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ESTUDO DE CASO DE FORMAÇÃO DE CUSTO DE UMA PEÇA PRODUZIDA ATRAVÉS DO PROCESSO DE INJEÇÃO PLÁSTICA

No documento Revista dos Alunos de Administração (páginas 194-200)

Douglas Willy Rio Branco (1) Resumo

Tendo em vista o grau de importância que uma correta formação de custo tem atualmente para manter a competitividade e a lucratividade de uma empresa, o presente artigo objetiva analisar o método empregado por uma empresa de porte médio para elaboração de seus custos.

Através de uma pesquisa bibliográfica para obtenção de informações e conceitos que se devem ser empregados à uma elaboração de custo, será comparado com o que a empresa estudada esta utilizando para custear um de seus produtos. Espera-se como resultado que se constate a eficiência do método que a empresa atualmente esta empregando ou mostrá-la o que pode ser modificado para obtenção de melhores resultados.

Palavras-chave: Custeio por absorção; Custeio Variável; Preço de venda; Competitividade;

Rentabilidade.

Abstract

Due the relevance level that a correct cost forming has currently to mantain the competitiviness and profitability of a company, this article aims to analyze the methodology used by a medium-size company to elaborate its costs. Through a literature research to obtain informations and concepts that should be used to elaborate a cost, it will be compared with the company studied is using to defray one of its products. It is expected as result that constate the eficiency of the method that the company currently is using or show it that can be modified to obtain better results.

Keywords: Absorption Costing, Variable Costing; Sale Price; Competitiveness; Profitability.

(1) Aluno do curso de Administração de Empresas, cursando 4º. Ano, Faculdades Network – Av. Ampélio Gazzetta, 2445, 13460-000, Nova Odessa, SP, Brazil. (e-mail: douglas.branco@hotmail.com)

1. INTRODUÇÃO

No cenário atual de mercado, os clientes e consumidores têm elevado cada vez mais seus níveis de exigências no que se refere à qualidade e prazos de entrega dos produtos que compram. Mas mesmo com uma maior exigência, clientes e consumidores ainda prezam principalmente pelo menor preço. Isso faz com que as empresas tanto comerciais quanto industriais se vejam inseridas num campo de competição extremamente acirrado, tendo que reduzir suas margens de lucro para permanecerem atuantes no mercado.

No entanto, essa busca constante pelo menor preço pode afetar aquelas empresas que não controlam ou controlam de forma ineficaz os seus custos de produção. Essa ineficácia pode causar constantes perdas de lucratividade, acúmulos de prejuízos e em casos extremosprovocar o encerramento de atividades de empresas que calculam os custos de seus produtos abaixo do que realmente deveriam ser. Por outro lado, a empresa que superestima seus custos não consegue manter-se competitiva, devido ao fato de não poder reduzir seus preços.

Justamente para que as empresas pudessem calcular os custos de seus produtos e aplicar um correto preço de venda, a contabilidade de custos começou a ser desenvolvida durante um período de forte expansão das companhias industriais e atualmente fornece alguns métodos de custeio, como o por absorção e variável, que são plenamente utilizados pelas empresas.

Utilizando os métodos e conceitos da matéria de contabilidade de custos, esse artigo foi desenvolvido com a finalidade de analisar o modelo de custeio empregado por uma empresa de médio porte da região de Campinas, buscando soluções e melhorias para aquilo que o gestor dessa empresa esteja errando ou podendo fazer de forma mais adequada ao elaborar seus custos.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Contabilidade de custos

A contabilidade de custos começou a ser desenvolvida após a Revolução Industrial do século XVIII, quando houve uma grande expansão no número das empresas industriais. Antes disso, predominava a utilização da contabilidade financeira ou geral, que havia sido desenvolvida para atender às necessidades das empresas comerciais.

