetarianos no Brasil, e chegando a mais de 20 mil pontos de venda, a Superbom ainda se mostrava uma excelente opção para o público vegetariano.

E as inovações não paravam. Buscando atender a diversos públicos, a Superbom aperfeiçoou seu processo de confecção da carne de soja.

Na atual gestão do diretor-geral Adamir Alberto, outra adequação do produto foi feita: o lançamento de três novos pratos prontos sem glúten, Escalope ao Molho Caseiro, Cubinhos ao Molho Mexicano e Jardineira Vegetariana. Eles são fruto de um ano de desenvolvimento e uma resposta às pesquisas que mostram que 15 milhões de brasileiros se declaram vegetarianos e 30% da população é intolerante ou resistente ao glúten. Essas três novidades contam com a certificação da Sociedade Vegetariana

121

Brasileira. As embalagens também ganharam roupagem moderna e atrativa, além de contar com um diferencial significativo: a substituição das latas com sistema clássico de abertura (com abridor de latas) pelo sistema abre- fácil a vácuo. Outra vantagem é o uso da sobretampa que possibilita o acondicionamento do produto no refrigerador sem necessitar retirar a carne do recipiente original. Se somados os nove produtos de proteínas vegetais, a Superbom abastece o mercado com cerca de 2 milhões de latas por ano (REVISTA ADVENTISTA, Dezembro 2014, p. 31).

O caso da proteína vegetal apenas reforça o compromisso que a fábrica possuía em atender as demandas. O que fica em destaque é o compromisso da mensagem de saúde adventista, representado pela Superbom, com a vida do cidadão brasileiro, que se encontrava mais susceptível à dieta vegetariana. Aumentar a disponibilidade dos produtos, bem como atender as necessidades de saúde de uma parcela da população, acentuavam o objetivo da fábrica, sendo: “levar a esperança de uma vida melhor por meio da mudança de hábitos alimentares, reafirmando assim um dos pilares da mensagem adventista” (REVISTA ADVENTISTA, Dezembro 2014, p. 31).

Cada vez mais a Superbom buscou expandir sua influência de atuação no cenário denominacional e brasileiro. Em 2015, foi lançado o projeto SuperVeg, que teve como finalidade, mudar os hábitos alimentares dos alunos da rede adventista. O SuperVeg

Mais do que um novo modelo de negócio para a Superbom, a iniciativa contribui para uma mudança de hábitos alimentares dos estudantes. A franquia conta com receitas exclusivas, todas desenvolvidas por chefs e nutricionistas para garantir alimentos verdadeiramente saudáveis e atrativos, tanto na apresentação quanto na textura, aroma e sabor. A proposta da marca é oferecer melhores opções para o fast-food das crianças e adolescentes, como pão de queijo e mini pizza com queijo vegano, sanduíche e cachorro quente com proteína vegetal, cupcake e fruta picada e fracionada. (REVISTA

ADVENTISTA, Junho 2015, p. 27).

As novidades não abrangeram apenas a parte nutricional dos alunos da rede adventista, mas também interferiu no aspecto econômico. O SuperVeg, proporcionou aos pais uma plataforma digital onde os mesmos podem controlar o cardápio e gastos dos filhos. “O recurso oferece acesso à composição e tabela nutricional de cada lanche e possibilita o bloqueio do consumo de alguns alimentos para o qual a criança seja intolerante, como glúten ou lactose” (REVISTA ADVENTISTA, Junho de 2015, p. 27). Tal projeto, sem dúvida, teve como objetivo reforçar os ideais de saúde pregados pela denominação adventista.

Finalmente, a Revista Adventista voltaria a destacar o sucesso no faturamento da Superbom. O artigo deu destaque ao sucesso da Superbom, mesmo em meio à crise no país.

122

Com um aumento nas vendas de 17,5% a fábrica parecia voltar a sua melhor fase. Segundo os editores: “O bom resultado da empresa adventista de alimentos é um reflexo dos cerca de R$ 2 milhões investidos nos últimos dois anos em pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos e na ampliação da capacidade produtiva da fábrica” (REVISTA ADVENTISTA, Fevereiro 2016, p. 11).

Alguns investimentos alcançaram os programas televisivos, as redes sociais e outras formas de difusão da marca, bem como, da mensagem adventista. O programa Vida de Saúde, da emissora Novo Tempo, “desde fevereiro, conta com um reality show, em parceria com a indústria alimentícia Superbom, sobre bons hábitos e estilo de vida. Essa produção promete gerar impacto na vida dos telespectadores, assim como tem ocorrido com outros programas” (REVISTA ADVENTISTA, Março 2016, p. 30). Em Julho de 2016, a Superbom colocou em funcionamento seu aplicativo de receitas saudáveis. Ele “traz mais de 50 receitas vegetarianas, vídeos educativos exclusivos, incluindo os 12 episódios do reality show Melhor da Vida, exibido na TV Novo Tempo. O app oferece ainda acesso ao catálogo de produtos da empresa e a localização dos pontos de venda” (REVISTA ADVENTISTA, Julho 2016, p. 11).

