• Nenhum resultado encontrado

Cuidados paliativos ao portador de câncer: reflexões sob o olhar de Paterson e Zderad.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Cuidados paliativos ao portador de câncer: reflexões sob o olhar de Paterson e Zderad."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

1 Enferm eira do I nst it ut o Nacional do Câncer, Dout oranda em Enferm agem , e- m ail: m lavinas@fort alnet .com .br; 2 Enferm eira, Doutor, Professor Titular, e-m ail: pagliuca@ufc.br; 3 Enferm eira, Doutor, Professor, e- m ail: afcana@ufc.br. Universidade Federal do Ceará

CUI DADOS PALI ATI VOS AO PORTADOR DE CÂNCER:

REFLEXÕES SOB O OLHAR DE PATERSON E ZDERAD

Mír ia Conceição Lav inas Sant os1

Lor it a Mar lena Fr eit ag Pagliuca2

Ana Fát im a Car v alho Fer nandes3

Tr at a- se de um est udo r eflex iv o que apr esent a a abor dagem do Cuidado Paliat iv o de Enfer m agem ao

por t ador de câncer , for a de possibilidade t er apêut ica, sob o olhar dos pr essupost os da Teor ia Hum aníst ica de

En f er m agem de Pat er son e Z der ad. O Cu idado Paliat iv o t em por f in alidade pr opor cion ar ao pacien t e e su a

f am ília m elh or qu alidade de v ida. Qu an do o en f er m eir o, ao cu idar do pacien t e por t ador de cân cer f or a de

possibilidade t er apêu t ica, aplica o r ef er en cial da Teor ia Hu m an íst ica em com bin ação com a t er apêu t ica do

Cu idado Paliat iv o, é possív el r econ h ecer cada ser com o ex ist ên cia sin gu lar em su a sit u ação. Desse m odo,

pr opicia ent ender seu significado e com peendê- lo no pr ocesso de sua doença.

DESCRI TORES: n eoplasias; cu idados paliat iv os

PALLI ATI VE CARE TO THE CANCER PATI ENT:

REFLECTI ONS ACCORDI NG TO PATERSON AND ZDERAD‘S VI EW

This reflect ive st udy present s t he approach of t he Nursing Palliat ive Care t o t he cancer pat ient wit hout

t her apeut ic possibilit y accor ding t o t he Pat er son and Zder ad’s Hum anist ic Nur sing Theor y . The palliat iv e car e

aim s t o provide t he pat ient wit hout t herapeut ic possibilit y and his fam ily bet t er qualit y of life. When t he nurse,

in addit ion t o deliv er in g palliat iv e car e t o t h e can cer pat ien t , u ses t h e Hu m an ist ic Th eor y , ( s) h e st ar t s t o

recognize each person as a singular exist ence. This recognit ion perm it s one t o underst and t he person’s m eaning

in t he pr ocess of his( er ) disease.

DESCRI PTORS: n eoplasm s; h ospice car e

CUI DADOS PALI ATI VOS AL PORTADOR DE CÁNCER:

REFLEXI ONES SEGÚN LA VI SI ÓN DE PATERSON Y ZDERAD

Se t r at a de un est udio r eflex iv o que pr esent a un enfoque del Cuidado Paliat iv o de Enfer m er ía par a

aquel port ador de cáncer sin posibilidad t erapéut ica, de acuerdo con los supuest os de la Teoría Hum aníst ica de

Enfer m er ía de Pat er son y Zder ad. El Cuidado Paliat iv o t iene com o finalidad pr opor cionar al pacient e y a su

fam ilia una m ej or calidad de vida. Cuando el enferm ero, al cuidar del pacient e port ador de cáncer sin posibilidad

t er apéut ica, aplica el r efer encial de la Teor ía Hum aníst ica en com binación con la t er apia del Cuidado Paliat ivo,

le es posible r econocer la ex ist encia singular de cada ser . De est e m odo es posible ent ender su significado y

com pr ender lo dent r o del pr oceso de su enfer m edad.

