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SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-074-1

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Academic year: 2022

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LINGUÍSTICA E

LITERATURA EM FOCO Produções Acadêmicas

Adílio Junior de Souza

Cícero Émerson do Nascimento Cardoso Marta Maria Aragão Maciel

(Organizadores)

Ideia – João Pessoa – 2020

(3)

arquivada desde que sejam levados em conta os direitos dos autores.

Conselho Editorial Marcos Nicolau – UFPB Roseane Feitosa – UFPB – Litoral Norte

Dermeval da Hora – Proling/UFPB Helder Pinheiro – UFCG Hildeberto Barbosa Filho – UFPB

Capa/Diagramação Magno Nicolau

Revisão Dos autores Ilustração da capa

https://www.istockphoto.com/br/foto/many-old-books-in-a-row-gm627965868-111327679

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

__________________________________________________________________________________________________

L755 Linguística e literatura em foco: produções acadêmicas [recurso eletrônico]

/ organizadores: Adílio Júnior de Souza, Cícero Émerson do Nascimento Cardoso, Marta Maria Aragão Maciel. – Dados eletrônicos - João Pessoa:

Ideia, 2020.

7,80 mb ; pdf

ISBN 978-65-5608-074-1

1. Linguística. 2. Literatura. 3. Produção acadêmica. I. Souza, Adílio Júnior de. II. Cardoso, Cícero Émerson do Nascimento. III. Maciel, Marta Maria Aragão. V. Título.

CDU 81:82-028.42 ________________________________________________________________________________________________

Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Gilvanedja Mendes, CRB 15/810

EDITORA

www.ideiaeditora.com.br

contato@ideiaeditora.com.br

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S u m á r i o

PREFÁCIO ... - 6 -

C ÍCERO É MERSON DO N ASCIMENTO C ARDOSO

APRESENTAÇÃO ... - 7 -

O S ORGANIZADORES

PARTE 1 – LINGUÍSTICA

A TECNOLOGIA E SEUS RECURSOS NA ESCOLA PÚBLICA: UM POTENCIALIZADOR PARA O ENSINO DA LÍNGUA ...- 11 -

A LCIRLEIDE DE S OUZA R ODRIGUES

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM: ENTRE A PERSPECTIVA GERATIVISTA E A ABORDAGEM BEHAVIORISTA ...- 25 -

C ÍCERA T AYANA F RANCELINO F ERNANDES

ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: ESTRATÉGIA LEXICAL ...- 38 -

J AKELINE G ONÇALVES D ANTAS

A DISLEXIA SOB O OLHAR DA PSICOLINGUÍSTICA ...- 53 -

F RANCISCA A NGELA DE A RAÚJO S ILVA

AS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS NA LÍNGUA PORTUGUESA: UM ESTUDO CRÍTICO-

REFLEXIVO ...- 65 -

H ORTÊNCIA DOS S ANTOS S OUZA

(5)

SOBRE O AMOR IRREALIZADO EM “O QUINZE”, DE RACHEL DE QUEIROZ ...- 78 -

A MANDA F ERNANDES DE F RANÇA

SOBRE O CANGAÇO NA PEÇA “LAMPIÃO”, DE RACHEL DE QUEIROZ ...- 93 -

P ALOMA A RAÚJO DE S OUSA

O AMOR IRREALIZADO EM “MADAME BOVARY” ... - 103 -

A NDREZA F URTADO DE S OUSA

A CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM CAPITU EM “DOM CASMURRO” ... - 118 -

D AYANE B EZERRA DO N ASCIMENTO

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PERFIL DO HERÓI NA “ODISSEIA” ... - 130 -

S HEYLA M ARIA L IMA O LIVEIRA

SOBRE O ROMANCE “SÃO BERNARDO”: UMA REFLEXÃO SOCIAL EM

GRACILIANO RAMOS ... - 138 -

A NA C RISTINA A RAGÃO M ACIEL

I SOLDA M ARIA A RAGÃO M ACIEL

SOBRE OS ORGANIZADORES ... - 150 -

SOBRE AS AUTORAS ... - 152 -

(6)

PREFÁCIO

O livro Linguística e Literatura em foco: produções acadêmicas é resultado de um questionamento: quantos Trabalhos de Conclusão de Curso, por vezes, são apresentados no espaço universitário sem que tenham oportunidade de saírem desse espaço e serem apreciados em contextos outros?

Neste sentido, este livro representa o esforço do Prof. Dr. Adílio Junior de Souza, da Profª Drª Marta Maria Aragão Maciel e meu de darmos possibilidade a tantos alunos e alunas do Curso de Letras, da Universidade Regional do Cariri – Campus de Missão Velha, de ver suas pesquisas materializadas na confecção de um livro que viabilize a socialização desses trabalhos.

O livro, conforme o título evoca, dispõe de uma diversa quantidade de temas e abordagens teórico-críticas, além de contarmos com significativos trabalhos em duas vertentes: 1) Linguística e 2) Literatura.

Os trabalhos realizados na área de Linguística trazem reflexões que se pautam desde o ensino de Língua Portuguesa, passando pelo processo de Aquisição da Linguagem, e pelos aspectos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais, até discussões sobre nuanças da Psicolinguística. Com isto, temos discussões produtivas sobre a Linguagem em suas acepções mais amplas.

Os trabalhos na área de Literatura trazem estudos sobre obras de autores(as) da Literatura Brasileira, como Rachel de Queiroz e Machado de Assis, e de autores da Literatura Universal, como Gustave Flaubert e Homero. Os estudos dessa área tratam de categorias analíticas temáticas e estruturais, o que viabilizam estudos diversificados e, invariavelmente, produtivos.

A propósito, estamos em contexto adverso tanto para a produção acadêmica, quanto para o universo editorial. Também a ideia de fomentar a Educação, no âmbito da política atual, não tem sido algo colocado em prática. Desse modo, quanto mais estivermos comprometidos em enfrentar essas adversidades, contribuindo para a construção dos saberes plurais e incentivando o fazer científico, estaremos cientes de cumprirmos um papel relevante: o de não arrefecer na busca do conhecimento, quando as trevas querem se alastrar e tolher nossas potencialidades.

Portanto, que esse livro seja, dentre outros pontos, um espaço de reivindicação, pois não podemos aceitar que a Educação sofra ataques sem que nós possamos revidar. Nosso revide, longe de apequenar-se descendo aos lastros do ódio dos que têm buscado nos apagar, se manifesta no ato de estudar, ler, pesquisar, empreender debates plurais, produzir conhecimentos e, sobretudo, compartilhá-los.

Espero que possamos, com nosso trabalho, alcançarmos esse objetivo.

Prof. Cícero Émerson do Nascimento Cardoso

Universidade Federal da Paraíba

Universidade Regional do Cariri

18 de outubro de 2020, Missão Velha, Ceará

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APRESENTAÇÃO

A coletânea Linguística e Literatura em foco: produções acadêmicas, organizada por Adílio Junior de Souza (URCA/UFPB), Cícero Émerson do Nascimento Cardoso (URCA/UFPB) e Marta Maria Aragão Maciel (UFPB), foi pensada a partir de três fundamentos, que surgiram de uma profícua caminhada trilhada juntamente com a pesquisadora Maria Lidiane de Sousa Pereira (URCA/UECE)

1

, uma das idealizadoras do projeto.

Em primeiro lugar, acreditamos que muitas das pesquisas produzidas por graduandos, mestrandos e doutorandos têm grande potencial, tanto teórico quanto aplicado. Além disso, muitas são as produções acadêmicas que passam por um rigoroso filtro, quer seja em bancas de avaliação de Trabalhos de Conclusão de Curso, quer seja em disciplinas cursadas em programas de pós-graduação.

