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TIPOLOGIA DE TURISMO TEMPO TIPO DE CULTURA TIPO DE PRODUTO Turismo do património Passado Cultura “alta” Monumentos,

belas artes Turismo cultural Passado e presente Cultura “alta” e cultura

popular

Bens culturais

Turismo criativo Passado, presente e futuro

Cultura “alta” popular e

de massa Experiências

Fonte: Richards, 2008 a, p. 129.

Quadro 12 - Evolução dos tipos de turismo cultural.

II.2.6 O turismo cultural: a oferta

O turismo cultural tem-se convertido numa forma de produção e consumo de determinados bens e produtos culturais, daí que lhes devamos prestar atenção (Pérez, 2009). A definição que Tighe (1986, p. 2) deu de turismo cultural resume alguns destes elementos a considerar: «The term cultural tourism encompasses historical sites, arts and craft fairs and festivals, museums of all kinds, the performing arts and the visual arts and other heritage sites which tourists visit in pursuit of cultural experiences». Nesta definição, o turismo cultural é entendido como um tipo de turismo “experiencial”, através do qual os turistas contactam com produções culturais (ex.: artes visuais, artes manuais, festivais, festividades) e com património cultural (sítios históricos, paisagens, arquiteturas, “bens patrimoniais imateriais”). De uma maneira mais detalhada, a oferta de turismo cultural

157 está baseada em vários tipos de atrações106. Estas podem ser classificadas de várias

maneiras; por exemplo, em função da sua consistência, material ou imaterial, da sua natureza, bens móveis e imóveis, e em bens naturais ou artificiais.

Provavelmente, a classificação mais pertinente é aquela relacionada com o grau de interesse. Podem existir atrações de nível internacional (ex. o coliseu de Roma) e, por outro lado, atrações de nível local.

Muitas destas, moveram visitantes durante séculos, como fizeram as Pirâmides do Egito e outras têm uma atratividade mais recente, como acontece com os testemunhos dos nativos americanos.

Daqui entende-se como a oferta pode crescer substancialmente em dois modos: com o aumento de descobertas de novos lugares e vestígios do passado, ou através da valorização das atrações já existentes, talvez por meio de operações de restauro, em caso de lugares ou edifícios, ou ainda com equipamentos de exposição apropriados, se se considerarem bens móveis. Pretice e Cooper (1994) propõem um amplo elenco de atrações, que engloba desde sítios arqueológicos, a museus, centros históricos, paisagens, etc. (Quadro 13).

Atrações naturais Reservas, itinerários naturais, parques, jardins, geosítios

Atrações científicas Museus da ciência e da tecnologia Atrações ligadas aos lugares

produtivos

Quintas, fábricas, vinhas, minas, artesanato Atrações ligadas aos transportes Museus ferroviários, ferrovias, canais, portos Atrações socioculturais Exposições, museus históricos, galerias Atrações ligadas a personagens

históricas

Casas e lugares ligados a escritores, artistas Atrações ligadas ao espetáculo Teatros, circos

Parques temáticos Parques da memória, parques de aventura Festas e espetáculos populares Feiras, festivais, festas temáticas

Castelos e palácios Casas senhoriais, castelos, fortalezas, vilas

Atrações religiosas Catedrais, mosteiros, abadias, mesquitas, locais de culto

Atrações militares Campos de batalha, arsenais, campos de prisioneiros, museus

Cidades e paisagens urbanas Centros históricos, ambientes urbanos Vilas e aldeias Aglomerados rurais, arquitetura rural

Regiões Zonas e regiões históricas

Fonte: adaptado e simplificado de Prentice e Cooper, 1994, p. 129.

Quadro 13 - Tipos de atrações turísticas.

106 As atrações de um território são o conjunto dos elementos que o caraterizam fortemente, quer a nível

das funções, quer a nível ambiental e económico, capazes de atrair (ou por oposição afastar) determinadas categorias de procura (Caroli, 2006).

158 Nesta classificação, é possível que se possam verificar inevitáveis sobreposições e que nem todas as atrações tenham a mesma capacidade de atrair visitantes - sendo algumas mais populares que outras.

