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USABILIDADE NA WEB

No documento WWW/INTERNET 2012 (páginas 185-190)

Leandro Agostini do Amaral1,Thiago Jabur Bittar2 eRenata Pontin de Mattos Fortes1

1Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, USP, São Carlos-SP, Brazil

2UFG - Catalão - GO, Brazil , USP – ICMC, São Carlos-SP, Brazil

RESUMO

A acessibilidade, tão como a usabilidade, tem grande importância no ambiente Web para absorção e criação de conteúdo.

No sentido de investigar a relação entre esses dois conceitos, este artigo visa propor um planejamento objetivo para contrapor análises em ambas direções. Como resultados, são apresentadas as principais ferramentas de avaliação e a proposta de um ambiente de análise de relatórios das avaliações.

PALAVRAS CHAVES

Acessibilidade, Usabilidade, Heurísticas, Avaliação.

1. INTRODUÇÃO

O desafio da área de Acessibilidade Web é garantir que os projetos de aplicações permitam que qualquer usuário possa perceber, entender e interagir com as aplicações, bem como criar e contribuir com conteúdo.

Sua importância é notória, pois visa proporcionar oportunidades iguais a todos, tendo em vista o crescente valor do conteúdo disponibilizado no ambiente online para educação, negócios, governo, comércio e lazer. Já o desafio da área de usabilidade consiste em garantir que o usuário realize com facilidade as funcionalidades disponibilizadas pela aplicação Web e, assim, muitos desenvolvedores e pesquisadores consideram que se confrontada com acessibilidade, pode se configurar um conflito de forças, pois ambas as áreas devem ser atendidas, e ao priorizar uma, a outra pode ser comprometida (LANGDON; PERSAD; CLARCKSON, 2010). Para identificar uma possível relação entre os dois conceitos, faz-se necessário o planejamento de um ambiente de análise de avaliações, que possibilite contrastar os resultados da checagem dos artefatos com os respectivos conjuntos de critérios.

Este artigo está organizado da seguinte maneira: na Seção 2 são abordados os conceitos de Acessibilidade e Usabilidade Web, bem como os diferentes meios de avaliação envolvidos para verificar o grau de observância das aplicações com os critérios pré estabelecidos. A Subseção 2.1 especifica os métodos utilizados na avaliação da usabilidade, como a avaliação heurística (2.1.1), a inspeção de recomendações ergonômicas (2.1.2) e o uso de questionários (2.1.3). A Subseção 2.2 trata da avaliação de acessibilidade, enquanto a Subseção 2.3 apresenta a linguagem de relatórios EARL. A Seção 3 apresenta os resultados, como as ferramentas semiautomáticas utilizadas na avaliação de acessibilidade (Subseção 3.1) e usabilidade (Subseção 3.2), além da representação do ambiente proposto para se obter análises objetivas de artefatos, considerando critérios de usabilidade e acessibilidade, a fim de contribuir com o estudo de correlação entre os conceitos.

2. ACESSIBILIDADE E USABILIDADE

Acessibilidade é um assunto que cresce a cada dia, porém ainda é pouco explorado, considerando sua vital importância no que concerne à equiparação de direitos na concepção e incorporação de conhecimento a todas

as pessoas. A usabilidade, por sua vez, abrange um conteúdo mais consolidado e difundido, haja vista seu impacto direto no reflexo de qualidade das aplicações.

Alguns estudiosos colaboram com afirmações controvérsias sobre a relação existente entre os dois conceitos. Para THATCHER, J. (2006), problemas de acessibilidade afetam tão somente usuários com alguma disfunção, enquanto PETRIE, H. e KHEIR, O. (2007) afirmam que frequentemente usuários deficientes, assim como os não, encontram os mesmos problemas, porém são afetados diferentemente. A partir de um experimento objetivando identificar essa relação, SLATIN, J. e LEWIS, K. (2002) encontraram que para usuários deficientes, a aplicação de diretivas de acessibilidade melhora significativamente a experiência nos sites, enquanto usuários normais não visualizam diferenças significativas, contribuindo para a afirmação de que acessibilidade não necessariamente aumenta a usabilidade.

2.1 Avaliação de Usabilidade

Os métodos utilizados para avaliação de usabilidade consistem, grande parte, em testes empíricos com a participação de usuários e testes de inspeção. Os testes de inspeção são efetuados a partir da análise por um especialista (expert), em busca de incompatibilidades que afetem a usabilidade na aplicação, como acontece na avaliação heurística.

