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Do Direito ambiental

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CAPÍTULO 1. TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO: DE 1980 ATÉ NOSSOS DIAS

1.4 Do Direito ambiental

Entendemos o Direito Ambiental como um dos direitos sociais mais importantes da humanidade. Por isso, para apreendê-lo dessa maneira, comecemos por discutir o que são “direitos sociais”. Os direitos sociais são direitos fundamentais que todos nós temos, enquanto cidadãos. Eles estão previstos na nossa Lei Maior, a Constituição Federal de 1988, e decorrem, em boa parte, do direito natural. São direitos garantidos não só em nosso ordenamento jurídico, mas também nos de outros países.

Ressalte-se, contudo, que esses direitos demandam, em boa parte, regulamentação por lei específica, conforme o artigo 6º, da Constituição Federal de 1988. São direitos sociais: o direito à educação, direito à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança, à previdência social, proteção à maternidade e à infância e à assistência aos desamparados.

Não obstante os direitos sociais estejam dispostos na Constituição Federal de 1988, nota-se que o Estado não foi capaz de realizá-los ou propiciá- los. Isso torna-se notável quando analisamos a questão da violência, da exclusão social, do preconceito, do desemprego, do baixo nível educacional, do

sistema de saúde precário e, ainda, no tratamento desigual entre homens e mulheres, dentre outras situações. São apontamentos que podem ser comprovados pelo baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil (IDH 0.759), se comparado com outros países da América Latina, como Chile (IDH 0,843) e Argentina (IDH 0,825), em dados de 2018.

Com a Constituição Federal de 1988, houve a ampliação da democracia e da participação popular mas, em contraponto, paulatinamente vemos regredir direitos sociais importantes. Essa é uma reversão contrária a uma tradição de ampliação dos direitos sociais que vivenciamos no século XX, conforme Avritizer (2016), que explica que essa regressão de direitos (e da própria soberania democrática) tem dois atores centrais:

• O mercado financeiro: o Brasil é um país cuja hegemonia está consolidada e concentrada em poucas mãos;

• A natureza das elites políticas brasileiras: elas vão na contramão do pensamento democrático, para preservar seu patrimônio cultural e econômico.

De acordo com Avritzer (2016, p. 43), esses dois atores mudaram a discussão do “pêndulo democrático”, porque eles fizeram com que os direitos sociais se enfraquecessem. Por conta disso, o Brasil vive um momento de regressão de direitos, colocando em colapso parte dos direitos sociais.

O governo brasileiro interino de 2015 a 2018 não se mostrou amistoso em relação à discussão e à manutenção dos direitos sociais. Por intermédio da Medida Provisória nº 726/2016, por exemplo, cortaram-se ministérios importantes para a promoção social como: o ministério da igualdade racial, o ministério dos direitos humanos, o ministério das mulheres, dentre outros. Esses ministérios defendiam importantes direitos sociais. Lassalle (2000) explicita essa situação ao dizer que:

Os problemas constitucionais não são problemas de direito, mas do poder; a verdadeira Constituição de um país somente tem por base os fatores reais e efetivos do poder que naquele país regem, e as Constituições escritas não têm valor nem são duráveis a não ser que exprimam fielmente os fatores do poder que imperam na realidade social: eis os critérios fundamentais que devemos sempre lembrar

(LASSALLE, 2000, p. 40).

A Constituição Federal de 1988 não exprime os fatores de poder vigentes, já que é considerada uma Constituição voltada para a emancipação social. Isso não quer dizer que ela seja uma Constituição ilegítima, mas sim, que na prática, ela não é cumprida. As inúmeras reformas constitucionais com vistas ao atendimento de interesses da elite política acarretaram em sua desvalorização e descrédito. Sem dúvida, isso acarreta a perda da estabilidade jurídica e social, que seriam as condições essenciais para o desenvolvimento nacional e a emancipação idealizada pelo legislador constituinte. A esse respeito, Hesse (1991) defende que:

Nenhum poder do mundo, nem mesmo a Constituição, pode alterar as condicionantes naturais. Tudo depende, portanto, que se conforme a Constituição a esses limites. Se os pressupostos da força normativa encontrarem correspondência na Constituição, se as forças em condições de violá-la ou de alterá-la mostrarem-se dispostas a render- lhe homenagem, se, também em tempos difíceis, a Constituição lograr preservar a sua força normativa, então ela configura verdadeira força viva capaz de proteger a vida do Estado contra as desmedidas investidas do arbítrio. Não é, portanto, em tempos tranquilos e felizes que a Constituição normativa vê-se submetida à sua prova de força. Em verdade, esta prova dá-se nas situações de emergência, nos tempos de necessidade. (HESSE, 1991, p. 24)

Pode-se dizer que a Constituição de 1988 existe e tem força normativa, mas não há vontade política para sua aplicação. É necessário fazer valer suas diretrizes e programas, pois refletem os valores sobre os quais se assenta o Estado, e a sua própria razão de ser. Cappelletti (1992) afirma que:

As Constituições modernas não se limitam na verdade, a dizer estaticamente o que é o direito, a “dar ordem’ para uma situação social consolidada, mas diversamente, das leis usuais, estabelecem e impõem, sobretudo diretrizes e programas dinâmicos de ação futura. Elas contêm a indicação daqueles que são os supremos valores, as rationes, os Gründe da atividade futura do Estado e da sociedade. (CAPPELLETTI, 1992, p. 178).

Entendemos que a Constituição deveria figurar como alicerce ao sistema jurídico, como força motriz para a manutenção do Estado de Direito. E isso não é o que se vê ocorrendo. Nota-se o enfraquecimento dos direitos sociais e, com isso, há o agravamento da desigualdade e da exclusão social.

O poder do Estado está em contrapasso com os direitos sociais, porque suas tomadas de decisão não se mostram rápidas e estruturadas o suficiente de

forma a possibilitar:

a. A implementação de políticas públicas capazes de garantir efetivamente os direitos sociais;

b. a regulação do mercado financeiro globalizado;

c. a apropriação de novas tecnologias;

d. o investimento na formação e capacitação de profissionais – em especial os do Direito – para resolver as questões que surgem no dia a dia;

e. a criação de leis que respondam às atuais demandas sociais, dentre elas as ambientais. Não se deve olvidar também que boa parte dos membros do Poder Legislativo não detém suficiente conhecimento do aparelho estatal, de economia e do ordenamento jurídico que os capacite a criar leis que se adequem à realidade econômico-social do País;

f. a punição severa para quem descumpre as normas voltadas para a efetivação dos direitos sociais.

As questões evidenciadas colocaram em risco o próprio regime democrático brasileiro, o crescimento econômico do país, o meio ambiente e, de forma geral, a qualidade de vida dos brasileiros, gerando tensões e crises instaladas que ainda estão sem abrandamento ou respostas. Conforme explica Faria (2017, p. 28),

as crises desafiam a autossuficiência dos sistemas, põem em xeque as prioridades estabelecidas e exigem novas estratégias e novas formas de ação sistêmica. As crises internacionais -principalmente quando há demasiadas assimetrias entre os atores políticos e os agentes econômicos sobre a qualidade dos ativos, sobre as características dos passivos e sobre a liquidez dos intermediários financeiros- exigem mais do que uma justaposição de interesses dos Estados nacionais. Elas requerem ações multilaterais coordenadas, que vão além dos tradicionais acordos de cooperação intergovernamental, e novas estruturas institucionais e regulações de alcance transnacional, cuja concepção, implantação e atuação efetiva dependem de novas relações de força e poder.

Houve uma profunda transformação social decorrente da Globalização e da falta de articulação do poder público com os diversos organismos da sociedade civil, que atingiu as práticas humanas, a maneira de se regimentar e organizar o Estado nacional e o meio ambiente. Por isso, para Castles (2002), para resolver esses problemas da sociedade atual, são necessárias mudanças

nas políticas públicas e no modo de apreender o ordenamento jurídico, para que sua aplicação corresponda a respostas às demandas sociais.