Em segundo lugar, as exigências de certas revistas científicas – a de que somente doutores e doutoras podem submeter seus manuscritos –, inviabiliza muitas produções relevantes de graduandos e mestrandos. Assim, acreditamos que coletâneas como esta é a oportunidade para dar voz a estudantes impedidas apenas pela falta de um título de nível mais elevado.

E, por fim, julgamos que os trabalhos a seguir listados apresentam as qualificações necessárias para figurar em uma publicação como esta. A lista conta com trabalhos orientados por dois dos organizadores do volume, além de dois estudos escritos por pesquisadoras especialmente convidadas.

Parte 1 – Linguística

O capítulo de abertura desta coletânea, intitulado A tecnologia e seus recursos na escola pública: um potencializador para o ensino da língua, de Alcirleide de Souza Rodrigues, discute a importância do uso da tecnologia e seus recursos em uma escola pública e analisa a contribuição desses para o bom planejamento e aquisição da língua portuguesa e, consequentemente, a melhoria do ensino e a inclusão dos discentes e docentes a essa nova era digital e tecnológica.

O segundo capítulo, de autoria de Cícera Tayana Francelino Fernandes, é centrado na Aquisição da linguagem: entre a perspectiva gerativista e a abordagem behaviorista, em que são discutidas duas importantes correntes dos estudos da aquisição da linguagem, de um lado, o gerativismo, do outro, o behaviorismo. Além disso, o estudo enfatiza a relevância do Chomsky, seu postulado teórico e descobertas.

1

Registramos, aqui, os mais sinceros agradecimentos à professora Maria Lidiane, pela leitura dos

primeiros originais, pelas muitas sugestões e críticas e, principalmente, pela parceria de outras

publicações. Nos próximos volumes, enquanto organizadora, esperamos, mais uma vez, contar com suas

contribuições para a Ciência.

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Em seguida, em Aspectos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais: estratégia lexical, Jakeline Gonçalves Dantas aborda os aspectos linguísticos e sua relação com o mapeamento lexical que, segundo a autora, contribuem para o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras). O capítulo também problematiza a surdez, a Libras e os desafios para seu ensino.

Francisca Angela de Araújo Silva, no capítulo A dislexia sob o olhar da psicolinguística, trata do posicionamento da Psicolinguística no que diz respeito ao distúrbio/perturbação de aprendizagem denominado dislexia. Partindo da premissa de que a dislexia afeta diretamente a aprendizagem deficitária de indivíduos em diferentes graus, o estudo problematiza essas dificuldades, buscando apontar respostas que possam minimizar tais problemas. A hipótese central do estudo é de que a dislexia não é uma doença propriamente dita, tampouco é resultado de uma má alfabetização, ou, ainda, que se dê em pessoas com poucas condições financeiras.

A dislexia é um distúrbio da mente que precisará de atenção por parte dos acompanhantes, pais ou representantes legais da criança.

Encerrando a primeira parte da coletânea, Hortência dos Santos Souza traz a pesquisa sobre As variações linguísticas na língua portuguesa: um estudo crítico- reflexivo, em que se propõe a refletir sobre as variações linguísticas que integram as variedades da língua portuguesa. A autora parte da premissa da Sociolinguística de que existem diferentes línguas dentro da oficial, isto é, cada região tem seus falares específicos, cada grupo sociocultural tem seu modo peculiar de se apropriar da língua e os falantes empregam a língua conforme as necessidades comunicativas. O estudo visa, dentre outros objetivos: conceituar a variação linguística e suas tipologias; compreender a variação como fenômeno linguístico inerente à língua e, por fim, discutir o tema sob uma abordagem sociolinguística.

Parte 2 – Literatura

O capítulo de abertura da segunda parte da coletânea, cujo título é Sobre o amor irrealizado em “O Quinze”, de Rachel de Queiroz, foi produzido por Amanda Fernandes de França. O estudo analisa a referida obra a partir da categoria analítica do amor singularizado pela irrealização, buscando compreender como o amor, conforme ele é construído no Ocidente, se fundamenta na ideia de que só é possível ser feliz aquele que encontra seu complemento amoroso, o que o impulsiona a viver uma busca intensa e a sentir-se frustrado e fracassado quando o amor não acontece conforme suas expectativas.

Depois, em O amor irrealizado em “Madame Bovary”, Andreza Furtado de Sousa analisa o romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert, e tem como categoria analítica a temática do amor singularizado pela irrealização. A proposta do estudo consiste em compreender como o autor dessa obra constrói a personagem feminina Emma Bovary a partir de uma concepção de amor que não se concretiza para ela.

Seja no casamento, seja em relações extraconjugais, ela busca fugir da vida que ela considera medíocre e sem sentido.

Logo a seguir, em Sobre o cangaço na peça “Lampião”, de Rachel de Queiroz,

Paloma Araújo de Sousa aborda o cangaço conforme Rachel de Queiroz o retrata

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nessa peça teatral. Pouco discutida, se considerarmos a produção romanesca da autora, essa peça de estreia é trazida à tona, neste trabalho, a partir do conceito de

“banditismo social” proposto por Eric Hobsbawm.

No capí tulo A construção da personagem Capitu em “Dom Casmurro”, Dayane Bezerra do Nascimento investiga a construça o do sujeito feminino, Capitu, extraí da da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. De acordo com a autora, o narrador autodiege tico Bento Santiago julga Capitu como uma adu ltera, atrave s de um discurso miso gino e preconceituoso. O capí tulo busca, dentre outros pontos, refletir sobre isso, com o objetivo de contribuir para uma nova visa o sobre essa personagem emblema tica, que vive em uma sociedade em que apenas a voz masculina tem espaço de propagaça o.

O capí tulo Considerações sobre o perfil do herói na “Odisseia”, de autoria de Sheyla Maria Lima Oliveira, faz uma leitura do perfil de Ulisses (Odisseus), enfatizando seus epí tetos, que contribuem para a construça o do arque tipo de hero i conforme o conhecemos na narratologia litera ria. Desta sorte, a partir dos poemas e picos formam-se os mitos que desempenham uma funça o dida tica na sociedade grega, essencialmente para o hero i que e , por natureza, dotado de areté, a qual define o cumprimento de seu propo sito. No estudo, a autora evidencia Ulisses, personagem que e apresentado na narrativa em uma longa jornada apo s a Guerra de Troia, navegando pelo mar, dominando lugares e descobrindo seres que marcam ate hoje a mitologia na Antiguidade Cla ssica, como os Ciclopes e as Sereias. Capacitado por sua prude ncia e sagacidade, o hero i passa por va rias provaço es ate vencer todos os obsta culos e, sob a proteça o da deusa Palas-Atena, consegue encontrar o caminho de casa e nela permanecer com sua esposa Pene lope e seu filho Tele maco.

E, encerrando esta obra, temos o capí tulo Sobre o romance “São Bernardo”:

uma reflexão social em Graciliano Ramos, de Ana Cristina Aragão Maciel e Isolda Maria Aragão Maciel, em que as autoras realizam uma leitura que se centra na observaça o dos elementos litera rios e extralitera rios que compo em essa narrativa.

Ale m disso, refletem, dentre outros pontos, acerca da posiça o polí tica adotada por Graciliano Ramos enquanto escritor nordestino da geraça o de 1930.

Os organizadores

Universidade Regional do Cariri

25 de outubro de 2020, Missão Velha, Ceará

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Parte 1 – Linguística

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A TECNOLOGIA E SEUS RECURSOS

NA ESCOLA PÚBLICA: UM POTENCIALIZADOR PARA O ENSINO DA LÍNGUA

Alcirleide de Souza Rodrigues

Universidade Federal da Paraíba – UFPB alcirleidesouza.83@gmail.com

1 INTRODUÇÃO

1

O interesse da pesquisa do respectivo trabalho se deu através do despertar da expansão da tecnologia na sociedade atual e durante o estudo do curso a distância em Ciências da Linguagem com Ênfase no ensino de Língua Portuguesa (CLELP), realizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB – Virtual).

