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Academic year: 2021

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(1)1. UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO. PATRÍCIA REGINA DE MORAES BARILLARI. ENSINO DO DIREITO AMBIENTAL: UMA ANÁLISE DAS MATRIZES CURRICULARES DOS MELHORES CURSOS DE DIREITO REGIONAIS DO BRASIL. São Bernardo do Campo 2019.

(2) 2. PATRÍCIA REGINA DE MORAES BARILLARI. ENSINO DO DIREITO AMBIENTAL: UMA ANÁLISE DAS MATRIZES CURRICULARES DOS MELHORES CURSOS DE DIREITO REGIONAIS DO BRASIL. Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo – Diretoria de PósGraduação e Pesquisa – como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Educação. Orientadora: Profª. Drª. Patrícia Margarida Farias Coelho Coorientador: Ferreira. Prof.. São Bernardo do Campo 2019. Dr.. António. Gomes.

(3) 3. FICHA CATALOGRÁFICA. B239e. Barillari, Patrícia Regina de Moraes Ensino do direito ambiental: uma análise das matrizes curriculares dos melhores cursos de direito regionais do Brasil / Patrícia Regina de Moraes Barillari. 2019. 322 p. Tese (Doutorado em Educação) -Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2019. Orientação de: Patrícia Margarida Farias Coelho. Coorientação de: António Gomes Ferreira. 1. Direito 2. Direito ambiental 3. Professores – Formação profissional 4. Currículo – Ensino superior 5. Ensino jurídico I. Título. CDD 374.012.

(4) 4. A tese de doutorado intitulada: “Ensino do Direito Ambiental: uma análise das matrizes curriculares dos melhores cursos de Direito regionais do Brasil” elaborada por PATRÍCIA REGINA DE MORAES BARILLARI, foi apresentada e aprovada em 25 de março de 2019, perante banca examinadora composta por Profª Drª Patrícia Margarida Farias Coelho (Presidente/UMESP), Prof. Dr. Almir Martins Vieira (Titular/UMESP), Prof. Dr. Sérgio Marcus Nogueira Tavares (Titular/UMESP), Prof. Dr. José Antônio Valente (Titular/UNICAMP) e Prof. Dr. Adolfo Mamoru Nishiyama (Titular/UNIP). ___________________________________ Profª Drª Patrícia Margaria Farias Coelho _______________________________ Prof. Dr. Marcelo Furlin Coordenador do Programa de Pós-Graduação Programa: Pós-Graduação em Educação Área de concentração: Educação Linha de pesquisa: Formação de professores.

(5) 5. Dedico este trabalho aos meus pais que, com amor, determinação e paciência, mostraramme o caminho a trilhar; ao meu querido filho Matheus, cuja existência me incita sempre a perseverar, e ao meu esposo Romeu, com admiração e terna gratidão por seu apoio..

(6) 6. AGRADECIMENTOS Até 2015, cursar o doutorado me parecia algo distante e impossível; um desafio intransponível diante das diversas situações que me cercavam. Naquela época, com tantas inquietações, jamais poderia imaginar o quanto essa experiência impactaria a minha formação e a minha visão de mundo e das coisas; desenvolvi virtudes ao longo dessa trajetória de vida e de estudos, abrindo não só os livros, mas também o coração para receber novos conhecimentos e refletir sobre as diversas opiniões acerca da Educação e do Direito, presentes no ambiente acadêmico. Agora, chegando ao final dessa bela aventura que foi o doutorado, só posso dizer que sou grata às pessoas que participaram deste processo, partilhando com elas o resultado deste trabalho. Assim, quero aqui agradecer, expressamente: A Deus, pelo maravilhoso dom da vida e por permitir que eu vivesse essa ditosa experiência do doutorado, mesmo sem me sentir merecedora dessa benesse; Aos meus pais Elizabete e Luiz Carlos (in memorian), ao meu filho Matheus e ao meu esposo Romeu, que me deram o apoio, o carinho e os incentivos necessários para a elaboração deste trabalho; À Profª Drª Patrícia M. Coelho, minha querida orientadora, pessoa muito humana e vivaz que, pacientemente, me orientou e esteve ao meu lado, incentivando-me em momentos decisivos da minha trajetória no doutorado, tornando este trabalho possível; Ao Prof. Dr. Rui S. Josgrilberg, que esteve comigo numa boa parte do caminho, a quem devo muito respeito e consideração por seus ensinamentos; À Dra. Roseli Fischmann, diretora e professora de alma inefável, que muito me apoiou no período em que esteve conosco na UMESP e me ajudou a tornar realidade o meu sonho de cursar o estágio doutoral na Universidade de Coimbra; Ao Prof. Dr. António Gomes Ferreira, meu prestimoso coorientador, que me acolheu durante o período de estágio doutoral na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Mesmo sempre muito atarefado, cedia-me parte de seu precioso tempo para me orientar na elaboração dos capítulos desta tese; Ao Prof. Dr. João António Fernandes Pedroso, que me inspirou com suas intrigantes ideias sobre as tranformações sociais e os rumos do Direito no século XXI, cujas aulas de Sociologia do Direito, na Faculdade de Economia da.

(7) 7. Universidade de Coimbra, agregaram-me conhecimentos imprescindíveis para a elaboração deste trabalho ; Ao Prof. Dr. Marcos Rogério Martins Costa, cujo apoio e encorajamento foram essenciais para que eu pudesse organizar e conciliar as ideias do presente trabalho e, então, finalizá-lo; Ao Diretor do Programa, Prof. Dr. Marcelo Furlin, e às queridas funcionárias da UMESP, Priscila Wagna e Camilla Sanches, da Secretaria de Pós-Graduação, por terem me ajudado nos detalhes acadêmicos e burocráticos ao longo do curso; A todos os professores do Programa de doutorado, com quem muito aprendi nas disciplinas cursadas, generosos que foram no compartilhamento de seu saber, tendo contribuído imensamente para o meu crescimento pessoal, acadêmico, científico e profissional; Aos funcionários das Bibliotecas da UMESP e do CES – Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, sempre muito prestativos e atenciosos; Aos queridos amigos do curso de doutorado, companheiros neste caminho, egressos de muitas partes do Brasil e do mundo, pela enriquecedora oportunidade de convivência e amizade construída ao longo dos anos no doutorado; Por fim, à querida Magda Vial, pessoa enviada por Deus para mostrar que eu era capaz de chegar até aqui, não obstante todas as minhas limitações.. Financiamento da Investigação. A elaboração deste trabalho se beneficiou do apoio da:. CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a quem também agradeço, pelo apoio financeiro recebido por meio das bolsas de estudo..

(8) 8. O papel do professor é elevar os alunos do nível não elaborado, do nível do conhecimento espontâneo, de senso comum, para o nível do conhecimento científico, filosófico, capaz de compreender o mundo nas suas múltiplas relações e, portanto, passar da visão empírica, fragmentada do Mundo, para uma visão concreta, articulada. Demerval Saviani.