E em abril de 2017, a Revista Adventista novamente destacou o sucesso no faturamento da fábrica. Com expressivos 7,3% a Superbom comemorava sua volta para o mercado. Segundo a Revista Adventista (Abril 2017, p.10): "foi o ganho no faturamento obtido pela Superbom em 2016 em relação ao ano anterior. O desempenho está associado às novidades que a companhia introduziu no mercado, a exemplo da linha de queijos veganos".

Todas as abordagens utilizadas pela fábrica, além da questão mercadológica e econômica, continuamente se mostraram engajadas com os objetivos denominacionais. A mensagem de saúde, que atua como um dos tripés da mensagem adventista, na figura da Superbom, buscou adaptação do ponto de vista do formato do produto, porém, em essência, continuava demasiadamente compromissada com o viés evangelístico da denominação. Ainda que a Superbom apresente diversas vezes uma atitude expansionista, a lógica que se percebe por parte dos dirigentes, era a de buscar na expansão uma forma de pregar a mensagem. Os investimentos que eram feitos, além de lucros, buscavam reverter parte do capital para a pregação da mensagem adventista, principalmente da mensagem de saúde.

123

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considero cedo para finalizar um trabalho dessa envergadura, dois anos que passaram depressa. Proporcionando uma mínima contribuição ao estado da arte do Adventismo brasileiro, já sabendo do vastíssimo material que ainda existe para consulta e aprimoramento da pesquisa, foi possível perceber que: (1) A aceitação dos escritos de White, acerca da mensagem de saúde, foi tendo espaço gradualmente na instituição. (2) a Superbom foi um órgão importante do Adventismo para consolidação da mensagem em solo nacional. (3) que mesmo diante dos desafios da contemporaneidade, a Superbom permaneceu engajada com a pregação da mensagem da denominação.

Considerando que o EUA do século XIX encontrava-se imbuído de hábitos alimentares nocivos à saúde, White, assim como outros reformadores, simplesmente reagiram ao status quo. A originalidade de White, no que diz respeito da mensagem de saúde de sua época, foi relacionar hábitos saudáveis à terceira mensagem angélica, isto é, um ponto teológico em particular da denominação Adventista do Sétimo Dia.

Os eventos que sucederam o grande desapontamento de 1844, criaram na denominação um comportamento bastante antipático. E conforme a denominação avançou, seus traços sectários e antipáticos foram sendo deixados de lado. A resistência à mensagem adventista tornou-se um denominador em comum entre as demais denominações. A denominação precisava de novas abordagens que os auxiliasse a cumprir os seus objetivos, que não fosse como o que relata Knight (2003, p. 21) sobre as práticas dos “evangelistas adventistas, que tinham o costume de entrar numa comunidade e desafiar publicamente o ministro mais importante para um debate sobre a natureza da morte e do inferno, o verdadeiro sábado e assim por diante”. Uma vez que a mensagem do Adventismo encontrava dificuldades em ser difundida, White, que já havia disponibilizado as instruções de saúde para os adventistas, percebeu que a mensagem de saúde além de ser essencial para a sociedade, era um excelente instrumento para quebrar o preconceito existente acerca da mensagem adventista.

Aos poucos, a relevância dos escritos de White foi crescendo, e a confirmação prática de suas recomendações fez da obra médico-missionária, a reforma dietética e educação, uma das principais abordagens utilizadas pela denominação para transmitir a mensagem do segundo advento. Em diversos momentos no texto, procurou-se, à medida do

124

possível, destacar quanto a mensagem de saúdes da denominação foi essencial para a difusão e desenvolvimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia no mundo.

Um exemplo da capacidade que a reforma de saúde whiteana teve, pôde ser constatada no desenvolvimento da IASD na América do Sul. Ainda que se argumente sobre o Adventismo sul-americano ser devedor em maior grau do ministério de publicações, colportagem e etc. O presente autor não nega tal afirmação, mas acrescenta dizendo que: Embora o ministério de publicações tenha sido uma importante ferramenta para os anos iniciais da mensagem adventista na América do Sul, com o passar dos anos, a mensagem de saúde tornar-se-ia, tão eficiente quanto o ministério de publicações. Por isso, procurou-se resgatar a história da fábrica Superbom.

A Superbom, que foi por muitos anos, a instituição com maior índice de faturamento da divisão sul-americana, pode corroborar ativamente para o desenvolvimento do IAE que, como se percebeu, é bastante devedor à fábrica, seja: nos evangelismos públicos, revertendo parte dos lucros da fábrica para a aquisição de livros e material para difusão da mensagem adventista. E, subjetivamente, no estabelecimento de um adventismo nativo, visto que proporcionava constantemente subsídio para os alunos do instituto, em troca de mão de obra na fábrica.

A contribuição da fábrica Superbom não esteve restrita apenas ao campo sul- americano, mas como foi possível perceber, transformou-se em modelo evangelístico de ampla aceitação em outros países da América do Sul. A Superbom também comprovou a eficácia de métodos destacados por White na difusão da mensagem, isto é, na figura dos restaurantes vegetarianos da Superbom. Uma vez que inclusive o presidente da Associação