(2)

I NTRODUÇÃO

A

Organização Mundial de Saúde ( OMS) , em

1 9 9 0 , co n ce i t u o u o s Cu i d a d o s Pa l i a t i v o s co m o “ m ed id as q u e au m en t am a q u alid ad e d e v id a d e p aci en t es e seu s f am i l i ar es q u e en f r en t am u m a doença t erm inal, por m eio da prevenção e alívio do so f r i m en t o co m i d en t i f i cação p r eco ce, av al i ação cor r et a e t r at am en t o d e d or e ou t r os p r ob lem as

físicos, psicológiocos , sociais e espirit uais”( 1).

Os Cu i d a d o s Pa l i a t i v o s co n st i t u e m u m a m odalidade t er apêut ica int egr ada e m ult idisciplinar a o p o r t a d o r d e câ n ce r e m f a se a v a n ça d a , se m possibilidade t erapêut ica de cura. Essa possibilidade, descrit a com o de baixa t ecnologia e de alt o cont at o, b u sca ev it ar q u e os ú lt im os d ias d o p acien t e se convert am em dias perdidos, oferecendo um t ipo de

cuidado apropriado às suas necessidades( 2).

Na e q u i p e d e Cu i d a d o s Pa l i a t i v o s, a enferm eira desem penha um papel ím par, cuj o cuidado abr ange um a v isão hum aníst ica que consider a não so m e n t e a d i m e n sã o f ísi ca , m a s t a m b é m a s pr eocupações psicológicas, sociais e espir it uais do pacient e.

Apesar da im possibilidade de cura, isso não sig n if ica a d et er ior ização d a r elação en f er m eir o-pacient e, m as, sim , o est reit am ent o dessa at enção, a qu al, cer t am en t e, t r ar á ben ef ícios par a am bos. Com o ser at ivo no seu t rat am ent o, o pacient e pode par t icipar dos pr ocessos de decisão e dos cuidados volt ados para si.

No caso d e p acien t e com cân cer f or a d e p o ssi b i l i d a d e s t e r a p ê u t i ca s, é i m p o r t a n t e a m anut enção da saúde com qualidade. Todavia, para garanti- la, os enferm eiros oncológicos enfrentam um a dificuldade: desenvolver m eios para providenciar um cu i d ad o d e en f er m ag em sen sív el q u e p er m i t a a m anutenção da saúde sim ultaneam ente em confronto com a nat ureza t erm inal da doença.

Na m aioria das vezes, o ser hum ano portador de câncer term inal é visto com o dependente da fam ília, incapaz de t om ar decisões e iniciat iv as quant o ao d est in o d a su a ex ist ên cia, e n or m alm en t e se v ê im p ed id o d e p ar t icip ar d as q u est ões p r óp r ias d a sociedade onde est á inserido. Para esse ser hum ano, de m odo geral, é reservado um lugar especial, sej a na fam ília ou no hospital, sob a justificativa de proteção. A f i l o so f i a o r a d i scu t i d a , a sso ci a d a a o s pressupostos éticos e assistenciais, torna os Cuidados Pal i at i v o s v al i o so i n st r u m en t o p ar a m el h o r ar as

condições de vida do portador de neoplasia e da sua fam ília. A finalidade é lhes proporcionar um cuidado h u m an izado, assegu r an do u m a qu alidade de v ida a d e q u a d a à su a n e ce ssi d a d e , a p a r t i r d e u m com par t ilh ar de con h ecim en t o e r espeit o en t r e os pr ofissionais de saúde, o doent e e seus fam iliar es. Foi pensando nesse ser hum ano que apr ofundam os a reflexão sobre a form a hum aníst ica de cuidar.