(9) 9. RESUMO. A formação do profissional do Direito tem sido bastante discutida nos últimos anos, dada a sua feição estritamente tecnicista, em detrimento da formação humanística que deveria carrear o ensino jurídico. As matrizes curriculares dos cursos de Direito precisam acompanhar as profundas transformações sociais que trouxeram implicações ao ordenamemento jurídico brasileiro vigente. O objetivo deste trabalho é, assim, investigar as principais transformações do Direito, com especial atenção sobre aquelas desencadeadas pela Globalização, suas demandas educacionais e formativas, considerando, ainda, os problemas ambientais dela decorrentes e a necessidade de um ensino jurídico humanizador e sustentável, recaindo, inevitavelmente, no debate acerca do papel do professor de Direito nesse contexto. Neste estudo, parte-se da hipótese de que o Direito pode contribuir para a formação de cidadãos críticos e reflexivos, comprometidos com o meio ambiente no qual estão inseridos, de forma a gerar a emancipação dos sujeitos. Pretende-se, a partir disso, examinar o ensino jurídico de forma geral e específica, no tocante ao Direito Ambiental, nas melhores faculdades de Direito regionais do Brasil. O corpus selecionado para este estudo é composto pelas matrizes curriculares de cinco cursos de Direito de universidades públicas, sendo escolhida uma instituição pública por cada região do país. O critério de seleção utilizado foi a classificação no “Ranking Universitário Folha”, organizado pelo Instituto Datafolha e realizado em 2018. O presente trabalho tem, por metodologia, uma abordagem crítico-dialética, sob a ótica da Teoria Crítica do Direito. A base teórica desenvolvida é interdisciplinar, porque abriga, além do Direito e da Sociologia do Direito, diferentes áreas do conhecimento, desde a Educação, Sociologia e Filosofia, até os teóricos da Comunicação, dentre outras – respeitando a epistemologia de cada uma dessas disciplinas. O percurso de análise deste trabalho foi dividido em três capítulos. Na introdução, apresentamos a nossa trajetória, explicitamos o objeto, os objetivos gerais e específicos, o corpus e a fundamentação teórica desta tese. No primeiro capítulo, discutimos as transformações sociais e do Direito, o tema Globalização e suas interfaces com o Direito, as problemáticas em relação ao meio ambiente e os avanços do Direito Ambiental nas últimas décadas. O segundo capítulo aborda o papel do professor de Direito na formação do aluno. No terceiro capítulo, contextualizamos as cinco instituições de ensino superior escolhidas e seus respectivos cursos de Direito. Depois, analisamos cada uma das matrizes curriculares e problematizamos o quanto o ensino e a aprendizagem do Direito Ambiental estão em evidência, ou não, nas instituições. Em seguida, apresentamos nossas considerações finais, retomando os objetivos e verificando quais são as contribuições da tese para a área da Educação e do Direito. Os resultados alcançados demonstraram que o.

(10) 10. ensino jurídico no Brasil, nos casos analisados, ainda está muito aquém de oferecer aos alunos uma formação que os capacite a atuar e interagir no mundo globalizado, considerando uma perspectiva sustentável e crítica da interação homem e meio ambiente. Por outro lado, constatou-se que há uma preocupação, por parte das instituições de ensino pesquisadas, em alinhar as matrizes curriculares às novas demandas da sociedade global. Constatou-se, ainda, que as disciplinas voltadas para o estudo do Direito Ambiental perfazem apenas uma média de 5,8% das matrizes curriculares dos cursos de Direito pesquisados, ao longo de todo o curso, não obstante a sua importância social. Palavras-chave: Direito. Direito Ambiental. Formação docente. Currículo. Ensino jurídico.

(11) 11. ABSTRACT. The professional training in Legal Education has been largely discussed in the last years, because of its technical characteristic, in detriment of a humanistic education, which should carry on the legal education. The curricular matrixes of Laws courses need to follow the deep social transformations that have brought implications on current Brazilian Legal system. The aim of this paper is, thus, investigate the main Law transformation, especially those trigged by Globalization,. their. educational-formative. demands,. considering,. yet,. environmental problems resulting from them and the necessity of a sustainable humanist Legal system, which lies upon, inevitably, in the debate about the role of Legal Professor in this context. In this study, there is an assumption that Law can contribute to the formation of critical and reflexivity citizens, committed with the environment they are, in a way that it’s possible to foment citizens emancipation. It is intended, starting from it, examine the Legal Education in a strict and general view, concerning Environmental Law, in the best regional Law Universities in Brazil. The corpus selected for this study is compound by curricular matrixes of five years course of Law in public universities. It was chosen one public institution by region of the country. The selection criteria applied was the position in the “University Ranking Folha”, organized by Datafolha Institute carried out in 2018. The present paper has, by methodology, a critical-dialect approach, by means of the critical theory of Law. The developed theoretical basis is interdisciplinary, because it bears, besides Law and the sociology of law, with Machado (2009) and Faria (2017), different areas of knowledge, since Education and Philosophy, with Freire (1987; 1993; 2000) and Bakhtin (2006; 2010a; 2010b; 2016; 2017), until the theoretical of Communication as Lemos (2013), Jenkins(2012), Lévy (2003), and of Sociology, with Castells (2000) Bordieu (1989; 2004) e Santos (2003), among others – respecting the epistemology of each one of these subjects. The path of analyses of this paper was divided in three chapters. In the introduction, we introduce our track, we made clear the object, general goals and specific ones, the corpus and the theoretical foundation of this thesis. In the first chapter, we discussed social transformations as well as the Law’s, the theme of.

(12) 12. globalization and its interfaces with Law, problems related to environment and the advancements of Environmental Law in the last decades. The second chapter presents the role of Professor of Law and the student’s degree. In the third chapter, we contextualize the five institutions of higher education and their Law courses respectively. After, we analyzed each one of the curricular matrixes and we problematized how the teaching of learning of environmental Law are in evidence, or not, in the institutions. After that, we presented our final considerations, resuming the objectives and checking what are the contributions of the thesis for the area of Education and Law. The outcome we reached showed that the teaching of Legal Education in Brazil, in cases studied, is far from offering to Brazilians students one formation that make them qualified to work and interact in a globalized world, taking into consideration a criticsustainable perspective of integration of humans and environment. On the other hand, it was clear that there is a preoccupation, on the part of institutions of teaching researched, in keep themselves in line with curricular matrixes connected to the new demands coming from the global society. It was noted, yet, the subjects turned to the teaching of Environmental Law cover an average 5,8% of the curricular matrixes of Law Education courses researched, though all the course, nonetheless its social importance.. Key words: Law. Environmental Law. Teacher training. Curriculum. Legal Education.

(13) 13. LISTA DE FIGURAS. Figura 1 – Perfil dos cursos de Direito no Brasil: dados de 2013. 91. Figura 2 – Número de cursos de Direito por município no território nacional. 148.

(14) 14. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Número de matrículas em cursos de graduação e sequencial: de 82 2006 a 2016 no Brasil Gráfico 2 – Cursos de graduação com os maiores números de matrículas: 82 comparação entre 2009 e 2016 Gráfico 3 – Número de faculdades de Direito autorizadas pelo Ministério da 83 Educação no Brasil de 1995 a 2017 Gráfico 4 – Números de inscritos e aprovados da edição II a Exame da OAB. XVII. do 90. Gráfico 5 – Evolução do número de cursos de Direito no Brasil. 148. Gráfico 6 – Número de matrículas no ensino superior em relação à população 149 de 18 a 24 anos por região: dados de 2001 e de 2013 Gráfico 7 – Distribuição regional dos cursos de graduação em Direito, por 150 categoria administrativa: dados de 2013 Gráfico 8 – Disciplinas relacionadas ao direito ambiental na UFG. 166. Gráfico 9 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao direito ambiental 167 na UFG Gráfico 10 – Disciplinas relacionadas ao direito civil na UFG. 168. Gráfico 11 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao direito civil na UFG. 168. Gráfico 12 – Disciplinas relacionadas ao tema da globalização na UFG. 169. Gráfico13 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao tema da 170 globalização na UFG Gráfico 14 – Disciplinas relacionadas ao direito ambiental na UFPA. 171. Gráfico 15 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao direito ambiental na 172 UFPA Gráfico 16 – Disciplinas relacionadas ao direito civil na UFPA. 173. Gráfico 17 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao direito civil na 173 UFPA Gráfico 18 – Disciplinas relacionadas ao tema da globalização na UFPA. 174. Gráfico 19 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao tema da 175 globalização na UFPA.

