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Ríos 39 En varias ocasiones presidente de gobierno, se convirtió en el paradigma del católico defensor de la laicidad del Estado, simbolizada a través de su defensa

7. Uma cristologia de massas

Na época, a espiritualidade mariológica era encarada como algo ultrapassado ou «conservador», o que dividiu a Aula Conciliar a respeito da aprovação de um documento autónomo sobre a Virgem Maria.24 Em contrapartida, a figura de Jesus

24 Como é sabido, o debate sobre a existência de um documento específico sobre a Virgem Maria marcou os trabalhos conciliares desde o seu início, sendo mais um pretexto para a abertura de uma querela entre conservadores, favoráveis àquele documento, e os reformistas, adversários dessa ideia, tendo-se registado uma vitória destes últimos – o que representava, para mais, uma certa «concessão ecuménica» aos protes- tantes e aos ortodoxos, que repeliam alguns excessos da devoção mariana: cf. Hilari Raguer – Réquiem por

la Cristandad…, p. 113; considerando que, mais do que a devoção à Virgem, consagrada dogmaticamente,

o que incomodava os protestantes era o «movimento mariano»: cf. Hans Küng – The Council and Reunion. Londres-Nova Iorque: Sheed & Ward, 1962, p. 182. Guido Verucci − La Chiesa nella società contemporanea.

Dal primo dopoguerra al Concilio Vaticano II. Bari: Editori Laterza, 1988, p. 393-394. Sintomaticamente, no

seio do Concílio a linha conservadora mais consistente e coesa formar-se-á em torno do grupo Coetus

Internationalis Patrum, fundado e de algum modo liderado por Monsenhor Geraldo de Proença Sigaud,

arcebispo de Diamantina (Brasil), que seria o grande promotor da proposta, apresentada em 1965 no Con- cílio, para que o chamado «Esquema XIII» condenasse solenemente o comunismo. Por ora, o ponto que interessa reter é que Monsenhor Geraldo Sigaud, sabendo estar em minoria no seio do episcopado do seu país, pediu que todos os padres conciliares consagrassem as suas dioceses ao Imaculado Coração de Maria. O principal colaborador de Sigaud seria Monsenhor Lefebvre, apontando-se ainda como membro do Coe-

tus, entre outros, o bispo de Leiria, João Pereira Venâncio: cf. Hilari Raguer – Réquiem por la Cristandad…,

p. 151ss; sobre o Coetus Internationalis Patrum e a sua acção «anticonciliar», cf. Daniele Menozzi – L’Anticoncilio (1966-1984). In Il Vaticano II e la Chiesa. Dir. Giuseppe Alberigo e Jean-Pierre Jossua. Brescia: Paideia Editrice, 1985, em esp. p. 434; V. N. Buonasorte − Tra Roma e Lefebvre. Il tradizionalismo cattolico

italiano e il Concilio Vaticano II. Roma: Edizioni Studium, 2003; Joseph Famerée – Vescovi e diocesi (5-15

novembre 1963). In Storia del Concilio Vaticano II. Vol. 3 – Il Concilio Adulto. Il secondo período e la seconda

intersessione, settembre 1963–settembre 1964. Dir. Giuseppe Alberigo. Milão: Società Editrice Il Mulino, 1998,

p. 187ss; Hilari Raguer – Fisionomia iniziale dell’assemblea. In Storia del Concilio Vaticano II. Vol. 2 – La

formazione della coscienza conciliare. Il primo periodo e la prima intersessione, ottobre 1962-settembre 1963.

Dir. Giuseppe Alberigo. Milão: Società Editrice Il Mulino, 1996, p. 221ss; Gilles Routhier − Il Concilio

Vaticano II. Recezione ed ermeneutica. Milão: Vita e Pensiero, 2007, p. 211ss; Luc Perrin – Le Coetus Interna- tionalis Patrum et la minorité à Vatican II. Catholica. 63 (Primavera de 1999), p. 71ss. De acordo com Hilari



Raguer, a grande fractura em torno do culto mariano terá lugar na segunda sessão conciliar, em 1963, onde «os conservadores falavam como apenas eles estivessem a favor da Virgem Maria e os renovadores contra» (Hilari Raguer – Réquiem por la Cristandad…, p. 215). Por uma maioria tangencial de votos (1.114 contra 1.074), foi decidido não dedicar um documento específico à Virgem Maria, mas tão-só um capítulo de De