No que tange à legislação específica sobre o Direito Ambiental, notamos que, no século XX, com a crescente e desordenada produção industrial e agrícola e a revolução tecnológica, o meio ambiente sofreu grande precarização. Como exemplo, trazemos o caso do desmatamento da Mata Atlântica, um dos principais e mais extensos biomas do território nacional. De acordo com o relatório técnico efetuado pela Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, entre 2016 e 2017, o total de desflorestamento, considerando matas e áreas de florestas remanescentes dos 17 estados da federação brasileira que compõem o território original da Mata Atlântica, houve uma redução de 56,8% na taxa de desmatamento, mas não consideraram que, no período anterior entre 2015- 2016, houve um dos maiores desmatamentos desde 2010: foram cerca de 29.075 hectares. Observemos abaixo o Quadro 2:

Quadro 2. Índices gerais de desmatamentos desde 1985 até 2017, coletados pela Fundação SOS Mata Atlântica e seus parceiros

Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2017, p. 28).

Como se pode aferir pelos dados do Quadro 2, o número total de hectares desmatado foi diminuindo de 1985-1990 até 2010-2011, voltando, contudo, a aumentar em 2011-2012. Se observarmos os dados do período de 2010-2011, perceberemos que houve um aumento significativo nos outros anos: de 14.090 ha, em 2010-2011, saltou para 21.977 ha em 2011-2012 e,

depois, para 23.948 ha em 2012-2013. Isso demonstra que a forte queda no desmatamento parou em 2010-2011 e, a partir de então, começou a subir novo. Sofreu uma baixa nos períodos de 2013-2014 e 2014-2015, só que, no período de 2015-2016, há o maior aumento desde 2010: foram desmatados 29.075 ha, conforme demonstra o Quadro 3, a seguir:

Quadro 3. Desflorestamentos da Mata Atlântica entre 2016 e 2017, em hectares

Desflorestamentos entre 2016-2017, em hectares*

Co loc a ç ã o Un idad e d a F ederaç ão ( UF )

Área UF Lei Mata

Atlântica % Bioma Mata 2017 % mata

Desmatamento 2016-2017 Desmatamento 2015- 2016 Variação BA 56.473.404 17.988.595 32% 2.005.710 11,10% 4.050 12.288 -67% MG 58.651.979 27.622.623 47% 2.828.890 10,20% 3.128 7.410 -58% PR 19.930.768 19.637.895 99% 2.323.735 11,80% 1.643 3.453 -52% PI 25.157.775 2.661.841 11% 903.734 34,00% 1.478 3.125 -53% SC 9.573.618 9.573.618 100% 2.192.282 22,90% 595 846 -30% PE 9.815.022 1.690.563 17% 196.079 11,60% 354 16 +2121% SE 2.191.508 1.019.753 47% 69.626 6,80% 340 160 +112% AL 2.777.724 1.524.618 55% 142.846 9,40% 259 11 +2243% RS 26.876.641 13.857.127 52% 1.092.365 7,90% 201 245 -18% 10º GO 34.011.087 1.190.184 3% 30.125 2,50% 165 149 +11% 11º MS 35.714.473 6.386.441 18% 706.875 11,10% 116 265 -56% 12º SP 24.822.624 17.072.755 69% 2.345.765 13,70% 90 698 -87% 13º PB 5.646.963 599.487 11% 54.807 9,10% 63 32 +94% 14º RJ 4.377.783 4.377.783 100% 820.307 18,70% 49 37 +34% 15º RN 5.281.123 350.994 7% 12.175 3,50% 23 - - 16º ES 4.609.503 4.609.503 100% 483.172 10,50% 5 330 -99% 17º CE 14.892.047 866.120 6% 64.020 7,40% 5 9 -47% TOTAL 12.562 29.075 56,80%

Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2017, p. 28)

Nota-se pelo levantamento realizado, que há uma diminuição no desmatamento em diversos estados, só que em outros há um desmatamento considerável, como na Bahia, Minas Gerais e Paraná que ocupam as primeiras colações, tanto no período de 2015-2016, quanto em 2016-2017.

desmatamento que continua, embora haja diversos mecanismos ideológicos e legais de controle. Esse panorama demonstra a importância de se conscientizar que a relação ser-humano/meio ambiente está deturpada pelo consumo desenfreado e pela irresponsabilidade daqueles que degradam o solo e as matas em prol da agropecuária e da agricultura não sustentáveis.