Assim , o estudo tem por obj etivo refletir sobre a Te o r i a Hu m a n íst i ca d e Pa t e r so n e Z d e r a d( 3 ), evidenciando alguns dos seus pressupost os aplicados à pessoa port adora de câncer, fora de possibilidades t erapêut icas, e proj et ar a part icipação da enferm eira no Modelo dos Cuidados Paliat ivos. Para isso, vale-se de um a pr át ica conscient e r elacionada à Teor ia Hum aníst ica de Enferm agem .

METODOLOGI A

Trat a- se de um est udo reflexivo. Para m aior e m b a sa m e n t o t e ó r i co , r e a l i za m o s u m a l e i t u r a com preensiva da Teoria Hum aníst ica de Enferm agem

t ant o no inglês, idiom a or iginal( 4) , com o na língua

espanhola, na t r adução( 3) . A seguir, buscam os na

lit er at u r a os elem en t os at r ibu ídos ao con ceit o de Cuidados Paliat iv os ao por t ador de câncer for a de possibilidades terapêuticas, para delinear as conexões com a Teoria Hum aníst ica de Enferm agem .

A TEORI A HUMANÍ STI CA DE ENFERMAGEM

E OS CUI DADOS PALI ATI VOS AO PORTADOR

DE CÂNCER TERMI NAL

A Teor ia Hum aníst ica de Enfer m agem( 3) foi

desenv olv ida em 1 9 7 6 , por enfer m eir as das ár eas de Saúde Pública e Saúde Ment al, em m eio a um a discussão da sociedade sobre a form a e o cont eúdo da exist ência hum ana, cuj as bases foram apont adas pela fenom enologia e pelo exist encialism o.

(3)

ca p a ci d a d e d e a u t o p e r ce p çã o , co m l i b e r d a d e e responsabilidade, lut ando para encont rar sua própria ident idade e, ao m esm o t em po, est ando em relação com os out ros, efet ivam ent e envolvidos num a busca de sent ido para a vida. Tant o a fenom enologia com o o e x i st e n ci a l i sm o v a l o r i za m a e x p e r i ê n ci a , a s ca p a ci d a d e s d o h o m e m p a r a a su r p r e sa , o

conhecim ento e a abertura para o novo ( 1) .

O Modelo de Cuidados Paliat iv os sur giu do m ovim ent o originado por Cecily Saunders, em 1984, quando se iniciou o processo da m edicina paliat iva. Est e, por sua vez, int roduziu um conceit o de cuidar focado no cuidado e não na cura definitiva do paciente A m edicina paliativa surge associando a essa filosofia o t r abalh o da equ ipe de saú de m u lt idisciplin ar n o

controle da dor e no alívio de sintom as ( 5).

Esse m o d e l o d e cu i d a d o u t i l i za u m a a b o r d a g e m m u l t i d i sci p l i n a r q u e co m p r e e n d e o pacien t e, a f am ília e a com u n idade, com v ist as a r ed u zir o sof r im en t o e of er ecen d o cu id ad o t ot al. Conceit uado com o um a filosofia de cuidar, v isa ao supor t e indiv idual e fam iliar de quem est á v iv endo

com doenças crônico- t erm inais em fase avançada ( 1).

O foco desses três conceitos é alcançar o alívio d a d or, d os sin t om as e at en d er às n ecessid ad es b iop sicossociais e esp ir it u ais, com p r een d en d o as cr e n ça s, v a l o r e s e n e ce ssi d a d e s i n d i v i d u a i s d o p acien t e e ap oio à f am ília, cab en d o ao cu id ad or defender seus direitos de receber indistintam ente um a assist ência adequada.