(15) 15. Gráfico 20 – Disciplinas relacionadas ao direito ambiental na UFPE. 176. Gráfico 21 – Carga horária das disciplinas de direito ambiental na UFPE. 176. Gráfico 22 – Disciplinas relacionadas ao direito civil na UFPE. 177. Gráfico 23 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao direito civil na 178 UFPE Gráfico 24 – Disciplinas relacionadas ao tema da globalização na UFPE. 179. Gráfico 25 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao tema da 179 globalização na UFPE Gráfico 26 – Disciplinas relacionadas ao direito ambiental na UFPR. 180. Gráfico 27 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao direito ambiental na 181 UFPR Gráfico 28 – Disciplinas relacionadas ao direito civil na UFPR Gráfico 29 UFPR. 182. – Carga horária das disciplinas relacionadas ao direito civil na 182. Gráfico 30 – Disciplinas relacionadas ao tema da globalização na UFPR. 183. Gráfico 31 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao tema da 184 globalização na UFPR Gráfico 32 – Disciplinas relacionadas ao direito ambiental na USP. 185. Gráfico 33 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao direito ambiental 185 na USP Gráfico 34 – Disciplinas relacionadas ao direito civil na USP. 186. Gráfico 35 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao direito civil na USP. 187. Gráfico 36 – Disciplinas relacionadas ao tema da globalização na USP. 188. Gráfico 37 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao tema da 188 globalização na USP Gráfico 38 – Disciplinas relacionadas ao direito ambiental nas instituições 190 selecionadas Gráfico 39 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao direito ambiental 191 nas instituições selecionadas Gráfico 40 – Disciplinas relacionadas. ao. Direito. Civil. nas. instituições 193.

(16) 16. selecionadas Gráfico 41 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao Direito Civil nas 194 instituições selecionadas Gráfico 42 – Disciplinas relacionadas ao tema da globalização nas instituições 195 selecionadas Gráfico 43 – Carga horária das disciplinas relacionadas ao tema da 196 globalização nas instituições selecionadas Gráfico 44 – Distribuição da carga horária das instituições selecionadas: 198 comparação entre as disciplinas relacionadas ao direito ambiental, direito civil e ao tema da globalização.

(17) 17. LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Instituições de ensino superior públicas selecionadas. 10. Quadro 2 – Índices gerais de desmatamentos desde 1985 até 2017, 57 coletados pela Fundação SOS Mata Atlântica e seus parceiros Quadro 3 – Desflorestamentos da Mata Atlântica entre 2016 e 2017, 58 em hectares Quadro 4 – Objetivos da legislação ambiental brasileira aplicada aos 62 resíduos sólidos Quadro 5 – Principais leis ambientais brasileiras. 63. Quadro 6 – Descrição dos conceitos do Ministério da Educação 138 aplicados às instituições de ensino superior no País Quadro 7 – Síntese histórica da configuração estrutural dos currículos 140 jurídicos Quadro 8 – . Síntese da legislação que aborda o ensino jurídico no 142 Brasil: de 1827 a 2018 Quadro 9 – Matriz curricular do curso de Direito da USP. 153. Quadro 10 – Matriz curricular do curso de Direito da UFPE. 155. Quadro 11 – Matriz curricular do curso de Direito da UFG. 160. Quadro 12 – Porcentagens do Direito Ambiental, do Direito Civil e do 199 tema da globalização na carga horária total das instituições selecionadas Quadro 13 – Temas pertinentes à área do direito ambiental. 203.

(18) 18. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAPES Superior. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível. CONAES. Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior. CNEJ. Conselho Nacional de Educação Jurídica. CNUMAD Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento DUDH. Declaração Universal dos Direitos Humanos. ENADE. Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. CURSO FMB. Curso Jurídico Flávio Monteiro de Barros. FGV. Fundação Getúlio Vargas. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IDH. Índice de Desenvolvimento Humano. INEP Anísio Teixeira. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. NEMA. Núcleo de Estudos do Meio Ambiente. OAB-SP. Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional São Paulo. ONU. Organização das Nações Unidas. RUF. Ranking Universitário Folha. SINAES. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. SERES. Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior. TIC. Tecnologias de Informação e Comunicação. UFG. Universidade Federal de Goiás. UFPA. Universidade Federal do Pará. UFPE. Universidade Federal de Pernambuco. UFPR. Universidade Federal do Paraná. UMESP. Universidade Metodista de São Paulo. UNESCO a Cultura. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e.

(19) 19. UNIASSELVI. Centro Universitário Leonardo da Vinci. UNIBAN-SP. Universidade Bandeirante de São Paulo. UNISEPE. União das Instituições de Serviços, Ensino e Pesquisa. USP. Universidade de São Paulo.

(20) 20. SUMÁRIO INTRODUÇÃO. 1. 1 TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO: DE 1980 ATÉ NOSSOS DIAS. 17. 1.1 Estudo sociológico. 17. 1.2 Da Globalização e suas implicações. 36. 1.3. Do avanço tecnológico. 43. 1.4 Do Direito Ambiental. 53. 2 PAPEL DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DO BACHAREL EM DIREITO: MEDIAÇÃO DE LEIS, SABERES E INTENCIONALIDADES. 68. 2.1 O sentido do Direito e do ensino jurídico. 68. 2.2 O papel do professor de Direito. 76. 2.3 Expectativas do alunado do curso de Direito. 81. 2.3.1 Ensino jurídico: uma ponte que liga o aluno ao Direito. 99. 2.4 Intencionalidade no ensino jurídico: uma perspectiva fenomenológica. 101. 2.5 Responsabilidades e desafios impostos ao professor de Direito e aos cursos de Direito no século XXI. 112. 3 ANÁLISE DAS CINCO MELHORES FACULDADES DE DIREITO REGIONAIS DO BRASIL: UFG, UFPA, UFPE, UFPR E USP. 133. 3.1. Disciplinas oferecidas nos cursos de Direito. 133. 3.2. Contextualização das instituições selecionadas. 151. 3.2.1 Faculdade de Direito da USP FADUSP. 151. 3.2.2 Faculdade de Direito da UFPE. 154.

(21) 21. 3.2.3 Faculdade de Direito da UFPR. 156. 3.2.4 Faculdade de Direito da UFG. 159. 3.2.5 Faculdade de Direito da UFPA. 161. 3.3 Matrizes curriculares e ensino de Direito Ambiental. 165. 3.3.1 Sobre a UFG. 166. 3.3.2 Sobre a UFPA. 171. 3.3.3 Sobre a UFPE. 175. 3.3.4 Sobre a UFPR. 180. 3.3.5 Sobre a USP. 184. 3.4 Problematização dos resultados. 189. 3.5. 200. Discussão dos dados. CONSIDERAÇÕES FINAIS. 207. REFERÊNCIAS. 218. ANEXOS 229.

(22) 1.

