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DOS TERRITÓRIOS DA AML

4. VINHOS E OUTRAS BEBIDAS

O território da AML integra as regiões vitivinícolas de Lis- boa e da Península de Setúbal. Na região de Lisboa encon- tram-se os vinhos de Colares, Carcavelos, Bucelas e Ma- fra. Na margem sul do rio Tejo, na região de Vinhos da Península de Setúbal, encontram-se os vinhos de Palmela, Setúbal (Azeitão) e Montijo. A diversidade de castas no conjunto das duas regiões é considerável: 68 castas tintas, 62 castas brancas e 3 castas rosadas (CVRL, 2018; CVRPS, 2018). Dois dos quatro mais afamados vinhos licorosos do país são produzidos na região da AML: o Vinho de Car- cavelos e os Vinhos Moscatel de Setúbal e Roxo.

4.1 Os Vinhos de Carcavelos, Colares e Bucelas

Os vinhos de Carcavelos, Colares e Bucelas estão ligados entre si através da sua história, já que estas designações e as respetivas regiões foram criadas conjuntamente em 1908. Trata-se das segundas regiões vitivinícolas demar- cadas mais antigas do país, sendo a primeira a região do Douro, criada em 1756. Outro aspecto em comum é o facto de se tratarem de regiões de reduzidas dimensões, com poucos produtores e pequenas produções, mas com vinhos de grande notoriedade.

O Carcavelos é um vinho doce produzido numa área que corresponde às freguesias de São Domingos de Rana e Carcavelos, no concelho de Cascais, e parte da fregue- sia de Oeiras. As castas brancas utilizadas no vinho de Carcavelos são a Arinto, Galego Dourado, Ratinho, Rabo de Ovelha Boal e Seara Nova, e as tintas são a Periquita, Preto Martinho e Trincadeira Preta (CEVC, 2018). É um vinho de qualidade, servido habitualmente como aperiti- vo ou digestivo. As vinhas de Oeiras são já referidas num documento do século XIV. No século XVIII o vinho de Carcavelos ganha notoriedade e qualidade através da ação de Sebastião José de Carvalho e Melo, Ministro do Reino, feito Conde de Oeiras em 1759 e posteriormente Marquês de Pombal. Nessa época era já um vinho prestigiado e ex- portado, sobretudo através de Inglaterra, para a América do Norte, Índia e Austrália. Durante o século XX, a cres- cente urbanização desta região contribuiu para a redução das áreas de vinhas, subsistindo na atualidade alguns produtores e vinhos. É o caso de Adega Casal da Manteiga

e a Adega do Palácio Marquês de Pombal (CDVC, 2018; CMO, 2018). Também em Oeiras localiza-se a Confraria dos Enófilos do Vinho de Carcavelos, que possui uma loja de venda aberta ao público.

A área de produção do Vinho de Colares correspon- de às freguesias de Colares, São Martinho e de São João das Lampas. Este vinho tem a particularidade de ser cul- tivado em solos arenosos, obrigando ao plantio dos pés de videira a uma grande profundidade de modo a atingir solo fértil. Por esse motivo estas vinhas não foram afeta- das pela filoxera, doença que em 1865 dizimou grande parte das vinhas do país, em especial na região do Douro. O solo de areia impediu que o insecto provocador da filo- xera atingisse as raízes das videiras protegendo-as desta doença fatal (IVV, 2018). As áreas de vinhas foram redu- zindo em virtude do avanço das zonas urbanizadas e do abandono das atividades ligadas à terra. No entanto, nos últimos anos tem-se verificado a instalação de vinhas novas e o aparecimento de novos produtores, como é o caso do Casal de Santa Maria e da Casa Wines, em Almoçageme.

As castas recomendadas para os Vinhos de Colares são a Ramisco (tintos) e a Malvasia (brancos). Os tintos têm uma cor rubi, são ásperos e adstringentes quan- do novos, ganhando aroma e amaciando com a idade. Os brancos apresentam uma cor citrina acompanhada de um fresco perfume com gosto a fruta, que melhora com a idade. As castas autorizadas são João Santarém, Molar e Parreira Matias para os vinhos tintos e Arinto, Galego Dourado e Jampal para os brancos. A produção máxima por hectare não poderá ultrapassar os 55 hl para os vinhos tintos e os 70 hl para os brancos (Instituto da Vinha e do Vinho, 2018).