O Modelo dos Cuidados Paliat iv os abr ange dois aspectos im portantes para o cuidar: a abordagem holíst ica e um a pr át ica pr ofissional int er disciplinar. Assim , associar os Cuidados Paliat ivos com a Teoria Hum aníst ica de Enferm agem é bast ant e propício por env olv er a v alor ização do ser hum ano no pr ocesso saú d e- d oen ça, n o in t u it o d e sem p r e b en ef iciar o pacient e, pr eser v ando sua aut onom ia e capacidade de t om ar decisões. Para isso, cabe à enferm eira não se cent rar unicam ent e no bem - est ar da pessoa, m as em seu exist ir pleno, aj udando o ser hum ano nesse m om ent o part icular da sua vida .

Nessa per spect iv a, ser h u m an o é v ist o na

Teoria Hum anística de Enferm agem( 3) a partir de um a

est rut ura exist encial de vir- a- ser m ediant e escolhas, com capacidade de abert ura para opções, com valor e com a m anifestação única do seu passado, presente e fut uro. Em bora sej a respeit ada sua individualidade, est a dev e est ar n ecessar iam en t e r elacion ada com out ros seres hum anos, no t em po e no espaço.

Com base nesses conceit os, a enfer m agem h u m an íst i ca v ai al ém d e u m a r el ação u n i l at er al suj eit o- obj et o, t eor icam ent e com pet ent e e cr iat iv a, e se guia por um a prática da enferm eira em benefício do out ro. Segundo est abelece o processo de relação, o en f er m ei r o d ev e co n h ecer ca d a h o m em co m o ex ist ên cia sin g u lar, d e f or m a in d iv id u al, com su a hist ória part icular, com suas experiências, aceit ando o m odo com o ele vive e o seu m undo, com o sentido de lhe prest ar aj uda.

O v i r - a se r d o p a ci e n t e n e ce ssi t a d o d e Cu i d a d o s Pa l i a t i v o s e st á r e l a ci o n a d o co m a preservação da sua autonom ia em participar e tom ar decisões sobre a própria assist ência a part ir da sua perspectiva. O paciente é visto na sua individualidade, ele con d u z a d oen ça, seu m eio e seu f im , com o conduziu o t ranscorrer da sua vida, com part ilhando o cu i d a r co m o s p r o f i ssi o n a i s d e sa ú d e e se u s fam iliar es. Os Cuidados Paliat iv os buscam v alor izar o et hos, conj unt o de sent im ent os experim ent ados e expressados pelo ser hum ano, em oposição ao m étodo t radicional, cuj a verdade absolut a é a cura.

O e t h o s d a cu r a i n cl u i a s v i r t u d e s d o com b at e, ou sej a, n ão se d ar p or v en cid o, e ser sem pr e per sev er ant e. O et hos da at enção, por sua v ez, t em com o v alor cent r al a dignidade hum ana, en f at izan do a solidar iedade en t r e o pacien t e e os profissionais de saúde, at it ude que result a em um a

com paixão efet iva( 5).

Na Teoria Hum aníst ica de Enferm agem( 3), a

enferm agem é vista, no contexto hum ano, com o um a

respost a confort adora de um a pessoa para out ra em u m m o m e n t o d e n e ce ssi d a d e , co m v i st a s a o desenvolvim ent o do bem - est ar e do vir- a- ser. Nesse cont ext o, a presença é a qualidade de est ar abert o, recept ivo, pront o, disponível para a out ra pessoa de m odo r ecípr oco.

É um t ipo de encont ro especial, ist o é, um encont ro int encional, porque t em um a finalidade. A enferm eira é em si m esm a um a form a part icular de d iálog o h u m an o, p ois a en f er m ag em h u m an íst ica perpassa pelo pot encial de hum anidade. I m plica um ser h u m an o aj u d an d o o o u t r o. Tr at a- se d e u m a resposta de ação a um a pessoa necessitada de aj uda, da pr át ica efet iva de decidir, de ser e fazer com o pacient e.

(4)

unicam ent e no bem - est ar da pessoa, m as em seu e x i st i r m a i s p l e n o , a j u d a n d o o se r h u m a n o n o m om ent o part icular da sua vida.

