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Capítulo IV Os Vídeos: um recurso

1. Os Vídeos didácticos

1.4. Vantagens e desvantagens na sua utilização

Para Cinelli (2003) o vídeo pode auxiliar o desenvolvimento dos conteúdos escolares, oferecendo ao aluno e ao professor uma perspectiva de exploração extremamente rica:

“ através da tela podemos ir ao fundo do mar e ao espaço sideral, conseguimos percorrer longas distâncias quase simultaneamente ou passear no interior de uma célula” (Cinelli 2003: 38-39).

Para a autora são muitas as vantagens do uso do vídeo na sala de aula:

a) A primeira das grandes vantagens do uso do vídeo na sala de aula reside no facto do utilizador poder manuseá-lo, manipulá-lo como se “folheasse um livro”: avanços, recuos, repetições, pausas, todas essas interferências no ritmo e norma habitual de apresentação da mensagem audiovisual que distinguem a televisão do vídeo.

b) Podem auxiliar o desenvolvimento dos conteúdos escolares, oferecendo ao aluno e ao professor uma perspectiva de exploração extremamente rica: exemplos; através da tela podemos ir ao fundo do mar e ao espaço sideral, conseguimos percorrer longas distâncias quase simultaneamente ou passear no interior de uma célula. c) A análise dessas estratégias de conteúdo e a forma de apresentação, inscritos no

vídeo, pode ser feita pelo aluno. Pela exploração de uma mensagem complexa, pela estimulação da curiosidade, da investigação, da dedução busca-se que o aluno aprenda a aprender. Este efectuará diversos níveis de actuação em termos de componentes psicológicas, que lhe permitirão o desenvolvimento do processo de aquisição de conhecimentos. Pela exploração de uma mensagem complexa, pela

estimulação da curiosidade, da investigação, da dedução pretende-se que o aluno aprenda a aprender. Os limites inexoráveis da mensagem audiovisual (lacunas, incongruências, informações muito específicas) podem funcionar como trunfos, se sabiamente aproveitados, exigirão que o recurso ao vídeo seja articulado com outros suportes e métodos de interacção do aprendiz com o conhecimento. Isso supõe a previsão de outras actividades antecedentes e consequentes associadas ao trabalho com a linguagem audiovisual.

d) É essencial que salientemos que a dimensão conteúdo não tem a exclusividade sobre a forma de apresentação desse conteúdo. Tanto um como outro elemento devem fazer com que o objecto de trabalho seja valido tanto para o professor como para o aluno.

e) O vídeo concebe as condições e assegura a participação e a valorização da contribuição, do maior número de aluno possível, na situação. A troca de experiências, de conhecimentos anteriores, de visões diferentes da mensagem entre outros aspectos, parece contribuir para criar condições ao estabelecimento de uma nova e rica relação no processo de ensino e aprendizagem. A exploração verbal, a busca de precisão em tal exposição, o aumento do léxico, a identificação e tomada de consciência pelos próprios alunos, a elaboração de diferentes raciocínios e diferentes maneiras de ver um mesmo fenómeno, assim como, o exercício de descrição, identificação, defesa de pontos de vista, argumentação, entre outros, parecem constituir alguns dos elementos potencialmente positivos consequentes dessa forma de actuação.

f) É um recurso tecnológico capaz de inserir na relação ensino/ aprendizagem, o espaço para a contextualização do conhecimento, que tem a possibilidade de ir muito além do conteúdo expresso pelo vídeo. As consequências, os prolongamentos, os antecedentes, enfim todas as demais dimensões que o referido conhecimento apresenta poderão ser exploradas a partir do trabalho com o vídeo.

g) O vídeo pode originar um projecto de trabalho nas múltiplas áreas do conhecimento do 1.º Ciclo do Ensino Básico (matemática, Estudo do Meio, língua Portuguesa, …) permitindo a exploração do conteúdo por meio de análise e temas enriquecidos com pesquisas em outras fontes.

De facto uma das vantagens do vídeo é apresentar o “movimento”, quer se trate de objectos, de animais ou de pessoas. A essa vantagem a técnica associou uma série de outras, como por exemplo, os efeitos chamados de câmara lenta, câmara rápida etc. Dessa maneira, as possibilidades do vídeo foram aumentadas, o que passa a fazer dele elemento imprescindível na apresentação e visualização de determinados assuntos (Cabero, 2002).

