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(1)

ORLANDO GOMES

Professor Hmonto na Faculdade dc Drrcito da Universidade f ederal da Bahia. Professor Honorário na Faculdade dc Direito da Universidade Caliilica dc Salvador,

Professor Caledrálico da Universidade Federal da Bahia Doutor Hotwris Cama da Universidade dc Coimbra

OBRIGAÇÕES

I7" Hdição

Revista. Atualizada c Aumentada, dc acordo

com o Código Civil de 2002 c com u Lei dc Falência dc 2005. por:

Edvaldo Brito

Professor Fmérito da Universidade Presbiteriana Mockenztc (São Paulo), cm cuja Faculdade dc Direito leciona Dirvito dax OhrigaçtVi. desde IW2

Advogado na Bahia e em SAo Paulo

I (HIOM fORINSI Km dc Juiicuo

(2)

Edições A nterio res l ' « M o 1961 T afrçlo - l'MX 3'e d M o 1972 4* «Mo - 1976 5* ed iç ão 197* (•'MjhvlD I9 S I 7* o b ç io | 9 M X* I9W, X*cda;lo- 1988 I* tiragem K* edição 1990 - 2* tiragem K *ed *io- 1992 3* lir»ij>ci« <*• «1*5.1 i«<m l< r ed*fc< 1995 II* 0.1*4. 1996 I I - i-.lv*. 1997 compionemo II lijao 1997 l ~ „ l v M l'*w l " o k i . 1999 2* timjcom 12' cd.çio 1999 — 3* liragctn 12* «fação 1999 4' (vagem 12’ oliçto I V W -5" tirjtfeiii 13* edição 2000 I 4* «laçiu 2000 15' edição 2000 15" cdiçío 2001 - 2* tiragem 15* edição 2002 }* tratem 16* «lição 2003 16* edição 2004 2* tirapcm I >' c\1»çi.> 2004 - 3* uragetn Ifr* adição 2005 4' urageni llVodiçto 2006 5* tíragmn 17* ediçãu - 2007

(3)

SUM ÁRIO

Obras do Autor... VII

Nota Prévia do A tualizador, nesta 17' E d iç ã o ... I

Introdução à 16a Edição ... .... ... ... ... 3

C apítulo I - Direito das O b rig a ç õ e s ... .. 5

C apítulo 2 - A O brigação... .. 15

C apítulo 3 - Fontes das O brigações... 33

C apitulo 4 - O bjeto da O b rig a ç ã o ... 43

C apítulo 5 - P restações E s p e c ia is ... 55

Capitulo 6 M odalidades das O b rig a ç õ e s ... . ... .. 73

C apítulo 7 - M odalidades das O brigações (c o m .)... 91

C apitulo 8 - O brigação N a tu r a l... ... 99

C apitulo 9 - Teoria do P agam ento... 109

C apítulo 10 - R egras do P a g a m e n to ... ... 119

Capítulo 11 Q u itação ... 133

Capítulo 1 2 - M odalidades do P agam ento... ... 141

C apítulo 13 - M odos E speciais de E xtinção das O b rig a ç õ e s ... 149

C apítulo 14 - C om pensação... 158

C apítulo 15 N ov ação... .. 165

C apítulo 16 - Teoria do Inadim plem ento... 173

C apitulo 17 — C onseqüências da Inexecução C u lp o sa ... ... 183

C apítulo 1 8 - M o r a ... 201

C apítulo 19 Execução C o a t i v a ... 211

C apitulo 20 - Teoria dos R isco s... 223

C apítulo 21 - M odificações da Relação O b rig a c io n a l.. ... 235

Capítulo 22 - C essão de C rédito ... 243

Capítulo 23 - A ssunção de D ív id a... 257

Capítulo 24 - Tutela e G arantia dos C r é d ito s ... 271

Capitulo 25 - D eclaração Unilateral de V ontade... 281

Capítulo 26 - Gestão de N e g ó cio s... ... 289

C apítulo 27 - Pagam ento Indevido e E nriquecim ento sem C au sa... 297

Capítulo 28 - Titulos de C r é d it o ... 305

(4)

4 Oriundo Comei

incnto divergente do atuali/ador; colocar a sigla RA (Revi­ são do Atuali/ador) nos trechos objeto do trabalho do atualizador; excluir os trechos totalmente superados, substi­ tuindo-os por texto dc autoria do atuali/ador e transferindo-o para um apêndice (os textos do Professor Orlando Gomes su­ primidos da obra irão para um apêndice ao final dc cada vo­ lume); acrescentar, em nota de rodapé c nas referências bibliográficas, nomes dc obras c autores consultados para re­ alização do trabalho de atualização.

Nào foi difícil fa/ê-lo.

A obra mereceu pequeníssimos ajustes, como se v erá a seguir, na sua leitura; por isso desnecessário um apêndice com textos do autor que tives­ sem sido suprimidos.

Apenas os capítulos 27 a 33. da formulação original, foram transpor­ tados para o volume autônomo da coleção, tratando da Responsabilidade

C ivil, em face do novo texto do Código Civil. Acrescenta-se um capitulo

sobre Títulos de Crédito, enxertado pelo pensamento do autor já existente no original, versando sobre titulos ao portador. Transfere-se do livro Con­

tratos, desta mesma Editora, o capitulo sobre Gestão de Negócios, passan­

do. aqui. a ser o capitulo 26, isto porque o novo texto do Código Civil deixou de discipliná-lo como um contrato, inserindo-o entre os atos unila­

terais, também, fonte mediata de obrigações, ao lado da promessa de re­ compensa, do pagamento indevido c do enriquecimento sem causa.

Afinal, o mestre Orlando Gomes, disse-o bem o eminente Fachin, permite que se amplifique no Direito Civil de hoje a sua \oz de ontem e de sempre, porque “ hoje, dos caminhos apontados pelo Direito Civil brasilei­ ro contemporâneo, muitos hauridos da percepção critica de Orlando Go­ mes, nasce um desafio” .

Entrego aos leitores, como um presente dos deuses, esse legado, sem­ pre para a eternidade, que c forjado pela memória sábia do genial civilista Orlando Gomes.

Façam o bom proveito que tenho tido. Edvaldo Brito Salvador, agosto dc 20(M

A/ilv r ano do cinqüentenário ihi l •/< ultiade de Direito

(5)

C a p itu lo 1

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Sumario: 1. Direito das obngaçòe». 2. Importância 3 . 1 ocalÍ7m, aii 4. Plano dn obra. 5. Dcvcrjurídico. Sujeição. Ônu* jurídico. 6. t > prutilcnu da unificação

I Direito das Obrigações. Na classificação tias matérias do Direito ( i\ il .» |urtc relativa aos vínculos jurídicos, dc natureza patnmonial, que se lot- "i nr entre sujeitos determinados para a satisfação dc interesses tutelados lu la lei. se aclia sistematizada num conjunto de

noções,

princípios e reatas .i i|ue se denomina, com mais freqüência. Direito das Obrigações.'

Conforme divisão acolhida nos Códigos modernos, o Direito iia\

i ihrigações é separado do Direi tu das Coisas, do Direito dc 1'amilia > <!>■ I hn-ao das Sucessões, constituindo parte especial, que agrupa regia. |>.»i

tu nlarc-, ciKtrdcnadas cm função da natureza peculiar das relações jtnidi tas a que se destinam.

( >s direitos subjetivos, assim disciplinados, pertencem à catcgoi ta yn- i il dos t/m i tos pessoais, que se opòe â dos direitos tvais. Conquanto n a o ,i

fo u m . constituem a mais importante de suas subdivisões, dislinpiim do »las outras pela pafrunoniatidade. Da mesma natureza, mas .em» mi i. n.ln patrimonial. são alguns direitos dc família, enquanto outros, lamln-m

l . « rrcnles da institucionalização do grupo familiar, corpori ficam mti.-u . s« ( t onómicos, revestindo as mesmas características de ftessoahdaJi e

i r.H.i.., -i.Mi.. .1.. i »i . • i ... ... .... . . i t i i i . d i l . . . i . l í . l i M i i i i i i L i , I i t i i . i nl o I . p u i o l . i , t u f s i l l u x l . M i i i i I i . i k i M J . f l . i

II. 1 l i.|ii > 111. u t i b i i N i . i m i i . 11I0 I i<> A ii l m » . V . i k I i i N a p u r l » '* ' o r ii v ii n 'i il - i ,, p . ,II |I | | | | | | ,| | I || A ( ' i i i i i | ) m . \ \ tl >M| M i li • S l l v i l | | , | | | < | | > .1111-1' 1'in.li M l i u i i . U s . ip .i I <i|M >. ^ «kIimi(1<<hi i k 1 l l w i i » M >.111. 1111.1 a m M a i t i . il.i S i l s a l*i t «'ir•*

(6)

r. (h ItmJo (nnn*’S

patrim oniahdadv. sem que, todavia, sc conliindatn com os threitos de <n <t(U>, únicos a que correspondem obrigações stricto xensu

\ atividade econômica realiza-nc através da disposição das coisas c do aproveitamento de serviços. Para satisfazer seus interesses, o homem n.io pinle limitar-se à utilização direta de bens. Precisa, tambem, que outros pratiquem atos que lhe sejam úteis, aos quais contraprcstam por diversas maneiras Para dispor das coisas, nào necessita da intervenção dc outro ho­ mem. mas, para aproveitar-se de atos alheios, é indispensável que alguém ns ícali/e, seja transmitindo a propriedade ou o uso das coisas, seja pres­ tando serviços materiais, ou espirituais. Neste caso. exerce ação sobre seus semelhantes. Na dominação das coisas, seu direito se diz real', na utilização de outros homens, chama-se pessoal. A distinção corresponde, assim, a um imperativo da vida econômica. O Direito das Obrigações disciplina, preci- .imente. as relações travadas entre pessoas para a satisfação dc interesses. U m, pois, natureza pessoal.