Com base nessa v isão, os pr essupost os da enferm agem hum anística seriam os hom ens ( paciente e e n f e r m e i r a ) r e u n i d o s e m u m a t r a n sa çã o i n t e r su b j e t i v a ( se r e a co n t e ce r ) co m u m f i m det er m inado ( nut r ir o bem - est ar e o est ar - m elhor ) que se dá no tem po e no espaço ( delim itação em que vivem o paciente e a enferm eira) em um universo de hom ens e coisas.

No pr ocesso de saúde- doença do por t ador de câncer, a enfer m eira est á pr esent e em t odas as diferent es et apas, desde a prevenção, o diagnóst ico e os t rat am ent os prolongados. Ao prest ar Cuidados Paliat iv os, t em par t icipação de apoio ao pacient e e su a f a m íl i a p a r a e n f r e n t a r a f a se t e r m i n a l . Tal part icipação envolve não som ent e adm inist rar a dor, a insuficiência respiratória, a ansiedade e a depressão, m as o com partilhar com o paciente e sua fam ília nas

decisões do cuidar( 2- 6).

A e n f e r m a g e m é u m m e i o co n t ín u o d e cu i d a d o co m a f i n a l i d a d e d e a co l h er, p r eser v a r, acarinhar e dar condições físicas, m ent ais, espirit uais para um desprendim ent o livre e sereno. Port ant o, a en f er m ei r a est á co n st a n t em en t e v a l o r i za n d o a s capacidades e necessidades do pacient e e fom ent a su a p a r t i ci p a çã o m á x i m a e m se u p r o g r a m a d e r ecu per ação.

Tant o na filosofia da Teor ia Hum aníst ica de En f e r m a g e m co m o n o s Cu i d a d o s Pa l i a t i v o s, a enfer m eir a alim ent a o pot encial de coex per im ent ar e apoiar o processo vivido pelo pacient e. Enferm eiro e p a ci e n t e se h u m a n i za m a o f a ze r e m e l e i çõ e s responsáveis na situação intersubj etiva e transacional d o cu i d a d o , co n d u zi n d o a u m a e n f e r m a g e m hum aníst ica.

Para tanto, o enferm eiro, ao prestar Cuidados Paliat ivos, deve respeit ar o out ro e ser solidário com e l e , i st o é , t e r co m p a i x ã o d a su a d o r e , p r in cip alm en t e, m an t er su a in d iv id u alid ad e, p ois som ent e se pode ser- com o doent e visualizando sua u n icid ad e, u m a v ez q u e cad a in d iv íd u o é u m ser singular. I sso im põe ao cuidador form al ( enferm eiro)

saber descobrir o t em po da pessoa doent e ( 6).

Na Teor ia Hum aníst ica, o am bien t e é algo

concebido de form a subj et iva, t ranscendent e, sit uado além do espaço físico. Caract eriza- se pelo processo d e r elação d o en f er m eir o com o p acien t e, n u m a

t r a n sa çã o i n t e r su b j e t i v a . Co m o t r a n sa çã o int er subj et iva, cont ém a possibilidade de am bos os p ar t icip an t es se in f lu en ciar em e se en r iq u ecer em

reciprocam ent e; é um diálogo vivo( 7).

O cuidado hum anizado env olv e a pr esença verdadeira e legítim a, o diálogo vivo e autêntico entre as pessoas. O estar com ou o estar ali, na realidade, é um t ipo de relacionam ent o que im plica a presença at i v a d a en f er m ei r a, i st o é, est ar at en t o a u m a aber t ur a aqui e agor a na sit uação de com unicar a dispon ibilidade, en v olv en do o est ar pr esen t e, qu e co n st i t u i u m a ch a m a d a e u m a r e sp o st a . Esse relacionam ent o faz part e do conceit o de am bient e.

