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Os temas tratados pelos atores

No documento allanameirellesvieira (páginas 109-116)

4 AUTONOMIA E PARTICIPAÇÃO NO CONSELHO CURADOR DA EBC

4.2 EM PAUTA NO CONSELHO: A ANÁLISE DAS REUNIÕES

4.2.2 Os temas tratados pelos atores

Como dito anteriormente, a atuação dos conselheiros também foi observada em relação aos temas tratados. Nesse sentido, não se estabelece, necessariamente e de antemão, uma relevância maior para um tema ou outro. A intenção é perceber quais são os atores mais envolvidos e preocupados com determinadas questões. Para isso, foram criadas as seguintes categorias: 1) tecnologia e equipamentos; 2) acesso e audiência; 3) modelo institucional e gestão; 4) orçamento e finanças; 5) treinamento e condições de trabalho dos funcionários; 7) participação dos funcionários nas decisões da empresa; 8) participação da sociedade civil. A

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Conselheiros Sociedade Civil Diretores e Convidados 0 2 4 6 8 10 12 14 Conselheiros Sociedade Civil Diretores e Convidados

contabilização se deu a partir da quantidade de atores que fizeram ao menos uma menção a cada item, em cada reunião.

Em termos gerais, nas 21 reuniões analisadas (tanto sobre o jornalismo quanto sobre os planos de trabalho), o tema mais citado pelos conselheiros foi “orçamento e finanças” (com 48 menções); seguido por “participação da sociedade civil e dos cidadãos” (com 35); e “condições de trabalho e treinamento dos funcionários” (com 31). Os outros temas como “modelo institucional e gestão”, “tecnologia e equipamentos”, “acesso e audiência” e “participação dos funcionários” ficaram equilibrados, com 24, 23, 21 e 19 citações, respectivamente. A partir destes dados, ressalta-se, assim como no panorama das pautas das reuniões, a preocupação do conselho com o tema da “participação”. Se agruparmos a participação da sociedade civil com a dos funcionários, temos a categoria com maior frequência, aparecendo 54 vezes entre as falas dos atores.

Gráfico 13: Temas mais frequentes nas falas dos atores.

Ao relacionarmos os temas aos grupos de atores que os abordaram nas reuniões analisadas, é possível fazer algumas interpretações sobre o papel de cada um deles. Primeiramente, a grande participação dos diretores ou outros atores que não fazem parte do Conselho se deve ao fato de que suas falas são, em alguma medida, pautadas pelas dos conselheiros, já que àqueles são concedidos espaços para responder às dúvidas, críticas e solicitações do Conselho. Além disso, considerando que há um representante dos funcionários, um da Câmara, um do Senado e quatro dos ministérios (sendo que nem todos os ministros e seus representantes compareceram a todas as reuniões), em alguns debates, havia

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Tecnologia e equipamentos Acesso e Audiência

Modelo institucional e gestão Orçamento e finanças Condições de trabalho e treinamento dos funcionários Participação dos funcionários nas decisões da empresa

Participação da sociedade civil e dos cidadãos

mais diretores e outros convidados do que os conselheiros representantes dessas quatro esferas.

Gráfico 14: Abordagem dos temas por cada grupo de atores.

Para todos os grupos, o assunto mais tratado foi “orçamento e finanças”. Apenas no caso dos funcionários, o número deste tema equivaleu a outro, “as condições de trabalho e o treinamento de funcionários”. A forte presença da preocupação com as questões financeiras nos debates considerados, por todos os grupos de atores participantes, reflete as pressões econômicas nas deliberações do Conselho, mas também na empresa como um todo. Nesse sentido, tem-se mais uma evidência da profunda determinação exercida pelo mercado nas produções culturais, em particular, na televisão, mesmo quando pública. Nas reuniões sobre o plano de trabalho, por exemplo, muitos questionamentos em torno do orçamento tratavam da comparação entre os custos e os retornos (nesse sentido, em relação à aprovação do público e ao reconhecimento por meio de prêmios) dos programas. Um exemplo disso é a fala da representante dos funcionários, Eliane Gonçalves, na 54ª reunião, sobre o plano de trabalho de 2015.

Outra questão que não posso deixar passar é uma reflexão sobre os orçamentos dos custos dos nossos programas, a discrepância e os valores. Vou voltar a bater de novo, o trabalho da “crica”, mas continua me incomodando profundamente lidar com orçamentos, valores de projetos discrepantes, como o custo de “Papo de Mãe”, um programa de estúdio, usando a estrutura de estúdio da EBC, usando a equipe da 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Sociedade Civil Funcionários Senado e Câmara Ministros e Rep. Diretores, Ouvidores e Outros Tecnologia e equipamentos Acesso e audiência Modelo institucional e gestão Orçamento e finanças Condições de trabalho e treinamento dos funcionários Participação dos funcionários nas decisões da empresa Participação da Sociedade Civil e Cidadãos

EBC, contratando apenas algumas pessoas fora e custar três vezes mais do que Caminhos da Reportagem, que é um dos programas mais premiados da gente, que precisa de viagem, que faz externa. (NOTAS TAQUIGRÁFICAS..., 2015, p.51).

