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Uncle Sam, um elemento simbólico utilizado como meio de

4. Componentes da mensagem visual

4.4 Ilustração

4.4.1 Uncle Sam, um elemento simbólico utilizado como meio de

propaganda política. De acordo com Heller (2011, p.32) “os pôsteres de guerra criaram

86 La Propaganda Soviética: Del inicio de la proganda al comunismo internacional, Historia del mundo actual, 1º Grado en Periodismo, disponível em Sribd: http://pt.scribd.com/doc/72474898/LA-PROPAGANDA-SOVIETICA, p.4

estereótipos que formaram a base da propaganda política na Itália, Russia e Alemanha nos turbulentos anos que se seguiram.”

A necessidade de criação de símbolos e insígnias para a distinção de tropas e divisões do exército, fez com que se criassem elementos do design gráfico com caris simbólico, com o objectivo de aliciar o povo a investir na guerra assim como o alistamento para a mesma. Uncle Sam é um dos elementos simbólicos utilizado pelos EUA, utilizado em variados tipos de comunicação, sobretudo em períodos de guerra.

Os historiadores não sabem quem criou o Uncle Sam. Contudo, existe uma teoria, sobre um homem chamado Samuel Wilson, fornecedor de carnes do exército americano durante a guerra de 1812 contra a Inglaterra. Santos (2004, p.3) refere-o como “filho de imigrantes judeus, Wilson nasceu em Arlington, Massachussets, no dia 13 de Setembro de 1766, falecendo em 1854. A “brincadeira” dos soldados consistia em simplificar o nome Samuel Wilson para Uncle Sam, e associá-lo à sigla gravada nos barris de alimentos criando-se assim um personagem que, sendo o responsável pela alimentação das tropas, acabava por representar a própria administração federal.”

Imagem 44 – Cartoon Brother Jonathan – Jornal Harper’s Weekly 1862 Fonte: Son of the south (2012)

Imagem 45 – Primeira imagem publicada do Uncle Sam - Jornal Harper’s Weekly 1861 Fonte: Son of the south (2012)

Imagem 46 – Dan Rice - 1860 Fonte: ExplorePAhistory (2012)

Contudo os EUA, antes da Guerra Civil, utilizou Brother Jonathan (Imagem 44) como elemento simbolico, nesta personagem é possível observar as semelhanças perante o Uncle Sam.

A primeira ilustração publicada do Uncle Sam, surgiu pouco depois do início da Guerra Civil (1861-1865), tendo sido considerado como o símbolo mais usual e representativo dos Estados Unidos da América em publicações em 1864, fazendo com que o ícone Brother Jonathan desaparece-se gradualmente.

Quanto à aparência desta personagem, as cores da bandeira americana, as estrelas e riscas, tratou-se de uma invenção de artistas e cartoonistas tendo sido Thomas Nast o principal artista e autor desse aspeto. Em 1917, com a entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial, Uncle Sam voltou a ser utilizado para aumentar a eficácia da propaganda, por apelar ao sentido patriota. Viana (2003, p.6) menciona que “em 6 de Abril de 1917, os EUA declaram guerra à Alemanha. Após a tomada (…) foi montada uma gigantesca operação propagandística. (…) Vários artistas, que, outrora tinham trabalhado em livros, revistas e publicidade, como Howard Chandler Christy e o famoso James Montgomery Flagg, faziam agora parte desta grande operação. Os cartazes, tal como acontecia na rádio, a imprensa e o cinema, para além do telégrafo, da telegrafia sem fios, do cabo, foram (…) os instrumentos destacados para compreender quais as razões que levaram os EUA a entrarem no conflito (…) O país viu-se, então, inundado de mensagens patrióticas e de incentivo, de luta, de coragem, de ordem e até de intimidação, na tentativa de aproximar toda a população para o esforço da guerra. Os cartazes revelavam um certo cuidado na sua elaboração, assemelhando-se, em certos pontos, a cartazes publicitários”. Desta forma, um cartaz que marcou pela sua técnica de persuasão, foi o de James Montgomery Flagg, onde se utiliza em primeiro plano a personagem Uncle Sam baseada no rosto do próprio artista. (Hollis, 2000, p.30)

A posição adoptada pelo personagem é desconfortante, levando a um gesto de “culpa” por não fazer parte do exército como que se o jovem observador fosse descoberto por Uncle Sam / EUA. Este tipo de gesto já fora utilizado anteriormente pelos Ingleses na mesma época. Feito por Alfred Leete (1916) o cartaz representa “Lorde Kitchener, ministro da guerra, com um olhar expressivo e um dedo quase acusador a apontar, para o público, num ataque frontal”. (Viana, 2003, p.5) Embora o seu sucesso, nada se compara com o cartaz de James Montgomery Flagg. Ambos usam cores referentes ao seu país, Uncle Sam como ícone representativo dos EUA mas,

87 TL., “Deeply patriotic, Rice often included political commentary and satire in his acts. Rice first wore a costume sporting the stars and stripes in 1852. A Democrat with southern sympathies during the Civil War, he was not the model for Uncle Sam, a figure given his modern form by political cartoonist Thomas Nast in 1869. With his brushy goatee and stove pipe hat, Rice did, however, contribute to the development of Uncle Sam by appearing incostume before audiences across the country in the 1850s and 1860s.”

Imagem 47 – Cartaz “I Want You – For U.S. ARMY” – James Montgomery Flagg 1917 Fonte: Son of south (2012)

Montgomery consegue reforçar melhor esta ideia de país, geração e a necessidade de proteger o ideal americano.

Tratando-se de um signo da cultura americana, Uncle Sam será sempre representativo dos EUA, tornando-se numa criação de propaganda de grande valor, que consegue intrevir na mente de multidões através da representação de um homem mais velho, sábio e real que transmite um país e os seus ideais. Assim, este símbolo demonstra como a imagem pode influenciar massas na decisão de uma escolha tomando partido, primeiramente pela emoção e não pelo racional. Neste sentido Garcia (2005, p.58), refere que “a pressão psicológica é uma das formas mais interessantes de controle. Atua diretamente sobre os receptores, afetando sua capacidade de análise, para que recebam as mensagens da propaganda dentro de uma postura passiva e submissa.”