O a m b i e n t e f a cu l t a , p o r t a n t o , o desen v olv im en t o de u m a at m osf er a qu e f acilit a a qu alidade do en con t r o passív el de ocor r er em u m local pr iv at iv o ou colet iv o e qu e n ão se r est r in ge som ente à ação do cuidado físico e sim a m uito m ais, ao vir - a - ser. Já o m odelo t erapêut ico do Cuidado Paliativo requer que enferm eiro e paciente cam inhem j unt os, pois o envolvim ent o com o m undo de am bos se r á co n st r u íd o n o t e m p o e e sp a ço p e r co r r i d o , est abelecendo um a har m onia adequada com v ist as a assist i- lo em suas necessidades.

Nessa perspect iva, o enferm eiro, ao prest ar o cuidado paliat ivo, deve singularizar sua ação e se adapt ar à t em poralidade do out ro para proporcionar m elhor qualidade de vida no convívio com a doença. Pa r a i sso , e x i g e - se t r a t a r o p a ci e n t e e m su a individualidade. Ao m esm o t em po, a enferm eira, ao se co m u n i ca r co m o p a ci e n t e , d e v e l e v a r e m consider ação que o que se t r ansm it e é im por t ant e, porém o m odo com o se t ransm it e é t ão vit al quant o

o que é transm itido( 8).

A com u n icação é essen cial p ar a aj u d ar o paciente a encontrar um senso de controle, capaz de possibilit ar sua par t icipação at iv a nas t om adas de decisão. Ao est abelecer obj et ivos claros, enferm eira e p a ci e n t e i r ã o g e r a r se g u r a n ça e a u m e n t a r a confiança. Nesse processo, o benefício a ser buscado é preservar a independência funcional do pacient e.

(5)

idéia de fazer e não apenas ser at endido propicia ao p acien t e a op or t u n id ad e d e ser at en d id o, d e ser pr odut iv o e facilit a a pr est ação dos cuidados pelos

profissionais envolvidos( 10- 11).

Na Te o r i a Hu m a n íst i ca , a s a ú d e é

con sid er ad a u m a q u est ão d e sob r ev iv ên cia, u m a qualidade de vida ou de m orte, por m eio do potencial

dos indivíduos para o bem - estar e o estar- m elhor ( 2).

Os elem ent os do m ar co de r efer ência est abelecido n a Te o r i a Hu m a n íst i ca d e En f e r m a g e m( 2 ) p a r a prom over a saúde incluem o ser hum ano ( paciente e e n f e r m e i r a ) r e u n i d o s e m u m a t r a n sa çã o i n t e r su b j e t i v a ( se r e v i r - a - se r ) co m u m f i m d et er m i n a d o ( p r o m o v er o b em est a r e o est a r -m elhor) que se dá no te-m po e no espaço ( co-m o vive o p a ci en t e e a en f er m ei r a ) em u m u n i v er so d e hom ens e coisas. Em out ras palavras, a enferm eira tem de considerar o m odo com o o paciente vive, seu m u n d o d e e x p e r i ê n ci a s, p a r a p o d e r a t e n d e r à s necessidades dest e pacient e.

O i n t e r e sse d a En f e r m a g e m ce n t r a - se unicam ente no bem -estar de um a pessoa em seu existir m ais pleno, cabe- lhe aj udá- la a ser o m ais hum ana

possív el em det er m inado m om ent o da sua v ida( 2 ).

Dessa form a, no Cuidado Paliativo, apesar de a m orte ser con sid er ad a u m p r ocesso n or m al à ev olu ção hum ana, quando ela se m anifest a de form a real no cot idian o da pessoa pr odu z sen t im en t os de dor e sofrim ent o, geralm ent e difíceis de serem aceit os.

Nessas cir cunst âncias, o cuidado à pessoa t e r m i n a l m e n t e e n f e r m a d e v e v i sa r se m p r e a o benefício do doent e, pr eser v ando sua aut onom ia e capacidade de t om ar decisões, cabendo ao cuidador def en der seu s dir eit os de r eceber in dist in t am en t e cuidados( 6).

