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UNEMAT - UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM SAMUEL WILTON PEREIRA

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UNEMAT - UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

SAMUEL WILTON PEREIRA

OS DESAFIOS EXPERIMENTADOS PELA PESSOA QUE VIVENCIA A EXPERIÊNCIA DE AMPUTAÇÃO

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UNEMAT - UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

SAMUEL WILTON PEREIRA

OS DESAFIOS EXPERIMENTADOS PELA PESSOA QUE VIVENCIA A EXPERIÊNCIA DE AMPUTAÇÃO

Monografia apresentada ao Departamento de Enfermagem da Universidade do Estado de Mato Grosso, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para a obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem, sob a orientação da Professora Dra. Cecília de Campos França e Co-orientação da Professora Enfermeira Vanessa Malacrida de Moraes.

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SAMUEL WILTON PEREIRA

OS DESAFIOS EXPERIMENTADOS PELA PESSOA QUE VIVENCIA A EXPERIÊNCIA DE AMPUTAÇÃO

Monografia apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, para obtenção do título de Bacharelado em Enfermagem, sob a orientação da Professora Dra. Cecília de Campos França e Co-orientação da Professora Enfermeira Vanessa Malacrida de

Moraes.

BANCA EXAMINADORA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

______________________________________________________________________

Professora Dra. Cecília de Campos França. - Orientadora

Universidade do Estado de Mato Grosso - Campus de Tangará da Serra

Departamento de Letras

______________________________________________________________________

Professora Enfermeira Vanessa Malacrida de Moraes. – Co-orientadora

______________________________________________________________________

Professora Me. Cristiane Ferreira Lopes de Araújo. - Avaliadora Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus de Tangará da Serra

Departamento de Biologia

CONCEITO FINAL: ______________________

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Dedico este trabalho ao meu irmão Marcelo Pereira (in memória) sei que me apoiaria nesta minha conquista.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer ao meu Deus por tudo o que ele tem feito em minha vida, por conceder mais esta felicidade ajudando-me a vencer mais uma etapa. Dando-me força quando elas me faltaram, esperança quando não havia mais luz e me enchia de vida e vigor quando eu pensava que estava tudo acabado.

Aos meus pais Milton Pereira e Maria da Conceição Pereira que são uma jóia rara e peça essencial para que minha vida tenha brilho. Serei sempre grato pelo que vocês fizeram para que meu sonho de ser enfermeiro se realizasse, apoiando em tudo, que eu os apresentava, sempre com aquele sorriso meigo e usando aquelas palavras: “Você é quem sabe meu filho, quero o melhor para você, que Deus lhe dê sabedoria para escolher o melhor caminho.

Minhas irmãs Leonarda, Neuza e ao meu irmão Daniel Marcos por estar sempre presente nas horas difíceis me apoiando nas decisões tomadas ao decorrer da minha vida sempre dando palavras de incentivo, força e perseverança.

A minha orientadora a professora Dr.ª Cecília de Campos França pela paciência, pelo amor dado a cada orientação, pela força e incentivo, sei que foi uma correria mais no final deu tudo certo.

A professora Iara Maria dos Anjos Vieira do Departamento de Letras por ter realizado a correção do meu trabalho de conclusão de curso.

A minha grande amiga de classe Sílvia da Silva Sobrinho que tanto me ajudou durante minha trajetória na Universidade, para ela deixo esta frase: “Amigos de verdade nunca se separam, apenas tomam rumos diferentes.”