O uso da tecnologia em sala de aula tem sido muito debatido. Os recursos proporcionados por essa tecnologia vêm se efetivando cada vez mais na sociedade, já assumindo uma necessidade na vida dos sujeitos, uma vez que esta proporciona uma melhoria na comunicação não só na esfera local, mas em contexto mundial. É preciso, porém, enfatizar que, mesmo com todos os avanços proporcionados por essa era digital, muitos ainda não têm acesso aos bens de consumo apresentados pelas tecnologias digitais.

O Brasil tem tentado proporcionar uma educação de qualidade com investimento em inclusão tecnológica. Os acessos, no entanto, são oferecidos de formas diferenciadas, a exemplo do ensino privado e público. Os acessos, todavia, são oferecidos de formas diferenciadas no ensino público e privado. Com efeito, nas escolas privadas, podemos encontrar salas com os mais diferentes recursos que estão diariamente disponíveis aos alunos, além das aulas específicas de informática, muitas dessas já articuladas com o conteúdo programático. Na pública, ainda encontramos instituições que vivem um cenário de crise e que necessitam de recursos inovadores, manutenções constantes e novas demandas de ensino para incorporar as tecnologias digitais no campo educativo.

Muitos são os recursos instrumentais hoje disponibilizados interde- pendentes e plurais. Alguns deles são: imagens, textos, links, animação, recursos de dados e de voz, datashow, computadores, salas de vídeos, acesso à informática, dentre outros, tornando cada vez mais necessários alguns questionamentos, tais como: A escola está preparada para trabalhar junto à esfera digital? Os docentes estão capacitados e fazendo uso da tecnologia em suas aulas? Assim, queremos

1

Este capítulo é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), escrito em 2017, orientado por Adílio

Souza e confeccionado durante a especialização em Ciências da Linguagem com Ênfase no Ensino de

Língua Portuguesa, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

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compreender de que modo os professores de uma escola pública do município de João Pessoa utilizam a tecnologia no ambiente escolar, e como esse uso é aplicado para a melhoria do ensino da língua portuguesa.

É com esses questionamentos que desenvolvemos este trabalho cujos objetivos são: 1) analisar a importância e a contribuição do uso das tecnologias em uma Escola Pública; 2) observar de que modo a escola e os professores utilizam a tecnologia no ambiente escolar, bem como a maneira como os professores dominam a tecnologia para abordar os conteúdos programáticos das disciplinas; 3) identificar se, de fato, é feito o uso dos recursos tecnológicos e se existe alguma diferença nas aulas nas quais são utilizados os recursos tecnológicos; 4) investigar se as experiências vividas pelos alunos apresentam alguma contribuição para o conhecimento e aquisição da língua portuguesa.

Nossa intenção, além disso, é mostrar a relevância dos recursos tecnológicos para o ensino da língua portuguesa, assim como para o ambiente escolar. Também explicitar quais os pontos positivos e negativos que tais recursos podem apresentar.

Dentro dessas perspectivas, procuramos investigar se as experiências e os conhecimentos vivenciados estão sendo satisfatórios. Se os recursos existem e como são utilizados pelos professores para a melhoria do ensino e para atendimento dessa nova demanda da sociedade atual.

Esta pesquisa se caracterizou como de cunho bibliográfico e de abordagem qualitativa. Buscamos fontes tais como: livros e artigos científicos que abordam a temática. Citamos: Bueno, (1999, 2008), Silveira e Cordova (2009), Moran (1997, 1999, 2005), Dowbor (2013), Soares (2002), Goulart, (2005), Schneuwly e Dolz (2004) e Santos (2007). Além disso, recorremos alguns documentos de âmbito nacional: PCNs (BRASIL, 1997), a LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996) e o INEP (BRASIL, 2011).

No primeiro momento da pesquisa, fizemos um levantamento sobre as novas tecnologias e seus avanços, assim como buscamos compreender as vivências dos professores frente aos novos desafios no ambiente escolar proporcionado pelas novas tecnologias.

Em seguida, apresentamos as experiências e como o professor pode ser um agente transformador na sua prática pedagógica, apresentando os resultados obtidos sobre os questionários e as observações realizadas na escola. As análises e discussões foram organizadas em três partes que são as seguintes: a) Investigando a formação e o conhecimento dos docentes; b) Percepção e utilização dos recursos tecnológicos no ambiente escolar; c) Os recursos tecnológicos como agente potencializador das disciplinas.

Concluindo nossa análise, apontamos os problemas relatados pelos sujeitos envolvidos na pesquisa, no que diz respeito aos recursos tecnológicos, destacando os elementos positivos e os elementos negativos surgidos na escola pesquisada.

Fizemos considerações sobre a melhoria do ensino e da prática pedagógica, também

suas necessidades, além do planejamento docente para a inserção às novas

tecnologias e aos novos gêneros digitais.

(13)

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Diversas são as contribuições dos recursos tecnológicos para o processo de ensino e aprendizagem, o que muda as práticas docentes e o ensino da língua portuguesa nas nossas escolas. Frente às diversidades de ferramentas e interatividades que emergiram nos últimos tempos, e levando em consideração a importância destes no contexto atual da educação, é preciso considerar os paradigmas desse novo espaço social no qual o professor não é mais um mero transmissor de conteúdo. Esse profissional é um mediador do ensino e da aprendizagem. Desse modo, deve buscar meios para envolverem os alunos com atividades motivadoras e que os conduzam a serem sujeitos críticos e ativos.

Foi pensando sobre isso que surgiu o interesse desta pesquisa, a fim de conhecer as contribuições que a utilização destes recursos trazem para o ambiente escolar.

Inicialmente, foi feita pesquisa bibliográfica e de abordagem qualitativa. Para isto, buscamos livros e artigos científicos que abordam a temática. A pesquisa bibliográfica, segundo Medeiros (2009, p. 36-38), consiste no levantamento da bibliografia referente ao assunto que se deseja estudar [...], exige pensamento reflexivo e tratamento científico”. Para tal levantamento, é necessária a habilidade da leitura que, conforme Santos (2007), é o instrumento essencial na pesquisa bibliográfica e corresponde à capacidade de extrair informações a partir dos textos.

No que concerne à abordagem qualitativa, ela faz uso de métodos como a descrição e a observação. Assim, Silveira e Cordova (2009) afirmam que ela não se preocupa com representatividade numérica, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização etc. Preocupa-se, também, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados.

Dentre os estudos consultados, enfatizamos os trabalhos de:

• Brito e Purificação (2012), porque a autora aborda os limites da tecnologia relacionada ao universo educacional, e a necessidade de redefinição das práticas pedagógicas a partir da inserção das novas tecnologias;

• Bueno (1999, 2008) escreveu o artigo “O Desafio da Formação do Educador para o Ensino Fundamental no Contexto da Educação Tecnológica”, que é resultante da fase final da dissertação de mestrado publicada na OEI - Revista Iberoamericana de Educación;

• Medeiros (2009), Silveira e Cordova (2009) são autores que se mostram importantes estudiosos a respeito dos métodos e técnicas da pesquisa científica e acadêmica;

• Moran (1997, 1999, 2000), em sua discussão sobre a relação entre Tecnologia X Educação, escreveu diversos artigos e livros nessa área;

• Dowbor (2013), mesmo sendo economista, enveredou pela área da educação e escreveu cinco edições sobre os impactos das novas tecnologias na educação;

• Soares (2002) traz uma nova visão de letramento, especificamente o letramento digital e a cibercultura;

• Goulart (2005) é autora de várias obras sobre educação e os novos desafios;

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• Schneuwly e Dolz (2004) colaboram em seus estudos sobre o ensino escolar de gêneros escritos e orais para a prática de sala de aula, sugerindo procedimentos possíveis para cada ano escolar.