Ecclesia. Deste modo, a tese da incorporação da referência à Virgem Maria no texto sobre a Igreja, cujo

principal defensor fora o Cardeal Franz König, de Viena, prevaleceu sobre a linha, protagonizada pelo Cardeal Rufino Santos, de Manila, que advogava a consagração à Virgem de um documento autonómo: cf. Richard McBrien – The Church (Lumen Gentium). In Modern Catholicism..., p. 86. Na segunda inter-sessão (Dezembro de 1963-Setembro de 1964), Paulo VI procurou, como sempre, compatibilizar as duas posições, considerando: (1) que se deveria restabelecer o consenso em torno deste tema; (2) que, como ficara decidido por maioria, não deveria ser aprovado um esquema autónomo De beata Maria Virgine, antes se inegrando a referência a Maria no documento sobre a Igreja; (3) que tal não deveria implicar que a Mater Ecclesiae fosse colocada ao mesmo nível dos demais membros da Igreja, como temiam os conservadores (cf. Modern

Catholicism..., p. 240ss). Ainda assim, não foi possível encerrar a controvérsia. A proposta de qualificação da

Virgem Maria como «mediadora» (mediatrix) foi questionada, nomeadamente por Monsenhor Gérard Philips, que considerou que aquela classificação punha em causa o consenso anteriormente alcançado, nos termos do qual apenas Cristo era mediador entre Deus e os homens. É curioso notar, a este propósito, que já num texto de 1934 Montini havia escrito: «Ó Cristo, nosso único Mediador, Tu nos és necessário» [itálico acrescentado]: cf. Giovanni Battista Montini – Introduzione allo studio di Cristo. Roma: Studium-Quaderni Universitari, 1934, p. 77ss; sobre aquela noção, cf., a título introdutório, Salvatore Meo – Mediatrice. In

Nuovo Dizionario di Mariologia. Dir. Stefano di Fiores e Salvatore Meo. Milão: Edizioni Paoline, 1986, p.

920ss; ainda que sem uma referência ex professo ao tema da «mediação», cf. ainda a excepcional síntese de Heinrich Köster – Mariologie. In AA.VV. – Bilan de la Théologie au XXe siècle. Vol. 2. Dir. Robert Vander Gucht e Herbert Vorgrimler. Tournai. Casterman, 1970, p. 351ss, analisando o papel do Concílio a p. 366-367; Edwin Iserloh − Los movimientos intraeclesiásticos y su espiritualidad. In Hubert Jedin e Konrad Repgen − Manual de Historia de la Iglesia. Vol. IX − La Iglesia mundial del siglo XX. Barcelona: Editorial Herder, 1981, p. 467ss; salientando, e bem, que a espiritualidade montiniana é predominantemente cristológica, cf. Michele Giulio Masciarelli – Appassionato cercatore del volto di Dio. Istituto Paolo VI. Notiziario. 54 (Dezem- bro de 2007) 39. Na senda de uma solução compromissória, há quem afirme que a «cristologia» é também uma «mariologia» (cf. Armando Bandera – De la devoción mariana a la consagración a María. In AA.VV. – La Consagración a María. Teologia, historia, espiritualidad. Salamanca: Sociedad Mariológica Española, 1986, p. 113ss), o que pode ser aceitável do ponto de vista teológico mas não na perspectiva de análise da «política da Igreja» da época, designadamente nas relações com os protestantes e na conclusão definitiva do Concílio pela mediação exclusiva de Cristo. Sobre a discussão do problema à época do Concílio, cf. René Laurentin – Deve o capítulo marial do Vaticano II falar de mediação? In AA.VV. – O Mistério da Igreja. Lisboa: Livraria Morais Editora, 1965, p. 274ss; Antoine Wenger – Diário do Concílio, p. 51ss e p. 54ss, que afirma, numa tentativa de conciliação, que «o cristocentrismo não é antimariano»; sobre o processo de formação do esquema «De Ecclesiae», cf. Umberto Betti – Crónica de la Constitución. In La Iglesia del

Vaticano II. Estudios en torno de la Constitución Conciliar sobre la Iglesia. Dir. Guillermo Baraúna. Vol. I.

