• Nenhum resultado encontrado

VII III APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES

VII PROCESSOS DE ORDEM SF

VII III APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES

143

CÂMARA ESPECIALIZADA DE ENGENHARIA ELÉTRICA

REUNIÃO N.º 598 ORDINÁRIA DE 18/12/2020

Julgamento de Processos

SF-680/2019 CREA-SP

Trata-se de apuração de irregularidades quanto a conduta ética profissional do Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho Hélio Rodrigues Ramacciotti, perito do Instituto de Criminalística, designado para atender requisição de autoridade policial a respeito das causas da queda de helicóptero em abril de 2015. Histórico:

Os autos se iniciam com cópia de reportagem da revista Veja de folhas 04 a 06, com o seguinte título:” Perito é acusado de mentir sobre queda do helicóptero com filho de Alckmin (Hélio Ramacciotti), do Instituto de Criminalística (IC) se tornou réu por não dizer a verdade na investigação”, de folha 07 a 10 consta cópia de reportagem do Jornal Estado de São Paulo com o título: “MP vê falha em laudo de queda de helicóptero que matou filho de Alckmin”, e de folha 11 a 13 consta reportagem do G1 com o título: “Perito que analisou queda de helicóptero com filho de Alckmin vira réu após MP apontar falhas em laudo”. De folhas 14 a 17 consta Despacho do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo de Recebimento de Recurso em Sentido Estrito, assunto: Ação penal – Procedimento Ordinário – Falso testemunho ou falsa perícia.

Consta em folha 18 o Resumo de Profissional onde se verifica que o Engenheiro Hélio Rodrigues Ramacciotti, CREA 0600796429, está registrado desde 25/05/1980 e possui títulos de Engenheiro

Eletricista e de Segurança do Trabalho, com atribuições do artigo 8º da Resolução 218/73, e do artigo 4º da Resolução 359/91 do CONFEA.

De folhas 19 a 36 constam diversas ART’s do citado profissional, de assessoria/consultoria parecer de PPRA (NR9) e LTCAT. Não consta ART para o seu referido Laudo do Instituto

De folhas 43 a 54 consta denúncia d o MPESP - Promotoria de Justiça de Carapicuíba em desfavor do Engenheiro Hélio Rodrigues Ramacciotti, onde requere concessão de medida cautelar para o afastamento do denunciado do cargo de perito, com alegação de falsidades descritas em seu laudo, aliadas a equívocos da investigação policial, redundaram em indiciamento indevido de pessoas.

Em folha 55 temos ofício da UOPSCSUL solicitando manifestação formal quanto a denúncia formulada pelo Ministério Público do estado de São Paulo.

De folhas 57 a 71 consta a defesa apresentada pelo Escritório Domingues AdvogadoS Associados S/C em nome de Engenheiro Hélio Rodrigues Ramacciotti ao CREASP, que em sua defesa contrapõe as alegações do MP e alega que, dada sua ínfima importância no contexto, não modificam a conclusão do laudo.

De 72 a 76 constam decisões do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo de: citação do réu para apresentar defesa, indeferimento de pedido de medidas cautelares e de desígnio de audiência de instrução, debates e julgamento.

De folhas 83 a 85 consta reportagem do portal R7 com o título: “TJ afasta perito acusado de mentir sobre morte de filho de Alckmin”.

Em folha 80 temos a UGI Santo André sugere o encaminhamento do processo para a CEEE para análise e manifestação.

Parecer:

Considerando a Lei 5.194/66, que regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo, e da outras providências: que destacamos abaixo:

Art. 6º- Exerce ilegalmente a profissão de engenheiro, arquiteto ou engenheiro agrônomo:

a) a pessoa física ou jurídica que realizar atos ou prestar serviços, públicos ou privados, reservados aos profissionais de que trata esta Lei e que não possua registro nos Conselhos Regionais:

b) o profissional que se incumbir de atividades estranhas às atribuições discriminadas em seu registro; Art. 7º- As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto e do engenheiro-agrônomo consistem em: a) desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, paraestatais, autárquicas e de economia mista e privada; b) planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas,

MIGUEL APARECIDO DE ASSIS

73

Proposta Relator Processo/Interessado Nº de Ordem

144

CÂMARA ESPECIALIZADA DE ENGENHARIA ELÉTRICA

REUNIÃO N.º 598 ORDINÁRIA DE 18/12/2020

Julgamento de Processos

cidades, obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da produção industrial e agropecuária; c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação técnica; d) ensino, pesquisa, experimentação e ensaios; e) fiscalização de obras e serviços técnicos;

Confea – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia LDR - Leis Decretos, Resoluções f) direção de obras e serviços técnicos; g) execução de obras e serviços técnicos; h) produção técnica especializada, industrial ou agropecuária. Parágrafo único - Os engenheiros, arquitetos e engenheiros- agrônomos poderão exercer qualquer outra atividade que, por sua natureza, se inclua no âmbito de suas profissões.