Para reverter esse quadro, que já melhorou e, atualmente, oscila, temos que incentivar políticas públicas que considerem o meio ambiente como uma das partes mais importante dos direitos sociais. É preciso impedir a continuidade da destruição da natureza e tentar reverter os quadros já instalados e caóticos, como o do desmatamento.

Revisitando os documentos que abordam o Direito Ambiental, temos que destacar a Declaração de Estocolmo, de 16 de junho de 1972, que imprimiu 23 princípios ambientais comuns para a humanidade. Nesse documento, é declarado que o ser humano é o responsável pela proteção do meio ambiente e pela qualidade de vida na Terra. Já é abordado nesse texto a problemática do descarte de lixos tóxicos que prejudicam o ecossistema trazendo graves danos à natureza. Como alternativa, é incentivado que os Estados interfiram e tomem as providências necessárias para evitar o descarte irresponsável. São propostas medidas que estimulem a ciência, a tecnologia e a educação em questões ambientais. Nessa última proposta, é prevista a conscientização e a formação ambiental de jovens e adultos para que eles se tornem agentes capazes de proteger e preservar o meio ambiente.

Em 1992, temos um outro marco para o Direito Ambiental: a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida popularmente como Rio 92. O encontro foi realizado na cidade do Rio de Janeiro em 1992, no qual se encontraram Chefes de Estado de diversos países. Nessa ocasião, foram discutidos os problemas ambientais como efeito estufa, atmosfera e poluição, contaminação de águas, desmatamento e desertificação, agricultura, biotecnologia, gestão ecológica, dentre outras temáticas afins.

No evento Rio 92, foram estabelecidos 27 importantes princípios, dentre eles o dever dos Estados de considerar a proteção ambiental como parte integral do desenvolvimento sustentável. Outras medidas propostas foram: a erradicação da pobreza; a eliminação e diminuição de padrões

insustentáveis de produção e consumo; o intercâmbio de conhecimentos científicos e tecnológicos voltados para o desenvolvimento; a criação de legislação nacional que adote leis e tratados com vistas à responsabilização e à compensação dos danos ao meio ambiente; a observância do princípio da “precaução”, a notificação prévia pelos Estados de significativos impactos ambientais transfronteiriços; a valorização do conhecimento indígena e de outras populações em relação às suas práticas tradicionais e do importante papel da mulher, com vistas à formação de sociedades sustentáveis. O documento gerado foi alcunhado de Agenda 21, que colocou estratégias e políticas públicas voltadas ao meio ambiente nas pautas governamentais dos países consignatários.

No Rio 92, além do documento Agenda 21, que fora assinado por 179 países, foi apresentada a primeira versão da Carta da Terra. Esse outro documento foi idealizado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, em 1987. Todavia, o documento não foi assinado naquele momento. Ele só foi ratificado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2000, no Palácio da Paz, em Haia, na Holanda. Tal Carta visou estabelecer a promoção da igualdade, da paz e do respeito entre os membros da sociedade global, tendo como esteio a ética e o bem estar mundial, a integridade dos sistemas ecológicos, a defesa dos ideais democráticos e a justiça social. O documento foi assinado por 4.500 organizações.

Um documento que igualmente marcou o Direito Ambiental foi a Agenda 2030, firmada em 2015 e que propõe o desafio de promoção da sustentabilidade em suas três dimensões: social, econômica e ambiental. Esse instrumento teve como objetivo, dentre outros, reverter a desertificação, promover o reflorestamento e a proteção de espécies ameaçadas de extinção. Sugere aos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) diversos programas e ações voltadas para o desenvolvimento sustentável a serem implementados de 2016 a 2030. Dentre elas, destaca-se a restauração do ecossistema e dos recursos hídricos em todo o planeta.