Preferível, no entanto, isolá-lo dos outros direitos pessoais, uma vez >|uu* o terreno de suas instituições pode ser demarcado pelas particularida­ des insitas á sua pairimonialidade. Em vez de tratá-lo no conjunto dos direi­

tos pessoais, ã base da divisão morfológica mais extensa a que Teixeira dc

Freitas-’ deu notável desenvolvimento no século passado, deve-se seguir a orientação traçada pelo pandectismo. que é mais interessante, ao menos, no plano metodológico.

A locução Direito das Obrigações está mais difundida, apesar dc im­ pugnada sob o argumento de que põe o accnto tônico num dos lados da re­ lação jurídica, precisamente o passivo. Outros preferem denominá-lo

Direitos de Crédito, salientando o aspecto ativo, incorrendo no mesmo vi­

do de unilateralídade. A primeira é mais expressiva, desde que se tome o vocábulo obrigação no sentido romano de vínculo jurídico entre duas pes­ so a s .3 e nào na acepção mais restrita do dever de prestar que incumbe ao sujeito passivo da relação jurídica.

2 Consolidação das Leis Civis Introdução.

3 "A expressão compreende duas situações diferentes c ale contrárias, do que resulta que sc deve aplicá-la tanto á extensão d* liberdade do credor quanto á restrição à liberdade do devedor. As duas situações justapostas sio qualificadas pela expressão comum: "Obilgatio " Savigny. I# Droit des Ohiigations, vol. Io, p. 11. Ademais, segundo es­ clarece o grande romanista. a atividade do devedor deve ser considerada como a coisa

(7)

(Vr/Jim 7

i estudo du Direito tia* ( Ihrigaçòcs deve compreender conceitos jjvtuf. »• suas particulnrí?uçóes. Na parte geral, cumpre fixar os princípios a tyuc w subordinam todas as obrigações ou, pelo menos, como assinala l *i i niMirjt. os maiores grupos, quaisquer que sejam as suas fontes. Çgmpre- . ni I. |h>is, os atinentes á natureza das obrigações, a seu nascimento a suas * »/’•' /<■'. ao cumprimento. à transmissão c ã extinção. Na parte especial. wwtulciam-se as relações obrigacionais particulares, isto é, as figuras que m ti u 11-u'Mm mais freqüentes e. por isso, se apresentam como tipos dcfmi- dit». sujeitos a regras especificas.

A exposição dos princípios gerais é indispensável porque, além dc .»i<l i< >. eis i todas as espécies, regulam as obrigações nascidas no território i >ndi' c exerce a liberdade de estruturação das relações obrigacionais. Inú­ meras obrigações formam-se sem subordinação ao esquema traçado pela In no disciplinar os negócios jurídicos mais usuais.4 A esses negócios ati- /*(« m aplicam-se os princípios gerais.

Na parte especial, elaboram-se os pnneípios hásicos das relações tí-... explicando-se as normas que regulam cada categoria e cada espécie,

ms mais das vezes de carátcr supletivo.5

Importância. O Direito das Obrigações compreende as relações jurídi­ cas que constituem as mais desenvoltas projeções da autonomia privada na eHfera patrimonial. Enquanto o Direito das Coisas sc esgota em reduzido numero de figuras, rigidamente delineadas na lei. e submetidas à disciplina

capital, a essência da obrigação, p. 7. Consultar, do autor: Transformações Gerais do Direito das Obrigações, Ed Revista dos Tribunais. 2* ed.. 1980; Orozimbo Nonato. Curso de Obrigações, vol. t. p. 76: Tito Fulgéncio. Direito das Obrigações, p. 17; (iitxrgianni, La Obrigatiòn, p. 20; tíaudcinct. Thêoríe Générale dei Ohligations. p. 9.

4 Neste volume cuida-sc lilo-só da parle jícial. Consultar, do autor, Contrato*. R V) des si mesma Editora, itens 75 c icgs . revista, atualizada c aumentada <le acordo com o Código Civil dc 2002, por Antonio Junqueira Azevedo, Rio, 2007 (RA).

' 5 \'.Contratos, do autor, ob. cit. A função das regras supletivas consiste, segundo Antu­ nes Varela, em duplo objetivo af l v.it de acordo com a vontade presuntiva das partes o regime aplicável aos contratos com Uu wu>\ de omissâ* »>« Uu-una* de< »!i>ão. h, es- tabeleter t", preceitos basilares das rclaçtVs onde náo pontifica a vontade das parles ou interferem interesses superiores. Das Obrigações em Geral, Coimbra. 1970. p 16. Kngish. Introdução ao Pensamento Jurídico.

(8)

miitoniu o Direito das O biiroçòcs nao lem limites scn.tn t m pnm ipu v'<-1ui•< que deixam .1 siMit.uk- individual larga inargcni i piowi«..is,.io dc .leitos iiiridicos lonsoantes nos mais variados interesses qu> tutela Sob c-w- .ispoi lo, apresenta-se como n suprema cxpicssão da liberdade mdivi • lu.d m* exercício das atividades privadas de ordem patrimonial, o campo dc eleição da autonomia privada. * . v - ^ ^

l*or ouiro lado, o Ih n ito das Obrigações exerce grande influência na . ul.i econômica, uma vez que regula relações da infra-estrutura social, den- n i i , |uais se salientam. por sua relev ância politica. as deprodução e as de , I atiavcs de relações obrigacionais que se estrutura o regime cconó- ink o. sob formas definidas de atividade produtiva e permuta de bens. Tan-io Im .1,1 para atestar sua importância no conjunto das normas constitutivas da nhii "i tundica. O funcionamento de um sistema econômico prende-se a

im <li ,i iplina jurídica, variando conforme o teor c a medida das limitações impo .ia i liberdade de ação dos particulares. T nllm, retrata o Direito das

t >bth‘.tçt'n \ < estrutura econômica da sociedade. Manifesta-se ainda sua

unpottancia prática pelo fenômeno, hoje freqüente, da constituição de pa- trmionios compostos quase exclusivamente de ritidos de crédito corres­ pondentes a obrigações (Gaudemet) (RA) e cujas normas gerais discipli- lutdoras estão inseridas no novo texto do Código Civil brasileiro. Título VIII do I ivro I da Pane Especial (RA).

A rede que distende apanha Ioda pessoa humana, como nota Hede- inaiin.' Na sua justa observação, o numero de relações obrigacionais, que se travam cada dia. ascende a milhões. Toda a nossa vida se desenvolve, com efeito, numa atmosfera em que o Direito das Obrigações está presen­ te. Assim, o conhecimento dc sua dogmática e de sua técnica interessam, fundamentalmente, ao jurista

1.1 oca li/ação. Admitindo o plano metodológico da divisão do Direito C i­

vil numa parte gera! e cm partes especiais, interessa saber onde se deve co­

lo* ar o Direito das O brigações. A localização desta parte especial c importante sob o ponto de vista didático, mas, também, na ordcnaçào das matérias do Código Civil.

'• f í r r t í h o de O b r ig o u ones,p. M . Obscrvu Joswrand que o Direito da» Obrlgitçúes constitui a base nio somente ik> Direito Civil, mus dc todo o Direito: a obnyju,,1o. a ar- uwuKini e o suhsiiuio do Direito ( ours de Drotí < Vit/ Framaix. 1.11, p. 2.