Art. 8º- As atividades e atribuições enunciadas nas alíneas "a", "b", "c", "d", "e" e "f" do artigo anterior são da competência de pessoas físicas, para tanto legalmente habilitadas. Parágrafo único - As pessoas jurídicas e organizações estatais só poderão exercer as atividades discriminadas no Art. 7º, com exceção das contidas na alínea "a", com a participação efetiva e autoria declarada de profissional legalmente habilitado e registrado pelo Conselho Regional, assegurados os direitos que esta Lei lhe confere. Art. 45 - As Câmaras Especializadas são os órgãos dos Conselhos Regionais encarregados de julgar e decidir sobre os assuntos de fiscalização pertinentes às respectivas especializações profissionais e infrações do Código de Ética.

Art. 46 - São atribuições das Câmaras Especializadas:

a) julgar os casos de infração da presente Lei, no âmbito de sua competência profissional específica; b) julgar as infrações do Código de Ética;

c) aplicar as penalidades e multas previstas;

d) apreciar e julgar os pedidos de registro de profissionais, das firmas, das entidades de direito público, das entidades de classe e das escolas ou faculdades na Região;

e) elaborar as normas para a fiscalização das respectivas especializações profissionais;

f) opinar sobre os assuntos de interesse comum de duas ou mais especializações profissionais, encaminhando-os ao Conselho Regional.

Considerando a Resolução 1008 de 09 de dezembro de 2004 que dispõe sobre os procedimentos para instauração, instrução e julgamento dos processos de infração e aplicação de penalidades, e da outras providências: da qual destacamos abaixo:

Art. 2º Os procedimentos para instauração do processo têm início no Crea em cuja jurisdição for verificada a infração, por meio dos seguintes instrumentos:

I – denúncia apresentada por pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado; Confea – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia LDR - Leis Decretos, Resoluções.

II - denúncia apresentada por entidade de classe ou por instituição de ensino; III - relatório de fiscalização;

IV – iniciativa do Crea, quando constatados, por qualquer meio à sua disposição, indícios de infração à legislação profissional.

Parágrafo único. No caso dos indícios citados no inciso IV, o Crea deve verificá-los por meio de fiscalização ao local de ocorrência da pressuposta infração.

Art. 20. A câmara especializada competente julgará à revelia o autuado que não apresentar defesa, garantindo-lhe o direito de ampla defesa nas fases subseqüentes.

Parágrafo único. O autuado será notificado a cumprir os prazos dos atos processuais subseqüentes. Art. 40. Nenhuma penalidade será aplicada ou mantida sem que tenha sido assegurado ao autuado pleno direito de defesa.

Art. 53. As notificações e o auto de infração devem ser entregues pessoalmente ou enviados por via postal com Aviso de Recebimento - AR ou por outro meio legal admitido que assegure a certeza da ciência do autuado.

§ 1º Em todos os casos, o comprovante de entrega deverá ser anexado ao processo.

Considerando o anexo da RESOLUÇÃO Nº 1.004, DE 27 DE JUNHO DE 2003, da qual destacamos: CAPÍTULO III

DO INÍCIO DO PROCESSO

Art. 7º O processo será instaurado após ser protocolado pelo setor competente do Crea em cuja jurisdição ocorreu a infração, decorrente de denúncia formulada por escrito e apresentada por:

145

CÂMARA ESPECIALIZADA DE ENGENHARIA ELÉTRICA

REUNIÃO N.º 598 ORDINÁRIA DE 18/12/2020

Julgamento de Processos

I – instituições de ensino que ministrem cursos nas áreas abrangidas pelo Sistema Confea/Crea; II – qualquer cidadão, individual ou coletivamente, mediante requerimento fundamentado;

III – associações ou entidades de classe, representativas da sociedade ou de profissionais fiscalizados pelo Sistema Confea/Crea; ou

IV – pessoas jurídicas titulares de interesses individuais ou coletivos.

Art. 8º Caberá à câmara especializada da modalidade do denunciado proceder a análise preliminar da denúncia, no prazo máximo de trinta dias, encaminhando cópia ao denunciado, para conhecimento e informando-lhe da remessa do processo à Comissão de Ética Profissional.