De acordo com Martins (2003, p. 19) a contabilidade financeira, usada na Era Mercantilista, para apuração dos resultados de cada período e elaboração dos balanços, fazia a análise dos valores dos produtos que estavam em estoque, verificava o que se tinha de es- toques iniciais, adicionavam-se as compras do período e subtraía o que restou em estoque após o período (estoques finais), chegando ao custo de mercadoria vendida, representada pela seguinte fórmula:

Estoques iniciais (+) Compras (-) Estoques finais

= Custo com mercadorias vendidas

Com o desenvolvimento e crescimento da indústria, surgia a necessidade de uma fórmula mais elaborada para a realização do cálculo dos custos dos produtos produzidos e vendidos. A solução foi fazer uma adaptação dos cálculos utilizados pela contabilidade no comércio para que pudesse ser usada na indústria. Substituiu-se então o item compraspelo pagamento dos fatores que entraram na produção, tais como: matérias-primas, salários dos

trabalhadores, energia elétrica, combustíveis, entre outros gastos que são efetuados na atividade industrial e foram denominados de custos de produção(VICECONTI, 2000, p. 6).

Desde seu inicio a contabilidade de custos tem se desenvolvendo e nos dias atuais assume um papel de significativa relevância dentro do cenário empresarial. Já que, além de cumprir seu papel principal, que é o de apurar os custos envolvidos na produção de um bem, assim podendo mensurar monetariamente os estoques e resultados, ela esta sendo usada como uma ferramenta para auxilio à administração e gerenciamento, pois fornece subsídios que segundo Martins (2003, p. 22) podem ser utilizados para:

Controle – sendo que fornece informações para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras maneiras de prever resultados futuros, além de acompanhar os resultados efetivados para comparação com os períodos anteriores;

Decisão – nesse ponto é relevante, pois gera informações que auxiliarão na definição dos preços de venda, continuidade ou não de um produto em razão a sua rentabilidade para a companhia.

Com o significativo aumento da competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, sejam industriais, comerciais ou serviços, os custos tornam-se altamente relevantes quando da tomada de decisão em uma empresa. Isto ocorre, pois, devido à alta competição existente, as empresas já não podem mais definir seus preços de acordo com os custos incorridos, e sim com base nos preços praticados no mercado que atuam. (MARTINS, 2003, p.22)

2.2 Terminologias contábeis

Dentro da matéria de custos existem algumas definições que devem ser conhecidas para que os conceitos de custeamento sejam devidamente empregados, essas definições que veremos a seguir.

2.3 Gastos

Viceconti (2000, p. 12) descreve que gasto é a renuncia de um ativo pela entidade com a finalidade de obtenção de um bem ou serviço, representada pela entrega ou promessa de entrega de bens ou direitos (normalmente dinheiro).

Isso significa que o conceito de gasto, reconhece tudo àquilo que a empresa adquiri para manter suas atividades, tais como gasto com a compra de matéria-prima, gasto com mão de obra, gasto com honorários da diretoria, gasto com energia elétrica, gasto com máquinas e equipamentos, gasto com a compra de um imobilizado etc.

2.4 Desembolso

De acordo com Viceconti (2000, p.11) desembolso é o ato do pagamento feito pela aquisição do bem ou serviço, pode ser feito no ato em que o gasto é efetuado (à vista) ou posteriormente (à prazo).

2.5 Investimento

Conforme Martins (2003, p.24) investimento são gastos ativados em função de sua vida útil ou benefícios atribuíveis a futuro (s) período (s). Isto é, os investimentos são os gastos que são alocados no ativo da empresa e são amortizados ou baixados quando vendidos ou fica completamente desvalorizado.

2.6 Despesa

De acordo com Viceconti (2000, p.12) despesas são gastos com bens e serviços não utilizados nas atividades produtivas e consumidos com a finalidade de obtenção de receitas. Alguns exemplos de despesas são: energia elétrica consumida no escritório, salários e encargos sociais dos vendedores e do pessoal da administração, aluguéis do prédio do escritório e despesas financeiras com empréstimos assumidos.