Além desses estudos, recorremos a documentos de Bases legais como os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997) e a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96.

Em seguida, foi feita a observação na escola. Para a coleta de informações, aplicamos questionários de caráter objetivo e subjetivo com 13 (treze) professores e 1 (um) gestor da escola. Desse modo, foi possível seguir com a análise das práticas e dos usos dos recursos tecnológicos, de forma que os docentes pudessem expor quais as contribuições desses recursos para a melhoria da aprendizagem. A ênfase da pesquisa foi entender como se dá esse processo no ambiente escolar, e não medir dados sobre ele.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação n. 9.394/96 (LDB), a educação brasileira está dividida entre educação básica e educação superior, por etapas e modalidades de ensino.

Com a finalidade de estreitar a pesquisa e direcioná-la a um público específico, optamos por aplicar os questionários e fazer as observações na educação básica no Ensino Fundamental I. Com efeito, é nessa fase do ensino orientado que:

“O Aluno deve ser também capaz de compreender o ambiente natural e social o sistema político, a tecnologia, as artes e os valores básicos da sociedade e da família”

(BRASIL, 1997, p. 15).

Para realização dessa pesquisa, selecionamos uma escola que fica em uma periferia de João Pessoa - PB. A escolha se justifica pelo fato de que são as escolas públicas que recebem a maioria das crianças no Ensino Fundamental do nosso país.

Como nos mostram os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP, de 2011, dos 35,8 milhões de alunos do Ensino Fundamental, 32,4 milhões (90,5%) estudam em escolas públicas e apenas 3,4 milhões (9,5%) em escolas particulares. Dentro dessas perspectivas, procuramos investigar se as experiências e os conhecimentos vivenciados no ambiente escolar com esses recursos estão sendo satisfatórios. Nos resta a seguinte reflexão: se os recursos existem, como são utilizados pelos professores para a inserção desses sujeitos a essa nova realidade tecnológica e social?

3 UM POUCO SOBRE TECNOLOGIA E SEUS AVANÇOS

A humanidade vive em constantes transformações e evoluções, identificamos claramente isso na tecnologia e, nos últimos séculos, conhecemos várias dessas mudanças. Seja no campo ou na cidade, a tecnologia e seus avanços vêm proporcionando aos sujeitos uma nova forma de exercer suas atividades domésticas e profissionais, tarefas que antes eram feitas pela força manual e que levaria muito mais tempo, foram agilizadas e facilitadas pela utilização dos recursos apresentados pela tecnologia.

O desenvolvimento da tecnologia sempre esteve atrelado à indústria,

principalmente em meados do século XVIII, impulsionando os transportes e

máquinas da época, na produção de bens de consumo, fatos estes conhecidos na

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história durante a Primeira Revolução Industrial, no segmento têxtil através da mecanização, em seguida, no século XX, já na Segunda Revolução Industrial

,

direcionado aos processos de montagem em série e na fabricação de automóveis (SANTOS; ARAÚJO, 2011).

Avançando na história, chegamos ao século XXI, e vivenciamos a Terceira Revolução Industrial, na qual as linhas de produção fazem uso de tecnologias ainda mais avançadas. Surgiram novas fontes energéticas, como a energia nuclear, a eólica, petrolífera e a utilização da robótica, além do uso da informática nos processos de produção. Essas revoluções provocaram fortes impactos sociais e econômicos, trazendo o progresso e alguns paradigmas (SANTOS; ARAÚJO, 2011).

A globalização vem diminuindo as distâncias, impulsionada pelos produtos tecnológicos como: TV, rádio, internet, computadores, aparelhos celulares, smartphones, dentre outros. Todas essas transformações tecnológicas vêm criando, também, novos hábitos, novas formas de interação social, ou seja, novas formas de socialização. Com isso, a Escola passa a ter que considerar essas demandas. Torna- se indispensável a ideia de buscar acompanhar as mudanças para contribuir com a formação e inserção dos sujeitos nesse novo contexto social.

Mas o que entendemos por tecnologia? É preciso compreender melhor sobre sua definição. Desse modo, a seguir o termo está conceituado da seguinte forma:

Um processo contínuo através do qual a humanidade molda, modifica e gera a sua qualidade de vida. Há uma constante necessidade do ser humano de criar, a sua capacidade de interagir com a natureza, produzindo instrumentos desde os mais primitivos até os mais modernos, utilizando-se de um conhecimento científico para aplicar a técnica e modificar, melhorar, aprimorar os produtos oriundos do processo de interação deste com a natureza e com os demais seres humanos (BUENO, 1999, p. 87, apud SOUZA; COSTA, 2017, p. 14.990).

Percebemos que a tecnologia é compreendida como um domínio que visa proporcionar uma melhor interação dos sujeitos com o seu meio. Um exemplo prático disso seria o uso da internet. Hoje, podemos acessar rapidamente qualquer tipo de informação. Essa ferramenta foi criada para facilitar as relações sociais e, apesar de algumas ressalvas, ela tem conseguido isso.

Os variados recursos da tecnologia possibilitam muitos usos para educação.

É primordial que existam novas posturas frente ao processo de ensino e aprendizagem. É preciso planejar o seu uso com foco na aprendizagem dos alunos, para que a aprendizagem seja significativa e também compreensiva. Sobre isso, os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam, como um de seus principais objetivos em relação ao Ensino Fundamental, que os alunos sejam capazes de: “Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos” (BRASIL, 1997, p. 69).

A tecnologia pode servir como um instrumento de motivação e significa

também inovação, por isso é preciso ir além dos processos produtivos, porque o que

essa nova revolução traz são mudanças na produção do conhecimento. É necessário

motivar e buscar meios para que a sociedade acompanhe essa realidade tecnológica.

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Neste sentido, Moran (2000) nos informa que podemos modificar a forma de ensinar e de aprender. O ensino deve ser compartilhado, orientado, coordenado pelo professor, mas com profunda participação dos alunos, individual e grupalmente, com apoio das tecnologias que poderão nos ajudar muito.

A educação brasileira ainda é profundamente marcada pelas desigualdades sociais, e os resultados das avaliações oficiais (muitas delas problemáticas) confirmam o baixo nível do desempenho dos alunos. Os acessos ainda são oferecidos de formas diferenciadas e desproporcionais, a exemplo do que é apresentado em estabelecimentos de ensino privado e público.

As escolas privadas concentram um número menor de alunos se compararmos com as escolas públicas. Nelas, podemos encontrar salas com os mais diferentes recursos, equipamentos de informática, lousas digitais, tablets etc. que estão diariamente disponíveis para os alunos.

Do outro lado, na rede pública, ainda encontramos instituições desaparelhadas e profissionais desmotivados pela falta de valorização que, nem sempre, dispõem de condições para se aprofundarem no conhecimento dessas tecnologias. Com isso, temos um cenário complexo que necessita de recursos inovadores, manutenções constantes e novas demandas de ensino para incorporar as tecnologias digitais ao campo educativo.

Nesse novo cenário é preciso rever a forma como estamos ensinando aos alunos. É preciso descobrir como os nossos professores estão sendo preparados para lidar com essas novas tecnologias no ambiente escolar. Tem-se um leque de recursos que precisa ser incorporado na educação de forma igualitária e satisfatória, conforme podemos apreender do trecho:

O mundo que hoje surge constitui ao mesmo tempo um desafio ao mundo da educação, e uma oportunidade. É um desafio, porque o universo de conhecimentos está sendo revolucionado tão profundamente, que ninguém vai sequer perguntar à educação se ela quer se atualizar (DOWBOR, 2013, p. 05).

