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4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A RELAÇÃO ENTRE O PORTUGUÊS E A LIBRAS A educação inclusiva do surdo no Ensino Fundamental tem grande relevância

No documento SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-074-1 (páginas 44-47)

Jakeline Gonçalves Dantas

4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A RELAÇÃO ENTRE O PORTUGUÊS E A LIBRAS A educação inclusiva do surdo no Ensino Fundamental tem grande relevância

para o seu desenvolvimento. É preciso oferecer recursos aos educandos, sendo organizados com professores formados em Libras, instrutor e tradutor/intérprete, utilizando de metodologias que atendam aos alunos surdos. Deve-se considerar a língua de sinais não só como a língua materna da comunidade surda, mas também como artefato cultural.

A Libras apresenta todos os requisitos das línguas orais, no entanto, não é uma versão sinalizada da língua oral. Em se tratando de ensino, no caso do surdo brasileiro, a Libras não substitui a modalidade escrita da língua portuguesa, mas apresenta o bilinguismo em seu método de aprendizado, isto é, um recurso, pois tem

a necessidade de aprender as duas línguas, a Libras e a língua portuguesa na modalidade escrita.

Além dos requisitos da língua, parecidos com as línguas orais, dispõe de unidades linguísticas, morfológica, sintática e semântica organizado no sistema linguístico da Libras. No entanto, nessas unidades podem ocorrer variações na sinalização, palavras, sentenças, pois na comunicação deve-se levar em conta os aspectos culturais de cada cidade/região, podendo variar assim, os parâmetros fonológicos das línguas de sinais. De acordo com Albuquerque e Faria (2018, p. 233),

“pressupõe-se que as línguas de sinais também sofrem influências sociolinguísticas (origem geográfica, sexo, faixa etária, nível econômico, escolaridade).

Relacionando Libras com a Língua Portuguesa, é indispensável a elaboração de estratégias para que facilite a aprendizagem do Surdo e esse proceda no bilinguismo, pois bem sabemos que a forma pelo qual se comunica requer cuidados para que haja compreensão. Por ter dificuldade de aquisição de conhecimentos precisa-se de suportes de tradução e acompanhamento, meios que envolve os mecanismos da língua de sinais, possibilita ao surdo ter contato e desenvolver as duas línguas.

Entretanto, para que seja compreendido o ensino, faz-se necessário que tenha uma “metodologia diferenciada”, pois esse processo é fundamental para o ensino-aprendizagem. Temos então, como a primeira língua do surdo, a língua materna/Libras (L1) e a língua portuguesa como segunda língua, na modalidade escrita (L2). O que possibilita o docente a trabalhar a L2 de início é o alfabeto, sendo esse um empréstimo linguístico e o meio que representa a forma escrita (alfabeto manual).

A presença recente da língua de sinais na educação desperta um interesse em procurar saber sobre o processo de ensino e aprendizagem desses estudantes, introduzindo um novo olhar sobre a educação do surdo. É de suma importância o ensino de Libras como disciplina curricular no curso de formação de professores, pois dá aos surdos a oportunidade de fazer parte do ambiente escolar de forma democrática, em que surdo e ouvinte sejam tratados e vistos por igual, considerando as especificidades.

Não existe um falante que domine por completo o seu léxico, pois o idioma é vivo e vocábulos vão desaparecendo, enquanto novos surgem. O Campo lexical compreende ainda as palavras que pertencem à mesma área de conhecimento, tendo diversidade linguística. Para o mapeamento lexical a estratégia é o uso gráfico (escrito), onde o aluno terá o contato para fazer a leitura visual, para que possa desenvolver leitura e escrita, apesar das dificuldades de leitura apresentada pelos surdos.

Até pouco tempo a Libras era considerada uma língua sem escrita, para muitos uma língua ágrafa. A escrita permite uma codificação, pois os signos tendem a lhes dar resistência, tornando mais fáceis o seu reconhecimento e a sua transmissão. No entanto, no Brasil a própria grafia da Libras passa por um processo de padronização (GESSER, 2009).

Mesmo que essa possua um agrupamento gráfico, todavia, no português, o surdo estuda a modalidade escrita. Desta modalidade, para a libras, utiliza apenas o alfabeto como empréstimo linguístico, sendo pouco usado pelos surdos, ouvintes usam mais para a comunicação ou para estudo da língua. Desse modo, a L1 não

depende da L2, apenas carrega adaptações, no caso do alfabeto, mas com sua própria estrutura gramatical, sendo esse como um recurso de integração de materiais,

‘mesclas’, como forma de acrescer o léxico através desses empréstimos linguísticos para estruturação de ‘novas’ palavras formadas por elementos pertencentes a línguas diferentes (hibridismo).

Carvalho (2000, apud RODRIGUES; BAALBAKI, 2014) incita-nos a atentar para os empréstimos, em razão de que não devem ser ignorados de qualquer comunidade linguística, já que se relacionam a algum tipo de contato entre usuários de línguas diferentes, em algumas situações, como no caso de pontuações, por exemplo, recorrem a datilologia, para realizar sinais (símbolos manuais). Os empréstimos são recursos complementares do léxico, podendo servir para acréscimos para a Libras.