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Se vós estiverdes em mim,

e as minhas palavras estiverem em vós,

pedires tudo o que quiserdes,

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Resumo

Os pacientes que passaram pelo processo de amputação têm conflitos com sua própria imagem corporal e isso faz que surjam transtornos mentais que dificulta seu processo de reabilitação. A realidade é que os profissionais de enfermagem buscam certo distanciamento e neutralidade quanto aos aspectos que envolvem dor e sofrimento de pacientes vítimas de amputação nos seus diversos aspectos físico, emocional e social. Se esta situação continuar tende a agravar a situação do paciente. Já o acolhimento, o respeito, o cuidado com o próprio corpo que os profissionais de enfermagem podem proporcionar a estes pacientes os ajudam a lidar com sua nova configuração física, possibilidades e limites. Tudo isso se inicia ainda no interior do hospital, porque esses profissionais têm contato diariamente com estes pacientes. O objetivo desta pesquisa foi de compreender as condições sociais e psicológicas da pessoa que vive uma amputação de membros superiores, enfocando quais são as etapas do processo de reabilitação. Visou também estudar como a enfermagem pode contribuir com esse processo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de estudo de caso em que os dados foram coletados através de uma entrevista semi-estruturada contendo treze perguntas que foram gravadas e depois transcritas. A análise dos dados foi feita pelo levantamento de categorias que foram definidas a partir da narrativa da história de vida do sujeito da pesquisa. Este sofreu um acidente trabalho em seu ambiente profissional tendo como conseqüência a amputação de membro superior. Observou-se que a partir do momento em que o paciente amputado começou a confiar em si mesmo sua inserção no mercado de trabalho foi menos sofrida, bem como, seus relacionamentos sociais começaram a ter mudanças significativas contribuindo com sua saúde psicológica, apesar dele ter sido exposto aos preconceitos, discriminações de muitas ordens no âmbito social.

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Abstract

Patients who have gone through the process of amputation have conflicts with their own body image and this is arising mental disorders that hinder the process of rehabilitation. The reality is that nursing professionals seeking certain distance and neutrality in the matters that involve pain and suffering of patients suffering from amputation various aspects of physical, emotional and social. If this situation continues tends to aggravate the situation of the patient. Already the host, respect, care for one’s own body that nursing professionals can provide these patients and help them deal with their new physical configuration, possibilities and limits. It all starts even inside the hospital, because these professionals have daily contact with these patients. The objective of this research was to understand the social and psychological conditions of the person who lives an amputation of upper extremities, focusing on what are the stages of rehabilitation. Also aimed to examine how nursing can contribute to this process. This is a qualitative case study in which data were collected through a semi-structured interview containing thirteen questions were recorded and transcribed. Data analysis was done by survey categories that were defined from the narrative of the life history of the research subject. This work had an accident in your work environment and consequently the amputation of upper limb. It was observed that from the moment the amputee got to trust yourself its insertion in the labor market was less experienced as well as their social relationships began to take significant changes contributing to their psychological health, although he was exposed to prejudices, discrimination of many orders in our society.

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ... 10

2.CAPÍTULO I REFERENCIAL TEÓRICO ... 12

3.CAPÍTULO II METODOLOGIA ... 27

4.CAPÍTULO III ANÁLISE DOS DADOS...31

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS ... ...40

6.REFERÊNCIAS ... 42

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INTRODUÇÃO

Sempre que via uma pessoa nas ruas sem um membro superior ou inferior não importasse qual fosse, sempre surgia em minha mente muita curiosidade em saber o que aconteceu com aquela pessoa, para chegar a perder aquele membro. Será que foi acidente de trânsito ou de trabalho? Foi alguma doença? O que será que modificou em sua vida após esse acidente? Se ela sentiu ou sente vergonha de seu próprio corpo? Para responder todas estas minhas dúvidas entrevistei um paciente que passou por este processo de amputação.

A partir dessa curiosidade, o interesse no desenvolvimento deste trabalho surgiu da intenção de descobrir quais são as implicações sociais e psicológicas que a pessoa de membro superior amputado sofre em relação a sua nova condição, limitação física, quais são as interferências psicológicas e como que a enfermagem pode ajudar em seu processo de reabilitação?

Quando se pensa sobre o assunto amputação, logo se pensa em incapacidade, mutilação, impossibilidade de trabalhar e da não continuidade das suas atividades de vida diária. Estes tipos de pensamentos trazem muitos medos aos pacientes que passarão por esse tipo de procedimento e aos que perderam uma parte do corpo em algum acidente traumático.

Temos que levar em conta que este procedimento não é o fim, ou que simplesmente a perda de um membro é o que irá gerar incapacidade. Devemos considerar como o início de uma nova etapa de vida, pois, se de um lado houve perda de um membro e alteração na imagem corporal, do outro lado, eliminou-se o risco da perda da vida, deu alívio ao sofrimento intolerável trazendo a possibilidade de ação. Isto não deve ser lembrado ou “taxado” como o fim da vida, mas sim, como início de um novo ciclo.

Pesquisar sobre este assunto na área da saúde é importante porque os profissionais devem oferecer aos pacientes e familiares as devidas orientações e informações para que essa pessoa tenha uma eficaz recuperação e, se manter atentos para as possíveis alterações psicológicas.

