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Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável: conceitos e aplicações na gestão das Florestas

7) Avaliação: consiste na mensuração e análise, a posteriori, dos efeitos produzidos na sociedade pelas políticas públicas, especialmente no que diz

3.2. Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável: conceitos e aplicações na gestão das Florestas

Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável42 são conceitos que transitam nos discursos e preâmbulos de projetos governamentais43, bem como nos mais diversos círculos

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Este trabalho considera "sustentabilidade" como um conceito ou categoria síntese da proposta de Desenvolvimento Sustentável tal como endossada pela Organização das Nações Unidas a partir da do Relatório Nosso Futuro Comum: "o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”. O mesmo documento define sustentabilidade como um princípio de uma sociedade que mantém as características necessárias para um sistema social justo, ambientalmente equilibrado e economicamente próspero por um período de tempo longo e indefinido (ONU, 1987).

43 As definições encontradas na literatura sobre o termo sustentabilidade são diversas. Ferreira (2006)

e grupos sociais, muitas vezes com notável e estranho consenso, como se fossem palavras mágicas ou fetiches. Em verdade, é um grande desafio para pesquisadores e políticos estabelecerem uma noção aplicável desses termos.

De acordo com Drummond e Burstyn (2009), sustentabilidade é uma ideia que surgiu dentro de um processo de discussão que inspirou doutrinas, teorias e políticas, desde que a revolução industrial deu margem a preocupações sistemáticas com o desenvolvimento. Nas palavras desses autores: “Sustentável” é uma entre várias palavras ou expressões cunhadas ao longo de muitas décadas para indicar direções preferenciais para o desenvolvimento – “integrado”, “autônomo”, “social”, “endógeno”, “territorial”, etc. (DRUMMOND, BURSTYN, 2009, p.11)

Um “sistema sustentável” pode ser considerado aquele que sobrevive ou persiste (COSTANZA, 1995; PATTEN, 1995). Nota-se que há um problema de precisão com essa definição: qual é o sistema, por quanto tempo ele persiste e quando se pode averiguar se o mesmo persistiu? A aplicação do conceito de sustentabilidade depende do contexto em que está sendo utilizado (MEYER et al., 1993), e é fundamental, portanto, que aqueles que fazem uso do termo especifiquem qual o tipo de conhecimento que está sendo utilizado e de que forma o mesmo será aplicado.

Pode-se considerar um equívoco epistemológico quando se pavimenta um caminho de aplicação do conceito de sustentabilidade pautando-se na perspectiva de uma única ciência. Há diferentes visões de como se alcançar a sustentabilidade por diferentes disciplinas científicas. No entanto, algumas dessas disciplinas, consideradas fundamentais, apresentam grande dificuldade de interagir (MCMICHAEL et al. 2003). O que é verificável em face dessa incapacidade para dialogar e interagir abriga, na verdade, uma atitude teimosa e voltada para o chamado pensamento simplificador, isto é, não ser capaz de desobedecer ao princípio de redução/disjunção e, ao mesmo tempo, não conseguir saber implicar ou distinguir (MORIN, 2002).

A dificuldade de interação entre diferentes conhecimentos contribui para a ignorância e para o reducionismo científico, o que, em grande parte, pode inviabilizar a unicamente pela tecnologia, enquanto Goldman (1995) chama a atenção para as distintas definições de biólogos, ecólogos e economistas.

construção sólida de uma noção coletiva e aplicável do termo sustentabilidade. McMichael (2003) entende que o desafio central na aplicação e alcance da sustentabilidade reside no desenvolvimento de uma abordagem interdisciplinar, baseada no conhecimento de diversas disciplinas científicas, notadamente a demografia, a economia, a ecologia e, também, a epidemiologia.

Na sua interface com as ciências sociais, o conceito de desenvolvimento sustentável revigora não apenas a teoria do desenvolvimento, como também renova o interesse num tema que acompanha a teoria social em todos os seus momentos: a relação do homem com a natureza (DRUMMOND, BURSTYN, 2009). De acordo com Scarano et al. (2010a), sustentabilidade é a palavra-chave quando se pensa em modelos alternativos de desenvolvimento, demanda conciliação entre conservação, produção e bem-estar humano. Em sua visão, isso é bem mais fácil de ser dito que feito, especialmente porque o ser humano ainda não juntou na mente aquilo que a modernidade separou – homem e natureza.

