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Anexo I – Guião Final da Entrevista

Anexo 2 Transcrições das Entrevistas

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Quais os requisitos que exigem a um candidato a motorista que se apresente na vossa empresa? Exigimos no mínimo 3 anos de experiência de condução profissional. O que optamos por fazer há muitos anos em relação aos pesados é apostar nas pessoas que já conduzem ligeiros e já estão na empresa há algum tempo. Se os motoristas estiverem interessados, nós ajudamos na obtenção da carta de pesados e do CAM.

Quantas vagas foram abertas nos últimos 6 meses?

Nos pesados, foi aberta 1 vaga porque um dos colaboradores ficou doente. Nos pesados, temos pessoal com muitos anos de casa, não é uma área na qual queiramos apostar e, portanto, não temos um recrutamento ativo. Foi uma vaga bastante rápida a ser preenchida, nem uma semana. Fizemos não só recrutamento interno, mas também recorremos a empresas de trabalho temporário e a plataforma online.

Sentiu alguma mudança recentemente que impulsionasse esta falta de motoristas?

Sim, há uns anos atras era muito mais fácil recrutar. Aliás as pessoas estavam constantemente a aparecer nas empresas a pedir oportunidades de emprego. A partir de 2008, depois da crise começou a sentir se muita dificuldade a recrutar porque muitos motoristas que tinham os requisitos caíram no desemprego, não renovaram as formações obrigatórios porque não tinham meios financeiros para o fazer e abandonaram a carta de pesados. No IEFP há imensas pessoas que têm carta de pesados mas não atual e não têm o CAM. Na maioria dos casos, são pessoas que tinham perto de 40 anos, atualmente têm cerca de 50 anos, já trabalham noutros setores de atividade, acham-se velhos para exercer este tipo de funções. O ano passado tivemos que recrutar motoristas através do IEFP, apareceram-nos imensas pessoas com carta de pesados mas sem o CAM. E, além disso, hoje em dia, as empresas têm uma frota muito recente e moderna, há outras exigências, os cartões de tacógrafo por exemplo, muita gente não tem os cartões de tacógrafo. E quando as empresas recrutam é porque têm uma necessidade imediata. O cartão de tacógrafo demora cerca de 15 dias a ser recebido. O CAM demora alguns meses a ser obtido. E infelizmente esta dificuldade tem-se vindo a acentuar não só por estas formações que são obrigatórias e as pessoas não tinham liberdade financeira para as tirar como também existe o facto que não há pessoal novo a entrar nesta área. Agora já se começa felizmente a ver mais pessoas a tirar a carta de pesados. E dada a falta de motoristas, quem quer entrar no mercado de trabalho rapidamente está a formar-se. No entanto temos outra dificuldade porque só se pode tirar a carta de pesados a partir dos 21 anos. Os jovens nunca podem começar a trabalhar antes dos 22 anos porque só podem começar a tirar a carta aos 21 anos. A carta demora bastante tempo, tem uma série de requisitos, o CAM demora 140 horas. Nunca antes dos 22 anos se pode começar a trabalhar.

Que requisitos, formais e informais, exigem a um candidato a motorista?

CAM, cartão de tacógrafo e experiência profissional no mínimo de 3 anos. Como somos empresa certificada temos estes requisitos a cumprir. Que seja uma pessoa responsável, cuidadosa, que zele pela viatura.

Não sua opinião acha que existe efetivamente falta de motoristas?

Sim, infelizmente existe. E agora vamos entrar num período de férias. Antigamente as empresas fechavam, atualmente cada vez menos fecham. Tem-se dado uma série de conferências em volta do tema pela série de razões que já falámos: uns abandonam a profissão, não existir pessoal novo a entrar, porque houve um período

78 e ainda aconteceu em que muitos motoristas portugueses foram para Espanha porque infelizmente é um problema mundial. Há muitos motoristas portugueses que não se importam de trabalhar em Espanha e vir alguns fins-de-semana a Portugal porque é perto, os transportes espanhóis fazem muitos rotas em Portugal e, apesar do salário do motorista português ser cada vez maior ter um impacto cada vez mais significativo para as empresas, em Espanha é superior. Estamos a ser constantemente bombardeados por empresas francesas e americanas que vêm recrutar ao nosso país como nós também já estamos a ir a outros países africanos e ao Brasil. A questão dos brasileiros, que atualmente, recebemos muitas candidaturas é que há toda uma parte burocrática que é demorada e isso complica bastante o recrutamento.