(9)

<»•!

i »Ih ieilo i/*;. ( Wi//|i(í(,nn deve ••i i estudado logo apos u /tarte geral. pni «'«lendo, pois io Direito das ( 'oisas. ao Ditvito de Fam ília e «o Direito

iIm \ < onhri ui<•*«is princípios fundamentais tio Direito Privado,

de iiplu at, a<' ‘ onmm à s /mrti v especiais, e subidos os conceitos gerais, im­ põe sc. de imediato, o estudo do Direito das Obrigações. A principal razào •li . .,i pnorul-idcó de ordem lógica. O estudo dc vários institutos dos outros i I i.micnlos do Direi Io Civil depende do conhecimento de conceitos e i i i i nçi k*s teóricos do Direito das Obrigações, tanto mais quanto ele en- . i 11.1 em sua parte geral, preceitos que transcendem sua órbita e se aplicam m i.iiii.i , seções do Direito Privado. Natural, pois. que sejam apreendidos primei to que quaisquer outros Mais fácil se toma. assim, a exposição me­ tódica I >e lato. a solução do problema da localização deve ser dada conso- inii ,i seguinte regra: "Os institutos, para cuja compreensão forem i * t u ientes as regras estabelecidas na Parte Geral, devem ser considerados i m 1'iimeiro lugar.*’7 Estão neste caso os que se incluem no grupo das obri­ gações.H

I ntendem alguns escritores, não obstante, que a prioridade deve <l.n i ao Direito de Fam ília, pela conexão mais estreita com a pessoa hu­ mana.Pensam outros que o Direito das Coisas deve ter preccdcncia. por »ei mais intuitiva a noção de propriedade.1"

Nos Códigos, a seqüência das matérias sob esse critério não tem mai-

iii importância. No entanto, preconizain-na muitos, sob o fundamento de

que «> livro das obrigações tem mais intima conexão com a parte geral.1

Idunrdo Ispm oh. Sistema do IXnvito C 'm l Brasileira, vol I, p 2J5

N Iduardo Espinola. oh cil., p. 235 Preferem esta scnaçiki os esentores aleniAes Dem- liurg. Crome. Enneccents. I arcn/. dentre outios.

■i Os escritores franceses, embora nào sigiim a ooentação tedexea, que distingue a parte geral da parte especial. uuciam o estudo do Direito Civil pelo Direito dc Kanuiu. Os mais niodcmo* continuam a proceder desse niodo. V. Mazcaud. Lençonn dc Droit O* vil: Marty et Ravnaud. [>ro<t Chili ) Catbonnier. Droit Civil.

10 Adotam essa orientação, dentre outros. Windscbcid. Gwrhc. Pacifici Mazzoni. I ntre nòs, Clóvi» Beviláqua «intenta que o estudo dos direitos reais deve preceder ao do Di­ reito das Obrigações V, "Fm Defesa do Projeta de Ctidtgo C h il" Atento, porém, a circunstância de que as relações mridicas dc natureza obngitciorul podem ser estuda­ das independentemente do conhecimento das noçòcs cspc* iais pcrimenlcs á íarnilm. 4 propriedade c à herança, justifica-se a prioridade de sua cxposiçào. apesar de certas di­ ficuldades oriundas dc maior complexidade da matéria e do tecnicismo que a envolve, 11 Hcdeniitnn, oh. ciL. p. 1 S.

(10)

Ml I h l.lllj.i IifVtli <

I iti alguns ( ndigos. ii matònn relativa às obrigações nAo c condensa il.i om .11.1 iiii.iliil.uk', m> livro especial que lhe i dedicado Iíiversos prccei los encontram \c nn parte gerai. Importo, assim, conhecer a pretmlenaçào, nessa /mrle geral. do capitulo relativo aos fatos Jurídicos Iam sensu, onde es-i.t- > disp<>s|a sdiversas regi a s e assentados vários princípios que informam te-

o i i.ise conceitos gentis do Direito das Obrigações, integrando-o, a despeito

dt .i ele s<- nào circunscreverem todos.

Por outro lado. há relações obrigacionais consideradas a propósito de o u t r o s institutos jurídicos, colocando-se. assim, nos Códigos como nos compêndios a margem do setor dogmaticamente delimitado da sua espe- i ializuçào lais obrigações assemelham-se às sistematizadas na parte em qiK * se estudam, ou regulam, os vinculos obrigacionais típicos, tncon- train e no Direito de Fam ília, no Direito das Coisas e no Direito das Su- . . , \ Nào raro, porém, süo deveres ou ônus que nào sc confundem com .<•. ithrigaçôet propriamente ditas.

No território do Direito Público, interno c internacional, formam-se igualmente obrigações.

Contudo, interessam-nos, apenas, por mjunções metodológicas, as

obrigaçõe> compreendidas na fuirtc especial do Direito Civil.

•I. Plano da Obra. O estudo das obrigações sistematiza-se com a distribui­ ção da matéria nos seguintes capítulos:

1. Conceito c estrutura: 2. modalidades: 3. efeitos: 4. transmissão; 5. extinção:

(RA ) 6. inadimplcmento (RA): 7. contratos;

8. várias espécies de contraio;

9. obrigações por declaração unilateral da vontade; (RA ) 10. obrigações por atos ilícitos (RA);

1 1 . obrigações reais; 12. títulos de crédito;

(RA) 13 declaração de insolvência. (RA)

A teoria geral compreende a determinação do conceito, fontes e ele­ mentos estruturais da obrigação.

(11)

II

\ nuteiu aimente As mot/alh/atles ilit\ ohnwniH s suUlivide w em sele p*T1rs •> t/c i/iii. obnift^nK v dc Amt, o/vi.ij(jçòcs dc nAo la/cr, olvida

lAm allernatn v/.t, o/niMiVrt lintsixvis e indtvLsiwis, ohrigftçiies solUlárías

\ ntuilisc dos efeito.% í/í/v obrigações abrange os princípios concer­

ni hii iit. um/irlmenlo. as fwrdas e danos e a o s/«/»«legais, revestindo-se df eN|H v ial interesse os que informam, quanto ao pagamento, seu objeto e piu\ i lu^ar e tempo, mora, /Higamcnto indevido. pagamento por consig-

(Ki^amento com sub-m gação. imputação do pagamento, dação em payumenio. novação. compensação, confusão e remissão dc dívidas.

No capitulo tia transmissão, examinam-se a cessão d ei rédito c a assim- ii)<»./. di\idas. Os outros capítulos pertencem ú pane especial, salvo o con-i tu M* de ctvdores,

No plano metodológico, a parte geral do Direito das Obrigações ilc\e ser exposta na seguinte ordem: I") conceituação e caracterização da

obiigaçáo; 2a) execução das obrigações; 3°) transmissão das obrigações;

I') extinção das obrigações.

Esses estudos devem ser completados com algumas noções relativas

a tutela de crédito.

' Dever Jurídico. Sujeição. Ônus Jurídico. O conceito de obrigação ile\c ser depurado da intromissão de outras noções jurídicas tecnicamente li .tintas, tais como as de dever ju rídico, sujeição e ônus. (RA ) Em uma re- luç4o jurídica, a obrigação ocupa o lado passivo c, por isso, consiste no pró­ prio dever jurídico, podendo, assim, ser definida como sendo certo com- puit.imentoexigivel pelo titular do respectivo direito subjetivo (lado ativo).

Já examinando o conceito de dever jurídico, fora do contexto da rela- çAo, ele sc superpõe ao de obrigações; são. nesta perspectiva, distintos (K \). Dever jurídico, aqui. é a necessidade que corre a todo indivíduo de observar as ordens ou comandos do ordenamento jurídico, sob pena de in- rorrer numa sanção,{Z como o dever universal dc nào pertubar o exercício do direito do proprietário.

12 () aspecto fundamental Ou conccilo c que a sanção estatuída visa n tutelar um interesse alheio ao do sujeito do Oevcr. Manuel Dummgues Andrade Teoria Gera! das Obn- g açòes.y cdiçlo. p .2 A. Von Tuhr. Tratado dc ia? ObhgatuHwx, trad., vol l°,p.9.

(12)

I < htunJo ( k»h'a

A sujeição, a necessidade dc suportar us conseqüências jurídicas do exercício regular de um diivito poiestativo. tal comi) é o caso do emprega­ do ao scr dispensado polo empregador. Sàopotestativos, dentre outros, o direito de resgate do íorciro. o do condômino dc pedir a divisão da coisa comum c o do locador de despejar o locatário.

O ônus jurídico, a necessidade de agir de certo modo para tutela de

interesse próprio.IJ

No dever jurídica, a sanção é estabelecida para a tutela de um interes­ se alheio ao de quem deve obscrvá-lo. Na sujeição também não pode haver inobservância dc quem tem dc suportar inelutavelmentc os efeitos do ato de \ ontade do titular do direitopotestatiw , mas nào há cogitar de sanção. ^sn r mus jurídica o comportamento é livre no sentido de que o onerado só 0 .ulol.i se quer realizar seu interesse.

