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Contextualização das instituições selecionadas

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CAPÍTULO 3 ANÁLISE DAS CINCO MELHORES FACULDADES DE DIREITO REGIONAIS DO BRASIL: UFG, UFPA, UFPE, UFPR E USP

VI. Sexto e atual momento histórico:

3.2 Contextualização das instituições selecionadas

Para contextualizar as instituições selecionadas, partimos da história de cada uma delas. Seguimos como metodologia o critério do tempo de existência da instituição. Por isso, diferentemente da sequência alfabética que aplicamos ao expor os dados de cada uma delas, adotamos neste tópico a sucessão histórica, contando da faculdade mais antiga para a mais recente, conforme a seguir.

3.2.1 Faculdade de Direito da USP - FADUSP

Começamos com a Faculdade de Direito da USP, conhecida como “Faculdade do Largo de São Francisco”, porque se encontra localizada nesse local, o Largo de São Francisco, na capital paulista. Ela foi a primeira faculdade de Direito do país, tendo sido inaugurada há 191 anos, em 11 de agosto de 1827, por intermédio de um Decreto imperial de Dom Pedro I.

O currículo da Faculdade de Direito da USP tomou como base, a princípio, o currículo do curso de Direito importado da Universidade de Coimbra. Antes da criação da instituição, geralmente, era na Universidade de Coimbra onde se formava a elite paulistana. Promovendo um ensino público e gratuito, a instituição surgiu com o propósito de formar profissionais capazes de atuar nos altos cargos governamentais do Estado brasileiro e colaborar em sua administração pública. Os alunos deveriam desenvolver elevado nível de domínio da técnica jurídica e estar preparados para sistematizar o ordenamento jurídico brasileiro, valorizando os fenômenos jurídicos, políticos e sociais num contexto histórico marcado pelo ufanismo derivado da recente

Proclamação da Independência.

De acordo com Mossini (2010), o currículo e o regulamento da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco eram engessados, visto que estavam sujeitos à supervisão imperial e, como era de se esperar, sofria controle político e ideológico. Sua grade curricular inicial estava distribuída em até oito anos e previa, inclusive, o Direito Eclesiástico. Esse conteúdo curricular perdurou por quase cinquenta anos.

Na instituição, formaram-se importantes profissionais do Direito que muito contribuíram para o desenvolvimento nacional. Com o passar do tempo, os currículos foram sendo alterados, já que no Brasil surgiram legislações distintas das de Portugal, além do que, os costumes também eram outros. O tradicional curso de direito da USP tem sido considerado, já há muitos anos, como o melhor e mais promissor curso jurídico do País.

Além disso, a USP é, atualmente, a mais importante universidade da América Latina no campo da pesquisa, contando com o maior programa de pós-graduação do País. A graduação é pública e gratuita e, por isso, a competitividade em seu vestibular é bastante acirrada. A titulação mínima dos professores é a de doutor, contando com magistrados com titulação de livre docência ou pós-doutorado.

Recentemente, houve uma reformulação da grade curricular do curso de Direito da USP. Nessa reformulação, há um nítido empenho no sentido de alinhar as disciplinas oferecidas às novas demandas do mercado profissional e do mundo globalizado. Contando com mais de 150 professores, com uma média de quatro mil estudantes e mais de cento e cinquenta servidores técnicos administrativos em seu quadro, a instituição vem desempenhando ao longo das décadas, um papel de destaque nacional na formação dos juristas e magistrados.

O curso tem duração mínima que atende às diretrizes curriculares nacionais da Resolução nº 9/2004 e tem carga horária total de 3.705 horas, divididas em disciplinas obrigatórias, optativas, eletivas e Tese de láurea. Há turmas no período matutino e noturno e o curso se apresenta no formato semestral, observando o eixos de formação fundamental, formação profissional e formação prática, em obediência às diretrizes curriculares nacionais até então vigentes. Como se verifica, é um currículo enxuto no número de horas, mas

dinâmico na distribuição das disciplinas, como se apreende no Quadro 9 a seguir:

Quadro 9 – Matriz curricular do curso de Direito da USP

Fonte: Universidade de São Paulo (2015, p. 9).