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Este trabalho está organizado em três capítulos: O primeiro diz a respeito ao referencial teórico, escolhemos para nos subsidiar Desmond (2005) que discute cerca das transformações psicológicas que cada indivíduo passa perante a sociedade. Esta não está acostumada a aceitar as diferenças e como isso afeta seu comportamento social, Schilder (1980) contribuiu com a temática que a imagem do corpo está ligada a mente, Teixeira (2006) relata as repercussões que um acidente de trabalho causa na saúde do trabalhador, Orlando (1989) oferece reflexões acerca do relacionamento dinâmico enfermeiro/paciente que deve ser de forma humanitária visando compreendê-lo em todas as formas. No capítulo dois, a metodologia de pesquisa e o planejamento das ações escolhidas no decorrer do percurso. Ambos foram baseados no autor Severino (1999). No capítulo três, apresentamos as análises dos dados e as considerações finais.

Com este estudo procurou-se trazer contribuições significativas no que diz respeito ao processo de cuidar de pacientes nestas condições visando à humanização da enfermagem em suas práticas cotidianas, ou seja, não só vendo a limitação física do paciente, mas também, oferecendo uma visão holística e procurando melhorar a relação entre enfermeiro/paciente.

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CAPÍTULO I

REFERENCIAL TEÓRICO

Estigma é um termo utilizado desde a Grécia antiga para classificar as pessoas com sinais corporais, pois quem os possuía evidenciava algum mau sobre o seu status moral. Tais sinais serviam para avisar quais eram os escravos criminosos ou traidores. Atualmente o termo estigma é utilizado para categorizar as pessoas segundo normas dentro de conceitos de normalidade e aceitação social (GOFFMAN, 1988).

O conceito de normal se refere aos pensamentos morais tidos por uma sociedade específica em algum momento da história, sendo relativo e temporário. O conceito de normalidade varia de uma cultura para outra, como também de uma sociedade para outra. Por exemplo, podemos dizer que nas tribos africanas é normal mutilar meninas removendo o clitóris para que não sintam prazer sexual em suas relações. Na Revolução Industrial era normal o trabalhador ficar trancafiado nas fábricas por mais de 12 horas e na Roma antiga era normal forçar escravos ao sexo. Como se pode notar em todas as épocas, inclusive nos dias de hoje, quem se coloca contrário aos costumes e resiste contra atos considerados normais são classificados como errados e estranhos (CHINI E BOEMER, 2007).

A própria sociedade estabelece meios para classificar as pessoas dizendo quais coisas são consideradas normais para elas. Quando se conhece alguma pessoa, logo a classificamos como sendo normal ou não. Com isso, são colocadas características que nem sempre são reais, muitas vezes surgem evidências de que a outra pessoa possui um atributo que o torna diferente dos outros (GOFFMAN, 1988).

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aproprie destes atributos e passe a agir em conformidade com eles, vendo-se e sentindo-se inferiorizada, coitada e menor em relação aos demais

Os primeiros procedimentos de amputações de membros são tão antigos como a história da existência da humanidade. Exemplo de evidências sobre amputação são as pinturas encontradas em cavernas da Espanha e França, com aproximadamente 36 mil anos, que mostram mutilações de membros. No Novo México também foram descobertas pinturas que mostram impressões de práticas de automutilações feitas pelos seus moradores como sacrifício aos deuses realizados durante as cerimônias religiosas (BOCOLINI, 2000).

Todavia, a referência escrita mais antiga de amputação é o de Rig Veda, um poema que conta a história de uma guerreira, a rainha Vishpla, que com um membro inferior amputado por um ferimento de guerra confeccionou uma prótese em ferro e retornou à batalha, este poema é também a primeira referência que se tem sobre o uso de prótese (CARVALHO, 2003). Não é somente sobre prótese que fala o poema de Rig Veda, mas sim de coragem, da compreensão de que se é muito mais do que uma mera configuração física e que não se deixa de ser humano porque temos alguma limitação. Ao contrário, ser humano é ter ao mesmo tempo possibilidades e limites. Esta é uma idéia das mais valiosas trazidas pelo poema e que deve nos inspirar para pensar e lidar com as diferenças de modo a nos tornarmos mais enriquecidos com as experiências e a característica plural dos seres humanos.