Além do problema de recrutamento, há então um problema de retenção porque os motoristas são aliciados por empresas estrangeiras…

Estão constantemente a ser aliciados para isso, empresas espanholas, francesas… Hoje em dia para segurarmos um motorista, e temos conseguido, as pessoas têm que ganhar bem e fornecer todo o tipo de benefícios que seja possível para a empresa para poder segurar o trabalhador.

Na sua opinião, a falta de motoristas com origem na falta de formação adequada prende-se mais com a fatia de trabalhadores que se perderam na época da crise. Não estará também associada ao nível de incentivos não ser semelhante ao dos países estrangeiros?

Não acho isso. Isto é um problema mundial. E esta é uma profissão que é preciso gostar muito de conduzir e hoje em dia há pessoas que não gostam.

Acha que é então um fator cultural, os jovens atualmente procuram outro tipo de trabalho?

Sim, é um fator mais cultural. Se formos a ver, a tecnologia está cada vez mais a apostar na condução autónoma, sem condutor. O objetivo é nós fazermos cada vez menos e as máquinas cada vez mais. E as pessoas vão perdendo o gosto pela condução.

Na sua opinião a integração de cada vez mais tecnologia e controlo nas funções do motorista, desvirtua também de alguma forma a essência das funções dos motoristas e tem algum impacto na própria motivação dos motoristas?

A tecnologia veio facilitar bastante a condução. O que eu acho é que antigamente nós acompanhávamos muito mais os nossos pais nas suas profissões e íamos ganhando o gosto. Eu conheço o filho de um colaborador nosso, tem 18 anos, e o objetivo dele é ser motorista porque foi acompanhando o pai. Hoje em dia, nós empresas, não podemos permitir que os filhos acompanhem os pais pelas regras legais. Tem as suas vantagens e desvantagens. E depois há outra questão: das plataformas online. Se for a uma plataforma online direcionada aos motoristas, e vir lá alguém a dizer que vai tirar a formação para motorista, vê logo muitos outros a desincentivar essa decisão. As pessoas que não conhecem o setor por dentro ficam com medo.

Acha que a profissão tem um bocadinho de má imagem na opinião pública?

Acho que sim. Não pelas condições de trabalho pois já não se aplica. Hoje em dia um motorista não pode conduzir por um período superior a 10 horas porque os tacógrafos são controlados e as empresas são alvo de multas muito elevadas. Há uns anos, sim, o controlo não era feito e os motoristas faziam jornadas enormes. Hoje em dia ser motorista já não é o que era há 20 anos atrás e cada vez mais os motoristas têm mais condições. Se tivesse que escolher uma das seguintes razões para a falta de motoristas, qual seria: faltam indivíduos disponíveis, falta formação adequada ou faltam incentivos?

79 Acho que é um pouco de todas. Infelizmente a nossa natalidade também mudou muito, temos trabalhadores cada vez mais velhos, raramente aparece um individuo com menos de 40 anos. Falta de formação é complicado. Nós, empresas, somos obrigados a dar formações anuais e os trabalhadores nem são muito abertos a essas formações. Aliás, na perspetiva dos motoristas há é formação a mais. O que eles querem é conduzir, não querem ter formações. A obrigatoriedade do CAM, logo à partida, é uma exigência para alguém ser motorista. O que hoje acontece muito é apareceram pessoas com a carta mas sem o CAM e a própria empresa, mediante o interesse do candidato, apostar nessa parte da formação. Isso acontece muito na área do transporte de passageiros, mesmo com veículos pesados. Em Lisboa, a carris faz esse recrutamento, “queres pertencer à carris? Nós damos-te a carta”. É uma iniciativa que parte das empresas, mas também devia partir do estado. O Estado vai ter que começar a olhar para este setor de outra forma e dar benefícios, não só aos motoristas mas também às empresas para as empresas poderem ter maior margem e facultar melhores condições de trabalho aos trabalhadores.