Esse novo mundo que Dowbor (2013) vem nos apresentar é o mundo da inovação tecnológica, das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que proporcionam transformações, fazem com que surjam novos leitores e os textos dos ambientes digitais. Também os gêneros discursivos e um recente letramento. A internet, nesse processo, parece facilitar a aprendizagem pelas possibilidades que apresenta, sendo ela mesma um desafio e uma oportunidade para o conhecimento.

Segundo Moran (1997, p. 09):

Uma das características mais interessantes da internet é a possibilidade de descobrir lugares nunca antes visitados e inesperados, de encontrar materiais valiosos, endereços curiosos, programas úteis, pessoas divertidas, informações relevantes.

O homem está a todo tempo produzindo e transformando a linguagem. As

novas tecnologias também exigem novas formas de ensino e aprendizagem. No

(17)

ensino da língua portuguesa a tecnologia emerge como forte aliada para o conhecimento e aquisição dos códigos e sinais verbais e não verbais.

É preciso verificar diante desse processo quais os impactos para o ensino da língua portuguesa. Soares (2002) apresenta algo mais amplo para a compreensão de letramento. Esse novo letramento vai além das folhas de papel, é o letramento digital que foi para as telas dos computadores e, segundo Soares (2002, p. 151),

“como novo espaço de escrita, traz significativas mudanças nas formas de interação entre escritor e leitor, entre escritor e texto, entre leitor e texto e até mesmo, mais amplamente, entre o ser humano e o conhecimento”.

É fato que a tecnologia (com seus recursos), como metodologia do ensino em sala de aula, tem proporcionado uma dinâmica diferenciada na exposição dos conteúdos de tal modo que já se tornou algo indispensável no processo de ensino e aprendizagem.

É preciso destacar, no entanto, que mesmo com todos os avanços proporcionados por essa era digital, muitos ainda não têm acesso a esses bens de consumo. A realidade da maioria das escolas públicas brasileiras mostra que esses recursos tecnológicos estão longe de serem um recurso presente em seus cotidianos.

Frente a isso, faz-se necessário enxergar se os alunos têm sido inseridos nesse mundo tecnológico ou não. É preciso verificar quais os meios tecnológicos que a escola tem usado e quais são seus impactos para a metodologia do ensino da Língua Portuguesa.

Sobre isso, Goulart (2005, p. 56) afirma:

O compromisso da escola em formar cidadãos autores de suas próprias leituras e da produção de seus próprios textos continua sendo um desafio neste país com tantas desigualdades. [...] causa-nos temor que estejamos criando novas formas de exclusões, pois não consideramos suficientes equipar as escolas com computadores e com outras tecnologias se, ao mesmo tempo, não fomentamos condições político-pedagógicas a professores e alunos para viver com dignidade, criatividade, ética e responsabilidade social o exercício cotidiano de ensinar e aprender.

Assim, defendemos que o uso das ferramentas tecnológicas em sala de aula é algo relevante. É preciso que o educador busque ter domínio desde o aparelho de som ao computador, porque, desse modo, ele estará inserido e poderá tornar-se mediador do conhecimento nessa nova realidade social. Neste sentido, como assinala Bueno (2008, p. 10):

O educador com um olhar crítico sobre a tecnologia necessita superar o papel de simplesmente figurante na história da educação, do ensino, precisa assumir o papel de educador fazedor da história, entender-se nela e assumir um papel de agente ativo do contexto tecnológico do país.

Remetendo-nos ao ensino da língua portuguesa, e ao que foi dito até aqui

sobre o desenvolvimento das novas tecnologias no ambiente escolar, vale ressaltar

que a sociedade tem vivido intensamente a língua escrita, pois surgiu um novo

letramento, novas estruturas de textos, novas formas de comunicação. A partir desse

novo contexto tecnológico, necessitamos compreender como se dá a aquisição da

língua nos espaços educativos, isto é, como as crianças estão se alfabetizando e

(18)

conhecendo os novos gêneros discursivos, nascidos da dinâmica social e das novas tecnologias. Estamos diante de novas possibilidades de ação pedagógica com a língua escrita, que podem favorecer a formação de novos sujeitos letrados.

4 ANÁLISES

Realizamos nossa pesquisa com vistas a identificar a relevância do uso dos recursos tecnológicos em uma escola pública, e a fim de perceber de que modo é feita a utilização desses recursos por parte de docentes no ensino da língua. Para isso, criamos um questionário de cunho objetivo e subjetivo.

Organizamos a análise dos questionários em três partes: 1) iniciamos com uma investigação sobre a formação e o conhecimento dos professores em relação a essa nova era digital; 2) observamos a percepção e utilização que eles têm em relação ao manuseio dos recursos e 3) finalizamos por compreender em qual disciplina esses recursos são mais utilizados, e se contribuem como agentes potencializadores de aprendizagem para o ensino de língua portuguesa.

A partir do questionário aplicado, foi possível identificar a compreensão de cada docente e da escola frente a essa nova demanda tecnológica. Nele, colhemos seus conhecimentos, expectativas, frustrações e contribuições.

4.1 Investigação da formação e do conhecimento dos docentes

Contamos com a colaboração de 13 professores e 01 gestor do Ensino Fundamental I. A fim de resguardar a identidade dos docentes e do gestor utilizamos nomes fictícios.

Dos 13 professores que responderam ao questionário, 12 possuem formação superior em Pedagogia, 03 deles também apresentaram, além dessa formação, graduação em outras áreas como: História e Biologia. Apenas 01(um) ainda está cursando Licenciatura Plena em Pedagogia.

A informática é uma ferramenta que veio contribuir com o desenvolvimento da humanidade e proporcionar uma troca de experiência que auxilia na comunicação. Dowbor (2013, p. 15) afirma que:

[...] mudam as tecnologias, mas também muda o mundo que devemos estudar, e precisam mudar as próprias formas de ensino. A informática não é apenas a chegada de novas máquinas. E neste caso, não resolve sequer a mentalidade do “manual de instruções”: a compreensão das novas dinâmicas ainda está em plena construção.

Seu uso e domínio, atualmente, se tornaram indispensáveis ao meio

educacional, sendo uma fonte de pesquisa fundamental para a prática docente, porque não existem fronteiras para o conhecimento e a comunicação, já que ela interliga as diferentes culturas sociais e econômicas.

Observamos que: 1) no nível básico, os professores usam e-mails, navegam

na internet com frequência e digitam textos e provas, 2) no nível intermediário, eles

realizam as mesmas atividades mencionadas no nível básico e, também, usam

pendrive, fazem edição de fotos e vídeos e 3) no nível avançado, percebemos que os

(19)

professores realizam as atividades anteriormente mencionadas. Isso demonstra um bom requisito para a elaboração de um plano de aula com utensílios tecnológicos.

Moran (1999, p. 01) diz que “a aquisição da informação, dos dados, dependerá cada vez menos do professor”. As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los. Aqui, percebemos que a tecnologia também proporciona uma nova postura no ambiente escolar, que vai além da pedagogia tradicional. O professor passa de mero transmissor a mediador do conhecimento. Destacando essa nova conjuntura, o professor precisa estar consciente de que a sua prática exige nova postura.

Em suma, constatamos que grande parte dos profissionais considera importante a utilização de recursos tecnológicos para o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos no ambiente escolar.