Os gestores da Faculdade de Direito da USP perceberam que o currículo era rígido demais, se comparado com as matrizes curriculares de outras instituições de referência no âmbito internacional. Por isso, na reformulação recente, intentaram promover um currículo mais aberto, dinâmico e flexível, atento às novas exigências na formação do profissional do direito. Com isso, a reformulação curricular trouxe a redução das disciplinas obrigatórias com uma maior oferta de disciplinas optativas- eletivas, correspondendo a um terço do total da carga horária do curso, conferindo institucionalidade às atividades de pesquisa, cultura e extensão e maior autonomia ao alunado, que hoje pode compor sua grade curricular formativa conforme sua afinidade pessoal com as áreas do Direito.

A proposta pedagógica de ampliar a carga horária das disciplinas optativas e eletivas mobilizou os diversos departamentos existentes e propiciou um maior intercâmbio com outras unidades da instituição. Essa atitude, assim, afetou a esfera relacional acadêmica da Universidade, integrando departamentos internos e externos da Faculdade de Direito, proporcionando uma experiência rica e condizente com o papel social da instituição. O resultado desse trabalho de reorganização curricular foi o de um currículo mais aparelhado com a realidade que vivemos, em diversos aspectos.

Conforme se verifica no ementário do curso de Direito da USP e no seu Projeto Pedagógico de Curso, houve um aumento na oferta de disciplinas voltadas para a capacitação e formação crítica e reflexiva do corpo discente, em consonância com as expectativas da Globalização. Foram reformuladas e criadas disciplinas que integram o aluno ao mundo globalizado de forma mais abrangente. Na esfera dos direitos humanos, houve um incremento na oferta de disciplinas que contemplam as transformações sociais relacionadas à priorização do ser humano, que ocorreu nas últimas décadas em boa parte dos ordenamentos jurídicos dos países que respeitam os princípios gerais do Direito dos povos civilizados, e a invocação dos direitos sociais como direitos fundamentais da humanidade, havendo uma perceptível preocupação com a formação humanística.

Com admirável acervo bibliográfico, participação em rede nacional e internacional de pesquisadores, a Faculdade de Direito da USP tem sido reconhecida como instituição que valoriza a pesquisa e a extensão e se preocupa em incorporar os avanços e inovações desenvolvidas pelo corpo docente da pós-graduação, também na área da graduação. A faculdade de Direito da USP revela-se como um espaço aberto e democrático que busca a implementação e a continuidade das políticas afirmativas, com vistas à inclusão do alunado e efetivo acesso ao ensino superior aos alunos de baixa renda, àqueles formados em escolas públicas, aos pretos, pardos e indígenas e, ainda, aos portadores de deficiência. Seu projeto pedagógico é sensível às transformações sociais ocorridas, bem como tem um forte apelo a uma formação humanística e política mais acurada.

3.2.2 Faculdade de Direito da UFPE

A Faculdade de Direito da UFPE também foi instituída por intermédio da Carta de Lei do Imperador Pedro I, de 11 de agosto de 1827, que criou simultaneamente, dois cursos de Direito, o de Olinda e o de São Paulo. O curso de ciências jurídicas e sociais foi então fundado em 15 de Maio de 1828, no Mosteiro São Bento. Na Faculdade de Direito do Recife nasceu o movimento intelectual denominado Escola do Recife, entre 1860 e 1880, tendo como líderes grandes pensadores da Filosofia, Sociologia e do Direito que

muito contribuíram para o desenvolvimento de nosso país. Em 1946, pelo Decreto-lei nº 9.388, foi criada a Universidade de Recife que abarcou, dentre outras faculdades existentes, a Faculdade de Direito. Em 1965, a Universidade foi convertida em instituição federal e teve seu nome alterado para Univesidade Federal de Pernambuco - UFPE. Atualmente, a universidade oferece 93 cursos de graduação presenciais, 3 cursos à distância e 116 cursos de pós-graduação stricto sensu, 64 cursos de pós- graduação lato sensu e vários cursos de extensão, contando com mais de 26 mil alunos matriculados.