As amputações na pré-história e na época medieval eram realizadas por diversos motivos, como deformidades congênitas, que era bastante comum nos países árabes por que os casamentos entre primos de primeiro grau eram incentivados. Durante as batalhas ocorriam amputações traumáticas, nos momentos de captura dos inimigos ou de punições judiciais. Além destes fatores, as amputações também eram causadas por doenças, como gangrena, tuberculose e lepra (CARVALHO, 2003). Nas grandes guerras este tipo de procedimento era realizado a fim de acabar com o sofrimento que os soldados tinham com aquele ferimento, porque se a dor se prolongava existia uma grande chance deles entrarem em choque e morrerem por causa da grande quantidade de sangue perdido.

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O conceito de trabalho vem da palavra em latim “tripalium”, refere-se a instrumentos de tortura e punição aos indivíduos que perderam o direito a liberdade, em que eram submetidos ao trabalho forçado. Do ponto de vista religioso, o ser humano foi condenado ao trabalho porque Adão e Eva constituíram o pecado. No livro de Gênesis 3: 19 da Bíblia Sagrada, o trabalho é considerado como castigo no qual o homem terá que trabalhar e com o seu próprio suor tirar seu alimento para sua sobrevivência.

Na sociedade contemporânea, embora tenhamos discursos diferentes deste que define o trabalho como castigo, como punição observa-se que as condições dos trabalhadores e de muitos postos de trabalho têm sido de maneira precária em nome de um modo de produção que coloca o ser humano as margens de seus interesses maiores. Isto sem falar no número expressivo de trabalho escravo e infantil que exploram e fazem com que aqueles trabalhadores a ele submetidos adoeçam e vivam de maneira sub-humana.

Do ponto de vista psicológico, o trabalho provoca diferentes graus de motivação e satisfação, principalmente quanto à forma e ao meio no qual se desempenha a tarefa (KANAANE, 1994). À medida que o indivíduo está inserido no contexto organizacional, está sujeito a diferentes variáveis que afetam diretamente o seu trabalho.

Atualmente existe uma preocupação com a saúde do trabalhador, pois sua saúde se relaciona principalmente com a produtividade da empresa, ou seja, para que se atinja a produtividade e qualidade é preciso ter indivíduos saudáveis e possuidores de “qualidade” (SILVA, 2006, grifos nossos). Cabe salientarmos que a sociedade brasileira está inserida no modo de produção capitalista, e sendo assim, as questões da saúde como elemento fundamental e impulsionador da produção e do lucro passam a ser a pauta do dia.

Antigamente não se discutiam sobre acidentes de trabalho, pois o mercado de trabalho era artesanal. Isto é devido a pouca habilidade do manuseio com as ferramentas e equipamento de pequeno porte. Com a transformação das sociedades e a expansão de indústrias capazes de suprir as necessidades da sociedade houve um aumento na contratação de trabalhadores, investimentos e em equipamentos industriais mais modernos (LINHARES, 1990). Esses acontecimentos são resultado de dois movimentos muito importantes para a sociedade, que foram o êxodo rural e a revolução industrial.

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(seca e enchentes), qualidade no ensino escolar e serviços mais próximos, como hospitais e transportes (LINHARES, 1990).

A Revolução Industrial iniciou-se na Inglaterra em meados do século XVIII e expandiu pelo mundo a partir do século XIX. Consistiu-se em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível social e econômico (LINHARES, 1990).

Esta revolução alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal (artesanato e manufatura), provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades, criando grandes concentrações urbanas. Durante a Revolução Industrial os operários viviam em péssimas condições, moravam em cortiços e ficavam submetidos a jornadas de trabalhos que chegavam a 72 horas semanais. O salário era inferior as horas trabalhadas e tanto as mulheres como crianças também trabalhavam e recebiam um salário abaixo da média (LINHARES, 1990). Em resposta a isso, os trabalhadores depredaram as máquinas e se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os empregados formaram as Trade Unions (espécie de sindicato) como o objetivo de melhorar as condições de trabalho e dos empregados.

O primeiro dia do mês de Maio é uma data escolhida na maioria dos países industrializados para comemorar o Dia do Trabalho e celebrar a figura do trabalhador. Esta data teve origem em uma manifestação operária por melhores condições de trabalho iniciada no dia 1º de maio de 1886, na cidade de Chicago, nos EUA. No dia 4, vários trabalhadores foram mortos em conflitos com as forças policiais. Em conseqüência, a polícia prende oito anarquistas e os acusa pelos distúrbios. Quatro deles são enforcados, um se suicida e três posteriormente são perdoados (SILVA, 2006).

