«•' ( lassificaçàu Sintética. Nào obstante a dificuldade de classificar as di versas tontes das obngaçòes em categorias gerais, o problema não é mso- I.i\ cl. uma vez se analisem os fatos jurídicos na multiplicidade dc suas **pa:ies. De tal análise, chega-se à conclusão dc que há obrigações rcco- ii!m . nlas pela lei em razão da tutela dispensada à autonomia privada, en- ■ l«i.iiito outras derivam de certos fatos humanos, naturais ou materiais, a que a lei atribui essa eficácia.10 Essa diversidade dc condiç ões determinan- N < d.i obrigações corresponde à classificação dos fatos jurídicos Jato sen- <i< Rccordc-se que tais fatos podem ser naturais ou humanos. Sub- ih\ nlvin-se estes em licitos e ilícitos. Por sua vez, os fatos licitas compre- •lulcm duas categorias: a dos negócios jurídicos c a dos atos jurídicos \u u 10sensu.'1 Os fatos naturais 011fatos jurídicos stricto sensu são acon-
ii t ii iicntos independentes da vontade humana ou simples fatos materiais Artados de potencialidade jurídica. De todos esses fatos jurídicos a lei faz ilrmui obngaçòes. Esgotam, obviamente, as condições que determinam «(I provocam seu nascimento. Uns são voluntários, os outros involuntá- ftui Pertencem á categoria dos fatos jurídicos voluntários: os negócios ju- dUlcos. os atos jurídicos stricto sensu e os atos ilícitos. São involuntários nk outro».
A distinção baseada na volunturiedade dos fatos não inllui dccisiva- ItMHitc ii4i v. I.issifieaçào das fontes das obrigações. O que importa, para esse Hiii .• isolarcnireos/ú/íM uiluntários os que se destinam a produzir efeitos
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conforme o intento do emitente da declaração de vontade.C ons-
Ittucin i alegoria autônoma c homogênea na produção dc obrigações a que m <l.i i< .<i n 11- mo jurídico especial ao sc exigir, como pressuposto de sua va- ||iIn«I< , <i i .ip.iculade de quem os pratica. Quanto aos outros, embora volun- Milov u.io e\igem esse requisito, nem se realizam para que a lei tutele a «Io i<l,u!< voliliva, determinando a produção dos efeitos perseguidos. Como Italo* <■ >n iliiutiv os ile ohnjiaçào nivelam-se aos jatos involuntários. Nào os38 Oriundo (iarnes
toma a lei para lhes atribuir eficácia conforme a vontade manifestada, ou, mais precisamente, o intento visado, mas os considera, como anota Pacchio- ni. em sua materialidade objetiva, sem se preocupar, quando são voluntá rios, sc o agente quis o efeito jurídico legalmente predeterminado ou. parti- cularizando, se quis a obrigação dele resultante.
Nesta linha dc pensamento, as fontes das obrigações dividem-se em duas categorias:
a) os negócios jurídicos ;
b) os atos jurídicos não-negocia is.1:
Na primeira categoria estão os contratos, os negócios unilaterais, as
promessas unilaterais c os atos coletiw s. Na segunda, os atos jurídicos stríeto sensu. os atos ilícitos, o abuso de direito, os acontecimentos natu rais, os fatos materiais, as situações especiais que. por sua natureza, se
qualificam como fatos constitutivos de obrigações. Hntre os chamados fa
tos materiais encontram-se os que se revelam, por exemplo, pela proximi
dade de duas coisas, como é o fato da vizinhança. Entre as situações
especiais, aquela em que alguém sc encontra por ter parentesco próximo
com outra pessoa.
Sào, realmente, fontes diversas, que não devem ser reduzidas à cate goria única, embora assim sc simplificasse o problema. Dir-sc-ia que a lei e a fonte imediata, c o fato ju rídico, a fonte mediata, mas perderiam todo o interesse a discriminação e a classificação. A diversificação impóe-se para
m elhorfrisar a diferença de tratamento dispensado pela lei às duas catego
rias gerais. Quando a obrigação provém de um negócio ju rídico, há dc cor responder á vontade do devedor. Quando provocada por ato ou falo não-negocial. produz-se. em alguns casos, ao arrepio da vontade do obriga do, por estar predeterminada, invariavelmente, na lei. A certo falo, respon de a fo rtiori certa obrigação. Uma vez que a obrigação onunda de negócio
ju rídico é desejada pela parte que a contrai espontaneamente, autolimitun-
do sua liberdade individual, só as pessoas capazes podem assumi-la. pois
12 Larvtv distingue as obrigações derivada* dos negócio» jurídicos diis >1111 dt m.1111 >1* MipiMIos d c íuto li*)íaliiMMi(c reg u la d o s, a d v ertin d o ijuc. en lre cm. . ... ii|i*in
puslocnficeitilus wihiiuxJc»do nirk|ii<xiiiicntii iniuHtoi'>!•>'At ' ih<i< )< ■•/.