Barcelona: Juan Flors, Editor, 1966, p. 145ss; fazendo eco da «controvérsia mariana» surgida na preparação desse texto, cf., na mesma obra, Olivier Rousseau – La Constitución en el cuadro de los movimientos renovadores de técnica y pastoral de las últimas décadas, p. 142-143, que recorda que no motu proprio de 8 de Dezembro de 1959, João XXIII já havia dito: «evite-se que a Mariologia, apoiada em sãos e sólidos fun- damentos, vá mais além da verdade devido a um falso e imoderado atrevimento...»; cf. ainda Melissa J. Wilde – Vatican II. A sociological analysis of religious change. Princeton: Princeton University Press, 2007, p. 102ss; Lawrence S. Cunningham – The Virgin Mary. In From Trent to Vatican II. Historical and theological investi-

gations. Dir. Jill Raitt, Raymond F. Bulman e Frederick J. Parrella. Oxford: Oxford University Press, 2006, p.

179ss; Guillermo Baraúna – La Santíssima Virgen al servicio de la economía de la salvación. In La Iglesia del

Vaticano II. Estudios en torno de la Constitución Conciliar sobre la Iglesia. Dir. Guillermo Baraúna. Vol. II.

Barcelona: Juan Flors, Editor, 1966, p. 1165ss; Gérard Philips – La Iglesia y su Misterio en el Concilio Vaticano



p. 263ss. Alois Müller – Interrogations et perspectives en mariologie. In AA.VV. – Questions théologiques

auhourd’hui. Vol. 2: Dogmatique. Paris: Desclée de Brouwer, 1965, p. 137ss. Enquanto arcebispo de Milão,

Montini apoia a devoção mariana («um dos factos religiosos do nosso tempo é o incremento do culto a Maria») mas procura que a mesma se mantenha integrada no seio e dentro dos cânones da Igreja: «quer a doutrina quer a piedade mariana, as quais a Igreja cultiva com escrupuloso estudo da verdade e sempre com

vigilante nobreza de formas, aparecem-nos lógicas manifestações da coerente e fecunda vitalidade da nossa

religião. Nenhuma novidade foi introduzida na fé e no culto; só da fé e do culto foram extraídas novas riquezas» [alocução na Festa da Assunção, em 15-VIII-1955, in Paulo VI – Cristo. Vida do homem de hoje. Mensagem

para o mundo contemporâneo. Org. de Virgilio Levi. Lisboa: Edição Livros do Brasil, [s.d.], p. 309-310.

[itálicos acrescentados]; tb. in Giovanni Battista Montini – Sulla Madonna. Discorsi e scritti, 1955-1963. 2ª ed. Dir. René Laurentin. Brescia-Roma: Istituto Paolo VI-Edizioni Studium, 1991, p. 28ss; cf. tb. Francisco Vaz − Perto de Deus e dos Homens. A Virgem Maria nos escritos de Paulo VI. [S.l.]: Província Portuguesa da Congregação dos Missionários do Coração de Maria, 1985; Bruno Rossetti − La spiritualità sacerdotale di

Paolo VI. Una mistica incarnata nella Storia. Milão: Edizioni San Paolo, 2008, p. 292ss; Gianni Colzani – La

Madonna e Montini. Dalla devozione popolare a criterio di strategia pastorale. Istituto Paolo VI. Notiziario. 45 (Julho de 2003) 64ss; Virgílio Noè – Paolo VI e la devozione mariana. Istituto Paolo VI. Notiziario. 40 (Novembro de 2000) 52ss. Recorde-se, por outro lado, a exortação apostólica Marialis cultus, de Fevereiro de 1974: cf. Giselda Adornato − Paolo VI. Il coraggio della modernità. Milão: Edizioni San Paolo, 2008, p. 254ss; Antonio M. Javierre – Marialis cultus. Istituto Paolo VI. Notiziario. 29 (Maio de 1995) 51ss. Sustentando o papel mediador de Maria, cf. Heribert Mühlen – L’Esprit dans l’Église. Vol. 2. Paris: Les Éditions du Cerf, 1969, em esp. p. 148ss. Sem qualquer interesse para uma reconstrução factual dos trabalhos conciliares, mas exemplar quanto à tentativa de «pacificação» ou de preservação do lugar de Maria, cf. Juan Rey – Nossa