Se tivesse que convencer um trabalhador doutro setor a ingressar neste, o que lhe diria?

Quando um trabalhador chega à nossa empresa à procura de melhores condições – e somos todos livres para o fazer – apesar de haver diferenças entre as empresas, há coisas que na profissão são sempre iguais. Eu sou um bocado avessa quando vêm de outras empresas ou outros setores. Porque a nossa empresa vai fazer um grande investimento para formar aquela pessoa (missão, valores, procedimentos, etc). Quando eu contrato alguém é para ficar connosco durante muitos anos. O mais comum é surgirem candidatos que vêm de armazéns, ou outras áreas, eram pintores ou trabalhavam na construção civil. Agora o que importa cada vez mais é o salário, o vencimento pesa cada vez mais e é cada vez maior ao longo dos anos. É o que atrai.

Não tem nenhuma mulher como motorista, porquê que acha que este setor não atrai mais mulheres? Há poucas candidatas ou elas não são selecionadas?

Quer se queira, quer se não, é uma atividade que exige muito esforço físico e também muita disponibilidade. É difícil que uma mulher casada e com filhos tenha a mesma disponibilidade que um homem. Se fosse ser apenas condutor, não há grandes diferenças ser homem ou mulher. Agora, o que acontece é que não é só conduzir, é preciso fazer cargas e descargas, ter habilidade para manusear os empilhadores e porta-paletes. Mas existem cada vez mais empresas de transporte que empregam cada vez mais mulheres e até preferem empregar mulheres porque são mais cuidadosas, mais zelosas. Só que também não há muitas mulheres disponíveis. E há muitas empresas, do internacional, que incentivam as duplas para que o camião nunca esteja parado. Como precisam de 2 motoristas, optam por contratar e formar um casal em vez de 2 homens motoristas. E na realidade não muitas mulheres a candidatarem-se e com a formação necessária e as que há, estão no mercado. Hoje em dia, quem quer entrar no mercado de trabalho de forma rápida e ter um vencimento acima da média de qualquer operador de armazém, entra neste setor com muita facilidade derivado à escassez.

Tendo em conta que há falta de motoristas, ter mais mulheres seria bom para o mercado em geral? Sim, sem dúvida.

Em relação à questão da representatividade de jovens neste setor, como é que acha que se poderia atrair mais jovens?

Atualmente vê-se muito as profissões tecno-profissões do IEFP para um grupo da população que não quer seguir para ensino superior. Há uma diversidade de cursos desse tipo que dão equivalência a 12º ano e

80 especialidade nas áreas de serralheiro, marceneiro, soldador, etc. Ser motorista deveria estar incluído nesses cursos do IEFP.

Mas aí teríamos a barreira da idade mínima para tirar a carta…

Sim, e isso seria outra coisa a considerar porque nós não podemos baixar a idade da reforma dos motoristas de pesados e manter a idade mínima de entrada. Se baixamos uma idade, temos que baixar a outra. Atualmente está em cima da mesa, reduzir a idade para os 61 anos. Estamos a falar de perder 4 anos.

Quais as entidades que teriam influência?

Eu penso que teria que ser uma indicação a nível europeu. Todos os requisitos que cumprimos tiveram origem em diretivas europeias. Portanto nesta parte também teria que ser.

De que forma a falta de motoristas afeta o funcionamento da empresa?

A nossa empresa ainda não foi afetada. Temos, aliás, pessoas a mais, seja ligeiros ou pesados, para evitar situações de falta de pessoal em momentos de necessidade imediata. Antigamente o recrutamento era muito mais rápido e fácil, atualmente, não. Nós contamos no mínimo com 1 semana de formação, há muitas especificações no dia-a-dia de trabalho a ter em conta.

Na sua opinião, como é que este problema se poderia solucionar? A que entidade competiria? As empresas o que fazem, e nós também, é apostar na formação dos que se querem tornar motoristas de pesados. E também do CAM. São custos de formação suportados pelas empresas e a competência adquirida pertence ao motorista. É uma ajuda significativa.