Obrigações 39
cM^crm declaração de vontade válida. Quando independe de declaração, o requisito da capacidade não se exige, posto não possa nascer para certos in- i <i|»a/es, como nas provenientes dc ato ilícito.
M Negócio Jurídico. Os negócios jurídicos constituem a mais abundante lontc de obrigações.13 Quer bilaterais, quer unilaterais, geram-nas. Na fOmliluiçào das obrigações oriundas desses negócios, a capacidade do obi i^ado tem a marca de um traço distintivo da categoria, mas a singulari- •l.i.l propriamente dita dessa fonte de obrigações reside no caráter eminen temente voluntarista dos atos que compreende. A obrigação proveniente de M« »;.i. 10 ju rídico c quenda pelo obrigado, tle a contrai intencionalmente, Agindo na esfera dc sua autonomia privada. Ao provocá-la, escolhe livrc- iMcntc i> tipo que a lei lhe oferece para obter a tutela do seu interesse. Pelos M>I|ih'ioh jurídicos não se enam apenas direitos, mas, também, obrigações.
A » mi.ii . das vezes, para adquirir determinado direito, assume o indivíduo
»*«m« l.ii.i obrigação. Outras vezes, obriga-se por simples declaração dc sua viMiMdr. sein que seja imediatamente necessária a existência da outra parte iln relação obrigacional. Mas, em todos os casos, comprometendo-se a uma |Mt**lHçáo a ser satisfeita como, onde c quando lhe convenha, por determi- <«.», 1.1 piópria ou de acordo com a pessoa para a qual se obnga. £ . cm suma
/«/>. niade de obrigar-se aspecto particular do principio da autonomia
tio H»tt>ulc, que distingue os negócios jurídicos como uma categoria espe-
* Ul il. latas constitutivos das obrigações. Esse principio nào vigora na en lato .1,1 obrigações cuja condição determinante nào é um negócio llt> id ll o
I >» fatos constitutivos de obrigações negociais sào: a) os contratos; b) M t«/<n < oleti\i>s; e) os negócios unilaterais; d) a promessa unilateral.
t K iiiuin importantes são. inquestionav elmente, os contratos. Consti- bivm ii loiili i'.it excelência das obrigações. Seu estudo, objeto da parte es- l * i ...i do D onto das Obrigações, abrange a exposição dos princípios
I l l i . i n / / V, ..«■ I I-tu r i , I n . . . < .iiiiM.i I u r u i . i . Sego: ta í i t u r i i l ú n . S t o l f i . Teoria dei Se- | i. I • llltll !•//. <V S. «>1(11.1111 . mu il'M-. nlhi I < < 1 tu dei \cgi>:íu (iluinki u, Sciulo- . i •iinidti i. I . iinnl. ,N. • in Ihii' íJh ii. < iniv-vMi, Relevama detVInlcnio i .. . i . l i . i n . > l l i i i v . . , /' V A . «•.•> m i. /» , h / i . .« All'4l«tk'|<>. /.'/ X e g iiiK i .liir iilii i«, S u
11 ,\> %!••• M ... H. •»>»>«,. HIII at. Alaii, .i.. I Vvyi* H> Jitndi,
l l i l l l . .1. I-I / / \ ... l n < i . l l , < ‘ Urt.i.i.l. <4 I I \ « l t' < <»> I w i J l l O . \ I 1.1
40 í Mundo Gomes
gerais que os disciplinam e o exame dos npos definidos na lei Não seria possível, mesmo em apertada sintese. tratá-los neste capitulo. 4
Registram-se, também, como negócios jurídicos constituídos pelo
concurso dc vontade certos atos que. na conformidade dc nova sislcmati-
zação, exorbitam da categoria dos contratos, tais como o ato-i-ondição e o
atoHidetivo. Em principio, disciplinam-se. porém, pelas normas do LUrei- to contratual.
25. Ne|»ócios II nilaterais. Camo fonte de obrigações, os negócios unilate
rais têm menor importância do que os contratos, mas. apesar de nào consti
tuírem freqüente fato condicionante do dever de prestar, o negócio unilateral inclui-se entre os fatos constitutivos dc obrigações, como acon tece. por exemplo, com o testamento.
Desta categoria, salientam-se as promessas unilaterais. O Direito atual reconhece a possibilidade de alguém sc obngar por simples declara ção de vontade, independentemente do concurso dc outra pessoa. Fm con sequência. a declaração unilateral dc vontade passou a ser considerada fonte de
obrigações. (R A)
O novo lexto do Código Civil preferiu a denomi nação de atos unilaterais, excluindo do seu bojo os títulos ao portador c in cluindo a gestão dc negócios, o pagamento indevido e o enriquecimentosem causa. Nào sc pode. porem, incluir na declaração unilateral de vontade situações como o pagamento indevido e o enriquecimento sem causa. O
Código Civil português de 1966, acertadamcnte. dá a essas situações a ca tegoria de fontes autônomas dc obrigações (RA).