4.2 Percepção e utilização dos recursos tecnológicos no ambiente escolar A escola que constitui nosso corpus é localizada em um bairro da periferia de João Pessoa. Ela atende à demanda do Ensino Fundamental I, II e Ensino Médio na modalidade da EJA. Atualmente, o Ensino Fundamental I, área na qual foi realizada a pesquisa, o número total de alunos no ano vigente é de 362. A escola dispõe de recursos tecnológicos como: notebooks, aparelhos de DVD, datashows, televisores, dentre outros, além de sala de vídeo e sala de informática. Também estão disponíveis copiadora, internet e biblioteca para uso dos docentes e discentes. Foi constatada a presença de 01 (um) profissional que auxilia os professores no desenvolvimento de atividades com esses recursos e na elaboração de aulas de robótica.

É importante destacar, aqui, que os recursos tecnológicos são os mais variáveis, e que não basta ter todos ou a maioria deles na escola, pois é preciso saber utilizá-los e democratizar o acesso deles.

Gráfico 1 – Recursos tecnológicos mais utilizados

Fonte: Dados da pesquisa.

Dentre os recursos mais utilizados na prática pedagógica, temos os seguintes itens: TV, aparelho de som, pendrive, computador, datashow e máquina de xerox.

Esses foram os mais destacados. Verificamos, também, que embora a escola

TV

Aparelho de som

Pendrive

Data show

Maquina de xerox

(20)

dispusesse de vários recursos tecnológicos, o mais utilizado foi a televisão: objeto esse já bastante difundido e acessível à maioria da população.

Sobre a frequência e manuseio desses recursos em sala de aula, o professor

“ED” informou que raramente faz uso desses em sala de aula e classifica a sua utilização pouco importante para a melhoria da aprendizagem e o ensino da língua portuguesa.

Com exceção do professor citado, os outros 12 responderam que sua utilização em sala de aula está entre importante ou essencial, para fomentar e amplificar a aprendizagem dos alunos no ambiente escolar.

Sabemos que a educação tem tentado acompanhar essa evolução por meio da tecnologia no aprendizado dos alunos. Desse modo, é preciso saber utilizar, identificar e compreender didaticamente para que é feito o uso desses recursos. Ela deve ser dirigida e orientada para que se alcancem os objetivos propostos no planejamento das aulas. Pensando nisso, foi perguntado para que é feito o uso desse recursos e foram apresentadas as seguintes respostas:

(01) Para expor o conteúdo da aula. (Professora LC)

(02) Para destacar alguns pontos do conteúdo. (Professora AA)

(03) Para dinamizar a aula, despertando o interesse dos alunos. (Professora VB)

Em relação à diferença entre a aula aplicada com o auxílio desses recursos, a maior parte dos entrevistados respondeu positivamente em relação a sua importância, escolhemos algumas respostas pra demonstrar:

(04) Os recursos audiovisuais prendem mais a atenção das crianças (Professora FM)

(05) Melhora o interesse e a participação principalmente dos alunos mais dispersos em sala de aula (professora MA)

(06) O aluno absorve e assimila melhor o conteúdo da aula (Professor JB) (07) Além de despertar o interesse dos alunos pelo tema da aula abordado, esses recursos prendem a atenção das crianças e facilita a aprendizagem.

(Professora LE)

Dentre os recursos para despertar o interesse dos alunos, foram apontados os seguintes itens: recursos tecnológicos, livros didáticos e paradidáticos, jogos educativos.

Também foi verificado que a escola possuía um caderno de agendamento para a sala de vídeo e outro para os recursos áudios-visuais como: datashow, aparelhos de som, caixa amplificada e quantidades de cópias para cada professor.

A sala de informática só era utilizada na presença dos monitores de robótica

com o horário pré-estabelecido pela supervisora em planejamento com os

(21)

professores, porém nem sempre as atividades eram planejadas de acordo com os conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Foi relatado, também, pela direção, que o atendimento aos alunos era realizado por esse mesmo monitor, da seguinte maneira: uma determinada turma era dividida em dois atendimentos para que dessa maneira os computadores fossem melhor distribuídos para os alunos.

Mesmo a escola tendo uma sala própria de informática, existiam 12 computadores danificados e apenas 09 máquinas em funcionamento.

4.3 Os recursos tecnológicos como agentes potencializadores das disciplinas É preciso ensinar com clareza os conteúdos para que os alunos tenham condições de desempenhar as estratégias pessoais para superar as dificuldades, é necessário estimular e buscar meios que respeite a diversidade, interação, disponibilidade para aprendizagem, autonomia, organização do espaço e seleção de recursos didáticos.

Atualmente, são cinco disciplinas que fazem parte do Ensino Fundamental:

Português, Matemática, Ciências, História e Geografia. Ao longo desses anos, espera- se que os alunos adquiram gradativamente competências e habilidades em relação a essas disciplinas. Os discentes precisam se desenvolver para resolver problemas da vida cotidiana e terem acesso aos bens culturais e alcançarem a participação plena no mundo letrado.

Pensando a partir disso, os docentes precisam estar atentos ao planejamento para que, assim, contemple todos os objetivos propostos. Quando questionado aos professores em qual disciplina os recursos tecnológicos eram mais utilizados, as respostas foram as seguintes:

Gráfico 2 – Disciplinas que mais utilizam os recursos

Fonte: Dados da pesquisa.

Dentre as disciplinas que mais utilizam os recursos tecnológicos, temos: 1) a disciplina de História, 2) a disciplina de Português, 3) a disciplina de Ciências, 4) a disciplina de Geografia e 5) a disciplina de Matemática.

Em relação à Língua Portuguesa, os aspectos linguísticos se relacionam com os aspectos socioculturais. Sendo assim, o ensino dessa disciplina pode ser sistematizado de forma que reflita a partir do seu conhecimento prévio de mundo, sendo os gêneros textuais um forte aliado nesse processo.

História

Português e Ciências

Geografia e

Matemática

(22)

De acordo com o que propôs o teórico russo M. Bakhtin em seus escritos, aqui reverberados por Schneuwly e Dolz (2004), os gêneros textuais são instrumentos culturais disponíveis nas interações sociais. Eles são, historicamente, mutáveis e, consequentemente, relativamente estáveis (BAKHTIN, 2003). Emergem diferentes domínios discursivos e se concretizam em textos, que são singulares para que a interação entre falantes aconteça. A tecnologia foi responsável pelo aparecimento de muitos dos novos gêneros textuais que temos conhecido com frequência (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004).

Os gêneros apresentados pelos professores foram os seguintes: Conto, Fábula, Bilhete, Crônica, Cordel, HQs, Rótulo, Carta, Bilhete, Cartaz de filme, Texto dramático e Receita. Verificamos que são trabalhados nesses gêneros a linguagem verbal e não verbal, mas não foi destacado nenhum gênero emergente como o E- mail, por exemplo.

Foram encontrados nos computadores da escola o programa HQs e CD-ROM com jogos educativos na área de Português e Matemática, específicos para os alunos que estão no ciclo de alfabetização.

A escola também dispõe de uma sala de recursos que atende aos alunos especiais. Nela havia 2 (dois) computadores com programas para alunos com necessidades especificas, porém sem profissional adequado para atender aos alunos.

Com as discussões realizadas nesse trabalho, constatamos a presença dos recursos tecnológicos no ambiente escolar, constatamos também algumas problemáticas em relação ao ensino da Língua Portuguesa, visto que os professores ainda não perceberam a relação da língua com as demais disciplinas, e não estabelecem como prioridade a disciplina de Português para a utilização dos meios tecnológicos para inserção dos sujeitos em relação a essa demanda tecnológica.