Senhora à luz do Concílio. Porto: Editorial Perpétuo Socorro, 1968. Mais importante do ponto de vista

descritivo, mas sem grande esclarecimento quanto à controvérsia havida, cf. Salvatore Meo – Concilio Vaticano II. In Nuovo Dizionario di Mariologia, cit., p. 379ss, ou Miguel Ponce Cuéllar – María, Madre del

Redentor y Madre de la Iglesia (Manual de Mariología). [S.l.]: [s.n]., [s.d.], p. 378ss. No que se refere aos

embates conciliares, pode concluir-se que, no fundo, a linha conservadora queria a todo o custo manter intocada a doutrina que Pio XII firmara em 1950 ao definir a Assunção na constituição apostólica Munifi-

centissimus Deus (1950) e ao declarar o «Ano Mariano» em 1954: sobre o significado destes actos, cf. Adrian

Hastings – Catholic History from Vatican I to John Paul II. In Modern Catholicism..., p. 3; Bernard Sesboüé – La Vierge Marie. In Henri Bourgeois, Bernard Sesboüé e Paul Tihon – Les Signes du Salut. Histoire des

Dogmes. Dir. Bernard Sesboüé. Vol. 3. Paris: Desclée, 1995, em esp. p. 607ss; Karl Rahner − Sobre el sentido

del dogma de la Asunción. In Escritos de Teología. Vol. I. Madrid: Taurus Ediciones, 1963, p. 239ss, não fazendo particular referência à acção de Pio XII; realçando o papel de Pio XII no aprofundar da devoção mariana, patente na sua profunda crença em Fátima e no apoio que dá à criação de instituições e publicações dedicadas à Virgem, que entre 1948 e 1957 surgiram ao ritmo de um milhar por ano, cf. Michael J. Walsh – Pius XII. In Modern Catholicism..., p. 23; afirmando que na parte final do pontificado de Pio XII a mario- logia se aproximou perigosamente de uma «mariolatria», cf. Karl Otmar von Aretin − The Papacy and

Modern World. Trad. norte-americana. Nova Iorque-Toronto: McGraw-Hill Book Company, 1970, p. 224.

Jean Chélini – L’Église sous Pie XII. Vol. 2: L’après-guerre (1945-1958). Paris: Librairie Arthème Fayard, 1989; M.-J. Nicolas – Le Dogme de l'Assomption. In AA.VV. – La Vie de l’Église sous Pie XII. Paris: Librairie Arthème Fayard, 1959, p. 71ss. Luciano Guerra – Pio XII e Fátima. In Enciclopédia de Fátima. Dir. Carlos Moreira Azevedo e Luciano Cristino. Estoril: Principia, 2007, p. 410ss; Stefano di Fiores – Mariologia e Fátima. In Enciclopédia de Fátima, em esp. p. 335. Ottaviani exerce, a este propósito, um papel muito impor- tante, tendo em 1955 visitado Coimbra, onde se avistou com a Irmã Lúcia, que intercedeu junto dele para que fosse acelerada a causa dos pastorinhos. Ottaviani conheceria o conteúdo do «terceiro segredo» de Fátima desde o Verão de 1959 ou desde princípios de Fevereiro de 1960: cf. José Geraldes Freire – O Terceiro

Segredo de Fátima. A terceira parte é sobre Portugal? Fátima: Edição do Santuário de Fátima, 1977, p. 32ss e,

questionando abertamente a autencidade de algumas afirmações de Ottaviani, p. 38ss. No pontificado de Paulo VI, ao invés do que sucedeu com Pio XII, nota-se uma clara tendência para «disciplinar» os excessos de devoção mariana, nomeadamente no que se refere aos relatos de aparições da Virgem, o que ficou patente



na exortação apostólica Marialis Cultus, de 1974: cf. C. J. Maunder – Marian Apparitions. In Modern Catho-

licism…, p. 281. E há quem afirme que o Papa «ficou satisfeito» com o desenlace da controvérsia mariológica

ocorrida no Concílio: cf. Antoine Wenger – Diário do Concílio, p. 63. Outros dizem que a solução encontrada acabou por desagradar ambos os sectores: J. Komonchak – L’ecclesiologia di comunione. In Storia del Con-

cilio Vaticano II. Vol. 4: La chiesa come comunione. Il terzo periodo e la terza intersessione, settembre 1964-set- tembre 1965. Dir. Giuseppe Alberigo. Milão: Società Editrice Il Mulino, 1999, p. 21; e o certo é que actual-

mente se discute se a revisão teológica dos dogmas marianos, aí iniciada, não provocou uma «crise da mariologia»: cf., por ex., AA.VV. – Mariología en Crisis? Los dogmas marianos y su revisión teológica. Barce- lona: Sociedad Mariológica Española, 1978. Através de um acto pessoal, Paulo VI irá proclamar Maria como