(23) 1. Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes (FREIRE, 2000, p.33).. INTRODUÇÃO. Esta parte introdutória da tese está dividida em três partes. Em um primeiro momento, serão rememorados os desafios do percurso biográfico da pesquisadora que realizou esta tese, em uma perspectiva memorialística que recupera a subjetividade do pesquisador, sem com isso desviar da cientificidade que embasa a premissa existencial deste trabalho. Em seguida, serão discutidos os fatores que justificam e recortam o objeto, o objetivo e o corpus deste estudo. A terceira parte destina-se à fundamentação teórica, que referenda a investigação a ser desenvolvida nos próximos capítulos.. O DESAFIO DO DOUTORADO. O interesse em cursar o doutorado em Educação no Programa de PósGraduação da Universidade Metodista de São Paulo surgiu em meados de setembro de 2014. O objetivo, inicialmente, era dar continuidade aos meus estudos do Mestrado, realizado também na área da Educação, na interface com o Direito. Depois, vislumbrei que poderia desenvolver uma pesquisa pioneira na área, porque investiguei um campo pouco explorado – tanto na Educação quanto no Direito – o ensino do Direito Ambiental, problematizando, inclusive, a formação do bacharel em Direito, num aspecto geral, mas nem por isso superficial. Se, na Educação, estudam-se aspectos pedagógicos e didáticos e, no Direito, os meandros da norma jurídica e o sistema jurídico, o enfoque do presente trabalho é, justamente, discutir a educação jurídica, atrelando as duas áreas do conhecimento. No que tange ao Direito Ambiental, seu ensino é tratado ora com demasiado tecnicismo, que embota a questão humanística, ora esmaecido de sua importância no contexto brasileiro – país com ricas características ambientais e diversas questões mal resolvidas. Por isso,.

(24) 2. chamou a minha atenção a necessidade de pesquisar o ensino dessa área do Direito, bem como sua evolução no ordenamento jurídico brasileiro, ideia esta que embasou esta tese. Quanto à minha formação, destaco que sou graduada em Direito, turma de 2003, pela Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN-SP). Possuo especialização em Direito do Trabalho, pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI), tendo desenvolvido trabalho monográfico, na pósgraduação lato sensu supracitada, com o seguinte tema: A configuração do assédio moral no ambiente de trabalho, por entender que o assunto, além de interessante, possui diversas nuances que merecem ser investigadas. Sou membro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional São Paulo (OAB- SP), desde o ano de 2004. Tenho minha militância jurídica nas áreas do Direito Civil e do Direito do Trabalho. Desde 2013, leciono também em faculdades de Direito, tendo, em 2014, assumido o cargo de coordenadoraadjunta do curso de Direito da Faculdade Peruíbe, estabelecida no município de Peruíbe, no litoral sul paulista, instituição de ensino integrada à UNISEPE – União das Instituições de Serviços, Ensino e Pesquisa. Como professora titular do curso de Direito da Faculdade Peruíbe, lecionei disciplinas como Fundamentos do Direito, Direito Civil, Direito e Processo do Trabalho, Direito Tributário e Direito Agrário. Fui também membro do Colegiado, do Núcleo Docente Estruturante do curso e uma das professoras responsáveis pelo grupo de estudo “Núcleo de Estudos do Meio Ambiente” (NEMA), vinculado à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Esse grupo, coordenado pela professora Me. Rosângela Barbosa, Secretária do Meio Ambiente do município de Peruíbe, era voltado para a discussão da questão ambiental local e foi uma de minhas fontes de inspiração para desenvolver esse tema no doutorado. Nos. últimos anos, a experiência docente tem sido bastante. enriquecedora, tendo agregado consideravelmente às minhas pesquisas do mestrado e também agora, no doutorado. Em 2012, quando mestranda, ainda não lecionava no ensino superior, embora minha pesquisa já enfocasse o professor de Direito e os bastidores do ensino jurídico. Como docente, pude compreender, na prática, o exercício da docência na área do Direito e refletir.

(25) 3. acerca de muitas questões. Quando me tornei coordenadora-adjunta do curso de Direito da Faculdade Peruíbe, tive a oportunidade de implementar diversos projetos educacionais.. Eles. foram. incorporados. por. meio. das. atividades. complementares, por exemplo: o projeto de orientação jurídica nas escolas com vistas a atingir populações em situação de vulnerabilidade social; visitas monitoradas à Faculdade de Direito USP e aos Tribunais, dentre outras atividades. Tive autonomia para, pessoalmente, modificar o projeto pedagógico do curso de Direito, analisando as ementas do curso e nelas inserindo conteúdos e atividades voltadas para o Direito Ambiental, Diretos Humanos e Responsabilidade social. Estimulei a criação e a organização de eventos científicos como: o “1º Simpósio de Direitos dos Afrodescendentes” e o Simpósio “Filosofar Direito”. Esses eventos tinham como objetivo discutir aspectos específicos do Direito e da Justiça na contemporaneidade, possibilitando uma reflexão sobre a função social do Direito e a práxis jurídica. Durante esse período, tive a oportunidade de participar ativamente do reconhecimento do curso de Direito da Faculdade Peruíbe. Essa experiência possibilitou ampliar a minha visão sobre a administração de um curso de graduação e de suas responsabilidades. Destaco a responsabilidade social do curso de Direito para com o corpo docente e os alunos, além de sua importância para toda a instituição de ensino e a comunidade ao seu redor. A atuação como docente me mostrou que o objeto de meu estudo pode ser contemplado por vários ângulos. A experiência me deu o convívio contínuo e formativo necessário para que eu pudesse depreender as singularidades do fazer docente, em especial o do professor de Direito. O intercâmbio com os professores mais experientes da área e aqueles que, como eu, ingressavam na docência no ensino superior, mostrou que meu objeto de estudo, o ensino jurídico, precisava ser discutido tanto no aspecto curricular, quanto na questão didática e aquelas relativas às práticas pedagógicas. Observando a postura dos discentes, verifiquei que eles almejam maior interatividade, seja para com o conteúdo a ser aprendido, seja para com o professor. Na perspectiva docente, o modelo de giz, lousa e explicação oral está ultrapassado. Os alunos querem participar, mostrar também o que sabem, o que ouviram no noticiário de ontem ou leram nas revistas e na internet..

(26) 4. Querem discutir, posicionar-se e criticar os fenômenos jurídicos em pauta. O tema ambiental entrou em cena, porque temos alunos e professores engajados nessas causas sociais, dentre elas, as que defendem, por exemplo, os direitos dos animais, o consumo consciente, as reservas naturais, dentre outras. O professor da atualidade deve acompanhar e ser sensível a esse engajamento social. Além disso, o posicionamento crítico do alunado deve ser uma prerrogativa do desenvolvimento intelectual promovido durante a formação educacional. Isso decorre, porque, durante o processo de ensino e de aprendizagem, conforme Freire (2002), não há a mera transmissão de conteúdo, mas um intercâmbio de saberes entre a bagagem sociocultural do aluno e os conteúdos disciplinares. Como se pode apreender, a reflexão sobre a atuação formativa do professor de Direito sempre fez parte de minha trajetória. Destaco que, mesmo enquanto aluna do curso de Direito, eu analisava a postura e as práticas pedagógicas de meus próprios professores. Esta tese se engendra, de alguma forma, dessas primeiras análises que surgiram em minha formação inicial em Direito e que, com meu percurso como docente, aprofundaram-se. No que toca à parte pessoal de minha trajetória de vida, retomarei alguns momentos significantes, que contribuíram direta ou indiretamente para minha formação. Cresci no seio de uma família cristã da classe média, que lutava para se manter. A educação religiosa teve lugar de destaque em nosso lar, onde a igreja era a base de nossos relacionamentos. Além de professor, meu pai era militar e minha mãe, por sua vez, cuidava da casa e de nossa educação. Por opção de meus pais, não tínhamos televisão em casa. Em vez disso, tínhamos uma biblioteca com um acervo considerável de livros. A leitura era constante, sendo o nosso principal passatempo, quando caía a noite. Dessas agradáveis noites de leitura, à meia luz, nasciam, em mim, os clarões do desejo de um dia ser professora e escritora. Foram as primeira profissões que desejei. Durante o ensino fundamental, tive acesso a uma fase de transição no ensino, vivenciada na década de 1980. Nessa época, houve um florescimento de novas práticas pedagógicas que decorriam da abertura democrática que o País vivia, com o fim da Ditadura Militar (1964-1985). Essa fase pós-ditadura questionou muito a pedagogia e as metodologias rígidas e engessadas.