Já a participação de usuários se dá por meio de questionários ou pelo acompanhamento do usuário na execução de tarefas na aplicação. Nas subseções a seguir, são apresentados os métodos mais utilizados para avaliação de usabilidade.

2.1.1 Avaliação Heurística

A avaliação heurística foi criada por Nielsen e Molich (NIELSEN, 2003) e é caracterizada pela inspeção sistemática da aplicação em relação à usabilidade. Um avaliador avalia a interface de uma aplicação Web, a partir dos princípios de usabilidade denominados heurísticas.

Para aumentar a confiabilidade das avaliações e evitar vieses, é indicado que mais de um avaliador faça a verificação, individualmente, para então, ao final, apresentarem seus resultados e contrastarem com as outras avaliações. Nielsen indica o número de 3 a 5 avaliadores como o de maior custo/benefício (NIELSEN, 2003).

Durante a avaliação, que tem duração média de uma a duas horas, o próprio avaliador pode tomar nota ou esse papel pode ser atribuído a um observador, que acompanha as interações do avaliador e pode colaborar respondendo as dúvidas a respeito do protótipo. Após todos os avaliadores terem finalizado suas obrigações, os observadores têm a tarefa de reunir os resultados, que são representados em uma lista de problemas, princípios violados e as respectivas intensidades de gravidade de usabilidade, em um único documento.

2.1.2 Inspeção de Recomendações Ergonômicas

As recomendações ergonômicas, ou guidelines e checklists foram elaboradas como resultados de pesquisas em psicologia, ciência cognitiva e ergonomia. Podem ser utilizadas na concepção e avaliação da interface (WINCKLER e PIMENTA, 2002).

A inspeção consiste em um ou mais avaliadores analisando minuciosamente se as recomendações são seguidas na utilização da aplicação. Considerando a difícil aplicabilidade de algumas recomendações, ferramentas automáticas não podem contribuir e a avaliação pode exigir um conhecimento profundo por parte do condutor, para tanto, podem ser utilizadas as checklists, que são pontos objetivos a serem seguidos e requerem menos esforço para compreensão e identificação. Porém, por serem muito objetivas, podem ser constituídas por centenas de pontos a serem averiguados, contribuindo significativamente com o tédio dos inspetores. Alguns conjuntos de recomendações são: HHS Guidelines, ISO DIS 9241-151 e JISC Guidelines.

2.1.3 Questionários

Questionários são utilizados para obter informações a respeito da experiência do usuário com a aplicação, a fim de identificar seu grau de satisfação durante o uso, traçar o perfil, tanto funcional, como pessoal de cada usuário, além de contribuir na identificação de problemas encontrados, documentando-os nesse formato, possibilita a análise simultânea em inúmeros locais distintos.

Podem ser disponibilizados online, possibilitando atingir um número elevado de usuários. Porém, os resultados precisam ser cuidadosamente analisados, a fim de se obter uma conclusão a respeito da usabilidade. Isso pode despender um tempo elevado e um grande esforço por parte do avaliador.

2.2 Avaliação de Acessibilidade

Avaliação de acessibilidade corresponde a quão bem aplicações Web podem ser utilizadas por pessoas com deficiências e, são consideradas em diferentes cenários (ABOU-ZAHRA, 2008): desenvolvedor Web objetivando confirmar a conformidade do desenvolvimento com padrões de acessibilidade requeridos; autor de conteúdo Web investigando a conformidade da informação publicada com os padrões, com o objetivo de ser compreendida pelo maior número de pessoas; webdesigner que quer aprender questões de acessibilidade em design, a fim de usá-las no processo de criação; gerente de projetos Web que deseja explorar algumas questões potenciais de acessibilidade no site, para estimar sua performance; organização que almeja determinar se suas páginas Web se encontram nos padrões, para garantir acessibilidade ou encontrar falhas nesse quesito.

Existem inúmeras ferramentas de avaliação semiautomáticas para contrapor critérios e aplicações Web.

No estudo aqui exposto, o foco será as que tratem acessibilidade e usabilidade. Considerando a estagnação do conteúdo que lista as principais ferramentas de avaliação pelo W3C desde 2006, faz-se necessário um maior aprofundamento na pesquisa a fim de se obter ferramentas que tenham sido criadas desde então. Aqui se entende por semiautomática, a ferramenta que necessita de interação humana para concretizar a avaliação.