Com todos esses acontecimentos, houve a necessidade em se preocupar com a saúde desses trabalhadores tanto aos trabalhadores rurais quanto aos trabalhadores urbanos, a qual ficou determinado a obrigatoriedade do seguro contra acidentes de trabalho e as respectivas indenizações, o que veio contribuir e acrescentar na melhoria das condições de trabalho até então inexistentes (SILVA, 2006).

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respeito ao contato do trabalhador com agentes nocivos à saúde ou de perigo (NASCIMENTO, 1998).

Desde a Revolução Industrial, junto com benefícios trazidos pelas máquinas também veio o aumento de acidentes do trabalho, sendo necessária a criação de normas que regulamentam os processos industriais para diminuir perigos a que estavam expostos o operário. Surgem então, especialmente diversas leis relativas à segurança e higiene do trabalhador (NASCIMENTO, 1998).

Todos os acidentes do trabalho são decorrentes e tem como antecedentes (conhecidos ou não) uma multiplicidade de causas. Estas têm fatores ambientais, psicológicos, humanos e materiais, que serão analisados conforme sua incidência, freqüência e importância, as principais causas são: fatores ambientais de riscos múltiplos, tipos de trabalhos, tarefas insalubres, falta de critérios e normas de segurança adotadas pela empresa e empregados, o desconhecimento do risco do trabalho, o excesso de autoconfiança, atitudes de imprudência, negligência ou imperícia, preocupação e pressa para resultados imediatos, deficiência na seleção do pessoal e ausência de treinamentos adequados para os funcionários (TEIXEIRA, 2006).

Acidente de trabalho é legalmente conceituado como aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da incapacidade para o trabalho (Art. 2.° da lei n° 6.367, de 19/10/1976).

A prevenção de acidentes do trabalho sempre foi importante para a sociedade, evitando-se, assim, pessoas mutiladas que por muitas vezes, andam pelas ruas, sem emprego recebendo pensão da Previdência Social que muitas vezes não supre realmente suas despesas, como diz Vianna (1991):

Essas conseqüências sociais assumem, muitas vezes extrema gravidade. Os inválidos para o trabalho normal, aqueles que na sua linguagem rude o povo chama-os de aleijados, recebe pensões exíguas da Previdência Social, tendem à marginalidade social, trabalhando em atividades em que o esforço físico é menor e suas condições de portadores de defeitos os põem a coberto da repressão policial. Transformam-se em camelôs, vendedores de bilhetes de loteria, encarregados de pontos de jogo do bicho, e daí um passo a mais, na venda de tóxico (p. 485).

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uso individual, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador (CARDELLA, 2005).

Segundo Teixeira (2006) o acidente de trabalho pode ser de três tipos: acidente de trabalho típico (aquele que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa), acidente de trajeto (aquele que ocorre no trajeto entre o domicílio do trabalhador e o local de trabalho ou vice-versa) e por doenças ocupacionais (é aquela adquirida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade).

As amputações ocorrem geralmente como acidente de trabalho típico, ou seja, o trabalhador sofre o acidente a serviço da empresa. A amputação é definida como a remoção de um ou mais membros, ou parte deles, sendo causados por diferentes fatores, tais como, doenças vasculares, neuropatias, acidentes traumáticos, processos infecciosos, tumores e má formação das extremidades, onde são realizadas com o propósito de preservar a função de um segmento remanescente ou, às vezes, evitar a morte (BRUNNER e SUDDARTH, 2005).

As amputações são cirurgias bem antigas realizadas na história, na época medieval e nas épocas das guerras essas cirurgias eram realizadas sem anestesias, de forma cruel, na tentativa sempre frustrada de salvar a vida desses indivíduos. Para os curativos usavam-se extratos de plantas como ópio, cânhamo e álcool sua cicatrização era feita com óleo ou ferro quente, havendo um grande risco de infecções. Muitas dessas pessoas acabavam falecendo por não resistirem ao procedimento ou até mesmo pela quantidade de microorganismos existentes na falta da esterilização deste material utilizada nos procedimentos. Hoje este tipo de procedimento é realizado com material esterilizado por médicos especialistas em amputações, utilizando técnicas corretas no cuidado desse curativo após amputação (BRUNNER e SUDDARTH, 2005).

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(remoção do antebraço na altura acima do cotovelo e remoção do braço cerca de 7,5 cm acima do cotovelo).