Ir ata-se, pois. dc noções que nào se contundem com a de obrigações. emhoi.i se costume falar em obrigação negativa e universal (dever ju rid i- •. <| d< todo indivíduo abster-se de atos turbativos da propriedade alheia, de .im ii.ii se (sujeição), sem poder impedir, às conseqüências do exercício de um direito alheio, e de registrai- a escritura para adquirir a propriedade (auu\/uridica),

A obrigação comporta com sacnficio do interesse própno em favor de um inteiessc .ilheio: no ônus. o sacnticio do interesse próprio visa a ou­ tro interesse próprio que o sujeito considere preponderante sobre o primei- in. nas palavras de Lumia.

h. C) Problema da I nificação O problema da unificação do Direito Priva­

do simplifica-se quando considerado na perspectiva mais estreita do P irei-

in dus Obrigações. A concentração num só estatuto das obrigações civis e men antis já se realizou em Códigos elaborados com esse propósito, ou

01 o. ambiciosos na aspiração unificadora. ASuíça deu o exemplo dc unifl < ação parcial com o Código federal das obrigações. Nos Códigos da

t R S S e da Itália, o direito das obrigações é um só.

(> processo de unificação parcial mutila desnecessariamente o ( ódi KO I ivil. sendo preferível realizá-la no seu corpo, admitindo como pinte connint .is relações civis e mercantis, dado que, se mutilação deve liavei

I I HmiIh iii Vnít mu 4*1 lU rlIpt PrivM o ll^iln w r |» 'M S«nl<«u l'«* ,.u> IIi IKuiiim Ih ihiii/i ifrl / N tm il lilk , |> 74

(13)

Obrixm-óes 13

impõc-ic que a sofra o Código Comercial, por ser direito especial, unifican- íli ■ sc pela codificação do Direito Privado das relações civis e mercantis.

Contudo, a unificação, hoje facilitada pela comercialização da vida civil, enfrenta ainda dificuldades. Posto sejam os princípios gerais comuns .ii» dois Direitos, nào sc justificando uma teoria geral para o Direito C ivil 0 outra para o Direito Comercial, há institutos que carecem da generalidade indispensável á sua inserção num código que se destine a todas as pessoas. 1 >e certo, não procede mais a qualificação subjetiva dos atos de comércio, pi iticando-os hoje comerciantes c não-comerciantcs. mas a introdução dc i i o v o s conceitos na dogmática das relações jurídicas de natureza privada, notadamente o dc empresa, está a exigir que se reserve uma área para a dis- dplina particular dc atividades específicas das unidades econômicas que ' 'Pcram com fins lucrativos. A circulação da riqueza, de que se ocupam os comerciantes, é fenômeno econômico distinto de seu consumo, não com­ portando. por isso, igual disciplina jurídica, salvo quanto aos princípios es- tiuturais. Mas, por outro lado. a introdução de institutos especiais no t ódigo Civil, condenável sob o aspecto dogmático, nào tem maior impor- i meia no plano legislativo, especialmente sc realizada a unidade pelo pro­ cesso dc simples justaposição.14 De resto, tendeu-se para a absorção do I íiieito Comercial pelo Direito Econômico, aceito como um novo ramo da árv ore jurídica c expressão das mudanças na vida econômica c da partici­ pação do listado na economia, até como empresário.1

(RA) No Brasil, houve a tentativa de separar o Direito das Obriga- l'«Vv d»> corpo do Código Civil, mediante a elaboração de um Código das ( íbngações ( l ‘>fil 1963). Vingou, porém, a idéia da unificação, dc maneira ipu- a teoria geral das obrigações está contida no novo texto do Código Ci- v i l | K V ) .

II O pmhli iit.) i|j autonomia do Direito Comercial pode scr encarado dc ângulo* diver- ti kitldutivo, *i uihMnncial. o formal c o didático. Pela dicotomia do Dtrcilo Priva-ilo pn-mini niram <tc, dentreoutros. Rocco, Vidari, Vivante, cm 1919, e Escarra Entre Mim (MU', i pn-itnininm ii corrente nm íic.ulor». soba influência dc 1 cixeira dc licitai 1 ihkmIi.u dc Itcncdiio ( 'osia Neto c Philomeno Azevedo. A Unidade ,/../»i>. im íMíriam uiihilm> Anh j»ii/cl‘i,if ( ódif(<>dt-(Hvmuções ( iwisullar João

Eu-ii i|.i. i |i. >.i, < Ihreiht l umercud Temnire, vol I, pp. 77 a 115. V'.. do autor, ln{i<HÍin,hi ii.> lhi> it" CitjJ, I <ii■ ii . . , Kto, V edii,'io, p 31.

I ^ l i ii .<ilt.ii 1 li Iiiii.lti »mm.1» »• ViiIiuhh Varela. IHifih* Aiimòmu u. 1 arj.il. /)n>K / < itnn- ini, I 4nl> « k i . , tlruit 11 iinimmii/ui ‘imiim llii/. /Jk*m onumu n i I K« ,. I |m/, l«alll||ii. t. //.ii In iin ,Vm m /»• <n toi Wr»i uni»/

(14)
(15)

C apitulo 2

A OBRIGAÇÃO

Sumário: 7. Conceito H. Acepções da palavra "obrignçio" De­ bitam e obhgatto 10. I slrutiira da obrigação II. Sujeitos 12. Objeto. 13. Conteúdo 14. Fato Jurídico 15. (úiratitia. 16. Distinções. 17. Obrigações reais IX. A obrigação no Direito moderno

7. Conceito. A obrigação pertence à categoria das relações jurídicas dc na­ tureza pessoal.

Na sua definição, tem-se levado em conta, preferentemente, o lado passivo, que sc designa pelo termo obrigação ou. mais á justa, divida. Vis­ ta. porém, do lado ativo, chama-sc crédito. O acento pode recair tanto no

.Incito como no dever. Em conseqüência, a parte do Direito Civil que se

i h tipa dessa relação jurídica, conhecida tradicionalmente como Direito das

<>!•> ilações, também admite a denominação Dúvitos dc Crédito.

( )brigaçâo é um vinculo jurídico cm virtude do qual uma pessoa fica lilsirita a satisfazer uma prestação cm proveito de outra

I a definição clássica dos romanos, incorporada às Institutos: “ Obli-

Ratio cstju ris vinculam, quo necessitate adstringintur alicujus solvendae tei ( onquanto mereça, ainda, aplausos dos civilistas, o conceito nào c in-

uiuiinciitc satisfatório em razão das interpretações que comporta a expres-.... udvcrv n m". Iomada no sentido literal e restrito de pagar uma coisa, n.ii • .ihrange todas as espécies de obngação; na acepção ampla de presta- çAo, coniptccnde Iodos os deveres jurídicos.1 Admite-se. no entanto, que a . «im isíki se refere a todas as prestações patrimoniais.

I AIImm I r A. «■“! I 'uliim. nl,il, .U tUmu> f M i . vol.l, p 422, 1’ju.cllkmi critua a

i | . 11 1 ii | i . . i . ( ) • • i i . i . i d l / i ' % | i l i . i l . t i r i r u l t i | m d i - i i M-fdatWtm mitimv.i c o objetoitn v i u

(16)

Oriantfo < íomet

\ .1 (i11it.ts ii< > de que 11 obrigação constitui um vinculo jurídico nào e

redundante. í xplica sc, paru distingui-la de outras relações que nào confi­ guram sujeição tle direito como. v g-, os deveres purumentc morais.2

Memento decisivo do conceito é a prestação. Para constituir uma re-

litção ohrigacional, uma das partes tem dc sc comprometer a dare./acere

ou pracstarc. como esclareceu o jurisconsulto Paulo, isto é. a transferir a propriedade dc um bem ou outro direito real, a praticar ou abster-se dc qualquer ato ou a entregar alguma coisa sem constituir direito real.' Neces­ sário, finalmente, que a pn-stação satisfaça ao interesse do titular do direito de credito, porque o vinculo sc estabelece estritamente para esse fim.4

bncarada pela face ativa, a relação ohrigacional apresenta-se com di

rvito de crédito, correspondente a uma de suas /tartes, o credor.

A pretensão de seu titular, dirigida á outra parte, consiste no pi*der de i-xigir a ação ou omissão prometidas, e tende à satisfação do seu interesse,5 cxtinguindo-sc, pois», quando este é atendido de qualquer modo/1 ' O fim do direito dc crédito, caracterizado nesse interesse privado do titular, c a nota que permite distingui-lo de certas faculdades, nascidas dc outras relações jurídicas dc natureza pessoal, muito semelhante, mas disciplinadas em ou­ tras partes do Direito Civil, notadamente o Direito de Família.8

.X) objeto do direito de crédito é a prestação, isto é. a ação ou omissão d.i parte vinculada, mas, por abreviação, costuma-se dizer que a coisa a ser entregue ou o fato a ser prestado constituem-no.

