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Estudo sociológico

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CAPÍTULO 1. TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO: DE 1980 ATÉ NOSSOS DIAS

1.1 Estudo sociológico

Começamos por resgatar um estudo sociológico que permitiu compreender a inter-relação entre Direito e Sociedade: O poder simbólico, de Bourdieu (1989). De acordo com esse estudioso:

A função de manutenção da ordem simbólica que é assegurada pela contribuição do campo jurídico é [...] produto de inúmeras acções que não tem como fim a realização desta função e que podem mesmo inspirar-se em intenções opostas, como os trabalhos subversivos das

vanguardas, os quais contribuem para determinar a adaptação do direito e do campo jurídico ao novo estado das relações soias e para garantir assim a legitimação da forma estabelecida dessas relações (BOURDIEU, 1989, p. 254).

O sociólogo reflete que o campo jurídico é um dos vários campos sociais existentes, onde há uma disputa pelo direito de “dizer o Direito”, no qual concorrem agentes investidos de competência, que se reconhecem pela capacidade de interpretar o Direito. Essa estrutura fundamenta, por sua vez, uma hierarquia das instâncias que ditam as instituições e seus poderes, as normas, suas fontes e traduzem a ideia do justo e do injusto. Tal organização intervém diretamente nas formas de resolução dos conflitos, com base nessas prévias interpretações e na fixação de competências. Seguindo esse raciocínio, o campo jurídico impõe um campo de forças e está delimitado pelas articulações e instituições que remetem, por sua vez, aos fatos jurídicos e, consequentemente, às relações jurídicas.

Isso explica o motivo de todo evento que ocorre em sociedade ser considerado um fato social, mas não necessariamente todo fato social ser classificado como um fato jurídico. Para ser jurídico, é preciso que o fato social crie, modifique ou extinga direitos. A partir disso, pode-se classificar um fato como estando dentro ou fora do campo jurídico.

Nessa análise, é determinante levar em conta os costumes da sociedade globalizada e os juízos de valor que emergem do convívio entre os indivíduos e destes com o meio ambiente. Esses juízos consolidam, por exemplo, as noções de legalidade e ilegalidade, legitimidade e ilegitimidade etc como uma necessária polarização com uma ideia que, inversamente, remete à outra e que, ao final, se reveste portanto, de caráter bipolar. Essa polarização se explica pela noção de valor que está implicada à existência do ser, conforme explica o filósofo Hessen (1980) que explora da seguinte maneira esse campo:

É da essência de todo ser humano conhecer e querer, tanto como valorar. E até, se pretendemos ver na vontade o centro da gravidade da natureza humana – como já Santo Agostinho pretendia a crer – mais uma razão para afirmar que o valorar pertence à essência do homem. Todo o querer pressupõe um valor. Nada podemos querer senão aquilo que de qualquer maneira nos pareça valioso e como tal digno de ser valioso. (HESSEN,1980, p. 43).

Podemos considerar, assim, a polaridade essencial para a definição do Direito, revelando as faces do fato jurídico. A bipolaridade é um dos elementos do valor e corresponde a um valor positivo em contraposição a um valor negativo. O termo polaridade essencial foi criado por Hessen (1980) para explicar a estrutura polar dos valores e suas condicionantes. Contribui para a compreensão de que, para toda ideia do que seja justo, há, pois, uma ideia inversamente oposta: a ideia do injusto. Isso ocorre independentemente das características e determinações biológicas do objeto, como distingue o filósofo:

[...] não pode confundir-se com outras determinações do mesmo ser, tais como: a do seu tamanho ou grandeza, da sua forma, da sua matéria, da sua cor, etc. Estes conseguem dominar-se por observação e medição. Não é assim na determinação do valor. E a prová-lo está o fato de que vários observadores colocados diante do quadro, formularão porventura juízos idênticos ou diferentes, consoante apreciarem o seu ser ou o seu valor. Entre eles poderá estabelecer-se unanimidade no primeiro caso; dificilmente haverá unanimidade no segundo (HESSEN, 1980, p. 46-47)

Diante disso, constata-se que a Justiça é um ideal a ser atingido, e sua noção é profundamente influenciada pelos juízos de valor de uma sociedade. A análise fenomenológica revela o caráter axiológico do Direito, já que este manifesta, mesmo que indiretamente, a hierarquia de valores acolhida por um grupo social. A ideia de Justiça e a própria noção do justo variam, assim, de sociedade para sociedade e estão em constante mutação. Daí que a letra da lei não deve ser o principal numa análise do Direito de uma sociedade, mas a mão que a escreve e a executa, os lábios que a pronunciam e, sobretudo, as mentes a ela associadas pela interpretação, considerando os seus desdobramentos sociais.

