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2.2 Dos estudos de base à tomada de decisão sobre a AIA

2.2.4 A tomada de decisão

AIA é um processo de revisão, negociação e tomada de decisão incremental que culmina em uma escolha essencialmente política, mas deveria ter base no conhecimento científico, e não no empírico, moral e político, para determinar se a proposta deve ou não prosseguir, e sob que condições.

Quando o termo ‘tomada de decisão’ é usado na AIA ele geralmente toma o significado da aprovação ou autorização final de uma proposta. Em certos casos os indivíduos que executam a revisão têm poder de tomada de decisão; ou seja, suas decisões estão amarradas a menos que sejam derrubadas por uma convenção executiva.

Como as bases política e legislativa para a AIA diferem de país para país, existe geralmente um número de decisões menores feitas em cada etapa através de todo o processo. Cada uma dessas decisões pode ser feita por um pessoa ou grupo de pessoas diferente. Por exemplo, algumas decisões, como as relacionadas à triagem (screening) e à definição do escopo (scoping), podem ser feitas juntamente pelo proponente, pelo ministro responsável e pelas autoridades ambientais. Outras decisões, como a seleção da alternativa viável, podem ser feitas pelo proponente. Segundo Wood (1995) apud UNEP (1996) a tomada de qualquer decisão envolverá um grande número de escolhas conflitantes: entre simplificação e a complexidade da realidade; entre fatos e valores; entre previsões e avaliação; e entre certeza e incerteza.

É esperado daqueles que tomam a decisão final sobre a aprovação do projeto o uso de informação fornecida pela avaliação de impacto ambiental, juntamente com informação obtida de outras fontes, para informá-los das conseqüências ambientais da sua tomada de decisão. O tipo de informação considerada importante para os tomadores de decisão é apresentado a seguir:

• Plano de fundo: O plano de fundo do projeto e as questões ambientais mais importantes envolvidas;

• Contexto político: A questão ou problema básico de desenvolvimento sendo tratado (por exemplo, poluição, inundações, seca, erosão, saúde, economia em depressão, etc); o relacionamento com metas, políticas e planos de proteção ambiental;

• Alternativas da proposta (incluindo a opção ambiental mais viável);

• Envolvimento público: visões públicas principais, preocupações das comunidades afetadas, áreas de acordo e desacordo;

• Análise de impacto: custos e benefícios; distribuição de perdas e ganhos;

• Mitigação e monitoramento: as constatações principais, incluindo os benefícios econômicos principais, efeitos ambientais significativos e medidas mitigadoras propostas; a extensão na qual a proposta entra em conformidade com os princípios do desenvolvimento sustentável; o design e mudanças operacionais que são consideradas críticas para a melhoria da aceitabilidade ambiental do projeto.

Segundo o UNEP (1996), a extensão na qual o tomador de decisão deve usar os resultados e recomendações da AIA varia de uma jurisdição para a outra. Geralmente há um requerimento para o tomador de decisão levar em consideração os resultados durante o processo de tomada de decisão. Dependendo da legislação, o tomador de decisão pode:

• Ter completa discrição para tomar uma decisão sem fornecer justificativas;

• Ser capaz de tomar a decisão e não incorporar todas as recomendações do processo de AIA mas ter de explicar publicamente as razões para ter feito isto;

• Ter de agir totalmente de acordo com as recomendações da AIA. Pode haver vários resultados diferentes da tomada de decisão: • A proposta pode ser aprovada;

• A proposta pode ser aprovada com algumas condições;

• A proposta pode ser aprovada sujeita a investigações contínuas;

• Um documento suplementar ou novo relatório de AIA pode ser requerido se há problemas significativos com a investigação original ou o relatório de AIA; e

• Em um número muito pequeno de casos a proposta, conforme foi formulada, pode ser rejeitada.

Os seguintes critérios para a tomada de decisão, adotados pelos principais sistemas de AIA ocidentais, ajudam a assegurar a transparência e a responsabilidade do processo: • As constatações do relatório e da revisão da AIA são um determinante central de

decisão sobre a ação;

• A decisão pode ser adiada até que o relatório tenha sido preparado e revisado;

• A permissão pode ser recusada, condições podem ser impostas, ou modificações requeridas na etapa de decisão;

• A decisão é feita por uma instituição e não pelo proponente;

• Uma avaliação resumida é preparada antes da decisão ser tornada pública;

• A decisão, as razões para a mesma, e as condições anexadas a ela são publicadas; • Estas razões incluem uma explicação de como o relatório e a revisão da AIA

influenciaram a decisão;

• Existe uma orientação pública sobre os fatores a serem considerados na decisão; • Há um direito de apelo contra as decisões;

• A tomada de decisão funciona efetiva e eficientemente.

Algumas jurisdições requerem um registro público escrito da decisão. Por exemplo, o Registro de Decisão nos Estados Unidos deve conter:

• Uma declaração explicando a decisão;

• Uma explicação das alternativas consideradas e aquelas que são ambientalmente preferíveis;

• Os fatores sociais, econômicos e ambientais considerados pela agência na tomada de decisão;

• Uma explicação das medidas mitigadoras adotadas e, se métodos de mitigação viáveis não foram adotados, um explicado do por quê não; e

• Um sumário do programa de monitoramento e coação que deve ser adotado para assegurar que quaisquer medidas mitigadoras sejam implementadas.

Muitas aprovações feitas como resultado da AIA precisarão de modificações na proposta original, e também impor condições e padrões de desempenho. Quaisquer condições impostas deveriam levar em consideração as previsões feitas na AIA, e refletir de forma realista qualquer incerteza nestas previsões. Os tomadores de decisão precisam ser informados de qualquer dúvida sobre a confiabilidade dos dados usados na

AIA, quaisquer lacunas de informação, e quaisquer limitações da avaliação por causa destas deficiências.

A participação pública na tomada de decisão é muito menos comum do que nas etapas prévias do processo de AIA. Apesar disso, quando é produzida pela autoridade competente alguma forma de avaliação, com base no relatório de impacto ambiental e nos comentários públicos feitos sobre ele, esta pode ser disponibilizada ao público antes da decisão final ser feita. (como por exemplo, na Austrália). A Diretiva da Comunidade Européia sobre AIA requer que a decisão seja comunicada ao público e que as razões dela sejam explicadas, quando a legislação dos Estados-membros assim solicitar (EIA Centre, 1995).