() conteúdo comprccndc o poder de exigir, do credor, e a necessidade jurídica dc satisfazer, do devedor.

I tmccccms. Klpp c WotfT, Trutckio de Derecho Civil, Drrecho de Obligaciones. 1. p. 5. 1 Van Welter. Lei Obllgutions In Dmit Romain, t, I", p. 3. Assim. pelo contrato de com

pi a e venda. o vendedor obriga-se a transferir o domínio da coisa vendida, contraindo. p»»i*. uma obrigação dc dar. pelo de empreitada, obriga-oe a confeccionar detemi inaila obru, ou, pelo dc trabalho, u realizar «enricou; pelo de locaçio. a entregar o bem ao lo­ catário. sem lhe transferir a propriedade do mesmo ou constituir direito real limitado 1 I ntici-ccnis, kipp c WdíF, Tratado dc Drrecho CMI. L 2”; Dervcho de ONlgadttnex,

l.p-5.

I n n ei c e t iis . K ipp e W olfT, o h c it.. p 5

(• \ d o j u lm Introdução ao Itveilo Civil, ito m 70. ncsMi m e sm a Editora ' I V v .o im o lo , se le r c e ilu |vi|(ii a d iv id u . o d ireito d o cred or s e e x tin g u c

' Nvm.i ,<h .u id o cluiniiit ilr t rcilito a l.n ulil.nU- d c o n u u id o c \ l g i r du iiiu liiri >i<i< •• . im p.m lx im n u id .i^ 4 d> doini» ilio O d e v e i ite *'i[in Io n a o É > i »’. ■ « , i mul i mi U <l< nr IftfAn iik i.I. i .t. 'i|»> oh tlgM IoiM l p io |ii n i i i u n k ' tliln

(17)

Ohngaçóeit 17

Positivado que a relação ohrigacional comprccndc divida c crédito, que mais nào são do que aspectos sob que se apresenta, não é correto con-i econ-ituá-la uncon-i lateralmente,'1 acon-inda quando se con-inscon-ista em descon-igná-la com vo­ cábulo ohrigação, que é o corriqueiro. A definição, para ser completa, deve icssaltar as duas tãces, ativa c passiva.

Encarada cm seu conjunto, a relação ohrigacional c um vinculo jurí­ dico eptre duas partes, em virtude do qual uma delas fica adstrita a satisfa­ zer uma prestação patrimonial de interesse da outra, que pode exigi-la. se nào for cumprida espontaneamente, mediante agressão ao patrimônio do devedor.

Nesta definição, o dever de prestar c o direito de crédito, aspectos /'<m/vo e ativo da relação ohrigacional ou crcditória, estào igualmente 11 Mitemplados. Conforme as expressões de Larenz, é a relação jurídica pela qual duas ou mais pessoas sc obrigam c adquirem o direito a exigir deter­ minadas prestações.IU

A superioridade da outra definição está em salientar a sujeição do pa-ii imóniodo devedor ao poder de ação do credor, seja na sua totalidade, seja i m parte, que sc tem como indispensável elemento dc caracterização das i 'hngações perfeitas.

Duas características distinguem os direitos de crédito: 1) sô sujeitos determinados podem ofendê-los; 2) a proteção jurídica é restrita ao ofendi-■ ii • ^No direito moderno tomou-se expressa a regra de que credor e devedor ilrvom agir corretamente, comportando-sc com decência cm relação ás c*igéncias do mercado e aos princípios de solidariedade humana e social, nas palavras de Trabucchi. Aplica-se ás obrigações o principio da hoa-fi ul>l' ii vãmente conceituada, que exige, além da colaboração entre as partes tia relação, honestidade, lealdade e fidelidade em cada qual.

N Vti-pvõfs da Palavra “ Obrigação"’ . No mais amplo sentido, a palavra

. iy, içtiu e sinônimo de de\'er. Até deveres não-jurídicos se dizem vulgar-

mente ohrigaçtHW, mas nem mesmo todos os deveres jurídicos podem ser iti H iMilii |h>i e s s e nome. Tecnicamente, ohrigação é es/fécie do gênero

« I iMk.iili ii IhU tiilti (n u m v * (ieniii Uo Dimto ,1. u Obrigações. 1-d. I* > ■ .1 iik " l i l l mi n i . S.i. i r.i.lli- nli«,*n 1‘JMO.p

(18)

(>rl,m,tn r

1/1 \ > t . rvsetvando-se o termo para designar o dever correlato a um direito

«/«■ < 'rédito,

Quando empregada na acepção puramente técnica, ainda assim sc usa

em vários significados. Ora designa um dos lados da relação obngacional. sc|a o crédito, seja .1 divida; ora o falo que lhe dá nascimento, vale dizer, a

.11.1 lõnte. ora o instrumento de sua prova."

( omunente. designa toda a relação ohrigacional, significando o vín- culit i iiire o rt'ii.\ m stipulandi e o reus promiltendi.

< onquimto a ohngação stricio sensu seja disciplinada numa das partes »• lh 1 i umIi» I )neito ( ivil. isso nào significa que se esgota nesse capitulo dc tal iiiiiin do | )mito ( Hingiiçòcs estruturam-se no Direito das Coisas.11 no Direito i/r / tinnli,i <■ tu» Ihnito da* Sucessões," como no Direito Comercial, no

Di-11 n .• i/<» h,ihallu> e Di-110 Direito Público. Importa assinalar tais projeções,

paia adverHr *|»u- sc sujeitam, ordinariamente, aos principios gerais que os < odi^ns estatuem 110 livro do Direito dav Obrigações.

*». Debitum »• (ihligatio. Na moderna dogmática, distinguem-se. no concei­

to de obrigação, os de debitum e obligatio.

A distinção nào é aceita por todos os autores. Alguns considcram-na

atu licia l. esforçando-se por mostrar a identidade substancial dos dois con­

ceito s 1 Outros inclinam -se para a dissociação, procurando demonstrar

mui utilidade.

Ao se decompor uma relação obngacional. verifica-se que o direito de crédito tem como fim imediato uma prestação, e remoto, a sujeição do patrimônio do devedor. F.ncarada essa dupla finalidade sucessiva pelo lado passivo, pode s e distinguir, correspondentemente, o dever de prestação, a s e i cumprido espontaneamente, da sujeição do devedor, na ordem patrimo­ nial ao poder coativo do credor. Analisada a obrigação perfeita sob essa dupla perspectiva, descortinam-se os dois elementos que compõem seu

11 V 411 WcKcf, itK cil., p. 4: Sicm. “ONiliganoiu". in Nuovo Digesto hallano Do autni Inintliirmtn.iHw (icmi.i i/n Dirrito Jax ObrigaçOes, p. 150.

I ' Heilcrti.inri Inthuto dc Dern hi> iiv il, vol III. fíerrcho Jc Obllgaiumes, p. 2 1, Exem­ plo no uuilhno

II I M-inpln 11 ,|i-nlmicnlos e o tcgailo. ri-s|Hi.tivBmeruc

14 t txmihiii 11 resx-llii 1J11 uskimii» h ntnntiyr.iti.i «Ir I- < iimpareio, K uw ii' Iht,i

hih ,/r / '(W>/i^iiiiim i /t I>11111 PnW

(19)

Otvi£lH,Òt1 19

conceito. Ao dever de prestação corresponde o debitum. à sujeição a obli­

gatio. isto é, a responsabilidade. A esta responsabilidade patrimonial em-

presta-se grande importância no direito moderno, a ponto de se afirmar que a obrigação é uma relação entre dois patrimônios.1*'

F.m principio, há coincidência entre debitum e obligatio. por evidente que a responsabilidade sc manifesta como conseqüência do debito.11 Há si­ tuações. porém, nas quais a decomposição se impôe para clarificar a expo­ sição dogmática de vários institutos e pontos do Direito das Obrigações.18 I xistem obrigações sem a coexistência dos dois elementos. 1 lá. com efeito, relações jurídicas obrígacionais:

a) de debitum sem obligatio;

b) de obligatio sem debitum próprio; c) de obligatio sem debitum atual; d) dc debitum sem obligatio própria.

Um só débito pode corresponder a uma pluralidade de responsabili­ dades. e a sujeição do responsável limita-se. cm alguns casos, a parte do seu patrimônio.

I lá debitum sem obligatio na obrigação natural, pois que o credor não pode exercer seu poder coativo sobre o patrimônio do devedor.

Há obligatio sem debitum próprio quando uma garantia real, como o penhor ou a hipoteca, é oferecida por terceiro.

Na fiança, o fiador é responsável, sem débito atual A obligatio nasce

antes do debitum.