Assim, ainda que possa haver uma menor dependência da emissora em relação à audiência no sentido de conquistar publicidade, essas pressões não estão ausentes na televisão pública. Tratando-se de uma empresa financiada por repasse de verbas do Governo Federal, isso também demonstra um prejuízo na autonomia relativa da empresa no sentido político. Com a presença da EBC Serviços, gerida pela Diretoria de Negócios e Serviços, a disputa pelo orçamento se dá, inclusive, internamente entre o braço “governamental” e o “público” da EBC, como a fala da conselheira Eliane Gonçalves, também na 54ª reunião, demonstra:

Então, é importante entender quanto custa fazer negócios e serviços e quanto negócios e serviços estão trazendo para a gente. Essa questão não foi respondida nem no memorando, e foi uma demanda, e nem está aqui no Plano Estratégico. Custa caro. Só dando um exemplo de quanto custa, fizemos a transmissão junto com o pool das emissoras da posse da Presidenta Dilma. A gente acompanha em cima de um caminhão pelo Brasil afora a transmissão de todos os discursos, eventos e atividades da Presidenta. Tudo isso tem um custo. É um serviço extremamente importante. É um serviço que garante cidadania. A questão é se esse é um serviço da comunicação pública e quanto custa esse serviço e se estamos sendo bem remunerados para esse serviço. Então, essa questão é importante, porque estamos deixando de ter correspondentes nos países para colocar caminhões correndo na transmissão da agenda do Governo. E não está respondido aqui no Plano. Então, é importante a gente trazer. (NOTAS TAQUIGRÁFICAS..., 2015, p.43).

A recorrente preocupação dos atores em relação aos cortes no orçamento evidencia o risco constante da empresa pública chegar ao sucateamento, repetindo o destino dessas emissoras no histórico da comunicação pública do país. A preocupação com a captação de verbas alternativas, como o patrocínio de programas, mas, mais ainda, as disputas em relação ao Plano Plurianual de Ação Governamental limitam em alguma medida as possibilidades de experimentação e a postura mais crítica e incisiva da emissora, como será tratado mais a frente nas discussões sobre os planos editoriais das eleições. Essa preocupação fica clara na 53ª reunião, sobre o plano de trabalho de 2015, na qual a conselheira Rita Freire faz a seguinte colocação:

Eu gostaria de fazer uma consideração. Foi apresentado hoje também a redução progressiva dos recursos para a mídia pública. Eu queria saber o que a EBC vai fazer para tentar reverter esse processo e lembrando que já começa agora um processo de construção e aprovação do plano plurianual de recursos, de investimentos do Governo. Eu queria saber onde a EBC vai buscar compensar esses recursos? Qual é a ação institucional para isso, porque acho que não temos que aceitar como uma coisa natural, que a empresa vá perdendo prioridade com relação aos recursos com que ela vem trabalhando. (NOTAS TAQUIGRÁFICAS..., 2014b, p.33).

Outras questões relacionadas à estrutura e ao funcionamento da EBC, como “modelo institucional e gestão”, “tecnologia e equipamentos”, “acesso e audiência”, tiveram

na soma total valores muito próximos. Na distribuição entre os atores, há também um relativo equilíbrio nas ocorrências dessas questões.

Sobre os assuntos trabalhistas – tanto de condições de trabalho e treinamento quanto de participação dos funcionários, percebe-se que, em números absolutos, os grupos que mais abordaram esses temas foram os representantes da sociedade civil e os não conselheiros. Considerando, porém, a maioria desses atores nos debates, esse fato não nos diz muita coisa. Ao focar, entretanto, o ranking de temas mais citados por cada grupo, nota-se que – em seguida ao item “orçamento e finanças” – os representantes dos funcionários que passaram pelo Conselho citaram em maior volume suas questões de interesse direto. Como sendo o terceiro tema mais citado pelos representantes da sociedade civil, também se percebe uma preocupação desses atores com as condições de trabalho e o treinamento dos funcionários. Aliás, nota-se pelas discussões, entrevistas e observações, um apoio do Conselho, em geral, aos funcionários da EBC. Na terceira reunião extraordinária, sobre o plano editorial da Copa do Mundo de 2014, por exemplo, a representante dos funcionários colocou em discussão a necessidade de equipamentos de proteção para os trabalhadores na cobertura das manifestações contra o megaevento, sendo apoiada na demanda por outros conselheiros. Diante da explicação do Diretor-Geral, Eduardo Castro, sobre a duração do processo de licitação e recebimento dos equipamentos de proteção, por exemplo, a conselheira Rosane Bertotti fez a seguinte afirmação:

A preocupação é que, mesmo evidenciando todos os esforços, pelo tempo que se atrasou, pode correr o risco de não cumprir essas lacunas. E aí o problema é gravíssimo, de condições de trabalho, porque pode ocorrer de ser mil maravilhas e pode ocorrer de termos fatalidades. Então, eu acho que a empresa tem que se responsabilizar e acredito que é essa a grandeza que a empresa deverá ter de garantir as condições de trabalho para os trabalhadores que estarão em campo nesse determinado momento. (NOTAS TAQUIGRÁFICAS..., 2014a, p.69).

Além disso, nas entrevistas realizadas, a conselheira Rita Freire afirmou, por exemplo, a existência de tensões entre os trabalhadores e a direção da EBC, chegando ao Conselho, muitas vezes, esses embates. Assim, ainda que o órgão não tenha o papel de mediador dessas relações, ela explica que os problemas acabam, em alguns momentos, se transformando em debates internos. Da mesma forma, a então representante dos funcionários, Eliane Gonçalves, afirmou a crescente percepção dos trabalhadores da EBC sobre a importância do Conselho, para o apoio de suas causas e a construção de maior autonomia.

Cabe ressaltar, porém, que o Conselho não é homogêneo, nem em sua totalidade nem entre os representantes da sociedade civil. Portanto, foi possível perceber, durante os debates, atores que se colocam, de maneira mais frequente, em defesa das causas trabalhistas,

mas também aqueles que em geral defendem posições da Diretoria. Também é bom lembrar que essas posições não são estanques e que, dependendo do assunto, as defesas podem se alterar. No diálogo abaixo, ainda sobre o plano de cobertura da Copa do Mundo, é possível perceber, em certa medida, um exemplo de defesa do posicionamento da direção, pelo representante da sociedade civil, Cláudio Lembo.

Cláudio Lembo: Não, mas ele [Eduardo Castro] já disse que a licitação está em

curso, que termina no dia 19 o prazo, segunda-feira. Vamos admitir que ela seja deserta, que não haja nem interessados, nem vencedor, nada, não apareceu ninguém. Ele já disse que vai à Polícia Militar de São Paulo, e eu garanto que a Polícia Militar de São Paulo entrega, eles têm isso em estoque, os coletes a prova de bala. É essa a sua preocupação? O resto, não tem mais nada. O resto é o risco da vida. Por que vocês não fazem um elogio ao repórter dela que ficou duro na TV Globo, durante semanas, com a imagem da TV Brasil mostrando a tragédia da TV Bandeirantes. Foram eles. A imagem fabulosa foi deles, que embarcou o momento e prendeu as pessoas. Isso para mandar um elogio àquele repórter. Foi notável. Teve todo o equilíbrio emocional. Não teve?

Eliane Gonçalves: Isso é notável. Aquele repórter que gravou estava sem

equipamento de segurança, como estava o da TV Bandeirantes. É um acaso. Ele estava no mesmo lugar em que o repórter da TV Bandeirantes foi machucado. Poderia ter sido outro, inclusive ele. Então, assim, só essa questão: no momento em que se vai para uma cobertura dessas, na situação que está, hoje, no Brasil e tem mostrado os protestos, deixar a decisão no indivíduo e na relação que temos dentro do jornalista que é essa: você tem que ser... Minha função é de risco, meu trabalho é assim mesmo, eu tenho que ir lá e enfrentar, eu gostaria muito de estar lá, se fosse eu ainda o repórter. Uma decisão, por exemplo, pode ser que os chefes vão cobrir.

O Sr. Cláudio Lembo – Eliane, quem conhece a alma de jornalista sabe que ele vai

cobrir, ele não tem temor. Eu acho que ele tem que ter colete, mas ele disse que vai roubar colete dos homens. Se ele não tiver colete, não pode ir. Ponto. É isso. O resto que estamos discutindo...

A Sra. Eliane Gonçalves – Eu acho importante não deixar essa solução numa

relação de trabalho que envolve poder, envolve salário, envolve progressão na carreira. Essa questão de deixar na relação do indivíduo, acho uma relação...

O Sr. Cláudio Lembo – Eu nunca vi os jornalistas dizerem “Não vou cobrir porque

estou com medo”, é da profissão, é da índole ter coragem, ou então não é jornalista. Agora, tem que ter colete. Todo jornalista tem coragem, agora, precisa ter colete.

A Sra. Eliane Gonçalves – Todos os jornalistas estão usando colete.

O Sr. Cláudio Lembo – Estão, em toda a América Latina, em todo o mundo,

porque jornalista tem coragem. Agora, precisa ter colete. É óbvio que precisa ter colete.