2.7 Custo

Gasto relativo à um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços, são todos os gastos relativos à atividade de produção (Viceconti, 2000, p. 12). Pode- se citar como exemplo de custo a matéria-prima utilizada na produção, depreciação dos equipamentos utilizados na produção, gastos com manutenção dos maquinários e equipamentos da fábrica, salários dos trabalhadores da produção etc.

Com relação ao custo com matéria-prima é importante considerar o seguinte aspecto: quando uma empresa adquire uma matéria-prima ou qualquer material que fará parte de seu produto, ela paga os impostos inclusos no preço desses materiais, tributos como ICMS, PIS e COFINS. Os valores desses impostos são recuperáveis, ou seja, permanecem como crédito juntos aos órgãos tributadores e no momento que a empresa paga os impostos oriundos de suas receitas com vendas ela tem direito de descontar os valores que desembolsou na aquisição da matéria-prima (OLIVEIRA et al., 2000)

Os custos são divididos entre diretos e indiretos, fixos e variáveis como veremos a seguir.

2.7.1 Custo direto e indireto

Segundo Viceconti (2000, p.17) são os custos diretos aqueles empregados diretamente na produção dos produtos, como matéria-prima exata utilizada na produção do produto, mão de obra quando se sabe exatamente o tempo e o custo que a mesma foi empregada na produção, depreciação de equipamento (quando utilizado para produzir somente um produto), energia elétrica das máquinas quando possível mensurar exatamente a quantidade utilizada para fabricação de cada produto e materiais de embalagem.

Já custos indiretos Viceconti (2000, p. 18) diz que são aqueles que dependem de cálculos, rateios ou estimativas para serem apropriados aos diferentes produtos, são custos apropriados indiretamente aos produtos. São alguns exemplos de custos indiretos: aluguel da fábrica, gastos com limpeza da fábrica, salários de supervisores de produção. Nota-se que os exemplos estão associados à produção, sendo assim não se pode confundir com despesas, que não se associam com a atividade produtiva.

2.7.2 Custo fixo e variável

Os custos também podem ser classificados em custos fixos e variáveis, essa classificação é dada em função de tempo e volume em que ocorrem.

Segundo Viceconti (2000, p. 18) custos variáveis são aqueles que se alteram sem função do volume de produção da empresa. Matérias-primas empregadas na produção variam de acordo com o volume produzido, quanto mais ou menos se produz, maior ou menor será o consumo de matéria-prima, logo, materiais diretos são considerados custos variáveis.

Também são exemplos de custos variáveis os materiais indiretos consumidos, depreciação de equipamentos e gastos com horas-extras da produção.

Vicenconti (2000, p. 18) ainda diz que custos fixos não têm oscilação proporcional ao volume produzido, são custos que independentemente se a fábrica produza ou não eles continuarão existindo, como por exemplo, o aluguel, os salários da mão de obra indireta, contas de luz e telefone.

2.8 Mão de obra direta e indireta

De acordo com Maiuri (2005, p. 25) mão de obra direta é o gasto relativo ao pessoal que trabalha na produção, sendo possível a averiguação do tempo despendido na elaboração do produto e a identificação de quem executou o trabalho.

Para apropriar a um produto o custo da mão de obra direta, é necessário que se analise o tempo efetivamente que o operador trabalha na produção da peça, além disso, é necessário apurar o custo da hora desse trabalhador, para isso tem-se que levar em consideração não somente o salário pago ao funcionário, mas também todos os encargos trabalhistas tais como, descanso semanal remunerado, FGTS, INSS, 1/3 sobre férias, 13º salário, salário educação, seguro acidente de trabalho, contribuição para INCRA, SESI, SENAI e Sebrae. De acordo com Oliveira et al. (2000, p. 89) alguns especialistas estimam a soma dos encargos trabalhistas chegariam a 100%, ou seja, o custo do funcionário para empresa é o dobro de seu salário.