Na obrigação imperfeita, garantida por terceiro, há debitum sem obli-

yutto própria.

Pluralidade de obligatio existe para um só débito na garantia dada por teiociros que se responsabilizempro rata pela divida. Por último, a respon- t a b ilidade do devedor pode ser limitada por ele próprio, como se verifica

16 I v. Iitrecc t imuldiHrt que <» caráior de v incuto entre duas pessoa*. sem jamais desapare­ ci i per dc. dc num ern rtunv sua importância e eleitas - otv cil., p, 12.

I ’ I ul-in i In. I‘iilu ivii l>lnlh) Çnlh'. |> 471,

|H M Iu m o l i iii vid I " . p . 426, A I W C W h t o d e C utilidade da distinção. tK) dtreito m t v *•••»»•• 1 v | i - ‘ in» «III iIm »*l4 p o i iili:uii‘. . . i i l n t c . I ( i / r I >U*I, Is lilu .-ln iii tli P t r íU ii C

(20)

Ml ( Mundo (Jome\

ims sociedades dc responsabilidade limitada, ou cm decorrência de precei­

to Icpal. como nu aceitação da herança a beneficio de inventário.

I vidcncia-se. assim, o interesse de distinguir debitum dc obligatio, uma vc/ sc admita serern aspectos do mesmo fenômeno.19

Aprofundada a análise, vcrifica-sc que a ohligatio é da essência da re­ lação obrigacional, pois não contém apenas o dever de prestação, mas. su- /«‘H do patrimônio dt» devedor. oude outrem, ao pagamento da dí\ ida. O

,/n, no, I, , i ed ita valeria pouco se seu titular não pudesse exercê-lo coagin­

do o di vrdm pela cxecuçào de seus bens, a satisfazer a prestação. Sem .■/■/uM/di, a relação obrigacional não se toma perfeita. Necessário, pois, se- p.mi la do debitum pura definir, com maior precisão, o conteúdo dos direi­ tos dc i rédito.

10 I strutura «Ia Obriuação. Estrutura-se a obrigação pelo vinculo entre *liti, sujeitos, para que um deles satisfaça, em proveito do outro, certa pres­ tação

A subordinação do interesse dc alguém ao dc outrem manifesta-se s«»l> a forma de correspondência a urna pretensão determinada. Não se con- luMira um poder imediato sobre a coisa. Só indiretamente afeta o patrimô­ nio I xprime. muna palavra, um ju s adrem . Caraçteriztt-sc pela vinculaçâo dc «lois sujeitos determinados ou determináveis, que assumem posições opostas I m c sujeito passivo, o outro sujeito ativo. Nas relações

obrtga-> tonais dc teor mais simples, os dois sujeitos contrapõem-se. figurando

cmla qual. exclusivamente, numa das posições. Predominam, no entanto, as tvlaçòes comptexas, nas quais a mesma parte ocupa, concomitantemen- tc, iis posições ativa e passiva, porque lhe tocam direitos e obrigações que. inversamente, correspondem ao outro sujeito.:n

( )s dois sujeitos, o ativo e o passivo, sào. pois, elementos estruturais • Ia /1-laçai»obrigacional. Não é necessário, porém, que um deles esteja de­ terminado no momento em que a relação nasce.

< > sujeito ativo chama-se credor. O passivo. devedor.

I‘* AlUiu. ub iii.. vul I". p. 42#,

Ml A n im im if ti n * i ultri^iiLluniit «1l- vcinl.i o vcmUxku icm d irriin u rr»ch*.-i <i |i n \ u c

• »lii i(-I*s ||<• ik‘ «IIIC^II KIK«I (MU irs(Killt «III' Hli, niiiinpl«Uir Um ilm lli* ifc i

(21)

ifhrigoçõrx 21

Objeto da relação obrigacional c a prestação. isto é. o ato ou omissão

tl'> devedor. Não é pacifico, todavia, esse entendimento. Houve quem sus­ tentasse que o objeto da obrigação è o pròpno devedor,:| mas, evidente-

i ' nte, trata-se dc opinião extravagante. Para outros, a obrigação tem como >i!>|cto os bens e os direitos reais, por isso que a sua obtenção i o fim visa-• I*» pelo titular do direito de crédito. Predomina no entanto a opinião dc que • i < >bjeto dos direitos creditórios é a prestação.

Para dissipar duvidas, dcve-sc distinguir, na relação, o objeto imedia­

to do mediato. ou. por outras palavras, o objeto da obrigação do objeto da r ralação.

Objeto imediato da obrigação é a prestação, ajtividade do devedor destinada a satisfayer o interesse do credor. Objeto mediato, o bem ou o •ei viço a ser prestado, a coisa que se dá ou o ato que se pratica. O objeto da obrigação especifica dc um comodauirio é o ato de restituição da coisa ao • umodante. O objeto dessa prestação é a coisa emprestada, seja um livro, uma jóia, ou um relógio. Costuma-se confundir o objeto da obrigação com 0 objeto da prestação, fazendo-se referência a este quando se quer designar aquele, mas isso só se permite para abreviar a frase. Tecnicamente, são

coi-distintas.

Inadmissível, outrossim, a confusão entre objeto da obrigação e con-

hiitlo da relação obrigacional.2* O conteúdo da relação compreende o po-

ilcr coalivo do credor e o dever dc prestar, que c. para o devedor, uma nei essidade jurídica, não a prestação.

Os outros elementos estruturais da relação obrigacional não reque­ rem esclarecimentos particulares.

São dois os elementos que individualizam a obrigação: o conteúdo c a « ,m\a, obtendo-se aquele pela resposta á pergunta: quid debetur?, e este pcl.i u-sposta á pergunta: eur debetur?, distinguindo-se de qualquer outra pilo conteúdo que tem em relação a uma causa determinada/4

11 Sujeito*. A relação jurídica obrigacional constitui-se pelo vinculo juri- di> i> culto parte* contrapostas.

.‘ I lliiiir lUrtnwnn, <>•"

MimImiu Viwimu iok.iIi ,/■ / / hnii" 1‘riuun Italkinu. l, II

< hlllHitotntlf drl tkiVHi Italiano, l. II. |> 10.

(22)

t i < Mando ü im e t

lauto podem scr sujeitos da obrigação as pessoas naturais como as li i r i d i c a .s I \igc-sc que sejam capazes, como. de regra, para a constituição di- ioda relação jurídica. Distingue-se, porém, a capacidade negocial da ca-

/w< idade delitual, tendo-se em vista que a obrigação tanto pode resultar de

uiii ae^ocio jurídico como de um ato ilícito, sendo imposta, nesleeaso. pela lei,

( )s sujeitas da relação ohrigacional são ordinariamente singulares. I >e regia, i .idaparte constitui-se de uma só pessoa, mas. se admite a plura­ lidade dc credores e devedores. Ou uma só das partes se integra de várias [v s m m v <|iu- ocupam a posição, cm comum, dc credor ou de devedor,25 ou

is duas partes são plurais. O número dc pessoas ocupantes da mesma posi­

ção não influi no de partes.

Vi< i e necessário que os sujeitos da relação sejam pessoas determina- d.iN Hasta que possam scr determinadas. Por isso, diz-se que devem serde^-

u iminavi is, embora, de ordinário, o vínculo se eslruture entre pessoas

mdiv iduali/adas. Admite-se que o sujeito ati\o só se determine posterior- mente ao nascimento da obrigação. ‘ l r

' A mdeterminação há de ser limitada, no sentido de que se faz neces­

sária qualquer indicação que possibilite averiguar-se quem é credor.26 Aponta-se a substituição dos sujeitos ongináríos da relação como atenuação du regra da determinação dos sujeitos. Sempre que tal substitui­ ção participa do destino natural dos direitos oriundos da relação. di/-se que há obrigação ambulatória. Caso típico é o das obrigações por titulo ao po r­

tador. / is eyb i

A substituição verifica-se também no lado passivo (ambulaíoriedade

passiva I. Nas obrigações propter rem, a propriedade nào é gravada como nos

ônus reais, mas vale para índividuar o sujeito passivo,' acompanhando-a. Na relação obrigacional intervém freqüentemente, tanto na formação 1 omo na extinção, ccrtas pessoas denominadas auxiliares. Não têm a con­ dição de sujeitos, mas cooperam, ajudando-os.

São cooperadores: a j os representantes, b) os núncios; c) os auxilia- m \ executivos.

.’ ' MciU-inumi. ob. cil.. p. 3‘J.