De acordo com os últimos levantamentos, a UFPE é considerada uma das melhores universidades do país em ensino e pesquisa. Sua estrutura conta com 464 grupos de pesquisa distribuídos em diversas áreas do conhecimento. Ela possui um considerável acervo de mais de cem mil livros em suas bibliotecas e recebeu o selo de qualidade do ensino jurídico, que lhe foi conferido pela OAB. A Faculdade de Direito está situada em Recife, na Praça Adolfo Cirne e integra o Centro de Ciências Jurídicas.

Por seu projeto pedagógico, intenta formar profissionais do Direito com sólidos conhecimentos jurídicos e formação humanística, capazes de resolver problemas jurídicos e analisar criticamente as questões que se lhes impõem, com vistas a suprir as demandas da região. Sua concepção epistemológica assenta-se sobre a ideia de que o profissional do Direito pode construir uma sociedade mais justa e igualitária ao aplicar o Direito em prol dessa mesma sociedade, de forma equânime e consciente, capaz de interagir e impactar o meio social onde vive.

A carga horária total é de 3900 horas do curso. Um dos destaques do currículo está na avaliação que, em conformidade com as novas práticas pedagógicas, são mais coerentes e abertas e menos pontuais. No Quadro 10 consta uma síntese da distribuição da carga horária:

Fonte: UFPE (2014, p.12-13)

Como se pode verificar no Quadro 10, a UFPE tem como desafio formar juristas com alto nível técnico, mas sem prescindir da formação humanística. O projeto pedagógico faz menção a que o Direito deve ser compreendido como uma área multi, inter e transdisciplinar, em constante relação com a economia, a política e o social. A sua organização curricular compreende os três eixos: eixo de formação fundamental, profissional e prática, e a distribuição favorece, nitidamente, as disciplinas obrigatórias que possuem a maior parcela da carga horária do curso.

3.2.3 Faculdade de Direito da UFPR

Voltemo-nos, agora, para a Faculdade de Direito da UFPR. Inicialmente, a UFPR foi uma instituição privada, pensada por Rocha Pombo em 1892 e concretizada com a colaboração de intelectuais paranaenses que entendiam que o ensino superior seria a esperança de disseminação do empoderamento intelectual e da reformulação social. A Universidade pública foi criada em 1912, com o apoio do Governo Estadual do Paraná e da Prefeitura Municipal de Curitiba, tendo à frente Vitor Ferreira do Amaral. A Lei nº1.254/1950 tornou-a uma instituição federal.

De acordo com o seu projeto pedagógico, o formato do curso de Direito da UFPR é fruto do intenso trabalho que reflete o esforço conjunto do corpo docente, discente e técnico-administrativo para a sua contínua reconstrução. É na articulação desse tripé que se apoia a organização do curso. A missão da instituição também tem como escopo uma formação jurídica sólida e humanista, propiciando a sensibilidade e o aporte necessários para o enfrentamento dos temas jurídicos contemporâneos.

especialização meramente dogmática, formando cidadãos críticos, valendo-se da interdisciplinaridade, para tanto. A instituição é pública e gratuita, objetivando, por meio de seus conteúdos programáticos, promover o equilíbrio, ao construir uma ponte entre o conhecimento teórico e o técnico, cujo ensino jurídico deve se fundamentar na construção da cidadania e do respeito às diferenças. Conforme o referido documento, há uma correlação entre as linhas de pesquisa da pós-graduação e da graduação para complementar o processo de ensino e aprendizagem, mostrando-se proveitoso para as duas esferas acadêmicas.

Atualmente, a universidade conta com aproximadamente 30 mil alunos, sendo que 85% deles estão na graduação e o restante está integrando os cursos de pós-graduação. A estrutura possui mais de seis mil servidores, sendo que um terço deles está no quadro de docentes. A instituição disponibiliza serviços à comunidade em seu entorno e investe na educação à distância, desenvolvendo produtos e tecnologias para viabilizar o acesso ao ensino superior. Essa proposta possibilitou a inclusão, buscando cumprir com sua responsabilidade e compromissos sociais preconizados no projeto pdagógico do curso. Toda essa estrutura demonstra que o ensino superior pode ser considerado sustentável e promotor da equidade social.

