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6 DIFICULDADES QUE OS APRENDIZES DE LIBRAS ENFRENTAM

No documento SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-074-1 (páginas 49-53)

Jakeline Gonçalves Dantas

6 DIFICULDADES QUE OS APRENDIZES DE LIBRAS ENFRENTAM

Como já mencionado, a Libras é uma língua que usa do canal visual-espacial, de fato, essa modalidade requer cuidado e atenção dos professores, necessário que sejam capacitados em Libras. É preciso conscientizar, usar de mecanismo que dê acessibilidade, respeito a pessoa surda, para que haja interação, fazendo com que participem das mesmas atividades.

Dentre essas dificuldades, podemos relatar que o fato de apresentar canal de recepção e emissão diferentes da língua oral, desta forma, a dificuldades na comunicação e compreensão. Além disso, temos os aspectos fonológicos, morfológicos, as categorias gramaticais e não esquecendo a sintaxe da Libras, pois apresenta grandes dificuldades ao aprendiz, quanto ao uso da ordem dos sinais nas orações. Contudo, temos ainda a orientação e o movimento das mãos (direção e se o sinal movimenta ou não a mão). Por ser alfabetizado em duas línguas, se não for alfabetizado na L2, provavelmente também não foi na sua língua L1, que é a base linguística.

Além dos já listados acima, é importante apontar ainda sobre o meio de interação social, que vai assegurar todo o momento da comunicação, assim como para iniciar uma conversar com o surdo, para mantê-la, compartilhar informações.

É interessante mencionar o fato de que é fundamental a postura, pois a forma como se porta diz muito sobre o sujeito, uma vez que o surdo é visual. Ao dialogar com surdo, antes de sair despedir-se, pois para este, o não ato dá a entender que não tiveram um bom diálogo ou que foi entediante para o ouvinte. Para isso é preciso uma despedida que esclareça que foi bom, ou mesmo marcar um possível encontro.

Para usar a modalidade visual-espacial requer uma atenção especial, para que ouvintes e aprendizes adentrem ao mundo da visão (JACOBS, 1996). Tudo requer cuidado, por ser uma modalidade visual, o surdo está atento aos movimentos, gestos, o poder da língua de sinais como símbolo é um artefato essencial para que ele compreenda e continuem a troca de sinais.

Cabe ressaltar, que esta não é uma simples modalidade de ensino e que tanto para aprendizes surdos quanto ouvintes é um desafio. Pois esta, traz o bilinguismo para o surdo, em que ele precisa estudar as duas línguas, L1( a língua de sinais) o alicerce para a L2 (preferencialmente na modalidade escrita) e o bimodalismo ao ouvinte (oral e gestual), em que ele precisa usar da sua língua para aprender a língua de sinais, neste caso, a Libras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As discussões aqui retomadas refletem, em síntese, sobre algumas questões, desafios e conquistas até a Libras se tornar Língua. Através dos estudos feitos, podemos perceber que mesmo por um lado havendo dificuldades em se tratando do surdo e do ambiente escolar, a depender da interpretação dos professores e das condições estruturais da escola, a presença de intérpretes é indispensável, pois sendo ele intermediário da comunicação entre ouvinte e surdo, possibilita os mecanismos do desenvolvimento e aprendizagem. Vemos que assim como o português, a Libras também é uma língua rica.

Desta forma, compreendemos se tratando da aquisição de uma língua, tem a sua própria gramática, com nível lexical. A surdez não é uma patologia, deixou de ser linguagem, os sinais antes considerados pantomima (mímica), agora apresentam caraterísticas linguísticas de qualquer língua natural humana. Neste sentido, através dos os parâmetros da Libras, é possível construir enunciados diversificados, utilizando as configurações de mãos, incorporadas com os movimentos e os pontos de articulações.

Para completar esse quadro, através deste trabalho, compreendemos que o ensino da Libras envolve mais do que sinais. Contribui para a construção da própria cultura e identidade surda, além da comunicação entre surdo e surdo-ouvinte. Este trabalho, portanto, busca contribuir uma visão sobre os aspectos educacionais, linguísticos da Libras, bem como o acesso ‘ao mundo’ pela visão, onde não se trata de dificuldade intelectual, mas sim de oportunidade.

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