Por fim, os professores e a gestora tiveram um espaço para relato de algumas limitações encontradas no decorrer do ambiente escolar. Foi destacada a falta de cuidado e de manutenção dos equipamentos da escola. Além disso, os computadores não são suficientes para comportarem alguns programas educacionais; há falta de programas computacionais específicos que visem ao aprimoramento do ensino de conteúdos programáticos; não há formação continuada de professores na área das novas tecnologias, isto é, o professor continua sem incentivo e apoio para que suas aulas possam ser reconfiguradas e, desse modo, o aluno tenha melhor aquisição de conteúdos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com os estudos realizados para a elaboração desse trabalho, percebemos a importância da tecnologia na atualidade e no ambiente escolar. Ela traz inúmeros benefícios para todos os que estão envolvidos nesse processo. A tecnologia visa facilitar a vida dos sujeitos, mas nem sempre isso ocorre. Seus recursos tornaram- se indispensáveis, mas nem todos têm acesso a eles.

Com a pesquisa realizada, e as discussões levantadas, conhecemos um pouco sobre a realidade de uma escola pública diante da integração das novas tecnologias.

Nesse caso, é importante destacar que a tecnologia é parte e não o todo no processo

educacional.

(23)

Assim, mesmo diante das dificuldades, a escola apresenta vários recursos tecnológicos. Também dispõe de espaço como a sala de informática, biblioteca e sala de vídeo. Os professores e a direção da escola estão cientes da importância desses espaços para construção de novos caminhos para o processo de ensino e aprendizagem.

Muito problemas foram identificados, no entanto, como: a falta de manutenção dos recursos, a não existência de cursos de capacitação para os professores na área tecnológica, a falta de cuidados dos que compõem a escola e dificuldade dos professores em apresentar os novos gêneros aos alunos etc.

É preciso trabalhar a conscientização com todos que fazem parte da comunidade escolar a respeito do patrimônio público. Isso é uma atividade que requer comprometimento e traz benefícios para todos que defendem uma educação de qualidade.

A escola apresentou muitos meios para inserção dos alunos a uma prática pedagógica regada pelos meios tecnológicos. Vimos os desafios e os problemas. O caminho a percorrer ainda é longo, mas os professores já perceberam a importância da tecnologia para a sua prática, sendo esse também um direito de aprendizagem dos alunos.

Enfim, o desenvolvimento desse trabalho foi significativo. Nossos objetivos foram alcançados de forma geral, pois conseguimos identificar os benefícios, como também algumas das limitações que surgem nesse processo.

REFERÊNCIAS

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Acesso em: 23 out. 2020.

________. INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Brasília:

MEC, 2011.

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BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BRITO, Glaucia da Silva; PURIFICAÇÃO, Ivonélia da. Educação e novas tecnologias: um (re)pensar.

[recurso eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2012.

BUENO, Natalia de Lima. O desafio da formação do educador para o Ensino Fundamental no contexto da educação tecnológica. Dissertação (Mestrado em Tecnologia). Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba, 1999.

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DOWBOR, Ladislau. Tecnologias do conhecimento: os desafios da educação. Petrópolis: Editora

Vozes, 2013.

(24)

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GOULART, Cecília. Letramento e modos de ser letrado: discutindo a base teórico-metodológica de um estudo. Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 33 set./dez. 2006.

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MORAN, José Manuel. Relatos de experiências: como utilizar a internet na Educação. C. Inf. v. 26, n.

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SOUZA, Camila Tatiane de; COSTA, Letícia Perez da. O conceito de tecnologia na perspectiva de professores da educação básica. In: XIII Congresso Nacional de Educação, 2019, Paraná. Anais.

Paraná: PUCPR, 2019.

(25)

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM:

ENTRE A PERSPECTIVA GERATIVISTA E A ABORDAGEM BEHAVIORISTA

Cícera Tayana Francelino Fernandes

Universidade Regional do Cariri – URCA thayanafernandes13@gmail.com

1 INTRODUÇÃO

1

A aquisição da linguagem é um assunto referente aos estudos de cognição humana em relação ao uso das expressões verbais, ou seja, ocorre em diversas fases e de diversas maneiras, quando a criança se insere em um ambiente onde haja a comunicação, principalmente a verbal.

Dentro dessas questões, há duas teorias que contribuíram bastante com os estudos dos processos cognitivos da linguagem humana, que são as teorias:

behaviorista e gerativista. Esses estudos emergiram com o intuito de saber sobre o comportamento humano. Inicialmente, surgiu o behaviorismo que tem como fundador John B. Watson, um renomado pesquisador, que foi considerado o pai do Behaviorismo e, logo depois, Burrhus Frederic Skinner, seguiu a linha de pensamento e ficou como precursor dessa teoria.

Em seguida, surge o gerativismo de Noam Chomsky, que seria uma oposição às ideias de Watson. Tendo em vista o pensamento gerativista, defende-se que os processos cognitivos não estão apenas relacionados à linguística, mas também à biologia, por se tratar de algo ligado à mente e aos processos biológicos do ser humano. Neste sentido, nota-se que a presença de Noam Chomsky foi essencial para haver essas discussões, sendo a base para essas pesquisas na atualidade.

Com base no fato de que o homem é o único ser capaz de comunicar-se verbalmente, nota-se a complexidade de se estudar acerca do assunto, pois o desenvolvimento linguístico é algo surpreendente, mas de difícil análise. Desde criança já se iniciam os primeiros atos de interação, ou seja, ela começa a socializar- se, não por meio de palavras, mas gestos, que funcionarão como uma linguagem corporal, como as mímicas, por exemplo.

Na fase do processo aquisitivo podem ser apresentadas várias características incluindo as formas receptivas e expressivas. A forma receptiva corresponde à capacidade de compreensão tanto do que se ouve quanto do que se lê. Já a forma expressiva corresponde à capacidade de se expressar, ou seja, a comunicação verbal e não verbal. Essas características vão evoluindo de acordo com a idade e capacidade

1

Artigo originário de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado no Curso de Letras, na

Universidade Regional do Cariri, Campus de Missão Velha/CE, sob orientação do Prof. Adílio Junior de

Souza.

(26)

que vai sendo adquirida com o passar do tempo, resumindo-se em funções de comunicação e representação.

O histórico dos estudos sobre os processos aquisitivos da linguagem teve início há vários séculos com os egípcios, no século VII a.C. O objetivo era privatizar a criança de qualquer interação, e o resultado seria que, quando a primeira palavra fosse emitida, pertenceria à língua mais antiga do mundo. Com isso, os estudos foram evoluindo de forma multímoda. Só a partir do século XIX surgem experimentos, e no século XX as teorias que aqui serão analisadas (KENEDY, 2011).

Este capítulo tem como meta principal analisar como as perspectivas behaviorista e gerativista compreendem a questão da aquisição da linguagem. Além disso, outros objetivos foram elencados: 1) Discutir a questão da aquisição da linguagem à luz do behaviorismo; 2) Abordar a questão da aquisição da linguagem no âmbito do gerativismo; 3) Opor as perspectivas behaviorista e gerativista quando da compreensão da aquisição da linguagem, a fim de analisar os pontos de convergência e divergência entre elas.

A justificativa para a escolha do tema dá-se pela vontade de aprender sobre como acontece o processo de entrada de informações ainda na fase infantil, e a sua importância quanto ao processo final, levando-se em consideração todo o progresso das diversas fases, tendo como paradigma algo considerado tão simples, que é quando a criança apenas fala palavras aleatórias que nem sempre são completas, mas que tem um valor muito significativo, principalmente para os pais e todos que convivem com ela.

Busca-se, além disso, entender como a Psicologia e a Biologia estão relacionadas ao assunto e aprofundar tudo o que já se sabe sobre a linguagem. E, acima de tudo, entender a complexidade que existe por trás da comunicação e interação social, além da vontade de querer apresentar para outras pessoas que não são da área o fenômeno chamado de processo aquisitivo da linguagem.