E não exigem uma contrapartida, como por exemplo, o trabalhador ter que ficar um certo período de tempo na vossa empresa?

Isso não funciona. Nenhum colaborador está numa empresa se não quiser e nenhuma empresa quer um colaborador se ele não for bom a executar as suas funções. Tem que se basear numa relação de confiança. Se a pessoa quiser sair, mesmo com contrapartidas escritas, pode começar a fazer um trabalho menos bom para ser mandada embora, pelo que, esse tipo de contrapartida não é de todo uma boa solução. O que fazemos é apostar em alguém que já esteja connosco há tempo considerável e que demonstre efetivamente interesse genuíno. Outro tipo de benefícios que as pessoas podem oferecer é, além do bom vencimento, bom espírito de equipa, bom ambiente de trabalho.

Para finalizar, quais considera ser os desafios à GRH em relação a este problema?

Conciliar os benefícios monetários com os restantes, sendo que o vencimento é o principal. O desafio principal que temos é manter os bons colaboradores e mantê-los durante muito tempo. Eu acredito que se nós estivermos bem e satisfeitos, podem vir bater a porta e aliciar com outras ofertas que não tem influência. E o nosso objetivo aqui é garantir todas as condições aos trabalhadores. Hoje em dia, a falta de profissionais não se passa apenas ao nível dos motoristas mas sim de todas as profissões especializadas.

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Nota alguma diferença, a nível temporal, na dificuldade em recrutar motoristas?

Sim, a diferença é que há 20 anos eram os motoristas que vinham ter connosco e agora é o contrário. A necessidade não é tanto do trabalhador, é mais do empregador.

81 Sim e com as dificuldades que há em ter os requisitos obrigatórios: CAM e a carta de atrelado. Fica bastante caro e as pessoas não tendo segurança no futuro, não arriscam esse investimento.

Quais os requisitos que exigem a um candidato a motorista que se apresente na vossa empresa? Só os obrigatórios.

Se tivesse que afirmar se existe ou não falta de motoristas no setor, existe ou não? E se tivesse que apontar uma das 3 razoes, qual seria: falta de indivíduos disponíveis, falta de indivíduos com formação ou falta de incentivos?

Sim, e grande. Eu acho que é falta de incentivos. Sobretudo monetários e também todos os outros. Os motoristas de pesados têm que passar dias ausentes de casa e isso tem que ser compensado.

Segundo o CCT, essa recompensa existe mas não é suficiente? Eu acho que não.

Acha que as características da profissão têm um peso significativo na escolha?

Sim. O equipamento é extramente caro, um camião custa cento e tal mil euros, não se pode confiar um equipamento desses a qualquer pessoa. O cumprimento de horários nesta atividade é extramente rígido e importante. O sentido de responsabilidade é importantíssimo nas pessoas que recrutamos.

Acha que estas características afastam os jovens? Porquê que acha que os jovens não querem trabalhar nesta profissão?

Eu acho que não é só nesta profissão. Há também outras profissões que estão a passar pelo mesmo. Também para armazéns é complicado. São profissões “violentas” fisicamente, de algum esforço físico.

E a formação é uma barreira?

Eu acho que a barreira está no custo económico de tirar essas formações, mil euros ou mais. As pessoas não estão disponíveis para gastar esse dinheiro.

Como acha que se poderia resolver esse problema?

Aqui na nossa empresa o que temos feito é os que estão interessados em tirar formação para pesados, a empresa patrocina a formação e o motorista compromete-se a ficar um certo tempo ao nosso serviço.

E têm notado aderência? Não, mesmo assim não. O que falta?

Continua a ser questão da disponibilidade e o estar em casa com a família no final do dia. Se não houver um incentivo monetário ao mesmo nível, as pessoas não aceitam.

Se quisesse convencer um trabalhador de outro setor a entrar neste, o que lhe diria?

