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Disciplinas oferecidas nos cursos de Direito

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CAPÍTULO 3 ANÁLISE DAS CINCO MELHORES FACULDADES DE DIREITO REGIONAIS DO BRASIL: UFG, UFPA, UFPE, UFPR E USP

3.1. Disciplinas oferecidas nos cursos de Direito

Nas matrizes curriculares analisadas, estão presentes três tipos de disciplinas: obrigatórias, eletivas e optativas. As disciplinas obrigatórias são imprescindíveis de serem cursadas para que o aluno consiga a conclusão do curso. As eletivas são parcialmente obrigatórias, porque o aluno, na maioria dos casos, escolhe uma dentre um grupo específico de disciplinas. As optativas são facultativas e o alunado tem oportunidade de escolhê-las em um grupo diversificado. Em geral, as disciplinas obrigatórias, eletivas e optativas podem possuir pré-requisitos, a depender do nível de complexidade exigido pelo conteúdo a ser abordado e a sua carga horária integra a carga horária total do curso, desde que efetivamente cursadas pelos alunos e nelas sejam aprovados.

Considere-se, contudo, que a carga horária de disciplinas obrigatórias é mais relevante do que a carga horária das optativas, uma vez que estas últimas o aluno pode ou não cursar, dependendo de sua escolha. A periodicidade das disciplinas é, em geral, semestral.

Como abordamos no capítulo anterior, a expansão dos cursos de Direito no País foi célere. Em razão disso, tem-se criado mecanismos de avaliação e controle dessa expansão para que a qualidade do ensino melhore, o maior exemplo é a existência do Exame Unificado da Ordem dos Advogados do Brasil, atualmente organizado pela FGV – Fundação Getúlio Vargas. Além disso, em 2014, o Ministério da Educação editou a Portaria nº 20/2014 que propõe os procedimentos e o padrão decisório para os pedidos de autorização dos cursos de graduação em Direito. Com esse documento, aumentou-se o rigor aplicado à abertura de novos cursos. Como vimos, a principal medida restritiva foi a exigência de nota-conceito mínima 4 no parecer do Ministério da Educação para a abertura de novos cursos de Direito. Esse conceito é concedido a cada instituição de ensino superior depois de uma série de

análises das condições de infraestrutura e de qualificação do corpo docente, bem como dos últimos resultados dos discentes em exames como o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, o ENADE, conforme o Quadro 6 abaixo:

Quadro 6. Descrição dos conceitos do Ministério da Educação aplicados às instituições de ensino superior no País

Fonte: Brasil (2012, p. 1).

No instrumento de avaliação utilizado pelo Ministério da Educação, em conformidade com as Políticas de educação ambiental, Lei nº 9.795/1999, e o Decreto nº 4.281/2002, consta o seguinte questionamento: “Há integração da educação ambiental às disciplinas do curso de modo transversal, contínuo e permanente?” (BRASIL, 2012, p. 27). O avaliador pode responder afirmativa ou negativamente no referido relatório. Portanto, todos os cursos de Direito regulamentados no País passam por esse crivo e devem inserir a educação ambiental às disciplinas, conforme propõe o Ministério da Educação: de modo transversal, contínuo e permanente.

Por transversal, entende-se que o ensino de Direito Ambiental deve perpassar diversas disciplinas e não ficar restrito apenas a uma, especificamente. Por contínuo, compreende-se que o ensino ambiental deve estar distribuído nos diversos semestres do curso de Direito, não ficando enclausurado a um ou dois períodos apenas, por exemplo. Por permanente, pensa-se em um política educacional que seja duradoura e constantemente preocupada com questões sociais associadas às relações do homem com o meio ambiente.

Para tanto, a Portaria de nº 20/2014 poderia ser melhor aplicada. Nesse documento, as faculdades, os centros universitários e as universidades,

além de apresentarem projetos de excelência, têm que implementar um Núcleo Docente Estruturante e um Plano de Estágio Curricular Supervisionado. O estágio pode estar conveniado com órgãos do Poder Judiciário e com escritórios de advocacia, mas eles também podem se aliar a organizações não governamentais e outros tipos de agrupamentos que tenham interesse social pelo meio ambiente. Isso somente ocorre em poucos casos, ficando esses núcleos – que poderiam ter grande impacto social, sobretudo com as questões ambientais – restritos aos escritórios de advocacia ou cartórios judiciais e extrajudiciais.

Outro fator que a Portaria nº 20/2014 impõe é que as instituições de ensino superior que almejam a abertura de um curso de Direito precisam comprovar a sua “necessidade social” para obter a aprovação do Ministério da Educação.

Existe ainda o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior que foi criado pela Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. Esse sistema é composto por três principais elementos avaliativos: a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes.

Os aspectos que constituem esses três eixos, a partir dos seguintes aspectos, são: o ensino, a pesquisa, a extensão, a gestão da instituição, o desempenho dos alunos, a titulação do corpo docente, a responsabilidade social, as instalações, a acessibilidade, dentre outros. Ainda em 2004, o Conselho Nacional de Educação, por meio da Câmara de Educação Superior, determinou que o curso de Direito deve priorizar, pela ordem:

1. a organização de curso; 2. o projeto pedagógico;

3. o perfil desejado do formando; 4. as competências e habilidades; 5. os conteúdos curriculares;

6. o estágio curricular supervisionado; 7. as atividades complementares; 8. os sistema de avaliação; 9. o trabalho de curso; 10. o regime acadêmico;

11. a duração do curso (BRASIL, 2004).

deverá atender, em seu Projeto Pedagógico e em sua organização curricular, conteúdos e atividades que abordem os seguintes eixos interligados na formação dos futuros bacharéis em Direito:

I - Eixo de Formação Fundamental, tem por objetivo integrar o estudante no campo, estabelecendo as relações do Direito com outras áreas do saber, abrangendo dentre outros, estudos que envolvam conteúdos essenciais sobre Antropologia, Ciência Política, Economia, Ética, Filosofia, História, Psicologia e Sociologia.

II - Eixo de Formação Profissional, abrangendo, além do enfoque dogmático, o conhecimento e a aplicação, observadas as peculiaridades dos diversos ramos do Direito, de qualquer natureza, estudados sistematicamente e contextualizados segundo a evolução da Ciência do Direito e sua aplicação às mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais do Brasil e suas relações internacionais, incluindo-se necessariamente, dentre outros condizentes com o projeto pedagógico, conteúdos essenciais sobre Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Tributário, Direito Penal, Direito Civil, Direito Empresarial, Direito do Trabalho, Direito Internacional e Direito Processual; e

III - Eixo de Formação Prática, objetiva a integração entre a prática e os conteúdos teóricos desenvolvidos nos demais Eixos, especialmente nas atividades relacionadas com o Estágio Curricular Supervisionado, Trabalho de Curso e Atividades Complementares (BRASIL, 2004).

Para se chegar a esse modelo de currículo, o curso de Direito passou por diversas reformas. Pode-se perceber que há nessa normativa do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior um viés humanístico que integra a dimensão técnica, teórica e prática do Direito. Mossini (2010) faz uma síntese dessas transformações nos currículos do curso de Direito, que reproduzimos no quadro 7 a seguir:

Quadro 7 - Síntese histórica da configuração estrutural dos currículos jurídicos

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