'(> I Icilciiuwn. ob. ciL, p. 41, Dntrc os sinais indicativos aponiam-«c a exibição iio titulo e

n rcaliAKáo cimkIíçòcii tln prc-sti^üo correspondcnte

11 ii'u, 1 ' i ' 1 itoautor4|HcuduuiniM «coiuhi

(23)

Obrigações 23

Os representantes agem cm nome c no interesse dc qualquer dos su­ jeitos da relação, emitindo declaração de vontade que a estes vincula. Por ■«eu intermédio, as pessoas absolutamente incapazes contraem obriga­ ções. Quando voluntariamente constituídos para esse fim, chamam-se pro- euradores. Dos representantes, disnnguem-se os núncios ou mensageiros. 1 mbora tenham atuação mais limitada, circunscrita à transmissão da von­ tade do credor ou do devedor, colaboram na prática dos atos que incumbem

às partes da relação. A rigor, não devem scr incluídos entre os auxiliares

executivos, que são ajudantes utilizados pelo devedor para o cumprimento de sua obrigação. Tais são as pessoas que sc encontram num estado dc su­ bordinação jurídica ou hierárquica para com os sujeitos da relação, em vir­ tude. ordinariamente, de um contrato de trabalho. Kste vínculo abre-lhes ampla margem de ação, assegurando-lhes maior liberdade do que os nún­ cios. pois a sua tiinção não se limita a transmissão da vontade. Não se inse­ rem. entretanto, na relação, como ocorre com os representantes, permane­ cendo no vinculo somente o devedor. " (RA) O tema dc auxiliar tem importância porque conduz à responsabilidade contratual por falta dc ter­ ceiro a que alude o autor cm item 123 infra (RA.)

/ A colaboração também pode ser dada a o j reJor, como no exemplo da

pessoa a quem o devedor entrega mercadorias, sem que, para reccbé-las. tenha poder dc representação.

12. O b j e t o . Enquanto os direitos reais lêtn como objeto uma coisa, os di-

n-itos obngacionais visam á prática dc determinada ação ou omissão do su­ jeito passivo.

</*A ação, ou a omissão, do devedor chama-sc prestação, que é, com eleito, o objeto tia obrigação.3*

Nem toda ação juridicamente devida constitui prestação no restrito i i i do do termo. Importa que a obrigação, da qual seja objeto, tenha cará- u-i iMinmonial. \ patrim onialidade da prestação foi motivo dc controvér-ii.i • nqunnto não sc dislinguiu o interesse do credor em ser satisfeito o seu »»/*/. íd A confusão ensejava dúvida a respeito da necessidade de ter a obri- U«it,ii<> valor econômico. Com fundamento nas fontes romanas, sustenta- Vn se que a cconoinicidadc era requisito essencial da obrigação; "ea enwi

(24)

M ( h htnJtt (ionu'\

ItuiiiH1 insurgiu st* contia esta interpretação, defendendo a tese de t|iie todo interesse mcieeodnr de proteção. seja, ou não. suscetível de avali- iivto pecuniária, pode consubstanciar unia prestação. Interesses morais justificam a constituição de vinculo obrigacional tanto quanto interesses econômicos. Nada que contestar No entanto, o problema da patrim oniali- ./,/</«• d.i prestação nào encontrani solução completa, uma vez que a tese dispensava o requisito da cconomicidade no interesse do credor, mas não decidia se a prestação pode ter conteúdo que nào seja econômico. Necessá- ru> era. como se reconheceu, distinguir duas características essenciais: a

patrlm onialidade e a correspondência a um interesse, também moral, do

credor ' O interesse não precisa ser econômico, mas o objeto da prestação há de ter conteúdo patrimonial. Na sua contextura, a prestação precisa ser patrimonial, embora possa corresponder a interesse extrapatrimonial. A patrimonial idade da prestação, objetivamente considerada, é ímprescindi- vcl á sua caracterização, pois, do contrário, e segundo ponderação dc Cola- grosso, não seria possível atuar a coação ju rídica, predisposta na lei, para o caso dc inadimplemento.

- ~2s.'a definição do objeto da obrigação é necessário, em suma, ressaltar que deve ser suscetível de avaliação econômica, e corresponder a um inte­ resse do credor, que, todavia, pode não ser patrimonial.

Nào e pacifica, por outro lado. a determinação do objeto imediato do direito do credor. Cabe-lhe, sem nenhuma dúvida, exigir a prestação a que se obrigou o devedor, mas é controvertido se a ação deve consistir apenas numa atividade ou. ainda, no seu resultado. O direito do credor nào pode ter conteúdo diverso da obrigação do devedor, mas, em verdade, enquanto o comportumento deste se há dc manifestar por uma comissão ou por uma omissão, a pretensão do credor dirige-se ao resultado dessa ação ou inação, que e. precisamente, o que lhe interessa. Para compreender a discrepância, impôe-se a distinção entre as obrigações de meios e as obrigações de n\sul-

tado Correspondem as primeiras a uma atividade concreta do devedor.

'11 < iil.ifinsNO, II L ib ro ilrllt' (M M ig iK h m i: Comntento a l \u ttu > Cim/U f ( 7 *•//«• Ihi/uirni. '

t| 1 oli-.ultai l r > » » im l / <J I th “ l </•'« <M lliK tllíoltl th’ « f •/«■* í ,#/<. •«. >/. tfvxulltll

(25)

(Mtrixm-ões 25

por meio da qual faz o possível para cumpri-las. Nas outras, o cumprimen­ to só sc verifica se o resultado é atingido. '

comportamento do devedor resume-se a dar. fazer ou nào fazer al- yunta coisa.

I V C onteúdo. O conteúdo da obrigação define-se pela relação crédi- t«»-dcbito. É o poder do credor de exigir a prestação e a necessidade jurídica do devedor de cumpri-la.

A obrigação è vinculo de natureza pessoal. Seu adimplemento de- |k nde de um comportamento do devedor, seja para dar alguma coisa, seja p.wa prestur um serviço. Importa restrição ã liberdade individual, por evi­ dente a sujeição do devedor ao credor, mas o funler do < redor nào sc exerce •obre toda a pessoa do devedor, senão, lão-somcntc. como adverte Sa- vigny, sobre atos isolados seus. que devem ser concebidos como subtraídos .1 sua liberdade e submetidos à vontade do credor.M Trata-se de sujeição es­

pecifica. necessária a que outro sujeito possa contur com a realização do

.iii> pessoal, ou seu equivalente cm dinheiro. O poder do credor dc\ cria es- Under-se logicamente até ao sacrifício da liberdade natural do devedor, p.ua constrangê-lo a satisfazer a prestação, mas a ordem jurídica não con­ tento que cheguc a esse extremo. Quando o devedor não cumpre a obrtga- v .*«» sua responsabilidade pessoal converte-se em responsabilidade

ptitnmonial, resguardando-se, por esse processo, sua liberdade individual.

No patrimônio do devçdor tem o credor a garantia do seu direito. Execu- liindo o, por meio próprio, obterá a prestação devida ou o seu equivalente < in dinheiro. M

1.’ 11 >Kh d u c.\emptificn com a obrigaçio dc fazer contraída por um medico. que será dc iruiltudn <c loi acordado o pagamento no caso dc cura, e de ineiot.se empregou adili- Ui im m iU> hom p.m dc família no tratamento. sendo a cura irrelevante. ob c«.. p, 473. S* «•(«*i^>n<,«de multndo mio cumpridas sujeitam o devedor <i ressarcimento com ipli. k ii> da>. |h k ktpios <U rr.'/«muíNttitíntr No campo dn (u-oiit. distm-,iii, oi , l,i </»• meto.*. poiquc c o ilcvcdot que tem o ônus dc provar que M.li> > unipi iii p, -i ini|*i, d>iliiLuk objeto >i Nu oln I^.K.IO dv metov cabcao crcdor pro » o ,|ii, .. il. v. ikii l,n ncglixciilc. pois .i dilii" iumKiiwtilut e exaure o objeto mesmo itil àl»

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I > r ( «««firfv

O direito d<> ciedoi dt ic ila tu .n »u uiiipnmcntoda prestação configu- ru sc. C(Hiio/m7i7i.vJo que é, na cxpivsstio dc Von Tuhr. a medula do credi­ to, Adverte este escritor que. cmboia so|.un confundidos teórica c prnti- camcntc os conceitos dc credito c prt i, num. uma análise precisa da obri­ gação revela que são distintos

(> credito existe tão logo contniid.i n obrigação, enquanto a pretensão nasce no momento cm que a prestação se torna exigivcl. isto c, quando a dí­ vida está vencida.D irige-se contra a /»<svoi^do devedor, mas a ação exc- cutõria. a que corresponda, visa a seu patrimônio. A exigência do credor pode scr judicial ou extrajudicial, manifestando-se como actio qiuindo a

pretensão toma aquela via.