Os Cu idados Paliat iv os são car act er izados por alguns fundam ent os. Desses, os pr incipais são o s se g u i n t e s: a l i v i a r a d o r e o u t r o s si n t o m a s a p r e se n t a d o s p e l o p a ci e n t e ; a t e n d ê - l o psicologicam ent e e espir it ualm ent e par a que possa aceit ar sua própria m ort e e preparar- se para ela na form a m ais com plet a possível; oferecer um sist em a de apoio capaz de aj u dar o pacien t e a lev ar u m a v i d a a t i v a e cr i a t i v a a t é q u e v e n h a a m o r t e , p r o m o v e n d o , d e sse m o d o , su a a u t o n o m i a , su a int egridade pessoal e sua aut o- est im a; proporcionar um sistem a de apoio voltado a aj udá- lo a enfrentar a enfer m idade e a supor t ar os per íodos de dor, pois, nessa m odalidade t erapêut ica, o direit o a um a m ort e

digna é o dir eit o de v iv er hum anam ent e a pr ópr ia m ort e( 12- 13) .

Na Teoria Hum anística de Enferm agem e nos Cu i d a d o s Pa l i a t i v o s, a sa ú d e e a d o e n ça sã o co n si d e r a d o s p r o ce sso s t a n t o i n d i v i d u a i s co m o colet iv os, os qu ais se desen v olv em den t r o de u m n ú cleo b iológ ico af et ad o p elos p r ocessos f ísicos, psicológicos, sociais e espirit uais. Est es, por sua vez, são dim ensões da realidade com o passado e o futuro do pacient e.

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

O Modelo dos Cuidados Paliativos surgiu para supr ir as car ências do pacient e sem possibilidades t er apêut icas. Por isso, sua adoção no at endim ent o do pacient e oncológico é de ext r em a im por t ância e co n t i n u a sen d o u m a n ecessi d a d e cr escen t e n a s inst it uições de saúde e no dom icílio.

Se g u n d o o b se r v a d o , a d i m e n sã o d o sofr im ent o associado ao câncer v em dem onst r ando urgência de desenvolver um a assist ência cient ífica e hum aníst ica que perm it a às equipes e inst it uições de saúde um a resposta eficiente ao problem a vivenciado pelo pacient e e seus fam iliares.

De acordo com as reflexões ora t ecidas, o cuidado na Teoria Hum aníst ica de Enferm agem e no Modelo dos Cu idados Paliat iv os possibilit a a au t o-realização, e é por m eio dele que o ser hum ano vive o verdadeiro significado da sua exist ência.

En t r e t a n t o , a e n f e r m a g e m h u m a n íst i ca d ef en d i d a p el as t eó r i cas n ão r ej ei t a o s av an ço s tecnológicos da saúde. Ao contrário, am plia seu valor a o co n si d e r a r se u u so n a p e r sp e ct i v a d o d e se n v o l v i m e n t o h u m a n o . D o m e sm o m o d o , o s Cuidados Paliat iv os v alor izam o alt o cont at o com o pont o cent ral à dignidade hum ana, sem , no ent ant o, superest im á- lo no cuidado do pacient e.

(6)

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

1 . Lir a MG, Sep ú lv ed a JD. Cu id ad os p aliat iv os. Bol Esc, Medicina Chile 1994. 23: 193- 5.

2. Saunders CM. La filosofia del cuidado t erm inal. I n: Saunders CM. Cuidados de la enferm edad m aligna t erm inal. Argent ina: Salv at ; 1 9 8 0 . p. 2 5 9 - 7 2 .