2.3 Evaluation and Report Language (EARL)

A EARL é uma linguagem que define um vocabulário para expressar resultados de testes. Ela permite a qualquer pessoa, aplicação de software ou organização, representar resultados para qualquer teste de conteúdo contra um conjunto de critérios e, seu nível de cumprimento. O conteúdo do teste é representado por um site, um usuário, ou qualquer outra entidade. O conjunto de critérios é composto por orientações de acessibilidade, gramáticas formais ou outros modelos de requisitos. Assim, a EARL é flexível, considerando o contexto ao qual pode ser aplicada (W3C, 2001).

Alguns casos de uso para a EARL (ABOU-ZAHRA, 2004), são: combinar relatórios, comparar resultados de teste, utilizar ferramentas de avaliação comparativas, facilita a mineração de dados, uso como relatórios, integração com ferramentas de autoria, interação com Web Browsers e ntegração em Search Engines. Outros usos: contrastar avaliadores e ferramentas, avaliar o progresso com o tempo e encontrar o site mais acessível.

Espera-se, assim, que ela possa ser a base para outros vocabulários.

Atualmente, a EARL está em fase de desenvolvimento, porém em junho houve a última chamada para a revisão em estado Draft. Desde 2001 ela é suficiente para expressar 95% das avaliações (W3C, 2001). O documento técnico da EARL foi desenvolvido pelo grupo de trabalho em ferramentas de avaliação ERT WG, o qual forma parte do W3C e da Web Accessibility Initiative (WAI), desde 2001.

3. RESULTADOS

3.1 Ferramentas para Avaliação de Acessibilidade

Existem softwares que automatizam as avaliações contrastando o conteúdo dos sites aos critérios de acessibilidade. Dentre inúmeras ferramentas listadas pelo W3C, estão as apresentadas abaixo, das quais apenas a TAW disponibiliza testes baseados em critérios da WCAG 2.0, conjunto de diretrizes disponibilizado em 11 de dezembro de 2008.

Tabela 1. Ferramentas de avaliação de acessibilidade

Ferramenta Desenvolvedor Licença para uso EARL

AccessValet WebThing Ltd Shareware Não

AccMonitor HiSoftware Shareware Não

AccVerify HiSoftware Shareware Sim

CynthiaSays HiSoftware Freeware Não

DaSilva Acessibilidade Brasil Freeware Não

Hera Fundación Sidar Freeware Sim

WAVE WebAIM Freeware Não

3.2 Ferramentas para Avaliação de Usabibilidade

Existem ferramentas de avaliação, assim como acontece em acessibilidade, para avaliar automaticamente a usabilidade em um site, porém a maioria não faz análise ergonômica, que diz respeito à capacidade de trabalho perceptivo, cognitivo e motor do usuário, limitando-se à validação da sintaxe HTML. Como exemplo, pode-se citar o Boddy , Dr. Watson e o Lift.

Tabela 2. Ferramentas de avaliação de usabilidade

Ferramenta Desenvolvedor Licença para uso EARL

Bobby CAST Freeware Não

Dr. Watson Addy & Associates Freeware Não

Lift UsableNet Freeware Não

3.3 Ambiente de Análise

Este trabalho contempla atividades e base teórica para a investigação do potencial de uma linguagem disponibilizada pelo World Wide Web Consortium (W3C), ainda em estado Draft, para representar resultados de testes de avaliações em formato padronizado, tornando-os compreensíveis por outras aplicações que podem utilizá-los para conduzir a uma experiência com maior respeitabilidade aos critérios expostos durante a avaliação. A partir de resultados nesse formato, é proposto o desenvolvimento de um ambiente de análise, a fim de investigar a correlação da usabilidade e acessibilidade.

O ambiente é ilustrado na Figura 1, a qual representa como entrada para o sistema, relatórios EARL, resultantes tanto de ferramentas automáticas de acessibilidade como também de um formulário de análise de usabilidade baseado nas recomendações de Nielsen, a fim de possibilitar a investigação da correlação entre os conceitos. O sistema possibilita o contraste dos resultados obtidos para mais de um relatório do mesmo conteúdo, gerados por ferramentas distintas.