O recurso ao vídeo no contexto da sala de aula pode ter imensas vantagens, contudo Ruiz (1992: 117-121), aponta que apesar de toda a tecnologia possuir vantagens também detém desvantagens. No caso do vídeo o balanço feito é nitidamente positivo e aumentar a sua eficácia consiste em saber como neutralizar as dificuldades, no entanto, na sala de aula revela alguns problemas que se devem sempre ter em conta no momento da planificação da aula e de ser posta em prática a sua visualização e avaliação.

a) O excesso de informação: do ponto de vista didáctico uma das desvantagens a ter em conta é o excesso de informação. A grande quantidade de informação proporcionada pelas imagens em movimento, a complexidade narrativa e a excessiva duração podem gerar algumas restrições à sua utilização em sala de aula. Alguns vídeos cuja duração se aproxima dos 50 minutos dificultam a atenção continuada, produzindo cansaço e relaxamento, ao mesmo tempo, que a partir de certa altura os alunos têm dificuldade em sequencializar os factos. Perante a impossibilidade de assimilação de tanta informação, os alunos filtram-no segundo critérios que eles próprios estabelecem e que nem sempre coincidem com os objectivos didácticos.

b) Selecção da informação: Antes de transmitir um vídeo o professor deve ter o cuidado de seleccionar a informação segundo critérios previamente definidos para não correr o risco de “gastar” a atenção dos seus alunos em conteúdos sem interesse. Assim, a selecção da informação é um outro aspecto relevante a considerar.

c) Capacidades de compreensão espacial e temporal: Frequentemente os vídeos exigem capacidades de compreensão espacial e temporal para as quais os alunos, dependendo da faixa etária em que se encontram, não estão preparados. As capacidades de compreensão espacial e temporal são muito importantes uma vez

que certos documentos exigem um desenvolvimento destas capacidades para a sua compreensão. Nem sempre o tempo e o espaço “fílmicos” têm relação com o tempo e o espaço reais. Ao analisar os vídeos a transmitir há que ter em atenção este aspecto e ter em conta a faixa etária dos alunos a que se destina a projecção. d) Mecanismos de selecção e interpretação: Estes dependem dos conhecimentos,

capacidades, interesses e experiências dos alunos, que diferem consoante a faixa etária. É típico dos alunos, fixarem a sua atenção em certos aspectos e passarem por alto informações significativas para a aprendizagem. Assim, convém estabelecer estratégias que canalizem a atenção e expliquem de antemão questões mais confusas e difíceis de entender.

e) Complexidade da estrutura narrativa: muitos vídeos detêm uma estrutura narrativa muito complexa devido à grande afluência de mecanismos de suspense, tais como, imagens que passam a grande velocidade em planos de curta duração; variedade de situações sem ordem. Ora muitas vezes os alunos têm dificuldade em reter o essencial da mensagem.

f) A variedade de códigos: a linguagem utilizada nos documentos audiovisuais é também muito complexa e serve-se de uma variedade de códigos (sonoros, visuais, audiovisuais, escritos, etc.). O professor consegue adquirir um certo domínio dele, mas deve questionar-se a que nível de compreensão se encontram os seus alunos, qual o seu nível de literacia audiovisual.

g) Os conteúdos de atitude: a vasta lista de conteúdos de atitude, porquanto, muitos programas de vídeo didácticos ou lúdicos têm atitudes implícitas e valores difíceis de detectar à primeira vista, porém, capazes de gerar aprendizagens.

h) Credibilidade da informação: pode ser uma desvantagem do vídeo, uma vez que algumas autoridades académicas podem negar a qualidade das informações, apesar de estas poderem ter grande credibilidade para a infância.

i) Tensão emocional: muitos documentos prendem a atenção do destinatário na acção à qual nem sempre estão subjacentes os conteúdos que se pretende que ele adquira. Isto pode originar problemas como distrair o destinatário do núcleo de interesse

previsto e criar mau estar em caso de interrupção do vídeo. A tensão emocional gerada pelo conteúdo do vídeo pode ser considerada uma desvantagem.

j) A educação pelo gosto: a escolha do documento a apresentar deve ter em conta a qualidade estética e eliminar o que não interessa

Assim, as desvantagens ou problemas na utilização do vídeo didáctico, no contexto educativo, podem ser superados desde que o professor o analise previamente e estruture os conteúdos a transmitir e seleccione com algum rigor e precisão as partes referentes aos mesmos.

1.4.1. Desvantagens mais frequentes e soluções alternativas

Problemas

Soluções

Por parte

do professor

-Dedicar demasiado tempo à apresentação.

-Dizer o conteúdo do documento audiovisual.

-Tecer valorações acerca do conteúdo audiovisual.

-Ausentar-se da sala d aula. -Executar outra actividade. -Demonstrar ansiedade. -Resolver problemas técnicos.

-Gerar um ambiente adequado.

-Evitar falsas expectativas. Esclarecer termos difíceis ou confusos.

Observar a reacção dos alunos. Evidenciar interesse. Por parte do vídeo didactico -O excesso de informação. -A selecção da informação.

-Compreensão espacial e temporal -Selecção e interpretação da informação.

-A variedade de códigos. -Os conteúdos de atitude -A credibilidade da informação. -A tensão emocional -A educação do gosto -Selecção de fragmentos -Dosificação -Centrar a atenção -Analisar a informação -Valorização das dificuldades -Ajuda pontual do professor -Seleccionar blocos -Modificar a sequência -Analisar por capas -Valorizar as dificuldades -Atenção especial

-Desmistificar o medo

-Usar documentos conhecidos -Facilitar o visionamento fora da aula

-Cuidar da qualidade estética Quadro 16: Desvantagens mais frequentes e soluções alternativas segundo