Mater Ecclesiae, em finais de 1964, numa tentativa de conciliação que acabou por se revelar eficaz: cf. Luis

Antonio G. Tagle – La tempesta di novembre: la «settimana negra». In Storia del Concilio Vaticano II. Vol. 4:

La chiesa come comunione. Il terzo periodo e la terza intersessione, settembre 1964-settembre 1965. Dir. Giuse-

ppe Alberigo. Milão: Società Editrice Il Mulino, 1999, p. 475ss; sobre a «semana negra», cf. Yves Chiron – Paul

VI. Le pape écartelé. 2ª ed., revista e corrigida. Versalhes: Via Romana, 2008, p. 193ss; cf. ainda o estudo

fundamental de Giampietro Ziviani − La Chiesa Madre nel Concilio Vaticano II. Roma: Editrice Pontificia Università Gregoriana, 2001, que analisa o magistério de Paulo VI a p. 293ss. Recorde-se, além disso, a referência – de resto, naturalíssima – da «Profissão de Fé» de Paulo VI, em 30-VI-1968 (cf. O «Credo» do

Povo de Deus. Proclamado pelo Santo Padre no Encerramento do Ano da Fé. Lisboa: União Gráfica, 1968, p.

16ss; sobre o seu sentido, cf. Cardeal Garrone – La Profession de Foi de Paul VI. Introduction. Paris: Beau- chesne, 1969, p. 56-57). Com grande desenvolvimento sobre aquele debate, incidindo na segunda sessão conciliar, cf. Alberto Melloni – L’inizio del secondo periodo e il gran dibattito ecclesiologico. In Storia del

Concilio Vaticano II. Vol. 3 – Il Concilio Adulto. Il secondo período e la seconda intersessione, settembre 1963– settembre 1964. Dir. Giuseppe Alberigo. Milão: Società Editrice Il Mulino, 1998, p. 62-65, p. 111-114 (sobre

a oposição entre Rufino Santos e Franz König); Evangelista Vilanova – L’intersessione (1963-1964). In

Storia del Concilio Vatticano II, Vol. 3, p. 388ss (sobre a redacção do texto De beata). Sobre o «Credo» do

Povo de Deus, é importante sublinhar que é geralmente considerado, a par da Humanae Vitae, como um documento de cariz conservador, não sendo por acaso que o mesmo é saudado por revistas dessa tendência, como Itinéraires: cf. Le Credo catholique. Itinéraires. Chroniques et documents. 126 (Setembro-Outubro de 1968) 337ss, texto que ataca de forma muito violenta o Catecismo Holandês, o qual, recorde-se, obteve o

nihil obstat do Cardeal Alfrink. No mesmo sentido, saudando a «Profissão de Fé» de Paulo VI, cf. Ricardo

de la Cierva – La Hoz y la Cruz. Auge y caída del marxismo y teología de la liberación. Toledo, Editorial Fénix, 1996, p. 153ss. Cf. ainda, de uma forma menos marcada, Yves Chiron – Paul VI…, p. 237ss, Numa análise bastante crítica daquilo que designa por «mudança reaccionária» de Paulo VI, plasmada no «Credo» e na

Humanae Vitae, Carlo Falconi afirma, com exagero, que aquele foi «o acto fundamental do pontificado de