Entre Colares, Almoçageme e Azenhas do Mar en- contra-se um importante património construído ligado a este tipo de vinho, constituído por Adegas e Armazéns de

Venda de produtores locais e vinhas. É o caso da Adega Regional de Colares e da Adega Visconde de Salreu, em Colares, da Adega Viúva Gomes, em Almoçageme) e da Adega Beira-Mar, na estrada entre a Praia das Maçãs e as Azenhas do Mar.

Finalmente, a região de Bucelas é conhecida essen- cialmente pelos vinhos brancos da casta Arinto de cor ci- trina e sabor e aroma frutado e com uma certa acidez e mineralidade. Produzem-se também vinhos tintos, rosés e espumantes brancos que apresentam “aroma e sabor bastante frutados, acentuada frescura, e uma bolha fina e persistente que lhes confere uma excelente qualidade” (RVP, 2018; CMLoures, 2018). Recentemente criou-se também o Gin Lisbon Hock, inspirado nos aromas da cas- ta Arinto. “As vinhas cultivadas em Bucelas beneficiam de um microclima específico e um terroir excecional. Há séculos que o seu vinho arinto é uma referência. (…) Conhecido por Shakespeare pelo nome de “Charneco”, o vinho arinto de Bucelas tornou-se famoso na corte ingle- sa, pela mão do general Wellington, sendo aí conhecido por Lisbon Hock” (RVP, 2018; CML, 2018).

Do ponto de vista do património e da preservação da memória existem em Bucelas alguns espaços museológi- cos ligados ao vinho e à vinha, como o Museu da Vinha e do Vinho de Bucelas, o próprio Museu Municipal, que inclui peças ligadas às actividades agrícolas e vitivinícolas e a Enoteca Caves Velhas. Alguns do produtores locais são a Quinta da Murta, a Quinta Chão do Prado, a Quinta da Ro- meira, as Caves Velhas, a Quinta Avelar, o Casal de Além e Hugo Mendes.

Igualmente integrados na Região de Vinhos de Lisboa são também os vinhos produzidos no concelho de Mafra, sendo os principais produtores a Quinta de Sant’Ana, a Maznwine, a Adega Cooperativa da Azueira e a Casa Ra- milo (CMMafra, 2019).

4.2 O Moscatel e outros vinhos da Península de Setúbal Palmela e Setúbal fazem parte da Região de Vinhos da Península de Setúbal, que conta com diversos produ- tores e uma enorme variedade de vinhos tinto, brancos, rosés, o conhecido vinho licoroso Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo, e ainda o licor Arrabidino. As princi- pais castas desta região são Arinto, Aragonez, Castelão, Fernão Pires, Moscatel de Setúbal, de Alexandria ou Graúdo, Moscatel Roxo, Syrah e Touriga Nacional (CVRPS, 2017). Todos estes produtos podem ser de- gustados e adquiridos na Casa Mãe da Rota dos Vinhos da Península de Setúbal, localizada em Palmela, onde também se podem encontrar outros produtos tradicio- nais de qualidade, como bolos regionais, mel, compotas, manteiga de ovelha ou queijo de Azeitão.

Os vinhos do Montijo inserem-se na Região de Vinhos da Península de Setúbal. A principal casta des- ta região é a Periquita, também conhecida por Castelão Francês. Recentemente outras castas têm enriquecido os vinhos destes territórios, designadamente as castas Syrah, Alicant Bouchet e Petit Verdot, nos vinhos tintos, e Sauvignon Blanch, Chardonnay e Verdelho nos vinhos brancos (CMMontijo).

Alguns dos produtores de vinho da Península de Setúbal integrados na AML são: a Adega Camolas (Palmela), a Adega de Palmela, a ASL Tomé (Pinhal Novo, Palmela), a Bacalhôa, Vinhos de Portugal (Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal), a Casa Agrícola Assis Lobo (Palmela), a Casa Agrícola Horácio Simões (Quinta do Anjo, Palmela), a Casa Ermelinda de Freitas (Fernando Pó, Palmela), a Damasceno Wines (Quinta da Serralheira, (Palmela), Fernando Pó Adega (Fernando Pó, Palmela), Filipe Palhoça Vinhos (Poceirão, Palmela), José Maria da Fonseca (Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal), Malo Wines (Azeitão, Setúbal), a Quinta do Alcube (Azeitão, Setúbal)

a Quinta do Piloto (Palmela), a Sociedade Vinícola de Palmela, Venâncio Costa Lima (Quinta do Anjo, Palme- la), e Xavier Santana (Palmela). No Montijo é de destacar a Adega de Pegões.