Contemporaneamente, entende-se que o Direito é uno e sua divisão em ramos se dá apenas para fins didáticos. Dada a complexidade da temática e, ainda, para delimitar o presente trabalho, o seu objetivo geral será discutir as transformações do Direito e, em específico, as do Direito Ambiental, concernente ao ser-humano em sua relação com o meio ambiente onde está inserido. Nesse prisma, o Direito surge como resultado necessário a essa convivência, o que demanda um estudo interdisciplinar, sobretudo, com a Sociologia e a Filosofia do Direito.

compreensão da sociedade contemporânea, porque elas apreendem grande parte das modificações vivenciadas, observando aspectos sociais que nem sempre são considerados nas interpretações meramente tecnicistas. O ordenamento jurídico, hodiernamente, expressa as transformações sociais ocorridas ao longo das últimas décadas.

O Direito é criado pela sociedade e surge como um fenômeno histórico e sociocultural. É pensado com vistas à pacificação social, à promoção da igualdade e à realização da justiça social. Deve, pois, servir como via de acesso à Justiça, veiculando transformações sociais com vistas ao desenvolvimento nacional.

No momento de criação do Direito, o Estado busca assentá-lo em princípios que são consensualmente debatidos e defendidos, ao contrário de uma outra espécie de Direito que emana diretamente da sociedade, no dia a dia da conviência humana. A esse outro tipo de Direito chamamos, aqui, de Direito infra-estatal, pois ele emerge espontaneamente no cotidiano, nas relações entre as pessoas físicas e jurídicas, por meio dos contratos, das convenções, da doutrina, dos costumes, da jurisprudência etc, e fundamenta também a Teoria do Pluralismo Jurídico, que serve como contraponto para entendermos o direito estatal, que é aquele construído e imposto pelo Estado, ao contrário do direito infra-estatal. (NADER, 2014, p. 150).

Traçamos uma linha interpretativa dos fenômenos jurídicos que compreendem uma outra realidade, que põe sutilmente em xeque a soberania dos Estados: o poder que vigora acima do Estado, exercido por forças socioeconômicas globais. No mundo globalizado, o Direito estatal sofre uma forte influência de forças normativas que pairam acima do Estado, a qual nomeia-se Direito supra-estatal. A partir do momento em que o Direito supra- estatal é incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro, já deixa de ser supra- estatal e passa a ser estatal.

Essa interpretação das forças que se encontram e disputam poder na (trans)formação das sociedades é baseada na Teoria antropológica. Nessa frente teórica, vislumbra-se a citada Teoria do Pluralismo Jurídico, que significa a coexistência de dois ou mais sistemas jurídicos dentro de um mesmo grupo social, que ora se complementam, ora se negam ou competem entre si para prevalecer. Envolve uma infinidade de normas que têm origem não só no Direito

estabelecido pelo Estado, mas naquele que se forma também a partir da interação social, jurídica e política, num contexto distinto. No território social, o Estado deixou há muito de deter o monopólio da jurisdição, superando-se a ideia de monismo estatal de Kant (1983; 1980).

Desenvolvendo essa proposta teórica, podemos dizer que, em alguns momentos, o Direito infra-estatal corrobora o que está definido no Direito estatal, mas, essa associação não serve apenas para ratificar o Direito estatal e tornar concretas suas medidas, já que, em outros momentos, neutraliza ou mesmo contraria as suas determinações. Temos, assim, um Direito em construção por diferentes e diversas forças, a saber: o Direito supra-estatal (legislação e costumes jurídicos internacionais, tratados, princípios gerais do Direito dos povos civilizados etc), o Direito infra-estatal (contratos, costumes jurídicos, forças socioeconômicas presentes principalmente no Direito empresarial etc) e o Direito estatal.