O projeto maior que norteia o curso de Direito da UFPR é propiciar aos seus alunos o desenvolvimento de um pensamento crítico. O curso atualmente tem a carga horária de 3920 horas, distribuídas ao longo de cinco anos de duração e divididas entre disciplinas obrigatórias e disciplinas tópicas- optativas. A instituição reconhece o atual diagnóstico de crise geral da formação jurídica, em razão do descompasso dos currículos com a realidade da profissão e com as diretrizes do Ministério da Educação.

De acordo com o projeto político-pedagógico da instituição, “no conjunto, o currículo estabelece um rigoroso equilíbrio entre disciplinas fundamentais, profissionalizantes e tópicas, reservando cerca de 5% (cinco por cento), da carga horária total, para atividades complementares de pesquisa e extensão” (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, 2015, p. 17).

Essa proposta surgiu após intenso debate sobre a reforma curricular do curso de Direito, que envolveu toda a comunidade acadêmica e a profissional

(OAB, Escola de Magistratura, membros do Ministério Público e procuradorias, dentre outros) e a Resolução nº 60/2009 foi aprovada. Considerando as questões que envolvem a formação jurídica no contexto acadêmico, profissional e social, o currículo vigente na UFPR busca um viés interdisciplinar, comprometido com a práxis jurídica presente e futura.

O currículo da instituição está fincado no alicerce pedagógico no critério filosófico-gnosiológico, sem descuidar do aspecto técnico da formação do jurista. Tem suas concepções assentadas, principalmente, sobre a ideia de um direito que não é um fim em si mesmo, mas um caminho para uma vida digna, comprometido com a cidadania, com a democracia e com os direitos humanos. Tem como objetivo uma formação profissional que claramente conjuga ensino, pesquisa e extensão, atentando-se para os desafios pedagógicos da Globalização.

A formação proposta pela UFPR agrega os temas relacionados aos Direitos Humanos de forma enfática, tanto em relação às disciplinas obrigatórias, quanto no que tange às optativas, distinguindo-se das demais faculdades de Direito do país nesse quesito. O curso se constitui por três áreas de concentração: Direito do Estado, Direito das Relações Sociais e Teoria do Direito e Direitos Humanos. O núcleo de práticas jurídicas existente na instituição oferece assessoria e assistência judiciária gratuita à população, configurando um espaço de aprendizado real para o alunado e possibilidade de acesso à justiça por parte da comunidade externa.

Após a reforma curricular, houve maior interação entre os eixos de formação fundamental, profissional e prática. As disciplinas tópicas possibilitam ao aluno conduzir sua trajetória formativa como melhor lhe convém, respeitando-se a carga horária e os percentuais exigidos para aprovação. O currículo demonstra a preocupação dos gestores em alinhar as disciplinas do curso com vistas a atender as demandas sociais decorrentes das transformações sociais ora vivenciadas, entendendo o currículo como um instrumento inacabado que merece constante atenção e reflexão para que esteja em acordo com a realidade social. O enfoque do currículo privilegia sem dúvida, o estudo dos direitos humanos.

3.2.4 Faculdade de Direito da UFG

Da mesma forma que as outras faculdades de Direito pesquisadas, a Faculdade de Direito da UFG foi uma das primeiras a serem instituídas no país. Foi o sexto curso jurídico implementado no Brasil, criado pela lei nº 186 de 13 de agosto de 1898.

Todavia, diferentemente da USP e da UFPE, a faculdade enfrentou conflitos internos entre a direção e o corpo docente. Paralisações provisórias e funcionamento precário marcam a sua história. Somente a partir do Decreto nº 809 de 11 de maio de 1936, é que a instituição foi equiparada às demais faculdades de Direito do país, permitindo que seus cursos tivessem reconhecimento em todo território nacional.

Em 1º de janeiro de 1959, a instituição passou a ser de caráter federal, por intermédio da lei nº 604/1959, sendo incorporada à UFG, instituição de ensino público superior, sediada em Goiânia. Contemporaneamente, a UFG representa um dos mais importantes centros de educação superior e pesquisa. A faculdade de Direito conta com 950 alunos nos cursos de graduação e pós- graduação por ela oferecidos e recebe alunos de um raio de 200 km, inclusive, de outros estados.