(27) 5. aplicadas até então, chamadas de pedagogia tradicional. Lembro com nostalgia e gratidão das experiências pedagógicas que vivenciei com os meus professores e do incentivo constante que deles recebia. Em 1991, iniciei o curso técnico em contabilidade no Colégio Leonor Mendes de Barros, em São Bernardo do Campo – SP, vindo a concluí-lo em 1993. Esse colégio era particular e, mesmo com apenas 15 anos de idade, paguei o curso com minhas próprias economias, esforçando-me muito para isso. Consegui conciliar, com muita dificuldade, o trabalho e os estudos – tal era, e continua sendo, o meu desejo de atngir os meus objetivos. Nesse curso, aprendi muito mais que noções de contabilidade; percebi e apre(e)ndi didática e praticidade, pois os professores eram claros, objetivos e muito acessíveis a nós alunos. Depois de experienciar a contabilidade e, por um breve tempo, o curso de Educação Física, em 1998 comecei a trabalhar como secretária, em um escritório de advocacia. Nesse emprego, eu prestei serviços por oito anos e tive acesso total e irrestrito à biblioteca do escritório que era bem suprida de livros jurídicos. Com o hábito da leitura estimulado desde muito cedo, tornei-me leitora assídua da literatura jurídica. Encantei-me com um novo universo de conhecimentos: a área do Direito. Durante esses oito anos, eu aprendi a elaborar petições e teses, a fazer pesquisas jurisprudenciais, ganhei desenvoltura na escrita, passei a compreender a estrutura do Poder Judiciário. Tomei contato com o dia a dia e com o universo de um escritório de advocacia. Isso me estimulou a tomar uma atitude: decidi cursar Direito. Em 1999, fiz o vestibular e fui aprovada na UNIBAN-SP. No mesmo ano, meu pai faleceu, mas eu não esmoreci e não desisti. Segui em frente e, a prova disso, é esta tese que demonstra minha persistência e resiliência nos estudos. Depois. de. formada,. atuando. na. área. do. Direito. e. dando. prosseguimento a minha formação, entre 2010 a 2012, atuei junto à coordenação pedagógica do Curso Jurídico Flávio Monteiro de Barros – FMB. Mais uma vez, verifiquei que a didática em sala de aula foi posta à prova, pois recebíamos alunos com diversos e distintos níveis de aprendizagem. Nesse momento, ganhei em experiência e (con)vivência; aprendi muito, numa interlocução e trocas de saberes diversos. Nessa época, decidi cursar o.

(28) 6. mestrado, como forma de preparar-me para mais um objetivo: a docência. Em 2012, defendi minha dissertação no mestrado em Educação, intitulada Representações sociais de professores de Direito sobre o exercício da docência. Depois de aprovada e depositada a versão corrigida, meu desejo era continuar a pesquisa no doutoramento. Em 2015, ingressei no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), tendo sido contemplada com uma bolsa de estudos junto à CAPES que me possibilitou cursar o doutorado e realizar meu Estágio Doutoral junto à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Em agosto de 2017, passei pelo processo de qualificação e, em seguida, viajei para Portugal. O Professor Doutor António Gomes Ferreira, Diretor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, muito gentilmente aceitou co-orientar meus trabalhos a serem desenvolvidos no exterior, no período do Estágio Doutoral. A estadia na Universidade de Coimbra teve início em 20/08/2017 e terminou em 20/12/2017. Durante esse período, pude aprofundar meus conhecimentos sobre o ensino jurídico, com ênfase nos processos de ensino e aprendizagem e nos modelos de ensino na área do Direito. Foi um período significativo para o desenvolvimento desta tese. Depois disso, foquei na escrita dos capítulos desta tese. E os resultados de minha pesquisa estão nas páginas deste trabalho. Nos próximos tópicos, desenvolvo os percursos de minha pesquisa e passo a utilizar a linguagem científica objetiva para detalhar, descrever e demonstrar os objetivos, os métodos, o arcabouço teórico e a análise dos dados obtidos.. CAMINHOS E DESCAMINHOS NA BUSCA DO CONHECIMENTO. A formação inicial do bacharel em Direito tem sido discutida nos últimos anos. Diversos autores, como Santos (2011), Gustin e Dias (2010) e Bastos (2000), demonstram que a formação do profissional de Direito possui deficiências e precisa ser repensada. Essas problemáticas se estendem para a pós-graduação lato sensu (especialização, formação complementar etc.) e também stricto sensu (mestrado profissional e acadêmico e doutorado)..

(29) 7. Um fator que não deve ser desconsiderado é que a legislação vigente não exige do professor de Direito que frequente um curso específico que o capacite para a docência no ensino superior. Também não se oferecem, nas Faculdades de Direito, disciplinas específicas voltadas para esse fim: a docência. Geralmente, os cursos jurídicos consideram importantes apenas disciplinas profissionalizantes, enquanto que aquelas que tratam da formação humanística, social e política são relegadas a segundo plano, ou simplesmente inexistem nos currículos. Some-se a isso, o fato da maioria dos professores possuir uma cultura formalista e não conseguir trabalhar com o projeto pedagógico propriamente dito do curso de Direito. Diante disso, esta tese nasce da necessidade de se discutir a formação do bacharel em Direito, frente às profundas transformações do Direito que vivenciamos nas últimas décadas, em especial, no Direito Ambiental. Assim, a escolha pelo Direito Ambiental se deve a sua inserção tanto como um tema de cunho formal – já que está previsto na legislação e, sobretudo na Constituição Federal de 1988 – e também por seu impacto social. Como tema formal, são discutidas neste trabalho as principais normas protetivas e suas origens. Quando se considera o impacto social, o Direito Ambiental torna-se um tema decisivo, diante da urgência de sensibilizar as pessoas para os problemas ambientais e formar alunos conscientes que busquem, sobretudo, proteger o meio ambiente e apregoar uma cultura de sustentabilidade. Atualmente, no Brasil, o curso de Direito é um lugar onde se dá vazão à ciência e excessiva atenção direcionada à técnica jurídica. Como consequência, todos os profissionais do. Direito devem apreender o. conhecimento técnico, porque é preciso conhecer as normas jurídicas e interpretá-las tecnicamente, dentro da sistemática processual vigente, e também para conquistar o ingresso na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que é a entidade que representa os advogados brasileiros, responsável pela regulamentação do exercício da advocacia no território nacional. Os objetivos gerais deste trabalho voltam-se para a discussão da qualidade do ensino jurídico nas melhores universidades brasileiras, na.