Os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável têm sido discutidos e criticados por diferentes correntes teóricas e científicas, especialmente, no que diz respeito a sua aplicabilidade. O conceito de desenvolvimento sustentável, considerado por muitos como um conceito político, foi colocado em evidência quando a ONU (1987) pôs a expressão em circulação em um encontro internacional que gerou a publicação do Relatório “Nosso Futuro Comum”. O conceito apresentado no relatório revela a preocupação com o bem-estar das populações futuras e a necessidade de se conciliar as dimensões econômica, política, social, ambiental e cultural do desenvolvimento.

Desde seu lançamento, o conceito de desenvolvimento sustentável se enraizou e se espalhou substancialmente no tecido institucional, nas esferas pública e privada, sensibilizou a mídia e moldou o universo das decisões políticas. Na academia, após um estranhamento inicial, dado o caráter conservador da universidade, o desenvolvimento sustentável alcançou impacto e legitimidade (DRUMMOND, BURSTYN, 2009).

O uso das expressões desenvolvimento sustentável e sustentabilidade tem em grande parte um caráter ilusório e político44, e a comunidade científica, muitas vezes,

44 Leff (2006) afirma que, embora o discurso do desenvolvimento sustentável busque erigir as bases

contribui para que seja perpetuada uma lógica equivocada na aplicação das mesmas, precipuamente quando lidam com a questão da incerteza (LUDWIG, 1993). Tal variável deve ser constantemente considerada no processo de formulação e implementação de políticas públicas.

A formulação de políticas ambientais em nível nacional afeta diretamente as populações locais. Muitas delas são formuladas num ambiente de total incerteza e sem o conhecimento adequado das especificidades locais – os aspectos ecológicos, sociais e culturais de cada região (MEYER et al. 1993). Logo, políticos e tomadores de decisão devem fazer uso do conhecimento existente e observar a questão da incerteza, para se estabelecer uma noção implementável de sustentabilidade nas políticas públicas.

Neste contexto, portanto, para compreender a complexidade dos problemas locais, além da clara participação da sociedade civil, é necessário o intercâmbio eficaz entre cientistas e formuladores de políticas, sem ignorar o fato de que estes últimos devam estar dispostos a validar a qualidade da informação científica ofertada.

A partir desse processo dialético, poderá ser viabilizada uma dinâmica de interação efetiva entre os atores sociais interessados, visando a construir um caminho orientado para o desenvolvimento sustentável. Da interação desses atores é que os problemas ambientais devem ser identificados (HANNINGAN, 1995; YEARLEY, 1996) para conciliar as variáveis ecológicas, sociais e econômicas no processo de desenvolvimento.

No caso da aplicação do conceito de sustentabilidade na gestão das florestas, é fundamental que o Estado disponha de instrumentos que visem harmonizar as perspectivas político-institucional, ecológica, econômica e social da gestão florestal. No Brasil, um dos mais importantes instrumentos de gestão da política florestal é o Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), que deverá levar em conta todos os atributos específicos de cada região de atuação. O Decreto n° 1.282/94 define Manejo Florestal Sustentável como “a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo”. Em seu Art. 2°, é informado que o Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) atenderá a o tema conflitivo da apropriação da natureza, ao agregar em sua raiz a ambivalência, cujos significados derivam-se respectivamente em “sustentabilidade” e “desenvolvimento sustentável”, este último, por sua vez, implica a perdurabilidade no tempo do progresso econômico.

alguns princípios gerais, como a conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento socioeconômico da região e, também, a alguns fundamentos técnicos, como a identificação, análise e controle dos impactos ambientais, a viabilidade técnico-econômica, a análise das consequências sociais, os procedimentos de exploração florestal que minimizem os danos sobre o ecossistema, entre outros.

Houve uma evolução na concepção de manejo florestal quando o Decreto n° 2.788/98 definiu o “manejo florestal sustentável de uso múltiplo” como:

A administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies de madeiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza ambiental.

No manejo florestal sustentável de uso múltiplo deve se entender o importante papel desempenhado pelas técnicas de modelagem, pelas projeções e pelos indicadores de sustentabilidade. Entretanto, faz-se necessário o constante aprofundamento e uso do conhecimento científico existente na avaliação dos planos de manejo e, sobretudo, ter cautela ao agregar o termo sustentável à expressão “manejo florestal”.