A Sra. Eliane Gonçalves – Tem uma questão que é responsabilidade do Conselho.

O Conselho fez uma determinação, uma recomendação e essa recomendação não foi cumprida e como lembrou aqui o Conselheiro João Jorge, o Conselho tem uma responsabilidade em relação a esse momento que estamos vivendo, essa situação crítica seja por... É claro, não é por interesse, não é por um erro, porque todo mundo queria. Sei lá quais são as alternativas administrativas, tem lá o contrato de inexigibilidade que pode ser feito um contrato do dia para a noite com produção.

O Sr. Cláudio Lembo – Mas precisa ver se tem colete no mercado. Também não é

assim.

A Sra. Eliane Gonçalves – Mas isso foi uma demanda de junho do ano passado, vai

fazer um ano. (NOTAS TAQUIGRÁFICAS...,2014a, 73-74).

Ao tratar o jornalismo a partir de uma perspectiva do “heroísmo”, o conselheiro acaba por reforçar um dos mitos da profissão, ocultando, como a representante dos funcionários defendeu, questões de poder envolvidas nas relações trabalhistas.

Em relação à participação dos funcionários, dentre as categorias criadas, esta foi a que teve menos menções. Embora ela seja citada ao abordar a elaboração de determinados documentos e planos, não houve, nos debates analisados, uma discussão mais profunda sobre formas de participação. No caso da criação do Comitê Editorial de Jornalismo26, por exemplo, a representante dos funcionários também levantou a questão das formas de inserção dos trabalhadores neste espaço, ficando o debate, porém, restrito à jornalista e à Diretora de Jornalismo.

No que diz respeito à “participação da sociedade civil e dos cidadãos”, o tema recebeu grande atenção dos conselheiros representantes da sociedade – com um número de menções (17) muito próximo ao tema mais citado. Dessa forma, fica claro o papel desse grupo também no sentido de tentativa de ampliação desse espaço de participação. A temática apareceu tanto nas discussões do plano de trabalho quanto nas do jornalismo.

Especificamente sobre a “participação dos movimentos sociais” (a qual está inclusa na categoria de “participação da sociedade civil e dos cidadãos”), houve nove citações, sendo que oito delas foram feitas por representantes da sociedade civil e uma pela Diretora de Jornalismo (em resposta ao questionamento da representante). Destas citações, quatro das menções foram colocadas pela conselheira Rosane Bertotti, duas por Rita Freire, uma por Ana Veloso e uma pelo conselheiro João Jorge. A seguinte fala, da conselheira Rita Freire, na 46ª reunião, exemplifica essa preocupação com a participação dos movimentos sociais:

A gente estava conversando com a universidade e com a mídia alternativa. Então, como a EBC pode estabelecer, vai ter que buscar estabelecer parcerias com movimentos sociais, com as mídias alternativas, com as universidades. E esse é um debate que deve ser enfrentado aqui também pelo Conselho, para se amplificar. (NOTAS TAQUIGRÁFICAS..., 2013, p.30).

Cabe ressaltar, porém, que, ao menos nas discussões analisadas sobre o plano de trabalho e o jornalismo, a participação dos movimentos sociais, de forma mais específica, não foi um assunto recorrente.

Por fim, ao comparar os temas que foram citados nas reuniões sobre o plano de trabalho e sobre o jornalismo, percebe-se que grande parte das menções aos assuntos relacionados à estrutura e ao funcionamento da EBC foi feita durante os debates do plano. Ao falar de jornalismo, foi mais frequente a abordagem do “modelo institucional e gestão” do que

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O Comitê Editorial de Jornalismo foi criado, atendendo ao Manual de Jornalismo da EBC, a fim de afinar a prática jornalística com o manual e verificar pontualmente as produções. O Comitê é composto por jornalistas indicados pela Diretoria.

“orçamento e finanças” (primeiro item do ranking geral), o qual teve também o mesmo número de citações que “tecnologia e equipamentos”. Interessante notar que o item “acesso e audiência” – o qual inclui debates sobre a abrangência da EBC nas diversas regiões do país – teve apenas uma menção nas reuniões sobre o jornalismo, mesmo sendo questões intimamente relacionadas à proposta de diversidade e pluralidade do jornalismo da EBC.

Por outro lado, questões relacionadas à causa trabalhista – condições de trabalho, treinamento e participação – foram mais relacionadas à produção jornalística do que às propostas e metas estratégicas da EBC, presentes nos planos e planejamentos da empresa. Já a participação da sociedade civil e dos cidadãos foi abordada em ambos os debates de forma semelhante.

Gráfico 15: Temas citados nos debates sobre jornalismo e sobre o plano de trabalho.

No documento allanameirellesvieira (páginas 109-116)