Uma das vantagens que a profissão tem é que o motorista é, dentro de alguns requisitos, dono do seu tempo. Por outro lado não trabalha no meu espaço físico e fechado do seu chefe, há pessoas que não gostam disso, gostam de ser livres, não estão fechados num sítio.

Se bem que hoje em dia as funções do motorista estão bastante controladas pelos equipamentos informáticos…

Sim, com GPS, telemóveis. Sim e tem horários a cumprir. Mas tem aquela missão de levar a carga do ponto A ao ponto B e é mais livre, anda ao livre, não está fechado num escritório, não está num armazém, há pessoas que valorizam bastante isso.

82 Em termos de vantagens salariais, referimos que não serão suficientes para compensar o estar longe de casa, etc, mas o salário base será suficiente?

Vejamos, há motoristas que fazem horários diurnos dentro do horário de trabalho habitual e para esses casos não vejo necessidade de haver recompensas extras. Mas para quem faz outro tipo de horários, as recompensas deviam ser superiores.

Na sua empresa, tem cerca de 2% de mulheres ao serviço, como justifica que este valor seja tão baixo? Cá em Portugal, só muito recentemente começamos a ver mulheres a conduzir pesados. Será há 2 anos no máximo. Sinceramente, acho que as mulheres ainda não veem esta profissão como uma tarefa de senhora. São as mulheres que não se candidatam? Se se candidatassem ficavam?

Eu acho que sim. Sempre que aparece uma candidata na nossa empresa, é tratada da mesma forma. Hoje em dia conduzir um camião já não é a mesma coisa que era antigamente. Hoje em dia os camiões são mais fáceis de conduzir do que alguns ligeiros. É só uma questão de dimensões. Os camiões são todos automáticos. É muito mais fácil. É mais a questão de estar fora de casa, se as senhoras tiverem que passar mais de um dia fora de casa, é muito mais complicado do que um homem. É preciso dormir dentro do camião…. É preciso desmistificar um bocadinho a profissão atual. Não é a mesma coisa de há 20 anos atrás.

Na sua opinião, como poderíamos aumentar a participação dos jovens?

Se não for pela parte económica não estou a ver. Se não houver quem patrocine o investimento inicial é um bocadinho difícil um jovem estar a gatar uns milhares para poder conduzir um camião.

Quem poderia interceder? Que entidade?

Dada a dificuldade do setor, o Estado. Programas de quotização de sócios… É preciso ajudar com o investimento inicial, de forma a mais tarde ver o dinheiro reembolsado.

Acha que há algum aspeto cultural que influencie a participação dos jovens em termos de expectativas/motivações?

Não sei, não me ocorre nada. Os jovens atualmente procuram um tipo de trabalho menos violento, tipo escritório, que lhe dê mais liberdade para estar com os amigos. Esta profissão exige muito tempo diário. De que forma é que a falta de motoristas pode afetar o funcionamento de uma empresa?

Afeta não só as empresas de transportes como também vimos com a greve dos combustíveis que quase parava o país. Só por aí já vemos o impacto que a falta de motoristas pode ter na economia do país.

Perante esta escassez de motoristas como é que acha que isto se pode resolver? Quando há falta o mercado tende a ajustar-se. Normalmente a solução é monetária. Acha que as empresas estão prontas para isso?

Se não estão, vão ter que estar. As empresas têm que colocar as suas mercadorias no destino. Não havendo quem o faça, terão que pagar mais para atrair pessoas.

Não vê mais nenhum tipo de vantagem que a profissão possa oferecer para atrair mais pessoas? Antigamente, o que as pessoas queriam era arranjar um emprego para a vida e as famílias tinham muitos filhos, não conseguiam manter todos os filhos em casa durante tanto tempo e portanto os filhos saiam mais cedo de casa, até porque havia a preocupação de ajudar monetariamente a família. Hoje em dia, não é assim. As famílias têm cada vez menos filhos e mais disponibilidade para ficar com eles durante mais tempo. Há uma maior

83 interligação afetiva. E portanto o valor que compense passar tempo fora de casa tem que ser maior. E neste momento não compensa essa ausência da família.

Portanto hoje em dia valoriza-se muito mais o tempo em família e para os jovens serem incentivados