A expressão "Manejo Florestal Sustentável", com toda a sua abrangência, complexidade e incerteza, deve ser analisada criticamente na discussão ou diagnóstico sobre a sustentabilidade dos planos de manejo. Na perspectiva da sustentabilidade, é necessário incorporar diferentes conhecimentos visando à análise interdisciplinar no gerenciamento dos ecossistemas (LUDWIG, 1993; MANGEL et al., 1993), estabelecendo o compromisso de uma relação harmoniosa com o meio ambiente, em termos de seus reflexos de curto e longo prazos sobre o solo, a água, a flora, a fauna e todos os elementos da natureza.

Esse compromisso deve estar implícito na elaboração dos planos de manejo. É imprescindível considerar os possíveis impactos de atividades sobre o meio ambiente, prever medidas mitigadoras e ter conhecimento prévio das espécies que serão prejudicadas e daquelas que serão beneficiadas em resposta às diferentes atividades que possam ser

implementadas. Além disso, é recomendável que se tenha razoável conhecimento sobre como todas as operações irão afetar a estabilidade do ecossistema (BAUER, 1993).

A sustentabilidade dos planos de manejo é difícil de ser materializada e interpretada para condições operacionais e há um intenso esforço em criar mecanismos que contribuam para o progresso do chamado manejo florestal sustentável (EVANS, 1996). As questões relativas à sustentabilidade do manejo florestal têm merecido constante atenção de vários segmentos da sociedade, nas esferas nacional e internacional, o que exige que cientistas e formuladores de política estejam engajados com os problemas no nível local.

Essa perspectiva é desafiadora quando se tenta estabelecer um modelo de gestão sustentável das florestas no Brasil, considerando a importância econômica, ecológica e social dessas florestas. O Brasil é o maior produtor e consumidor mundial de produtos florestais tropicais. O setor florestal tem papel estratégico para diversos setores da economia do país como: a siderurgia, as indústrias de papéis, embalagens, madeiras e móveis, construção civil, entre outros. Estima-se que o setor florestal é responsável por 3,5% do PIB brasileiro, gera cerca de dois milhões de empregos formais e representa 8,4% das exportações do país (BRASIL, 2007b).

As florestas brasileiras abrigam diversos produtos naturais (madeiras, fibras, alimentos, elementos químicos e farmacêuticos) e serviços ecológicos (absorção e reciclagem de resíduos, manutenção da qualidade do ar e da água e dos ciclos biogeoquímicos globais). Embora a maior parte dos produtos extraídos da floresta tenha o seu valor reconhecido pelo mercado, os serviços ambientais por ela gerados são ignorados (KITAMURA, 2001) e não têm preço nos mercados convencionais.

Esse fato tem levado a uma subestimativa do valor da floresta em pé, o que favorece o desmatamento e a conversão da floresta para áreas agrícolas que dependem da derrubada da floresta para expandir. As inter-relações entre o crescimento das atividades humanas e o meio ambiente têm promovido consequências não desejadas para a manutenção de muitas espécies, inclusive a humana, o que deu destaque para a atribuição de valor aos recursos naturais como ferramenta de decisão de políticas públicas e, neste sentido, a abordagem preventiva da economia ecológica, embora também não esgote a complexidade das funções e relações ecológicas para conferir-lhe valor, mostra-se bastante útil.

Valorar ativos ambientais, em linhas gerais, corresponde à atribuição de preço para uma dimensão sistêmica e somente tem sentido quando ultrapassa a teoria de mercado da economia clássica e enfoca questão de modo integrativo (MOTA, 2001). A abordagem da economia ecológica, por sua vez, pressupõe limites ao crescimento em decorrência da escassez dos recursos naturais e da capacidade de resiliência dos mesmos (MAY, 1995), mas tal enfoque não está livre de dificuldades. Uma primeira dificuldade diz respeito ao valor subjetivo dos recursos ambientais, já que envolve o bem-estar coletivo. Outra dificuldade encontra-se na incerteza científica.