(30) 8. atualidade, e para a constação do seu alinhamento, ou não, com as demandas do mundo globalizado e do meio ambiente. Elegemos o Direito Ambiental como disciplina de enfoque neste trabalho porque é uma das áreas mais importantes no ordenamento jurídico brasileiro, embora não lhe seja dada a importância devida, mas podemos citar outras áreas do Direito que também não recebem um olhar mais atento e humanístico. O Direito de Família, por exemplo, ficou estagnado por muitos anos e, só recentemente, recebeu alterações substanciais, como a concepção de casamento de cidadãos do mesmo sexo, a adoção monoparental, a alienação parental, a ideia de abandono afetivo, dentre outras mudanças. O que se vê, em curso na história do Direito brasileiro, é a formação estritamente tecnicista do bacharel, em detrimento de uma formação humanística e mais próxima de seu cotidiano. Para mudar esse contexto, é preciso possibilitar um diálogo das disciplinas. O professor de Direito deve incitar o aluno a refletir sobre o todo e a existência do universo jurídico, bem como reconhecer a relevância de seu trabalho e o impacto de seu desempenho sobre a formação de mundo do aluno. É na intersecção entre o Direito e os temas contemporâneos que esse diálogo pode se realizar. Partindo dessas reflexões, esta tese pretende cumprir os seguintes objetivos específicos: •. Discutir as transformações do Direito a partir da década de 1980, debatendo o conceito de Globalização e seus impactos na elaboração do Direito, bem como na formação do jurista;. •. Problematizar o papel do professor na formação do aluno de Direito;. •. Estudo documental de cinco cursos de Direito de instituições públicas de ensino superior, uma de cada região do País, examinando, sobretudo, como o Direito Ambiental é contemplado nas matrizes curriculares.. Assim, algumas questões que nortearam esta pesquisa foram: 1- O Direito pode ser um instrumento de transformação social ou, ao menos, influenciar algumas transformações? 2- O que precisa mudar no ensino jurídico diante dos impactos da Globalização?.

(31) 9. 3- As matrizes curriculares dos cursos de Direito estão em consonância com as atuais demandas do mundo globalizado e do meio ambiente? 4- Os professores de Direito têm cumprido sua missão como educadores na formação crítica e reflexiva de seus alunos? 5- Qual o papel das Faculdades de Direito em relação à educação jurídica? 6- Por que os alunos iniciam o curso de Direito com um senso acurado de Justiça e vão perdendo essa sensibilidade ao longo do curso? 7- Que tipo de cidadãos estamos formando nos cursos de Direito?. Eis o desafio a ser transposto no ensino jurídico: uma educação mais crítica e reflexiva que possibilite repensarmos, dentre outros, os problemas ambientais, no sentido lato do termo. A nossa perspectiva é fazer com que o Direito ambiental ganhe notoriedade e possa ser assumido pelas instituições de ensino como uma das disciplinas mais importantes a ser ministrada nos cursos de Direito no século XXI, diante dos seríssimos problemas ambientais que vivenciamos e que comprometem gravemente a qualidade de vida no Planeta, tanto das presentes quanto das futuras gerações. Para a seleção das universidades, foram adotados os seguintes critérios: (a) as instituições de ensino superior devem ser públicas; (b) é selecionada uma instituição por região do Brasil (sul, sudeste, centro-oeste, nordeste e norte), totalizando cinco; (c) a escolha por região se dará a partir da instituição com melhor classificação no Ranking Universitário Folha (RUF) de 2018, divulgada pela Datafolha1. Esse ranking é feito anualmente desde 2012, pelo Grupo “Folha”, por meio do Datafolha. Escolhemos esse índice porque ele gera anualmente dois produtos: o ranking de universidades e os rankings de cursos. Estes últimos 1. Datafolha é uma instituição de pesquisa estatística, filiada ao grupo Folha, que é, por sua vez, um aglomerado de empresas coligadas do qual o jornal Folha de São Paulo faz parte. O instituto foi criado em 1983, como departamento do jornal Folha da Manhã, antigo nome da Folha de São Paulo. Em 1990, o instituto se tornou independentemente, atendendo clientes externos aos interesses do jornal. A pesquisa utilizada nesta tese foi publicada em outubro de 2018, mas as instituições estudadas já estavam ranqueadas nas primeiras colocações nos anos de 2017 e 2016, em suas respectivas regiões..

(32) 10. nos interessaram, porque o ranking de curso avalia cada um dos quarenta cursos de graduação que possuem mais ingressantes, segundo o último censo da Educação Superior disponível. Com isso, é possível verificar, ao mesmo tempo, a classificação da universidade e do curso, em nosso caso, o de Direito. Aplicados os critérios discriminados, os cinco cursos de Direito selecionados pertencem às seguintes universidades: Quadro 1 - Instituições de ensino superior públicas selecionadas Ranking do Datafolha Região. Instituição - sigla. Direito. Avavaliação do. Qualidade. Mercado. de Ensino. Sudeste. Universidade de São. 1º. 1º. 1º. 5º. 9º. 7º. Universidade Federal 7º. 4º. 10º. 15º. 21º. 18º. 25º. 21º. 24º. Paulo – USP Sul. Universidade Federal do Paraná – UFPR. Nordeste. de. Pernambuco. -. UFPE Centro-Oeste. Universidade Federal de Goiás – UFG. Norte. Universidade Federal do Pará – UFPA. Fonte: RUF/Datafolha – 20182. Como se verifica no Quadro 1, os dados da classificação no curso de Direito acompanham a classificação geral da instituição na avaliação do mercado e na qualidade de ensino. A instituição melhor classificada é a USP; com os menores índices é a UFPA. Em geral, as cinco instituições estão entre as trinta melhores do país na avaliação anual da RUF, que considera as 196 universidades do país, públicas e privadas, com base em dados nacionais e internacionais e em duas pesquisas de opinião, considerando cinco aspectos: 2. Disponível em: < https://ruf.folha.uol.com.br/2018/ranking-de-cursos/direito/>. Acessado em: 30 jan. 2019..

(33) 11. pesquisa, ensino, mercado, internacionalização e inovação. No quadro apresentado, expomos dois aspectos: ensino e mercado. Escolhemos apenas esses dois itens porque eles apontam a valoração interna e o desempenho externo oriundos da formação do bacharel em Direito nos cinco cursos selecionados, sendo o valor interno a qualidade do ensino e o externo, a avaliação do mercado. Conseguimos, neste tópico, evidenciar o objeto de nosso estudo: a formação do bacharel em Direito, escolhendo como aspecto de análise o ensino-aprendizagem do Direito Ambiental. Apresentamos os três objetivos específicos que cumpriremos ao longo dos capítulos desta tese. Em seguida, foram identificados os cinco cursos de Direito que, no terceiro capítulo, examinaremos os currículos, com foco para aferir as disciplinas que abordam a temática do ensino de Direito Ambiental. NORTES TEÓRICOS DA INVESTIGAÇÃO Para entender o Direito, partimos de uma perspectiva fenomenológica neste trabalho. Esse é um prisma recentemente desenvolvido na literatura crítica da área. Conforme explica Cadena (2017), Direito e fenomenologia são disciplinas que se tangenciam e podem render reflexões pertinentes a ambas: A tradição fenomenológica teve início com a publicação das Investigações Lógicas de Edmund Husserl em 1900-01 e, embora seja mais comum enfatizar a relação entre o nascimento da Fenomenologia e a Psicologia já que encontramos nas Investigações Lógicas uma forte influência de Franz Brentano e uma evidente preocupação com a definição e fundamentação desta, o Direito e temas correlatos como as normas, as leis, o Estado, a atividade judicativa, os valores e a sociedade são frequentes nos textos dos primeiros fenomenólogos do Círculo de Göttingen, incluindo o próprio Husserl (CADENA, 2017, p. 1).. Nessa esteira, quais são as contribuições que a fenomenologia pode trazer à área do Direito? Diversas, porque, se formos retomar a noção direito a priori e direito natural3, chegaremos à mesma conclusão que Ferraz Junior 3. Na verdade, “A ciência sistemática divide-se em Direito Natural, que se funda em princípios puramente a priori, e em Direito Positivo (regulamentar), que tem por princípio a vontade do legislador (...) Há somente um único direito natural ou inato” (KANT,1995, p. 55). Desde então, há inúmeras discussões filosóficas sobre as divisões do Direito e as interferências do legislador na execução da lei. Existe,.