Outros importantes documentos poderiam ser citados, como a Declaração de Montego Bay, de 1982, ou a Convenção de diversidade

biológica, de 1992 e a “Encíclica Laudato Si” (de 24/05/2015), alcunha de a Encíclica “verde”. O que fizemos foi um pequeno resgate bibliográfico e histórico dos principais instrumentos internacionais que estabeleceram as diretrizes e as normativas que fomentaram os princípios vigentes na Constituição de 1988 e as normativas brasileiras relativas ao Direito Ambiental. Por isso, ressaltamos que nosso interesse não é exaurir todos os documentos sobre Direito Ambiental, mas apontar aqueles que mais se destacaram e influíram de forma a fomentar os princípios legais que, contemporaneamente, ensejam políticas públicas voltadas à proteção do meio ambiente.

Para que haja a efetivação do direito fundamental à vida pelo Estado Brasileiro, como previsto na Constituição Federal de 1988, seria necessário pensar em formas de conciliar o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente, com vistas a garantir uma vida digna e saudável às presentes e futuras gerações. Esse ideal está em desenvolvimento desde a Declaração de Estocolmo. Ressaltamos, contudo, que o cumprimento dessa obrigação do Estado depende também da participação da sociedade civil e ultrapassa as fronteiras de seu território, vez que essa questão envolve a participação de outros Estados soberanos e, por conseguinte, das comunidades internacionais, o que nos leva a concluir que o Direito Ambiental deve evoluir tanto no âmbito interno quanto externo e ser estudado numa perspectiva interdisciplinar e mundial.

No Brasil, o Direito Ambiental está em processo de construção e encontra empecilhos na política, na cultura, na tecnologia e, principalmente no consumo desenfreado incentivado pelo capitalismo, que implica o descarte antecipado de equipamentos, em bom estado ou não, diretamente no meio ambiente. Some-se a isso a grande massa de lixo que advém desse consumismo. Plástico, isopor, pilhas, óleos etc que, depositados sem tratamento na natureza, são responsáveis por danos irreversíveis ao meio ambiente e ecossistemas, principalmente quando depositados por meio de esgotos. Com isso, há um prejuízo imediato de longa duração à flora e à fauna, bem como à saúde das pessoas.

Temos poucos investimentos relacionados a programas, projetos e ações implementados, que sejam voltados à proteção do meio ambiente e à educação ambiental. Como exemplo, trazemos a reprodução da legislação

ambiental brasileira aplicada ao descarte e tratamento dos resíduos sólidos, no estudo desenvolvido por Maia (2011), sintetizado no Quadro 4:

Quadro 4. Objetivos da legislação ambiental brasileira aplicada aos resíduos sólidos

Fonte: Maia (2011).

De acordo com Maia (2011), foi longa e caudalosa a criação de uma normativa específica para tratar dos resíduos sólidos nos moldes do que prevê a Lei Maior. Essa questão somente foi instrumentalizada em lei específica a partir de 2010, quando então foi determinada a criação de planos de gestão desses resíduos e a coleta seletiva, bem como reconheceu-se a importância dos catadores de materiais recicláveis e a necessidade de sua valorização e inclusão social. Como explica a estudiosa,

Resíduos Sólidos-PNRS, que a legislação ambiental brasileira passou a tratar de forma específica sobre a gestão dos resíduos sólidos, incluindo a inserção socioeconômica dos catadores de materiais recicláveis. A PNRS está consubstanciada nos princípios da gestão integrada dos resíduos, a qual corresponde uma ferramenta para melhoria da qualidade ambiental, pois por meio dela se busca reduzir a quantidade de resíduos disposta na natureza sem o devido tratamento, evitando-se a contaminação dos recursos naturais (MAIA, 2011).

Além da Lei nº 12.305/2010 que trata da Política Nacional de Resíduos, já existe uma série de outras normas jurídicas, como decretos, resoluções e atos normativos que abordam o Direito Ambiental no País. O que apresentamos a seguir no Quadro 5 é uma compilado das principais leis nacionais que regimentam a matéria do Direito Ambiental no território nacional.

Quadro 5. Principais leis ambientais brasileiras

Lei Objetivo

Lei 6.766/1979 - Lei do Parcelamento do Solo

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