O direito de credito compreende, além da pretensão, outras faculda­

des. que se configuram como direitos potes talhos, faculdades legais c ex-

11\ò e s. Juntamente com essas faculdades os direitos creditórios estào

equipados com certos direitos auxiliarei ou direitos necessários que, em­ bora tenham existência própria, se acham ligados ao crédito para serv ir a seus finv Alguns são. realmente, acessórios. como os destinados a garantir a divida; outros, simples prolongamentos do próprio crédito, como o de exigir juros monitónos."'11 Claro é que somente os direitos de credito se exercem através dc ações que visam á prestação do réu. As ações prejudici­ ais e as ações potestativas nào visam a exigir qualquer prestação, faltan­ do-lhes pretensão.

''iPara o devedor, o conteúdo da obrigação esgota-sc no dever dc pres­ tar. que assegura, ao credor, empenhando a sua palavra c o patrimônio, eis que todos os seus bens respondem pela divida.

C onquanto a relação obngacional vise à satisfação do interesse do credor, sua extinção nào implica necessariamente a do crédito. Um crédito

1 pode sobreviverá obrigação, entendida esta no sentido de vinculo jurídico entre dois sujeitos. Assim, apesar de extinto um contrato dc trabalho, sub­ siste o crédito dc salário não pago durante sua vigência.1"

O conteúdo da obngaçâo deve ser determinado para que o devedor

conheça a extensão do direito de crédito. Do contrário, ficaria à mercc do credor

\ mii t iitir. ./< /<j\ OhttgafhmcA. vol. I.p 8.

i«i Von ruiu. oh t i i . p h

17 Von I u l u , iii i» li

IN V o n t itlii, i>h «|| |> I

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OhrigtiiTÔes 27

PosId não se confunda com o objeto da obrigação, a necessidade jurí- dtca do devedor de satisfazer a prestação submetc-se. sem dúvida, à in- lUtcncia das modificações que esta sofre no curso da relação obrigacional. especialmente as alterações quantitativas. Demais, o objeto da prestação pode ser destruído, sem culpa do devedor, que assim se libera da obngaçào, c a inda recebe o seguro. Se ao devedor se atribuísse o direito dc não a resti- luir. por ter desaparecido sem sua culpa, mas, do mesmo passo, lhe fosse ■ lado reter a indenização, estaria tirando proveito injusto. Por isso. apli- i ,i se o princípio: ejus est commodum cajus estpericulum , isto é, o proveito r dc quem suporia o prejuízo. Configura-se. na hipótese, o cômodo de re­

presentação.

Quanto aos acréscimos, variam as soluções conforme a qualidade da

prestação. Nas obrigações dc dar coisa certa, prevalece a regra de que as

vantagens acrescidas pertencem ao credor. Nas obrigações genéricas nào It.i possibilidade dc aplicação desse pnncipio. Nas obrigações de fazer, o devedor nào pode escusar-se de praticar o ato ou prestar o serviço sob a alc- ►mçíío de que lhe e mais vantajoso indenizar o credor, mas não pode ser compelido a cumpri-la especificamente se a sua liberdade é ameaçada.

Nas relações obrigacionais complexas, o devedor contrai, ao lado da obrigação típica, obrigações secundárias que consistem na observância de vcita conduta.

I I I a to Jurídico. Toda rclaçào jurídica tem como pressuposto u m fqu> • |u ilificado pela lei como hábil à produção de efeitos. Entre os homens, tra­ vam se relações sociais, diretas ou indiretas, que se compõem de um fato e um vínculo. Sc esse vinculo social se converte em vinculojurídico. porlêT •id o atribuida força jurígena ao fato que lhe deu origem, a relação adquire

qualidade jurídica, e. assim, qualificada pelo Direito, por ele 6 disciplina­

da < omtitucm-se. pois. as relações jurídicas quando ocorrem os atos pre- m m. no ordenamentojundico para a sua formação.

() pressuposto da relação obrigacional c um fato que se distingue por mi .> ii.ii o contato direto e imediato entre duas pessoas, as quais sc convcr- l*m • in sujeitos dc direito.

,1 ato d o i omcrcio jurídico, isto é, idôneo a criar, modificar ou extin-

lltiu d iteitos tub|etivos. pouco importando que seja natural ou humano

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2H Orlando Otrmet

No comércio jurídico, os principais fatos constitutivos das obriga­ ções consistem no intercâmbio de bens. na dação de coisas ou na prestação de serviços.41

V. principalmente, sob a forma de negócios ju rídicos, que tais fatos

entram no campo do Direito.

Na formação das relações obrigacionais. os negócios jurídicos mais freqüentes e fecundosjão os contratos.

Ao lado desses fatos, alinham-se os que causam dano, entendida a pa­ lavra no seu mais amplo sentido.42 Quem o provoca fica obrigado, por de- Icinnnaçòo legal, a indenizar o prejudicado, cm alguns casos por scr culpado, em outros, por ter criado o risco.

I uibora sejam diversos, estes fatos assimilam-se aos negócios juridi- i os pela identidade dos efeitos jurídicos, da qual deriva a unidade do direi­ to das obrigações (Larenz).

\ obrigação terá ainda como causa geradora para alguns um falo de

pnxluçào jurídica. isto é, uma norma. mas. verdadeiramente, há sempre

m u /m u como elemento catalisador.

I m suma. a conversão do fato material em fato ju rídico o integra na rrlnçAo obngacional como um de seus elementos estruturais.

O fato jurídico é a fonte da obrigação.

1 5. ( . a r a n t i a . A relação obngacional reali/a-sc normalmente com a pro­

dução dos efeitos próprios, cm conseqüência do cumprimento voluntário di i dever dc prestar que gern. Mas o direito de crédito pode nào encontrar satisfação na conduta do devedor. Nesta hipótese, a ordem jurídica lhe con- fere o direito de acionar o devedor, para obter, coativamente, a realização do crédito.

liste direito integra a relação obrigacional. embora seu exercício seja i v entmil. I stá implícito em toda obrigação. A singularidade que apresenta nas relações patrimoniais de natureza pessoal consiste cm que há de ser e\creido. de modo imediato, contra a pessoa de quem diretamente depende a satisfação do iitular do direito dc crédito.41 Pela ação ju dicia / própria, o credor exige o cumprimento da obrigação, investindo contra o patrimônio

41 I < irrii/ /»••• • ■ tut ih O t ‘llg iHitw irt, 1 l “, p 14. 4? I m m /. i4i t ii p I '

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Obngaçòcj 2V

do devedor. As pretensões do credor exercem-se através de actiones m

/•crsonam. Tais pretensões podem ser cedidas ou renunciadas, mas, uma

se/ atendidas, j credito sc extingue. As ações para tutela do interesse do 11 edor estão sujeitas à prescrição.

Exorbita do Direito Civil o estudo da relação ju rídica processual. inns certos aspectos da proteção jurídica dos interesses do credor manifes­ tam-se na órbita do Direito Civil, pelo que serào fixados adiante.44 A exe­ cução coativa é um direito processual correspondente ao poder substantivo do credor, que integra relação obrigacional.

If » D i s t i n ç õ e s . Da obrigação propriamente dita devem distmguir-sc os de- trftS que, embora tenham o mesmo perfil, caracteri/am-sc pela extrapatri- m o n ta lld a d e da prestação, Resultam dc vínculos familiares. Conquanto *c|um jurídicos, não se confundem com as obrigações, de conteúdo patri­ monial. São disciplinados por normas inaplicáveis a estas. Para evitar con- linik), deve-se reservar o vocábulo obrigação para significar o dever de prestação correspondente a um direito de crédito.

( onvem insistir na distinção entre obrigação e nntvijurídico. Não de­ vem ser confundidos porque a obrigação consiste na imposição do sacrifi- . in de um interesse próprio cm proveito de um interesse alheio, enquanto, nu Anus, o sacrifício do interesse próprio é imposto em relação a outro inte- N i k próprio.45

17, ( Mit igações Reais. I lá obrigações que nascem de um direito real do de­ vedor nobre determinada coisa, a que aderem, acompanhando-o em suas munições subjetivas. São denominadas obrigações “ i/i rem" , "oh", ou

"im tfner n /n", em terminologia mais precisa, mas também conhecidas

L v im iio<tbrigin,òes n'ais ou mistas.

Cnracteri/Jim-se pela origem e transm iwihilídadc automática. Con- ftlddrmlas em sua origem, verifica-se que pros em tia existência de um direi-lo ic.il, ímpondo-sc a seu titular. Esse cordão umbilical jamais se rompe. -Se o ilm ilodcque se origina c transmitido, a obrigação o segue, seja qual foro llliilo tniiisluliso.

44 V i «|> ) 4

4 4 l i « l * i i i . h | Iit> « l l |> I I M a m i r l AimIiimIi I r t M ( t m t l i |> ’ . v l l c t n

Referências

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