(34) 12. (2012, p.1): “(…) o direito é um mistério, o mistério do princípio e do fim da sociabilidade humana”. Além disso, como alerta Bobbio (2001), a maioria da humanidade acredita que é livre, mas todos estão envoltos em uma trama de regras de condutas, implícitas e explícitas, porque “a maior parte destas regras já se tornaram tão habituais que não nos apercebemos mais da sua presença” (BOBBIO, 2001, p. 24). Para sair do calabouço da indiferença entre o hábito e o direito natural, a fenomenologia traz chaves interpretativas. Conforme explica Capalbo (2008, p. 50), na fenomenologia, sobretudo sob a visão de Husserl, o que pesa “não são os fenômenos reais do mundo, mas sim os fenômenos que sofreram reduções transcendentais e que Husserl chamará de fenômenos irreais”. Essas reduções transcendentais querem dizer que, seja qual for o fenômeno analisado, não há coincidência com o objeto em si. Em outras palavras, se houve um crime, não se pode deduzir a vítima, o criminoso e a ação, sem antes considerar as circunstâncias. Para o pensamento husserliano, o fenômeno “não é uma manifestação natural ou espontânea da coisa: exige outras condições, que. são. impostas. investigação. pela. filosófica. como. fenomenologia”. (ABBAGNANO, 2007, p. 437). A análise fenomenológica do Direito incita-nos a dirigir um olhar a tudo aquilo que se apresenta no mundo jurídico, e questionar o seu sentido. Desses questionamentos, conseguimos sair da clausura das certezas absolutas e construir/transformar o conceito de ensino e aprendizagem do Direito e o da própria. experiência. do. graduando.. Por. reconhecer. esse. potencial. transformador presente na análise fenomenológica, esta tese se subsidia desse prisma teórico. A vantagem da análise fenomenológica é que, por seu intermédio, há um reposicionamento das ciências no universo do conhecimento humano. Não se aceita como resposta a coisa em si, isto é, o fenômeno pelo fenômeno, mas busca-se entender as suas circunstâncias e o seu sentido. Com isso, os saberes podem ser ampliados e adaptados, de tempos em tempos. O mundo contemporâneo, pós revolução digital, exige a construção de inclusive, o adágio latino: a deo rex, a rege lex, que, em tradução livre, quer dizer “o rei vem de Deus, a lei vem do rei”..

(35) 13. uma sociedade mais humana e conectada – e não somente nas redes sociais digitais, mas naquelas redes fora das telas dos celulares e computadores. O Direito pode contribuir para isso. A fragmentação mais ampla e global espraiou as comunidades, alargando as dimensões de comunicação que eram locais, para mundiais (LÉVY, 2003). O professor da área de Direito deve incentivar seus alunos a criarem redes entre si e, mais do que isso, interagirem com o seu meio. Nesse processo, há de se considerar o contexto sociocultural e histórico onde aluno e professor estão inseridos. Por isso, no quarto capítulo, analisaremos os currículos e os contextos de ensino e de aprendizagem dos cinco cursos selecionados. Destacamos que o professor e o aluno possuem mundos distintos, mas esses mundos estão inseridos dentro de um universo comum a ambos, em muitos aspectos. É partindo desse prisma que integra o ensino jurídico, sem deixar de considerar as diferenças, que desenvolvemos estas reflexões. O presente trabalho tem, por metodologia, uma abordagem críticodialética, sob a ótica da teoria jurídica crítica. No III Capítulo realizamos uma análise voltada à verificação da existência de disciplinas relacionadas ao Direito Ambiental nas matrizes curriculares das cinco instituições pesquisadas. Para isso, foi necessário desenvolver uma pesquisa documental que teve como escopo os Projetos Pedagógicos do curso de Direito e, em especial, a leitura atenta e minuciosa de seus ementários. Objetivamos separar três grupos de disciplinas das referidas matrizes curriculares, para ao final compará-los: disciplinas de Direito Ambiental, de Direito Civil e acerca de temáticas voltadas para a Globalização e suas implicações. Para constatar a finalidade de cada disciplina presente na matriz curricular do curso de Direito das instituições observadas, e verificar se se enquadravam num ou noutro grupo, em primeiro lugar, verificou-se se a disciplina era obrigatória, eletiva ou optativa. Após esta classificação, foram apontadas em cada ementa, se nela havia alguma relação com o Direito Ambiental, com o Direito Civil ou com temáticas relacionadas ao mundo Globalizado. A partir disso separamos as disciplinas e as enquadramos num ou noutro grupo e especificamos o número de disciplinas destinadas ao estudo de cada temática e a carga horária total específica de um e outro grupo..

(36) 14. A base teórica desenvolvida é interdisciplinar, porque abriga diferentes áreas do conhecimento além do Direito e Sociologia do Direito, com Machado (2009) e Farias (2017), a Educação e Filosofia, com Freire (1987; 1993; 2000) e Bakhtin (2006; 2010a; 2010b; 2016; 2017), até teóricos da Comunicação como Lemos (2013), Jenkins (2012) e Lévy (2003) e da Sociologia, com Castells (2000) Bordieu (1989; 2004) e Santos (2003), dentre outros. –. respeitando a epistemologia de cada uma dessas áreas do conhecimento. Acolhemos os estudos de teóricos que debatem o ensino e a aprendizagem na sociedade atual, bem como as demandas decorrentes do mundo globalizado. A perspectiva fenomenológica desenvolvida é baseada na ponte entre os estudos de Husserl (1975; 1989) e os de Merleau-Ponty (2013; 2015). Os procedimentos da pesquisa dizem respeito à análise fenomenológica do Direito e da Justiça. Propomos, também, uma discussão acerca da função social do Direito, como fundamento para um ensino jurídico humanizador, embasados que estamos na problematização dos processos de ensino e de aprendizagem do Direito. Buscamos construir uma pesquisa interdisciplinar, já que para o estudo do tema proposto não há como prescindir de outras áreas do conhecimento como a Sociologia, a Filosofia, a Política, a Economia e outras áreas afins. O que fizemos foi um recorte teórico para concentrar as principais correntes que poderiam auxiliar a desvelar um ensino jurídico mais humanizado e coerente com as novas exigências do mercado profissional globalizado. Com isso, buscamos a fundamentação epistemológica do Direito na própria realidade social, isto é, inquirimos os fatores jurídicos a partir de um método dialético, que viabilize um diálogo entre distintas áreas do saber – sem prescindir do rigor científico. Queremos abrir um diálogo entre a dimensão normativa do direito e as dimensões históricas, sociais e culturais do fenômeno jurídico. Para tanto, a compreensão do fenômeno jurídico não deve fundamentar-se apenas na análise de seus aspectos formais, como ocorre comumente em um prisma formalista. Deve-se considerar o contexto histórico que envolve o tempo e o espaço, interpretando as transformações decorrentes da Globalização, bem como do avanço das tecnologias e da comunicação digital. Conforme defende Machado (2009), o Direito não pode se afastar das.