Pela sua importância, doutrinária e prática, scrào examinadas à parte. 26. Atos Ilícitos e Abuso dc Direito. A maténa constitui um dos mais im portante capítulos do Direito Civil. A teoria da tvsponsabilidade civil, a que se tem dado largo desenvolvimento, estuda precisamente as obriga
ções provenientes de atos ilícitos. Embora nào tenham conteúdo diverso de
outras obrigações oriundas de fontes diversas, redu/indo-se praticamente, sob esse aspecto, ao dever de indenizar, seu exame deve procedcr-sc com maior profundidade devido ao relevo doutrinário c interesse prático da ma téria. Neste parágrafo, basta assinalar que o delito civil é um dos atos mais
Otuigaçne.i 41
prolíficos dc obrigações. A lei impõe aos que o cometem a obrigação tipica dc reparar o dano que causa.
A teoria da responsabilidade civil será exposta cm (RA) outro volu me, A pane, no qual se reunirão os capilulos 27 a 33, da edição deste livro, interior ao novo texto do Código Civil (2002). onde o autor cuidou, origi nalmente, da matéria neste volume “ Obrigações"; (RA) outros capítulos; •»' que o ato ilícito nào será estudado simples c unicamente na sua função «ir fonte de obrigações.
Nessa exposição, hão de incluir-se algumas notas a respeito do abuso de
ébrito. Apesar da dificuldade de sua caracterização e das vacilações a propó-
Mtn de siia configuração como instituto, a verdade é que o exercício anormal dc um direito pode criar para o prejudicado uma pretensão contra quem prati- i mi o ato abusivo ficando este obrigado a indeni/ar o dano causado ou a abs- ttiie da pratica do ato abusivo. O abuso de direito constiuii, desse modo. i mi-.a ucradora de obrigações, ao lado dos atos ilícitas, com os quais não se
tinhmde. mas dos quais sc aproxima pela similitude dos efeitos 1
(RA) Kssas distinção e aproximação fizeram com que o novo texto do I Odipo Civil acolhesse a categoria abuso de direito, enquadrando-a como M<" Ulcito. ao dispor no scuart. 187 que, também, comete ato ilícito o titular di um direito que. ao exercê-lo, excede manifestamente os limites iinpos- im pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes
) J Situações dc I ato. Há certas situações de fato a que a lei atribui o efei- i*ide Miscitarcm obrigações. Algumas eram denominadas quase-contratas,
|i**m< • a e> siõo de negócios e o pagamento indevido, mas. entre nós, a figu- |V «Io ./(/,/>. . ontralo é desconhecida; a gestão de negócios era disciplina da tio lesto de 1016. como espécie contratual e. no atual, o é como ato «*•«•1 <>i> i.il o pagamento indevido, impropriamente embora, era regulado Wt* i ihIi^.o t ivil. na parte dedicada a extinção das obrigações; (RA) hoje, lltt Im w , lambem, entre os atos unilaterais. Melhor teria sido a sua especi- •t. «*i... . uma categoria das fontes autônomas (RA).
\<t lado dessas ligunis jurídicas submetidas á disciplina sistemática, M** l'*vôe-de«..n entes de fátos malen.ii> que a lei prevê, impondo obriga- jkftat <t miiii i m .r diuts puites Puupu .ao situações de/ato. tais obrigações
42 Or/arula (iomcí
sào chamadas obrigações legais, no pressuposto de que derivariam imedi atamente da lei, Trata-se, porém, de generalizado equivoco, porquanto exi gem, para surgirem, que sc manifeste a situação de fato. Lsta è o fato
condicionante e, portanto, a fonte. A rigor, não há obrigações derivadas
imediatamente da lei.
As obrigações oriundas de tais situações de tato formam-sc pnncipal- mente no campo do Direito das Coisas. Iais sào as obrigações in ret/i
scriptae, ob ou propter nem. Pelo fato dc ser vizinho dc outra pessoa, o pro
prietário tem obrigações impostas pela lei com base no fato nunenal da vi
zinhança, para dar um exemplo.
Das situações que condicionam o nascimento de obrigações, oferece particular relevo, a ponto dc ser destacada como fonte autônoma, aquela em que se encontra alguém que, sem causu legitima, obteve vantagem pa trimonial à custa dc outrem. Diz-se que. nesse caso. há enriquecimento sem
causa. A lei o condena, obrigando quem tirou o prov eito a rcstitui-lo.
Por sua crescente importância no Direito moderno, a teoria do enri
quecimento sem causa reclama sumária exposição á parte.16