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Técnicas propagandistas

A propaganda, tem como objectivo fundamental a difusão de ideais através de métodos persuasores, sem se limitar pela ética na transmissão da mensagem. Através da imposição, a propaganda, visa o acolhimento do ideal exibido. Segundo Garcia (2005), por toda a parte e em diversos momentos, a propaganda de ideias interfere nas opiniões das pessoas, levando-as a agir de uma forma que lhes é imposta contudo, de forma inconsciente, aparentando que se trata de uma escolha/opinião do receptor.

A propaganda pretende, analogamente à publicidade, a acção do receptor no entanto, em vez da acção da compra, esta visa a acção através do consentimento e a aceitação de uma ideia transmitida. Para a concretização deste objectivo, a propaganda faz uso a várias técnicas, sendo muitas delas iguais ou de grande semelhança com as técnicas publicitárias.

Conhecimentos de psicologia, face aos comportamentos e acções desejadas, e os estudos de marketing, através da análise de mercado e elaboração de planos, são duas ciências imprescindíveis, para a boa concepção da mensagem propagandista.

68 GARCIA, Nélson Jahr, Propaganda: Ideologia e Manipulação, RocketEdition, eBooksBrasil, 2005, versão ebook, p.45 e 46

AII

Este sistema, é semelhante aos parâmetros do modelo AIDA da publicidade, sendo composto por três etapas que compõem a mensagem a transmitir.

Neste caso, a imposição é o factor chave, na concretização do objectivo essencial da propaganda, a aceitação de um facto/ideal que deve ser reconhecido e concordado perante o público receptor.

Figura 38 – Adaptado de LAMPREIA

Leis da propaganda

Lampreia (s.d), intitula leis às técnicas que a propaganda recorre, na fase de conceber, construir e transmitir a mensagem.

É de referir que a propaganda, no entanto, também se rege por várias técnicas publicitárias, sendo aqui apenas apontadas as que caracterizam e distinguem.

São sete as leis apontadas por Lampreia (s.d): Lei do contágio, Lei da distorção, Lei da orquestração, Lei da derivação, Lei da insinuação, Lei da concentração e Terror.

Lei do contágio – Também definida como lei da unanimidade, foca-se na pressão exercida sobre um determinado grupo, que devido ao conformismo e a inexistência de opiniões antagónicas, permite uma comunicação eficaz e de grandes massas. (Domenach, s.d.)

Esta lei, é geralmente difundida em manifestações, comícios, desfiles, entre outros que consigam uma presença de muitas pessoas, com o objectivo de criar a aceitação por contágio dos ideais transmitidos na mensagem. Quando utilizada sob outras formas, a lei do contágio, é observada em slogans que englobem um grupo, por exemplo, “As mulheres portuguesas exigem...”. Neste caso, a mensagem envolve todo o público feminino, no qual todas as mulheres se incluem, deixando-se contagiar pela mensagem aceitando o ideal recepcionado, sendo rara a opinião contrária.

Lei da distorção – Também denominada por lei da desfiguração, esta visa alterar uma notícia de caris negativo para positivo. Lampreia (s.d., p.70) explica que “uma das formas de distorção é a ampliação, que consiste em colocar em evidência informações

favoráveis, mesmo que de interesse secundário, o que implicitamente minimiza os factos menos favoráveis.”

A lei da distorção actua nos meios de comunicação social, omitindo ou engendrado novos factos às notícias de modo a distorcer, ocorrências de caris negativo que possam afectar a campanha de propaganda.

Lei da orquestração – Técnica que faz uso da repetição. Apesar de o ideal base ser o mesmo, este é alterado e adaptado aos distintos públicos, de modo a evitar saturação. Segundo Domenach, a primeira condição para uma boa propaganda é a infatigável repetição dos temas principais. Assim, a mensagem deverá ser alvo de variadas adaptações, tendo sempre o mesmo assunto na sua envolvente.

Lei da derivação – Consiste no aproveitamento de uma opinião já formada ou uma motivação presente na sociedade para a exposição de um ideal.

De acordo com Domenach, “a propaganda, — em regra geral, age sempre sobre um substrato preexistente, seja uma mitologia nacional (a Revolução Francesa, os mitos germânicos), seja simples complexo de ódios e de preconceitos tradicionais: chauvinismos, fobias ou filias diversas”. Assim, esta utiliza mitos, preconceitos, medos, ideais, entre outros, com o objectivo de atingir o público-alvo de uma forma rápida e positiva.

A aplicação desta lei é observada na propaganda nazi, onde o uso da mitologia e também de associações levou à exaltação de um ideal em favorecimento da raça ariana, o qual denigre a imagem da raça judaica.

Lei da insinuação – Compreende a alusão a algo que gera suspeita, de modo a difamar algum facto/ideia recorrendo ao humor ou à apresentação de detalhes dos factos, por exemplo através da ampliação de pormenores fotográficos. Lampreia (s.d., p.18) define-a como “uma forma especial de sugestão que malevolamente procura criar a desconfiança, a fim de ridicularizar, desprestigiar ou ofender.”

Lei da concentração – Envolve um “ataque” pessoal a determinado oponente, não recaindo assim em condenações a um ideal/facto. Assim, ao individualizar o rival trata- se na realidade de um ataque pessoal, e não de um ataque aos ideais defendidos por este.

Terror – Segundo Lampreia (s.d.), esta não se poderá dominar como lei definindo- a, deste modo como uma arma psicológica. Esta técnica é caracterizada pelo uso da violência com o intuito de provocar a aceitação dos ideais. A aplicação desta é observada em regimes totalitários, através da prática da ameaça e da força. Durante o período da Inquisição, verificou-se o uso desta técnica em grande escala, através da denúncia, ameaça, violência e outras condutas desumanas as quais resultaram na “obrigação” quanto à aceitação dos ideais católicos.