Paulo VI»: cf. Carlo Falconi − La crociata di Paolo VI. La svolta reazionaria di papa Montini. [S.l.]: Kaos Edizioni, 2007, p. 49. Desde logo, sustenta Falconi, porque, no início do seu pontificado, Paulo VI não manifestará grande inquietação perante as «novidades» do Concílio (p. 49ss); a mudança começa a desenhar- se em 1965 e terá alguns momentos significativos de «conciliarismo» nas intervenções que Montini realiza no VI Congresso Tomista Internacional, em Setembro, e, dois meses depois, na VIII sessão pública e na audiência geral de 21 de Novembro, bem como no discurso de 15 de Dezembro; em Janeiro de 1966, dizia que «os ensinamentos do Concílio não constituem um sistema orgânico e completo da doutrina católica». As perplexidades adensam-se perante a circular que, em Julho de 1966, Ottaviani envia a todas as conferên- cias episcopais, na qual se elencavam dez teses ou opiniões erróneas que a Congregação para a Doutrina da Fé censurava. Nos meses finais de 1966, as intervenções de Montini adquirem um pessimismo que, de tão repetido, Carlo Falconi apelida de «monótono» (p. 59). A publicação do Novo Catecismo Holandês parecia confirmar os temores do Papa, sobretudo porque aquele texto partia de um pressuposto antropológico radicalmente optimista e dinâmico. O discreto encontro realizado em Gazzada de 8 a 10 de Abril de 1967, o qual reuniu teólogos holandeses e romanos, permite apurar os pontos que suscitavam controvérsia: (1) a concepção virginal de Jesus; (2) o pecado original; (3) a reparação oferecida ao Pai por Cristo; (4) a oferta sacrificial da Cruz; (5) o sacrifício eucarístico; (6) a presença de Jesus na eucaristia; (7) a transubstanciação; (8) a existência dos anjos; (9) a criação imediata da alma humana; (10) a vida futura; (11) algumas questões



Cristo converteu-se num ícone revolucionário de massas ou, pelo menos, foi alvo da atenção das «indústrias da cultura», sendo apresentada de uma forma até aí pouco habitual, designadamente em peças de grande êxito como Godspell, da autoria de Stephen Schwartz, inspirada na obra do teólogo Harvey Cox, que será adaptada ao cinema em 1973, com realização de David Greene. Ou em Jesus Christ

de natureza moral; (12) a regulação dos nascimentos; (13) o primado do Papa; (14) os milagres. O Congresso Teológico de Toronto, realizado em Agosto de 1967, sob o tema «A teologia da renovação da Igreja», será outra oportunidade, assevera Falconi, para o Papa mostrar a sua mudança, mandando ao encontro, como enviado especial da Santa Sé, o Cardeal Michele Browne, acompanhado de uma mensagem de Paulo VI que surpreendeu os participantes pelo seu extremo conservadorismo, nomeadamente quando dizia que João XXIII praticamente se limitou a retomar uma ideia de convocação de um concílio que já estivera presente no espírito de Pio XI e de Pio XII. O conteúdo da «Profissão de Fé» de Paulo VI evidencia, logo no preâm- bulo, a inquietação que assaltava o Papa: «(...) Nós estamos conscientes da inquietação que agita certos meios modernos em relação à fé. Eles não se eximem ao influxo do mundo em profunda transformação, no qual tantas certezas são postas em causa ou em discussão. Nós vemos mesmo que católicos se deixam dominar por uma espécie de sede da mudança e da novidade. A Igreja, sem dúvida, tem sempre o dever de continuar o seu esforço para aprofundar e apresentar de um modo sempre mais adaptado às gerações que se se sucedem os insondáveis mistérios de Deus, ricos para todos de frutos de salvação. Mas, é preciso, simulta- neamente, ter o maior cuidado, ao cumprir o dever indeclinável de investigação, de não atentar contra os ensinamentos da doutrina cristã. É que isso seria, então, causar a perturbação e a perplexidade em muitas almas fiéis, como infelizmente se pode verificar nos dias de hoje». Depois, em muitos pontos, Paulo VI, com um «realismo vigoroso» (Cardeal Garrone – La Profession de Foi de Paul VI. Introduction, p. 47), define claramente princípios incontornáveis: (a) − concepção virginal de Jesus − «Cremos que Maria é a Mãe sempre Virgem do Verbo Encarnado, nosso Deus e Salvador Jesus Cristo (...)», acompanhada de referências esparsas a vários dogmas marianos; (b) − pecado original − «Cremos que em Adão todos pecaram; isto significa que a falta original, cometida por ele, fez com que a natureza humana, comum a todos os homens, caísse num estado em que arrasta as consequências desta falta e que não é aquele em que se encontrava antes, nos nossos primeiros pais, constituídos em santidade e justiça, e em que o homem não conhecia o mal nem a morte. É a natureza humana assim decaída, despojada da graça que a revestia, ferida nas suas