De acordo com o seu projeto pedagógico, nas dependências da UFG, está instalado o 4º Juizado Especial Cível do Tribunal de Justiça de Goiás. A UFG integra o total das três universidades federais que existem em todo o estado e é considerada a maior universidade do estado de Goiás. O total de carga horária do curso de direito da Universidade Federal de Goiás supera a carga horária de todas as outras faculdades do país, totalizando 4.268 horas.

A biblioteca da UFG conta com o maior acervo de todo o estado de Goiás. Prevê, em seu projeto pedagógico, políticas afirmativas para camponeses, como classe historicamente oprimida, destinando certo número de vagas a eles e seus filhos. Abaixo temos a distribuição curricular do curso de direito da UFG.

Quadro 11 – Matriz curricular do curso de Direito da UFG

Fonte: UFG (2014, p. 98).

Conforme se nota no Quadro 11, sem prescindir das questões regionais e nacionais, buscou-se articular a teoria à prática, mediante uma abordagem crítica do Direito e do ensino jurídico. Nesse processo, deu-se prioridade às disciplinas obrigatórias. O processo de avaliação da aprendizagem está em construção e tem intentado aplicar avaliações formais e não formais a seus cursos. O Regulamento Geral dos Cursos de Graduação proposto prevê, pelo menos, duas avaliações que ocorrem por meio de provas, apresentação de trabalhos, seminários, relatórios, dentre outros instrumentos. Também com base nos comportamentos do alunado, busca-se estimular o interesse em conteúdos transdisciplinares como ética, participação social, senso de justiça e de equipe.

A refundação da UFG e do curso de Direito, nos últimos anos, foi possível pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Esse processo, no entanto, encontra-se, ainda, em andamento, buscando ajustar o que é necessário, para adequar-se a uma nova realidade.

Em 2012 foi deliberada a reformulação do projeto pedagógico do curso de Direito da instituição, principalmente, em razão da implementação do Campus “Cidade de Goiás”, que ocorreu em 2009. Esse programa fez com que a Faculdade de Direito ganhasse maior autonomia e intentasse otimizar o ensino, a pesquisa e a extensão. Além disso, a Faculdade de Direito passou a ter um corpo docente estável, o que demandou ajustar o ensino às suas pretensões atuais e com a formação que se almeja propiciar aos discentes.

Na reformulação do projeto pedagógico do curso, discutiu-se, inicialmente, quais os princípios que o orientariam. O estudo recaiu sobre a discussão dos conteúdos a serem ensinados e o enfoque foi, inevitavelmente,

fenomenológico para acessar as respostas. As perguntas que buscaram responder para elaborar o projeto político-pedagógico foram, por exemplo, qual o papel do Direito na sociedade? De que Direito e sociedade o ensino jurídico aborda?

Como se verifica, para as reformulações do projeto pedagógico foram discutidas quais seriam as concepções do curso para buscar sanar as contradições do ensino oferecido em relação à realidade social, criticando duramente a formação do jurista subordinada à lógica do mercado e problematizando questões jurídicas relacionadas à estrutura social, na atualidade.

Nesse sentido, argumentou-se que o profissional do direito deve ser formado para ser agente de transformações sociais, responder às demandas do mercado de trabalho e lutar pela democracia. Nessa perspectiva, o objetivo foi o de oferecer aos alunos uma formação técnica e humanística responsiva, bem como formar cidadãos críticos, éticos e reflexivos com base numa educação jurídica laica, desenvolvendo a capacidade de interpretação dos fenômenos jurídicos frente à realidade social que se impõe e o mundo globalizado.

3.2.5 Faculdade de Direito da UFPA

A Faculdade de Direito da UFPA é a faculdade mais jovem dentre as instituições selecionadas neste estudo. Ela tem sua origem na Faculdade Livre de Direito, criada pelo Instituto ´´Teixeira de Freitas´´ e é reconhecida como a primeira instituição de ensino superior do estado do Pará. O Decreto nº 486, de 17 de setembro de 1931, do Governo do estado do Pará, converteu a Faculdade de Direito do Pará em instituição estadual. Depois, em 4 de dezembro de 1950, ela se tornou uma instituição de ensino federal, por determinação da Lei Federal nº 1.254. Em 2 de julho de 1957 foi criada a UFPA,

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