(37) 15. mudanças sociais, porque isso tornaria o código falho, tanto quanto seus legisladores e executores. O objetivo do ensino jurídico deve ser que o aluno passe não só a pensar nas leis e em seus textos interpretados de forma literal. O processo de ensino e de aprendizagem, conforme defende Freire (2000), deve ser vivo e contextualizado. Por isso, o graduando em Direito deve ser estimulado a compreender, dentre outros, que a coordenação jurídica é necessária para a convivência social pacífica, inclusive no que diz respeito ao aspecto socioeconômico. Como explica Cavalieri Filho (2002), Adequar o Direito à Justiça é obra perene do operador do direito, por melhor que seja a lei. E assim é porque, sendo a Justiça, como vimos, um sistema aberto de valores em constante mutação, por melhor que seja a lei, por mais avançados os seus princípios, haverá sempre a necessidade de se engendrar novas fórmulas jurídicas para ajustá-la às constantes transformações sociais e aos novos ideais de justiça. (CAVALIERI FILHO, 2002, p. 63-64). O aluno do curso de Direito precisa adotar uma postura ativa e crítica em relação à vida e às leis. Como futuro profissional do Direito, deverá observar a prática jurídica como um meio de ação social. Imprescindíveis são, portanto, os exercícios práticos nesse sentido, e o preocupar-se com a formação humanística, envolve, inevitavelmente, preocupar-se com o meio ambiente. Por isso, a escolha pelo Direito Ambiental faz muito sentido dentro do escopo de intencionalidade deste trabalho. O Estado estabelece estratégias políticas e jurídicas para impor-se, e toda a legislação incorpora essas mesmas estratégias, demarcando espaços e limites, seja para o homem, seja para a própria natureza. Prova disso é que há, de um lado, espaços de reserva natural, onde são proibidos a caça e o desmatamento, e, de outro lado, espaços destinados ao agronegócio, onde se prevê a exploração da terra para a produção de alimentos. Tanto o jurista quanto o cidadão comum necessitam de táticas para lidar com a estratégia jurídica que está, inerentemente, presente em nosso cotidiano e, como vimos, interfere na atuação do homem sobre o meio ambiente, numa abordagem amplamente considerada..

(38) 16. Acreditamos ser imprescindível que o Estado e a sociedade atentem para a questão da conscientização ambiental entre os alunos do curso de Direito. Isso é muito importante, pois nas Faculdades de Direito é que são formados profissionais que podem influir diretamente na defesa e preservação da vida, em todas as suas dimensões. Eis um papel que não é secundário, mas nem sempre é valorizado pelos professores de Direito, pelas instituições de ensino e pelo Poder Público. Expostos os nortes de nossa investigação, eis o percurso deste estudo. Dividimos esse trabalho em cinco partes. Nesta Introdução, apresentamos a nossa trajetória, explicitamos nosso objeto, os objetivos específicos, o corpus e a fundamentação teórica desta tese. No Capítulo 1, discutiremos as transformações sociais e do Direito, em especial aquelas decorrentes da Globalização, das problemáticas em relação ao meio ambiente e dos avanços da tecnologia nas últimas décadas. No Capítulo 2, abordaremos o papel do professor de Direito na formação do aluno. No Capítulo 3, contextualizaremos as cinco instituições de ensino superior pesquisadas e seus respectivos cursos. Depois, analisaremos cada um dos currículos dessas universidades públicas, problematizando o quanto o ensino-aprendizagem de Direito Ambiental é valorizado ou não por elas. Nas considerações finais, retomamos os objetivos, verificando quais são as contribuições da tese para a área da Educação e do Direito, sobretudo..

(39) 17. Cada nação e cada povo possuem a universidade que merecem. Acabaremos muito mal, nesse terreno, se não soubermos o que queremos e, principalmente, se não soubermos lutar pelo que queremos. Clarificar nosso pensamento a esse respeito vem a ser parte de uma situação de luta, na qual não poderemos ser poupados e nem nós poderemos poupar. (FERNANDES, 1979, p. 29-30). CAPÍTULO 1. TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO: DE 1980 ATÉ NOSSOS DIAS. Este capítulo tem por objetivo discutir as principais mudanças ocorridas no Direito nas últimas décadas, partindo do marco de 1980, em razão das profundas transformações sociais pelas quais passamos após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Tais transformações tiveram por supedâneo as novas relações sociais que foram surgindo, seus impactos jurídicos e uma mudança no juízo de valoração da sociedade pós-moderna. Assim,. no. decorrrer. deste. Capítulo,. discorremos. acerca. da. Globalização, suas implicações e sobre os avanços tecnológicos, como elementos decisivos para as referidas transformações sociais. Demonstramos, ainda, porque o Direito Ambiental deve ser considerado, antes de tudo, como parte dos direitos fundamentais e sociais. Por meio de pesquisa bibliográfica, retomamos estudos e análises que desdobram as causas e consequências das mudanças ocorridas no plano jurídico brasileiro, haja vista a fluidez atual do poder social.. 1.1 Estudo sociológico. Começamos por resgatar um estudo sociológico que permitiu compreender a inter-relação entre Direito e Sociedade: O poder simbólico, de Bourdieu (1989). De acordo com esse estudioso: A função de manutenção da ordem simbólica que é assegurada pela contribuição do campo jurídico é [...] produto de inúmeras acções que não tem como fim a realização desta função e que podem mesmo inspirar-se em intenções opostas, como os trabalhos subversivos das.

(40) 18. vanguardas, os quais contribuem para determinar a adaptação do direito e do campo jurídico ao novo estado das relações soias e para garantir assim a legitimação da forma estabelecida dessas relações (BOURDIEU, 1989, p. 254).. O sociólogo reflete que o campo jurídico é um dos vários campos sociais existentes, onde há uma disputa pelo direito de “dizer o Direito”, no qual concorrem agentes investidos de competência, que se reconhecem pela capacidade de interpretar o Direito. Essa estrutura fundamenta, por sua vez, uma hierarquia das instâncias que ditam as instituições e seus poderes, as normas, suas fontes e traduzem a ideia do justo e do injusto. Tal organização intervém diretamente nas formas de resolução dos conflitos, com base nessas prévias interpretações e na fixação de competências. Seguindo esse raciocínio, o campo jurídico impõe um campo de forças e está delimitado pelas articulações e instituições que remetem, por sua vez, aos fatos jurídicos e, consequentemente, às relações jurídicas. Isso explica o motivo de todo evento que ocorre em sociedade ser considerado um fato social, mas não necessariamente todo fato social ser classificado como um fato jurídico. Para ser jurídico, é preciso que o fato social crie, modifique ou extinga direitos. A partir disso, pode-se classificar um fato como estando dentro ou fora do campo jurídico. Nessa análise, é determinante levar em conta os costumes da sociedade globalizada e os juízos de valor que emergem do convívio entre os indivíduos e destes com o meio ambiente. Esses juízos consolidam, por exemplo, as noções de legalidade e ilegalidade, legitimidade e ilegitimidade etc como uma necessária polarização com uma ideia que, inversamente, remete à outra e que, ao final, se reveste portanto, de caráter bipolar. Essa polarização se explica pela noção de valor que está implicada à existência do ser, conforme explica o filósofo Hessen (1980) que explora da seguinte maneira esse campo: É da essência de todo ser humano conhecer e querer, tanto como valorar. E até, se pretendemos ver na vontade o centro da gravidade da natureza humana – como já Santo Agostinho pretendia a crer – mais uma razão para afirmar que o valorar pertence à essência do homem. Todo o querer pressupõe um valor. Nada podemos querer senão aquilo que de qualquer maneira nos pareça valioso e como tal digno de ser valioso. (HESSEN,1980, p. 43)..

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