Em virtude dessas forças, que por ora reforçam o Direito estatal e em outros momentos o negam, podemos dizer que o poder de dizer o que é justo ou injusto, correto ou incorreto, legítimo ou ilegítimo, e as sanções aplicáveis, também podem advir de uma perspectiva social. O Estado não é mais detentor do monopólio da jurisdição, em razão da complexidade que envolve atualmente as relações jurídicas, bem como pela dificuldade manifesta de acompanhar a dinâmica social e readequar a sua normatização, dentro de certa periodicidade aceitável. Com isso, atores outros surgem criando e desenvolvendo novas possibilidades para o Direito: as mídias sociais e os meios de comunicação auxiliaram nessa fragmentação do poder dos Estados, vez que verificou-se um processo de desterritorialização nas relações jurídicas, o que complexificou a aplicação das normas jurídicas aos casos concretos e a própria noção de justiça.

Esse outro aspecto do poder e sua pulverização, para além do âmbito do Estado, é analisado por Foucault (1989), que o entende como um fenômeno social que flui e ultrapassa a ideia de dominação por parte do Estado, de forma dinâmica, volátil e temporária. Nas palavras de Foucault (1989), pode se perceber que é necessário

não tomar o poder como um fenômeno de dominação maciço e homogêneo de um indivíduo sobre os outros, de um grupo sobre os

outros, de uma classe sobre as outras, mas ter bem presente que o poder – desde que não seja considerado de muito longe – não é algo que se possa dividir entre aqueles que o possuem e o detêm exclusivamente e aqueles que não o possuem e lhe são submetidos. O poder deve ser analisado como algo que circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui e ali, nunca está em mãos de alguns, nunca é apropriado como uma riqueza ou um bem. O poder funciona e se exerce em rede. Nas suas malhas, os indivíduos não só circulam, mas estão sempre em posição de exercer este poder, e de sofrer sua ação; nunca são alvo inerte ou consentido do poder, são sempre centros de transmissão. Em outros termos, o poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles (FOUCAULT, 1989, p. 179-180).

O poder não é exercido apenas pelo Estado e, como vimos pelos estudos da Teoria Antropológica, se espraia em razão do aludido Pluralismo jurídico. É pertinente ter essa ideia mais ampla do Direito para não associá-lo unicamente ao poder do Estado e romper com a interpretação rasa de que ele é exercido e fomentado apenas pelos governos, uma vez que, como discutimos, ele está presente em diversos e diferentes estames de nossa sociedade. Podemos dizer que o poder estatal é um dos poderes que se associam ao Direito.

Em razão da Globalização, o mercado econômico passou a ditar muitas regras, vislumbrando-se o fenômeno da desterritorialização e o consequente enfraquecimento da soberania dos Estados nacionais, já que as fontes do Direito foram fragmentadas, ou seja, a solução para os litígios, em muitos casos, passou a ser buscada em formas mais criativas estabelecidas por meio de contratos internacionais, arbitragem etc. Faria (2017) explica bem essa situação ao dizer que:

Em outras palavras, embora o Estado ainda conserve poder para tentar impor as chamadas ‘regras do jogo’ aos diferentes atores sociais e agentes econômicos nos limites de seu território, o Estado preferiu agir no sentido inverso. Consciente dos riscos de inefetividade dessa imposição em face da crescente internacionalização da decisão econômica, por um lado, e da lenta mas progressiva erosão de sua autoridade e de seu saber técnico, por outro, ele optou por abrir mão de parte de suas responsabilidades regulatórias (Chevalier: 2003; Zürn: 2011: Innerarity e Innerarity: 1999; Innerarity: 2006 e 2011). [...] A segunda estratégia consistiu em propiciar aos diferentes atores sociais e econômicos condições para que possam discutir entre si e tentar definir, de modo consensual, o conteúdo das normas. [...] Nesta e na estratégia anterior, o objetivo era desvincular o Estado de suas funções controladoras, reguladoras, diretoras e planejadoras no âmbito da economia, levando-o a se render à substituição da tradicional rigidez hierárquica dos códigos e

leis pela diversidade e flexibilidade normativas e ao advento de diferentes ordens normativas nos mesmos espaços geopolíticos – ou seja, ao pluralismo jurídico. [...] o Estado não é quem decide – é, isto sim, quem articula ou tenta articular dinâmicas e processos normativos que não mais conseguem ser por ele determinados de modo exclusivo (FARIA, 2017, p.33).