3. Pat erson JG, Zderad LT. Enferm eria hum aníst ica. México: Lim u sa; 1 9 7 9 .

4. Pat er son JG, Ziderad LT. Hum anist ic nur sing. New Yor k : Nat ional League for Nursing; 1988.

5. Twycross R. Medicina paliat iva: filosofia y consideraciones ét icas. Act a Bioét ica 2 0 0 0 ; 1 ( 1 ) : 2 9 - 4 6 .

6 . Sa l es CA, Al en ca st r e MB. Cu i d a d o s p a l i a t i v o s: u m a perspect iva de assist ência int egral à pessoa com neoplasia. Rev Bras Enferm agem 2003; 56 ( 5) : 566- 9.

7 . Ar a ú j o MAL, Pa g l i u ca LMF. An á l i si s d e co n t ex t o d el concept o de am bient e en la t eoría hum aníst ica de Pat erson y Zder ad. I ndex de Enfer m er ía ( edición digit al) 2005; 48- 9. Dispon ív el: ‹ h t t p: / / w w w. in dex f. com / in dex en f er m er ía/ 4 8 -4 9 r ev ist a/ -4 8 - -4 9 _ ar t icu lo_ -4 2 - -4 5 . ph p› acessado em 2 6 de j ulho de 2006.

8 . Roselló FT. Ét ica y est ét ica de los cuidados paliat iv os. Medicin a paliat iv a 1 9 9 9 ; 6 ( 4 ) : 1 5 9 - 6 3 .

9. Leopardi MT. Teorias de enferm agem : instrum entos para a pr át ica. Flor ianópolis ( SC) : Papa- Liv r o; 1999.

1 0 . Pessi n i L. A f i l o so f i a d o s cu i d ad o s p al i at i v o s: u m a r espost a dian t e da obst in ação t er apêu t ica. Mu n do Saú de 2 0 0 3 ; 2 7 ( 1 ) : 1 5 - 3 4 .

1 1 . McCou gh lan MA. Necessidade de cu idados paliat iv os. Mundo Saúde 2003; 27 ( 1) : 6- 14.

12. For nells HA .Cuidados paliat iv os em el dom icilio. Act a Bioet hica 2000; 1( 1) : 65- 75.

13. Nascim ent o ERP, Trent ini M. O cuidado de enferm agem na unidade de t erapia int ensiva ( UTI ) : t eoria hum anist ica de Paterson e Ziderad. Rev Lat ino- am Enferm agem 2004 m arço-abril; 12 ( 2) : 1- 13.

Referências

Documentos relacionados

Cuando el enfer m er o, al cuidar del pacient e por t ador de cáncer sin posibilidad t er apéut ica, aplica el r efer encial de la Teor ía Hum aníst ica en com binación con la t

Est e est udio t rat a de la t em át ica currículo, práct ica pedagógica y form ación del enferm ero, que en la act ualidad viene t om ando espacio relevant e en el debat e académ

Escuela de Enfer m er ía de Ribeir ão Pr et o de la Univer sidad de São Paulo, Cent r o Colabor ador de la OMS para el desar r ollo de la invest igación en enfer m er ía; 3 Docent

Escuela de Enfer m er ía de Ribeir ão Pr et o de la Univer sidad de São Paulo, Cent r o Colabor ador de la OMS par a el Desar r ollo de la I nvest igación en Enfer m er ía, Br asil;

Escuela de Enfer m er ía de Ribeir ão Pr et o de la Univer sidad de São Paulo, Cent r o Colabor ador de la OMS par a el Desar r ollo de la I nvest igación en Enfer m er ía, Br

El pr esent e ar t ículo de nat ur aleza t eór ica, abor da el pr oceso del cuidar baj o la per spect iva de la vulner abilidad,.. cuya condición lleva a la necesidad

Escuela de Enfer m er ía de Ribeir ão Pr et o, de la Univer sidad de São Paulo, Cent r o Colabor ador de la OMS par a el Desar r ollo de la I nvest igación en Enfer m er ía, Br

Se concluy e que los enferm eros int erpret an la dist anasia com o el prolongam ient o de la vida con dolor y sufrim ient o, en el cual.. los pacient es t er m inales son som et idos