Considerando a Resolução nº 218, DE 29 DE JUNHO DE 1973, que discrimina atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia, da qual destacamos:

Art. 1º - Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades:

Atividade 01 - Supervisão, coordenação e orientação técnica

Atividade 06 - Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico

Art. 8º - Compete ao ENGENHEIRO ELETRICISTA ou ao ENGENHEIRO ELETRICISTA, MODALIDADE ELETROTÉCNICA:

I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes à geração, transmissão, distribuição e utilização da energia elétrica; equipamentos, materiais e máquinas elétricas; sistemas de medição e controle elétricos; seus serviços afins e correlatos.

Considerando a Resolução nº 359, DE 31 DE JULHO DE 1991, que dispõe sobre o exercício profissional, o registro e as atividades do Engenheiro de Segurança do Trabalho e dá outras providências, da qual

destacamos:

CONSIDERANDO, ainda, que tal Parecer nº 19/87 é expresso em ressaltar que "deve a Engenharia da Segurança do Trabalho voltar-se precipuamente para a proteção do trabalhador em todas as unidades laborais, no que se refere à questão de segurança, inclusive higiene do trabalho, sem interferência

específica nas competências legais e técnicas estabelecidas para as diversas modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia"; CONSIDERANDO, ainda, que o mesmo Parecer concluiu por fixar um currículo básico único e uniforme para a pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho,

independentemente da modalidade do curso de graduação concluído pelos profissionais engenheiros e arquitetos;

Art. 4º - As atividades dos Engenheiros e Arquitetos, na especialidade de Engenharia de Segurança do Trabalho, são as seguintes: 1 - Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de

Engenharia de Segurança do Trabaho; 2 - Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das instalações e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas de controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho, ergonomia, proteção contra incêndio e saneamento; 3 - Planejar e

desenvolver a implantação de técnicas relativas a gerenciamento e controle de riscos; 4 - Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de exposição a agentes agressivos de riscos físicos, químicos e biológicos, tais como poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em geral e pressões anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres e perigosos; 5 - Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo medidas preventivas e corretivas e orientando trabalhos estatísticos, inclusive com respeito a custo; 6 - Propor políticas, programas, normas e regulamentos de Segurança do Trabalho, zelando pela sua observância; 7 - Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração de projetos de obras, instalação e equipamentos, opinando do ponto de vista da Engenharia de Segurança; 8 - Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus pontos de risco e projetando dispositivos de segurança; 9 - Projetar sistemas de proteção contra incêndios, coordenar atividades de combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos para emergência e catástrofes; 10 - Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a segurança do Trabalho, delimitando áreas de periculosidade.

Voto:

1 - Pelo que foi exposto, baseado no descumprimento pelo profissional do artigo 8º da Resolução n. º 218/73, (Compete ao ENGENHEIRO ELETRICISTA ou ao ENGENHEIRO ELETRICISTA, MODALIDADE ELETROTÉCNICA:I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes à

146

CÂMARA ESPECIALIZADA DE ENGENHARIA ELÉTRICA

REUNIÃO N.º 598 ORDINÁRIA DE 18/12/2020

Julgamento de Processos

geração, transmissão, distribuição e utilização da energia elétrica; equipamentos, materiais e máquinas elétricas; sistemas de medição e controle elétricos; seus serviços afins e correlatos), bem como do artigo 2º da Lei n. º 5.194, alínea “b” (Art. 6º- Exerce ilegalmente a profissão de engenheiro, arquiteto ou engenheiro agrônomo o profissional que se incumbir de atividades estranhas às atribuições discriminadas em seu registro), se apresenta que o profissional de Engenheiro Eletricista e Engenheiro de Segurança do Trabalho Hélio Rodrigues Ramacciotti, como tendo exorbitado de suas atribuições;

Voto, desta forma, evidenciada a necessidade de apuração pela Comissão de Ética Profissional se houve infração ao Código de Ética Profissional, configurada na possível infração do artigo 9º, inciso II, alínea “d” (No exercício da profissão são deveres do profissional; II –ante a profissão; d -desempenhar sua profissão nos limites de suas atribuições e de sua capacidade pessoal de realização), e artigo 10º, inciso II, alínea “c” (No exercício da profissão são condutas vedadas ao profissional; II - ante a profissão; c – omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética profissional), do anexo da Resolução 1002/2003 – Código de Ética Profissional, favoravelmente ao encaminhamento do Processo à CEP para a possível instauração, instrução e posterior devolução de processo à esta Câmara para julgamento.2 – Pelo encaminhamento do processo a Câmara Especializada de Engenharia Mecânica e Câmara Especializada Engenharia de Segurança do Trabalho.

147

CÂMARA ESPECIALIZADA DE ENGENHARIA ELÉTRICA

REUNIÃO N.º 598 ORDINÁRIA DE 18/12/2020

Julgamento de Processos

Outline

Documentos relacionados