A Lei de Gestão Sustentável das Florestas Públicas prevê a manutenção da floresta em pé com atribuição de valor respectivo. No entanto, o texto legal não define especificamente o uso de recursos biológicos como objeto de concessão, não havendo menção a metodologias específicas de cálculo do valor da floresta. Além disso, não há procedimentos definidos no processo de exploração florestal referente a novos produtos ou serviços ambientais que venham a assumir valor de mercado ao longo do contrato de concessão.

A manutenção da floresta em pé implica benefícios diretos e indiretos, atuais e futuros tanto no âmbito global, como no regional e local. Na esfera internacional, a manutenção da floresta tem como prioridade regular os efeitos climáticos (efeito estufa) e fornecer condições para a resiliência dos recursos naturais. Para as comunidades locais, essas mesmas florestas significam não só fonte de subsistência (KITAMURA, 2001) como alicerce mantenedor de seu modo de vida. As políticas florestais devem ser orientadas sem relegar a segundo plano os interesses das comunidades locais, considerando que o valor econômico da floresta deva trazer benefícios sociais diretos com a perspectiva de uso sustentável da mesma.

As florestas tropicais do mundo ainda conservadas armazenam mil gigatoneladas de carbono, equivalente ao dobro do total acumulado na atmosfera (BRASIL, 2007b). A manutenção deste estoque é um serviço ambiental reconhecido. O custo de oportunidade da proteção de florestas em oito países responsáveis por 70% das emissões oriundas da mudança no uso da terra poderia ser por volta de US$ 5 bilhões por ano inicialmente (STERN, 2007).

A comunidade internacional tem grande interesse nas florestas brasileiras, tendo em vista que sua manutenção gera serviços ecológicos para o planeta. Apesar desses serviços ainda não serem totalmente reconhecidos pelo mercado, a valoração dos mesmos vem ampliando os espaços das discussões ambientais internacionais. Um obstáculo para o reconhecimento pelo mercado do valor dos serviços que a floresta oferece corresponde à incerteza que permeia os problemas ambientais (PEARCE & MYERS, 1990).

Há ainda conflitos referentes aos métodos de valoração dos recursos naturais, os aspectos subjetivos implicados (como, por exemplo, a diferença da percepção local e global), ao mercado e à administração pública, entre outros. Além disso, ainda não se tem o conhecimento adequado de como se interagem os diferentes recursos naturais, sejam bióticos ou abióticos, e como a partir dessa interação surgem as funções ou serviços ecossistêmicos, e como a geração desses serviços fica danificada devido à depleção dos recursos florestais (DALY, 2004).

Apesar de toda a incerteza relacionada ao conhecimento e estimativa do valor econômico dos serviços ecossistêmicos, parte das comunidades nacionais e internacionais tem buscado incorporar nas políticas públicas a valoração dos bens e serviços florestais. De acordo com Scarano et al. (2010a), a forma pragmática e mais recente de lidar com a crise tem sido atribuir valor à biodiversidade. Um exemplo disso é um documento muito utilizado atualmente, The Economics of Ecosystem and Biodiversity – TEEB, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O documento afirma que a perda da biodiversidade terrestre somente na última década custará quinhentos bilhões de dólares anuais para a economia global.

Isso reforça a necessidade de as políticas serem construídas com aporte científico e gestão de negociação entre os diferentes tipos de usuários, levando em consideração a incerteza, mas não deixando que a mesma inviabilize a implementação de leis, normas e acordos voltados para o bem-estar das populações presente e futura.

O grande desafio em aplicar o conceito de sustentabilidade na gestão florestal e valorar de forma justa os nossos recursos florestais está na carência de base científica na elaboração das normas e dos planos de manejo, dada a complexidade de variáveis que envolvem a gestão e o manejo florestal. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o

manejo florestal na Amazônia, por exemplo, adota um sistema policíclico, em que apenas uma parte do estoque de madeira comercial é retirada em ciclos pequenos (<50 anos), por meio de corte seletivo, com base em atributos tais como espécie, diâmetro mínimo de corte, etc. Portanto, a cada colheita, o estoque futuro já está na floresta que é explorada e, desta forma, a redução dos danos (impactos) ganha enorme importância para garantir a produção sustentada.