Após submissão dos relatórios em EARL no sistema, as telas de critérios são preenchidas com ícones representativas de compatibilidade com os critérios (V), de incompatibilidade com os critérios (X) e de não conclusão (?), necessitando interação humana, a fim de investigar a validade desses.

A fim de evitar desgaste dos desenvolvedores (perfil foco do ambiente), os critérios foram minimizados na apresentação das diretrizes, podendo se estender aos níveis de conformidade a partir das recomendações de cada diretriz, posicionando o cursor do mouse sob as diretrizes, obtendo o relatório completo de conformidade.

O ambiente comporta a análise de artefatos padrões, os quais serão previamente populados no sistema. Na Figura 1, por exemplo, um accordion está sendo avaliado. Essa decisão propõe utilizar o que já foi desenvolvido em relação à acessibilidade, a partir da ferramenta de colaboração AccessibilityUtil, utilizada como base para colaboração na tomada de decisão dos desenvolvedores.

O desenvolvedor pode escolher publicar seu resultado de conformidade para ser visível e comentado por outros desenvolvedores, com o propósito de servir como base no desenvolvimento de outros usuários, como também receber contribuições por intermédio de um desenvolvimento colaborativo. Para isso, a ferramenta possibilita a inserção e visualização do código fonte do artefato em desenvolvimento.

Na tela de visualização do artefato, o desenvolvedor tem a possibilidade de analisar casos de sucesso na obtenção de altos níveis de acessibilidade e usabilidade, promovendo conhecimento necessário para aumento de cobertura das diretrizes avaliadas.

Figura 1. Ambiente de análise entre resultados de avaliações de acessibilidade e usabilidade

4. CONCLUSÃO

A pesquisa contribui nos campos de usabilidade e acessibilidade, listando ferramentas de avaliação semiautomáticas e propondo uma solução que visa confrontar o preceito que muitos desenvolvedores tomam como premissas no desenvolvimento, que é a inviabilidade de manter sites acessíveis, sem perder a origem das funcionalidades propostas, além de contribuir significativamente com as pesquisas ao mostrar a linguagem EARL, utilizá-la como base de um estudo mais aprofundado e incentivar novas pesquisas relacionadas a ela. A partir dos resultados obtidos das avaliações semiautomáticas dispostas em relatórios EARL, será possível averiguar possíveis comportamentos repetitivos, que introduzem a uma análise de contraposição de forças, envolvendo critérios de acessibilidade e usabilidade.

AGRADECIMENTO

Agradecimento à agência de fomento FAPESP pelo financiamento na modalidade de bolsa de mestrado, sendo esse artigo um dos produtos da pesquisa.

REFERÊNCIAS

ABOU-ZAHRA, S. “Semantic web enabled web accessibility evaluation tools”. World Wide Web Consortium, 2004.

ABOU-ZAHRA, S. Web Accessibility evaluation. “Web accessibility: a foundation for research”, [S.l.]: Springer, 2008.

p. 80.

LANGDON, P.; PERSAD, U.; CLARCKSON, P. J. “Developing a model of cognitive interaction for analytical inclusive design evaluation”. Interact. Comput. 22, 6 (November 2010), 510-529.

LEEDY, P. D.; ORMROD, J. E. “Practical research: planning and design” (8th ed.). Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2005.

NIELSEN, J. “Usability engineering”. Boston - USA: Academic Press, 362 p., 2003.

PETRIE, H.; KHEIR, O.: The relationship between accessibility and usability of websites. In: Proc. CHI 2007, pp. 397–

406. ACM, CA, 2007.

SLATIN, J.; LEWIS, K.: Challenges of accessible web design: Standards, guidelines, and user testing. In: Technology and Persons with Disabilities Conference, Los Angeles, USA. CSUN, California State University Northridge, 2002.

THATCHER, J.; et. al. Web Accessibility: Web Standards and Regulatory Compliance, Friends of ED, 2006.

W3C EARL – “The evaluation and report language”, 9 dez. 2001. Disponível em: <http://www.w3.org/2001/03/earl/>.

Acesso em out. 2011.

WINCKLER, M.; PIMENTA, M. S. Textbook of X Escola de Informática of SBC-Sul, Sociedade Brasileira de Computação, Porto Alegre - RS, p. 85-137, 2002.

A GESTÃO E VENDA ONLINE DE PRODUTOS

No documento WWW/INTERNET 2012 (páginas 185-190)