Também nesse sentido, Souza e Nascimento (2014) discutem que:

No entendimento de Zygmunt Bauman, a Globalização emancipa e torna extraterritoriais certos significados geradores de comunidade, desnudando o território, no qual muitas pessoas continuam confinadas. [...] Entende Jürgen Habermas que a Globalização pesa sobre a coesão das comunidades nacionais, eis que os mercados globais impulsionam o consumo, a comunicação e o turismo em massa, assim como, a difusão mundial com encaminhamento à uma “pressão uniformizante de uma cultura mundial material”, decorrente de contatos interculturais e ligações multiétnicas, se direcionando para uma tendência à individualização e desenvolvimento de “identidades cosmopolitas”. Neste cenário, a Globalização surge como um processo “em cujo andamento os Estados nacionais veem a sua soberania, sua identidade, suas redes de comunicação, suas chances de poder e suas orientações sofrerem a interferência cruzada de atores transnacionais (SOUZA; NASCIMENTO, 2014, p. 6).

Assim, houve uma profunda transformação social que fez com que muitos conceitos e premissas antes necessários para a construção dos Estados-nacionais se tornassem obsoletos ou ultrapassados. Isso fez com que os estudiosos da área da Sociologia repensassem teorias e metodologias até então existentes. O tema foi, então, tratado sob uma nova abordagem, fundamentada em novos paradigmas sociais, visto que os paradigmas anteriores poderiam oferecer resistência à necessária mudança, conforme defendem Souza e Nascimento (2014).

Com isso, temos que considerar que, de tempos em tempos, são necessárias reformulações do Direito e seus paradigmas para ajustá-lo à sociedade e às condutas sociais, revisitando algumas ideias e representações até então cristalizadas pela tradição. São exemplos disso os debates acerca da questão do feminismo, do aborto, do preconceito racial, da legalização da maconha, do casamento entre pessoas de mesmo sexo, da diversidade sexual ou mesmo da implementação ou erradicação da pena de morte. Esses debates tiveram lugar em muitos países e também no Brasil; aqui, de forma mais incisiva a partir da década de 1980, por diversos fatores, em especial a

promulgação da Constituição Federal de 1988 e demonstrar que houve uma mudança nos paradigmas do Direito, hoje mais voltado para a promoção da igualdade.

Nessa esteira, o Direito pode ser um instrumento de transformação social ou, ao menos, influenciar algumas transformações? Como dissemos, entendemos que o conjunto de valores de uma sociedade faz com que ela, paulatinamente, vá se transformando, bem como o seu Direito e a sua ideia de justiça (HESSEN, 1980; KANT, 1983; 1980). Pela análise do Direito como fenômeno de uma sociedade (BOURDIEU, 1989), é possível conhecer uma sociedade por meio das leis que ela promulga e pela normatização que se reflete nos hábitos e nos costumes de uma cultura convencionada como padrão ou natural. É a partir dessa reflexão que entendemos o Direito como parte de uma construção social.

De outro ponto de vista, o Direito precisa ser compreendido como um conjunto de normas que objetiva a transformação da sociedade mas, ao mesmo tempo, é por ela influenciado. Como, de forma geral, o Direito tende a responder às demandas sociais, ele é dinâmico e inseparável do corpo social ao qual se insere. Se assim for, a sociedade estará perto de refletir um sistema jurídico mais coerente e essencialmente justo, porque respeita os costumes, os hábitos e a cultura de um determinado povo.

Se, de uma perspectiva, o Direito é considerado por alguns estudiosos como uma forma de controle e domínio social, de outra, é representado como um importante instrumento para atingirmos a igualdade, a emancipação social e a sustentabilidade; se, de um lado, impõe obrigações e restringe comportamentos, punindo os infratores da lei, de outro pode auxiliar aqueles que estão em condição de vulnerabilidade social. Por conseguinte, é um caminho para a obtenção de Direitos e também de acesso à Justiça, na vertente da bipolaridade dos valores, como explicou Hessen (1980).