Como já mencionado o aluno surdo já precisa ter passado pelo processo de ensino da L1, para que assim possa compreender e desenvolver a aprendizagem, essa agora feita pelo L2 através do uso da L1. Segue-se todo um processo antes de adentrarmos para o léxico, pois para a compreensão do discente é preciso que tenha os primeiros contatos visuais de formas, cores, como também, o contato com o alfabeto por meio da decodificação gráfica, desenvolvendo a estratégia fonológica, de modo que a imagem fonológica resultante da decodificação das palavras utilizadas.

Sabe-se que entre a Libras e Língua Portuguesa tem uma relação, assim como o próprio português contém elementos linguísticos (empréstimos linguísticos, estrangeirismos, solecismos, arcaísmos, neologismos etc.) de outras línguas. Sendo que a L1 não carrega traços da L2, mas é interessante observar que a datilologia ou soletração manual, forma usada por quem utiliza a Libras, tem relação com empréstimo da L2, um exemplo é o alfabeto, sendo esse usados através dos parâmetros da Libras.

A Libras não é uma língua limitada, ela auxilia para a construção da identidade surda, a língua de sinais é o mais importante para os surdos, já que essa é a maior conquista para o meio comunicativo e os possibilitam de conhecer as suas origens. Martins (2004, p. 204-205 apud DANIEL et al., 2011b, p. 30), cita que: “Sem língua não existem nem os surdos nem o modo de ser, cultural, surdo. Existiriam apenas deficientes auditivos”. Mesmo havendo diferença presente entre línguas de sinais e línguas orais, as duas dispõe-se dos mesmos conceitos pelo fato de apresentar um léxico, isto é, um conjunto de palavras utilizadas por uma determinada língua, e uma gramática.

Sendo usada em diferentes países, a língua de sinais, assim como qualquer outra língua, tem as suas regionalidades, apresenta uma regra, que rege o sistema lexical. No caso da Libras, apesar das diferenças, tem em si semelhanças, mas os aspectos linguísticos é que as identificam como língua, e não apenas como uma linguagem. É de grande importância do uso desta língua para o ensino dos surdos nas escolas, sendo indispensável que tenham o contato com a Libras em todas as fases no processo de aprendizagem.

Uma educação bilíngue valoriza a língua natural do surdo, dando oportunidades e condição para que este possa desenvolver-se para a vida social, a cidadania e para o trabalho. O surdo tem a significância da sua língua, neste caso, a Libras, além disso, é interessante pautar sobre comunicação entre surdos e ouvintes

e que essa é compreendida e entendida por meio da língua de sinais. Para isso, é importante que os professores passem por uma formação em Libras, não fluente, mas que conheça a modalidade, adaptar, não a licenciatura, mas na licenciatura, para que resolva parte da problemática da inclusão, tratando dos processos de ensino.

É preciso pensar e efetivar meios afirmativos que possam diminuir as desigualdades que ainda estão presentes na educação. Conhecer e analisar tais meios é o recorte principal posto neste capítulo, que poderá ser contribuinte com relação a educação do surdo. O profissional ouvinte (não interprete) tem dificuldades em lidar com o ensino inclusivo adequando às necessidades dos surdos, já que esses usam apenas as mãos e os olhos para a comunicação, a presença da imagem e discursos viso-espaciais, o que é necessário interpretar dando sentido ao que está sendo visto.

De acordo com Gesser (2009), o intérprete assegura o direito linguístico do surdo, de poder ‘ouvir’ em sua própria língua. Esse direito no qual é reconhecido por Lei (10.436/02), apontando a precisão de intérpretes em espaços institucionais, não que esse seja “a voz do surdo”, ele tem a sua própria língua, mas para que haja comunicação entre pessoas que não ‘fala’ a mesma língua.

Ressaltando que a Libras possui regras e gramáticas, o que a fez ser compreendida como língua, sendo essa na modalidade visual-espacial, as informações linguísticas são recebidas pelos olhos e produzidas pelas mãos, por expressões corporais e faciais. Os processos linguísticos são constituídos a partir dos interlocutores com o surdo, com o outro que conhece a língua de sinais, como outro que interage com o mundo pela perspectiva viso-espacial.

Pela língua de sinais, os surdos compartilham suas experiências, seus sonhos, constroem suas marcas culturais sobre o mundo em que vivem. Todos os cidadãos devem ter o direito de serem educados em sua língua. Mas, como a escola regular vai garantir a inclusão do surdo e acesso dos conhecimentos da Libras em casos quando não tem o intérprete, deve seguir o ensino normalmente? E se essa escola utilizar o português como língua oficial? Desta forma, ela tem atuado para garantir o acesso e o uso da língua dos surdos, por exemplo, em seu ambiente escolar?

No documento SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-074-1 (páginas 44-47)