Para que a produção florestal seja sustentada, é necessário haver um equilíbrio (regulação) entre a intensidade de corte e o tempo necessário para o restabelecimento do volume extraído da floresta, de modo a garantir a produção florestal contínua. Na prática, é preciso retirar da floresta tão somente o que ela é capaz de produzir, ao longo de um determinado período de tempo, sem comprometer a sua estrutura natural e o seu capital inicial.

De acordo com os técnicos do Ministério do Meio Ambiente, isso implica estabelecer um equilíbrio entre três elementos, que se relacionam da seguinte forma:

Isto é, o tempo entre duas colheitas sucessivas (ciclo de corte) depende do volume explorado (intensidade de corte) e da taxa de reposição do estoque (crescimento) para repor o que foi removido, tendo em vista que a produção florestal deve ser contínua e sustentada. Um aspecto importante é que, diferentemente do que muitas vezes é erroneamente considerado, o tempo necessário (ciclo de corte) para a recomposição da floresta não deve ser apenas aquele necessário para recompor o estoque comercial aproveitado (intensidade de corte), pois o estoque remanescente é resultante também da perda ocasionada com os impactos causados pela exploração florestal:

A equação acima mostra que o estoque a ser recuperado para reposição do estoque em crescimento é a soma do que foi explorado mais o que foi perdido com a exploração. Um exemplo ilustrativo é apresentado no gráfico 145.

Gráfico 1

Fonte: Ministério do Meio Ambiente

Desta forma, o incremento da floresta, tal com é obtido de parcelas permanentes, deve ser corrigido para comportar as perdas e danos ocorridos com a exploração florestal, além de representar a produtividade necessária para determinar o tempo de recuperação da floresta. Ocorre que há poucos estudos sobre o crescimento e produção florestal na Amazônia. Tais estudos têm sido conduzidos há pouco mais de duas décadas, a partir de

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Exemplo hipotético do balanço de uma exploração florestal, onde o estoque inicial em crescimento

era de 100 m3/ha (A), houve o aproveitamento de 30 m3/ha (B), cuja exploração ocasionou impactos que levaram à perda de 15 m3/ha (C). Portanto, a redução total foi de 45 m3/há (B+C), sendo o estoque remanescente de 55 m3/há. A perda neste caso é de ½ m3 de madeira para cada 1 m3 de madeira explorada, e o tempo necessário de recuperação da floresta (ciclo de corte) neste caso deveria ser aquele suficiente para recuperar os 45 m3/há (B+C).

experiências da Embrapa (Tapajós) e do INPA, com a medição de parcelas permanentes instaladas em áreas submetidas à exploração florestal.

A partir da década de 90, outras instituições da região iniciaram trabalhos semelhantes de monitoramento da dinâmica da floresta e, no ano de 2002, foi criada uma rede de parcelas permanentes - Rede de Monitoramento da Dinâmica das Florestas Tropicais da Amazônia – REDEFLOR - apoiada pelo MMA (IBAMA, PNF, SFB). As parcelas mais antigas da rede são as da Embrapa (PA), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA (AM) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (AC), esta última direcionada para projetos de manejo comunitário (pouco mais de dez anos de medições). Um dos grandes avanços até o momento foi a padronização da metodologia de instalação e medição de parcelas para facilitar a comparação e aplicação regional dos dados.

A despeito de tais avanços, nas florestas tropicais naturais manejadas para a produção de madeira, os impactos causados pela exploração florestal influenciam a qualidade da floresta remanescente, a ser manejada para os ciclos de corte futuros. Tais impactos podem causar a mortalidade e danos nas árvores remanescentes, distúrbios no solo, abertura do dossel e a composição da regeneração natural que, combinados, podem determinar a qualidade da floresta e o tempo para a recuperação do estoque comercial de madeira. Os impactos da exploração florestal são relacionados à intensidade de corte e aos métodos empregados para a extração da madeira.

A partir de meados da década de 90, as técnicas de Exploração de Impacto Reduzido (EIR) ganharam importância. A EIR compreende um conjunto de atividades para aumentar a eficiência da exploração e reduzir danos à vegetação remanescente em até 50%, comparado com os métodos convencionais. Compreende a adoção de inventário a 100%, corte de cipós, queda direcionada, planejamento de estradas e trilhas de arraste, uso de máquinas e equipamentos adequados e, sobretudo, emprego de equipes treinadas. Diretrizes estão disponíveis para a região, mas a capacidade de disseminação das técnicas ainda é