Ao Direito incumbe trazer um equilíbrio social e, por meio das normas jurídicas, orientar a sociedade com vistas a estabelecer uma dinâmica dos poderes, conforme Foucault (1989). Para tanto, as normas têm que ser voltadas para o desenvolvimento social. Isso já tem ocorrido paulatinamente, como por exemplo, com a abolição da escravatura, o direito a voto das mulheres e, mais recentemente, as normas que dizem respeito à priorização

dos direitos humanos, defesa das minorias, respeito à diversidade e igualdade de gêneros.

O que temos que incluir nesse desenvolvimento social é a relação ser- humano e natureza para que seja considerada a preocupação latente com a proteção do meio ambiente, como forma de buscar garantir uma vida saudável às presentes e futuras gerações.

O Direito pode ratificar ou viabilizar conquistas sociais importantes, se for sensível às demandas e às transformações sociais. Vivenciamos mudanças sociais profundas nas últimas décadas que acabaram por impactar o panorama sócio-jurídico no Brasil e no mundo, que o tornaram menos injusto. Isso se deve em razão da referida quebra de paradigmas ocorrida em todas as esferas da existência humana, o que propiciou a criação e implementação de princípios jurídicos importantes para a humanidade, como o constitucional princípio da dignidade humana ou do mínimo existencial4. Houve, com isso, a ascensão dos

direitos humanos e sua elevação a um nível hierárquico mais importante no juízo de valoração humana, justamente, como reação e repúdio a toda sorte de horrores e desumanidade ocorridos por ocasião da 1ª e 2ª Guerras Mundiais, onde os direitos do homem e da mulher foram rechaçados.

O principal marco dessa ascensão foi a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Esse documento foi elaborado pela Organização das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948 e levou as nações do mundo todo a refletirem sobre os direitos humanos e os limites a serem impostos aos Estados no tocante à vida humana. Nesse documento, está estabelecido que toda pessoa tem direito a um nível de vida adequado que lhe assegure saúde e bem-estar, o que implica a necessária sustentabilidade, no sentido de manter, preservar e cuidar do meio ambiente e da vida. Com a DUDH, diversos direitos sociais passaram a ser assegurados com respaldo no princípio da dignidade da pessoa humana. Dentre eles, destacamos:

• Direito à seguridade social (artigos 22 e 25);

• Direito ao trabalho e a proteção contra o desemprego (art. 23, item 1);

4 Princípio que defende que todo ser-humano tem direito, ao menos, às condições mínimas que

• Direitos relacionados ao contrato de trabalho, e ao salário mínimo (artigo 23, item 3);

• Livre sindicalização dos trabalhadores (artigo 23, item 4); • Direito ao repouso e o lazer;

• Limitação da jornada de trabalho e férias remuneradas (artigo 24);

• Direito à educação: como, por exemplo, o ensino elementar obrigatório e gratuito (artigo 26);

• Condições para a proteção de classes ou grupos sociais vulneráveis ou necessitados.

Em razão da mencionada priorização dos direitos humanos na sociedade contemporânea, o ordenamento jurídico de muitos países foi modificado. Nos diversos ramos do direito público e privado (mais notadamente no Direito Civil, Penal, Família, Ambiental e do Trabalho), leis foram criadas ou revogadas, para dar lugar a outras, com vistas a adequar o Direito às novas demandas sociais. Tivemos avanços significativos que influíram diretamente no modo que, atualmente, enxergamos a vida e as interações sociais.

Daí a importância da Sociologia do Direito nesse processo de readequação da ordem jurídica à sociedade. A Sociologia exerce, continuamente, a análise crítica do Direito posto, bem como dos fenômenos sociais, políticos e culturais que nele interferem. Pode servir de alerta ao legislador prudente, como um farol que guia ao longe o navegante e o orienta nas decisões e direções a serem tomadas ao elaborar e interpretar a lei.

O olhar da Sociologia recai, justamente, sobre o estudo de como a

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