Este trabalho está organizado em seções que seguem uma cronologia de apresentação resumida de fatos históricos e experimentos que se deram no século XIX, até a apresentação de programas mais recentes. Na primeira seção, estão os aspectos históricos do Behaviorismo, mostrando como se deu o interesse pelo assunto e como foi o início dos testes e pesquisas em relação aos processos aquisitivos. Em seguida, são apresentados os aspectos formais da linguagem através do Gerativismo e das principais indagações e resultados a partir dele. Na seção seguinte, são identificados os estágios da aquisição no indivíduo desde o seu nascimento até o final do processo, e suas características tanto na compreensão quanto na produção da fala, envolvendo aspectos pré-linguísticos e linguísticos. E, por fim, é desenvolvido um resumo das contribuições de Noam Chomsky para a ciência da linguagem, com suas principais obras, temas e programas mais atuais.

2 PERCURSO METODOLÓGICO

O método utilizado para o desenvolvimento desse trabalho foi de caráter

bibliográfico, que teve como finalidade o estudo e análise de obras que discorrem

sobre o assunto. Além disso, foi relevante a verificação de outros materiais

disponibilizados, tais como: artigos, entrevistas e vídeos que serviram como suporte

teórico para a coleta de dados.

(27)

A pesquisa sustenta-se em uma revisão de estudos teórico-críticos. Foi realizada uma seleção de autores como: Skinner (1978), Chomsky (2014), Finger (2007), Martelotta (2017) e Quadros (2007), que foram essenciais para o desenvolvimento do trabalho. Esse aporte teórico serviu tanto para mostrar e explanar bem as duas teorias, quanto para apresentar a contribuição de Noam Chomsky para os estudos de aquisição da linguagem e, até mesmo, a sua atuação em âmbito geral da linguística.

O trabalho conta, portanto, com uma abordagem comparativa entre o Behaviorismo e o Gerativismo, visando apenas apresentá-las e mostrar o quão importante foram para a relação entre mente e linguagem e o enaltecimento da visão de Noam Chomsky, o responsável por essas descobertas.

3 BEHAVIORISMO: ASPECTOS HISTÓRICOS

O termo Behaviorismo é de origem inglesa (Behavior) que significa comportamento. O motivo do surgimento deu-se através de John Broadus Watson, um psicólogo norte- americano que desenvolveu sua teoria a partir de um artigo intitulado Psicologia: Como os Behavioristas a veem, em 1913.

Antes de ele trazer essa visão do comportamentalismo, a Psicologia era trabalhada apenas com questões filosóficas. Watson teve como principal base as ideias de Ivan P. Pavlov, fisiologista russo que realizava experimentos com cães e criou uma teoria chamada reflexo condicionado, que seria um estímulo e teria, portanto, uma resposta. Com uma análise a respeito do assunto, Watson sustentou sua tese tendo os estudos desse cientista como princípio.

O Behaviorismo é dividido em duas fases: 1) a metodológica, desenvolvida sob a óptica de Watson, e 2) a radical, de Burrhus Frederic Skinner. Ambas estudaram o comportamento humano e não humano, mas com visões diferentes, sendo que a segunda foi um aprimoramento de Skinner, e uma oposição diante de estudos relacionados à primeira fase. O Behaviorismo Metodológico se caracteriza pela ruptura de um modelo voltado para a introspecção (observação dos próprios atos), e começou a levar em consideração apenas a observação da ligação entre o comportamento e o ambiente onde o indivíduo se encontra: “Watson, por sua vez, estudou de que forma os organismos ajustam-se aos seus ambientes, mais especificamente, aos estímulos que os levam a produzirem suas respostas” (FINGER, 2007, p. 08).

Um dos experimentos mais importantes realizado por Watson foi com um bebê de 11 meses chamado Albert, na Universidade em que estudava, juntamente com uma aluna de doutorado, Rosalie Rayner, em 1920. O objetivo era responder algumas perguntas acerca do experimento. Watson observou o bebê durante um mês para conseguir obter uma resposta.

Durante esse tempo, Albert foi colocado diante de animais tais como: ratos,

cachorros e coelhos, e com objetos como algodão e máscaras. No início, ele pareceu

bem tranquilo, tendo algumas reações apenas com a presença de ruídos, após alguns

dias começou a ter outras reações, que visavam desenvolver a técnica de estímulos

e respostas. Watson concluiu, então, que o ser humano altera o seu comportamento

diante de estímulos que o ambiente proporciona, inclusive as fobias que a maioria

das pessoas apresenta.

(28)

O Behaviorismo Radical é a segunda fase, e tem como teórico B. F. Skinner, um psicólogo norte-americano que se interessou pelas teorias de Watson e aperfeiçoou os conceitos já existentes. É, portanto, a teoria mais atual com relação ao comportamentalismo. Skinner realizou experimentos com animais, porém ele descartou a tese formulada por Watson sobre reflexos e condicionamentos. Ele acreditava que além de tudo havia um operante que atribuía consequências e procurava mostrar estímulos mais específicos. Assim,

Skinner conduziu vários estudos envolvendo ratos de laboratório e pombos em um tipo de gaiola que passou a ser conhecida com gaiola de Skinner ou câmara operante, como preferia chamá-la. A gaiola desenhada pelo idealizador do Behaviorismo Radical diferia das gaiolas comuns por possuir uma espécie de alavanca junto ao comedouro que poderia ser facilmente acionada pelo animal (FINGER, 2007, p. 11).

Skinner queria mostrar o estímulo que o animal possuía, no caso a fome, para assim analisar a necessidade que o animal tinha de se alimentar através de um condicionador operante. Logo no início, o pombo não sabe para que serve a alavanca acionando aleatoriamente sem nenhuma finalidade; uma ação chamada de ‘operante livre’. Só após algumas tentativas o animal percebe o que acontece quando a alavanca é acionada, transformando-se, então, em ‘operante condicionado’. Isso pode ser observado em crianças, em situações do dia-a-dia, como apreendemos do trecho:

Se um pai ou mãe – ou até mesmo um professor – cede aos apelos de uma criança que chora e teima a fim de conseguir algo que o adulto havia anteriormente proibido, a criança aprenderá que o seu comportamento insistente lhe garante sucesso e consequentemente passará a sempre agir dessa forma quando quiser algo (FINGER, 2017, p. 12).

Esse estímulo do choro da criança faz com que obtenha uma resposta, já que Skinner acreditava que a interação com a família e com o ambiente é crucial para uma aprendizagem. Então, após perceber que haverá uma recompensa, logicamente a criança utilizará um reforço (choro) para conseguir atingir o objetivo, isto é, mediante as outras tentativas que fez e que foram eficazes.

A aquisição da linguagem, segundo os behavioristas, dá-se por meio da prática em que a criança desde o seu nascimento está rodeada de pessoas que se tornarão essenciais no processo de input, tanto na linguagem verbal quanto na gestual. Skinner ainda reforça que “o condicionamento operante e das associações é possível explicar como se dá o processo” (FINGER, 2007, p. 21). Skinner ainda destaca:

O comportamento altera o meio através de ações mecânicas, e suas

propriedades ou dimensões se relacionam frequentemente, de uma forma

simples, com os efeitos produzidos. Quando um homem caminha em

direção a um objeto, ele se vê mais próximo deste; quando procura

alcançá-lo, é provável que se siga um contacto físico; se ele o segura,

levanta, empurra ou puxa, o objeto costuma mudar de posição, de acordo

com as direções apropriadas. Tudo isso decorre de simples princípios

geométricos e mecânicos (SKINNER, 1978, p. 03).

Referências

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