No entanto, em alguns casos não é possível apurar o quanto de tempo o trabalhador atua sobre uma determinada peça, tomamos como exemplo um operador que tem a tarefa de trabalhar em cinco máquinas diferentes, cada uma fazendo um processo para diferentes peças, como não se pode medir exatamente o quanto o operador trabalhou para um produto tem sua mão de obra classificada como indireta, necessitando de algum tipo de rateio para alocação.

Também são classificados como mão de obra indireta o pessoal da administração, diretoria, limpeza, manutenção, ou seja, toda aquela que não esta diretamente ligada a produção do produto.

2.9 Departamentalização

Departamentalização significa a divisão da fábrica em diferentes setores, chamando-os de Departamentos, aos quais são debitados todos os custos de produção neles incorridos. Segundo Martins (2001, p.70) departamento é a unidade mínima administrativa para a contabilidade de custos, representada por homens e máquinas (na maioria dos casos) que desenvolve atividades homogêneas. Deve haver sempre um responsável pelo Departamento. Os departamentos podem ser divididos em dois grupos.

Departamentos de produção são aqueles que atuam sobre o produto e têm seus custos apropriados diretamente a estes, alguns exemplos: processos de corte, aplainamento, moagem, montagem, usinagem, perfuração, galvanização, etc.

Já os departamentos de serviços geralmente não têm seus custos apropriados aos produtos diretamente, os custos desses departamentos são transferidos aos departamentos de produção, que geralmente se beneficiam das atividades realizadas pelos departamentos de serviços, Alguns exemplos são: manutenção, almoxarifado, limpeza, expedição, administração geral da fábrica e controle de qualidade.

Para a aplicação dos sistemas de custeio, também é muito importante que se saiba onde os gastos foram despedidos para que se possa alocá-los corretamente, de forma direta ou por rateio aos produtos.

2.10 Centro de custo

Além de dividir a empresa em departamentos, há a necessidade de dividi-la em centros de custo, a maioria dos departamentos é um centro de custo, Viceconti (2000, p.88) diz que neles são acumulados os custos para posterior alocação aos produtos, podendo um departamento conter mais de um centro de custo para se tenha um melhor controle quando há máquinas ou pessoal de diferentes níveis de capacidade ou especialidade, assim dividindo melhor o custo que cada um representa ao departamento.

Por exemplo, podemos ter uma empresa que possui um departamento de estampagem de peças metálicas, nesse setor há uma variação significativa no porte e na capacidade das prensas, sendo que as de maior porte consomem um maior nível de recursos (energia elétrica, manutenção, etc.) e exigem um pessoal mais especializado para operá-las do que as prensas de menor capacidade. O ideal para esse caso é que se divida esse departamento em pelo menos dois centros de custo, para que sejam distribuídos de forma mais justa os custos e despesas que cada um teve.

2.11 Mark-up

De acordo com Santos (1991) citado por Vieira (2008) mark-up é definido como um índice sobre o custo de um bem ou serviço para formação do preço de venda. Ainda de acordo com Vieira (2008) o mark-up deve ser utilizado para cobrir as contas de: impostos sobre vendas; taxas variáveis sobre vendas; despesas administrativas fixas; despesas de vendas fixas; custos indiretos de produção fixos e margem de lucro.

Há duas maneiras de se calcular o mark-up, o método multiplicador que de acordo com Vieira (2008) representa por quanto devem ser multiplicados os custos para se obter o preço de venda e o divisor que representa percentualmente custo em relação ao preço de venda. Vejamos então alguns exemplos.

Tabela 1 – Representação das contas que formam o mark-up. Fonte: Adaptado de VIEIRA (2008).

Neste caso o total dos percentuais de impostos, despesas e lucros é de 47,25%, suponha-se que o custo do produto no qual se precisa formular o preço de venda é R$ 40,00 então teríamos a seguinte fórmula:

No documento Revista dos Alunos de Administração (páginas 194-200)