Naturalmente, o grau de atração depende da atividade turística considerada. A título de exemplo, um determinado recurso cultural, por mais dotado que seja de um grande valor intrínseco, não exerce a mesma atração em todos os potenciais visitantes. A capacidade de atração depende de um conjunto de elementos que se preocupam com (Formato, 2006):

 fatores intrínsecos, ou seja, a singularidade e o valor da atração. No entanto, o último, embora seja condição necessária, não é suficiente para, sozinho, gerar uma procura;

 fatores exógenos, tais como a acessibilidade e o usufruto; a capacidade de promoção e valorização da atração; a extensão da procura – objetivo e, por fim, a concorrência exercida pelas atrações direcionadas aos mesmos segmentos de procura.

Quanto maior é o valor intrínseco da atração (o caráter de exclusividade), mais ampla será a sua bacia geográfica de atração; recursos culturais, como as áreas arqueológicas de Pompeia e Herculano, os Fóruns de Roma, a Grande Muralha da China ou os locais Maias, por exemplo, têm caraterísticas tão únicas que a sua bacia de procura coincide com o grande mercado de turismo cultural internacional. Recursos menos conhecidos limitam-se a segmentos mais restritos ou de nicho ou, ainda, a uma bacia geográfica de procura de dimensão local.

Partindo destes pressupostos, é possível proceder a uma catalogação dos diversos tipos de turismo cultural.

É, assim, possível distinguir (Formato, 2006):

o turismo cultural do território, estreitamente ligado ao ambiente, à enogastronomia, ao artesanato artístico e às tradições populares;

o turismo dos eventos e das manifestações culturais, no que concerne aos eventos temporários, como concertos, festivais, etc.;

o turismo urbano, caraterizado pelos aspetos próprios das experiências de vida nas grandes cidades e tudo o que a cidade pode oferecer, como o shopping, a possibilidade de relações culturais com diversas etnias, etc.;

159  o turismo de cultura, ou seja, as visitas aos museus, aos sítios arqueológicos, aos

monumentos, etc.;

o turismo da formação, orientada à satisfação da procura de formação, como os cursos de língua ou os cursos master qualificados.

Entre estas macroáreas, é possível fracionar o fenómeno, individualizando novas tendências e orientações, como o turismo induzido pela “cultura de massa”, particularmente significativo nas últimas décadas, onde os estímulos e as sugestões determinadas pelos espetáculos de entretenimento televisivo, cinematográfico107 e

musical determinaram o sucesso turístico dos locais que foram cenário das histórias e dos acontecimentos narrados108 (Albanese, Cristini, 2007).

No entanto, surge reforçada a ideia de que, com a afirmação de um complexo modo de vida que define a nossa época, a orientação que prevalente da oferta turística parece estar direcionada para se propor uma crescente variedade e a contaminação entre diferentes turismos; mais inclinados à realização de umas férias polivalentes, com conjunto de experiências e oportunidades de lazer diferentes, integradas entre si (total

leisure experience).

Tal compreende, também, o investimento no turismo cultural, onde o aspeto experiencial é, seguramente, uma componente fundamental, que se exprime sempre mais inovador e original, colocando o território, com as suas peculiaridades mais autênticas, no centro do consumo turístico.

Neste sentido, Greg Richards (2003) esclarece que a oferta de turismo cultural pode integrar os produtos culturais do passado (ex.: o património cultural) e também os produtos culturais contemporâneos e os modos de vida das pessoas de um local turístico. Desta forma, não se reduz turismo cultural a turismo patrimonial ou turismo das artes. O sucesso de um produto turístico-cultural vai depender da compreensão que o produtor tem, das necessidades do consumidor. O que acontece é que, muitas vezes, as organizações turísticas desenham produtos e só depois tentam procurar compradores, em vez de desenhar produtos para as necessidades do mercado (du Cros, Mckercher, 2015).

107 Na literatura anglo-saxónica fala-se de film-induced tourism e movie-induced tourism (Timothy e Boyd,

2003).

108 Sempre neste contexto, é possível incluir o dark tourism, ou seja, a visita de lugares objeto de hediondos

eventos atuais ou de cataclismos naturais, como terramotos e aluviões. É também oportuno recordar que, já no século XIX, muitos viajantes europeus, como é referido numa vasta literatura, eram atraídos pela visita da cidade de Lisboa, após o catastrófico terramoto de 1755 (De Iulio, 2010a,b).

160 O Quadro 14 que se segue propõe uma sistematização das possíveis formas de turismo cultural, a fim de oferecer ao leitor um quadro mais claro e orgânico.

TIPOS DE TURISMO PRODUTOS E/OU LUGARES DE