Amputação traumática é a retirada acidental de parte do corpo, que pode ser um dedo, um braço, uma mão ou uma perna, é o tipo comum de acidente ocorrido em fábricas. Mesmo sendo de maneira acidental a perda de parte do corpo, isso mexe com a parte psicológica do indivíduo, porque os seres humanos não estamos preparados para lidar com tranqüilidade com o sentimento da perda, isto se agrava quando esta perda significa perder parte de seu próprio corpo, por isso faz com que seja necessário modificar procedimentos no processo de vida, no modo de estar no mundo e de se relacionar consigo mesmo e com os outros. Perder parte do corpo altera toda uma existência é ter de se adaptar, readaptar, aprender a viver novamente assumindo uma nova perspectiva do mundo para si, para os outros e para os objetos (CHINI e BOEMER, 2007).

Estas modificações bruscas na vida afetam diretamente o comportamento e a maneira de agir. Indivíduos que passam por uma amputação de membro têm o desafio de se ajustar psicologicamente de algum modo à perda desse membro, ajustar-se à limitação física imposta pela amputação, que pode ser potencialmente incapacitante e afetar as condições de saúde e bem-estar dessas pessoas (NOVAES, 2003).

Independentemente de como se manifesta a incapacidade física, a imagem corporal do indivíduo se torna desconfigurada. De acordo com Schilder (1980), a imagem corporal é definida: “... o corpo é a figuração da mente”, portanto, como o corpo se apresenta faz com que se sinta bem. Indivíduos amputados trazem em seus corpos marcas da falta de um membro ou segmento corporal que é facilmente reconhecida como seres imperfeitos e incapazes.

A imagem corporal engloba todas as formas pelas quais uma pessoa vivencia e conceitua seu próprio corpo. Lowen (1979) relata que a imagem corporal se desenvolve através da síntese de sensações que derivam dos inúmeros contatos físicos entre a criança e os pais. No início da vida a identidade que se possuiu é basicamente corporal, sendo determinante para a formação de uma imagem corporal adequado a qualidade do contato físico estabelecido entre mãe e filho. Esse contato físico determinará o sentimento da criança em relação ao seu corpo e suas respostas em relação à vida.

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identidade é a síntese pessoal sobre o si mesmo, incluindo dados pessoais (cor, sexo, idade), biografia (trajetória pessoal), atributos que os outros lhe conferem, permitindo uma representação a respeito de si. Este conceito supera a compreensão do homem enquanto conjunto de papéis, de valores, de habilidades, de atitudes e etc., pois compreendem todos estes aspectos integrados o homem como totalidade na busca de captar a singularidade do indivíduo, produzida no conforto com o outro (FRANÇA, 2006).

O indivíduo, nessa concepção, é um eterno transformar-se, mesmo que aparentemente continue com os mesmos olhos, cabelos e até consiga manter seu peso. Isso é só aparência. Estamos nos transformando a cada momento, a cada nova relação com o mundo social e sabemos disso. A consciência que desenvolvemos sobre "quem sou eu" acompanha esse movimento do real, às vezes com mais facilidade, às vezes com menos, mas acompanha (BOCK, 2005).

A mudança nas situações sociais e a mudança na história de vida determinam um processar contínuo na definição de si mesmo. Neste sentido, a identidade do indivíduo deixa de ser algo estático e acabado, para ser um processo contínuo de representações de seu "estar sendo" no mundo (BOCK, 2005).

A imagem corporal desempenha funções importantes na vida do adulto. Ela serve como modelo para a execução de uma atividade motora consciente, que é ensaiada subconscientemente antes de sua execução. Lowen (1979) relata que a seqüência de movimentos é visualizada em termos de imagem corporal e uma inadequada imagem do corpo prejudicará a execução da atividade motora.

Adami e Cols (2005), citam o complexo fenômeno que é a imagem corporal, que envolvem aspecto cognitivo, afetivo, social, cultural e motor, que é baseado em vários dados sensoriais proprioceptivos e está integrada a uma organização cerebral e influenciada por fatores sensoriais, processos de desenvolvimento e aspectos psicodinâmicos.

Nesse processo de construção da imagem do corpo, Adami e Cols (2005), afirmam que os sentidos humanos (principalmente visão, tato e percepção) dão informações importantes sobre o desenho do corpo.

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mental do corpo faz-se necessária à vida normal e fica prejudicada quando há lesão cerebral ou um trauma, como a perda ou ausência de um segmento corporal

Para Keleman (1996), o paciente que perde parte do seu corpo acaba sofrendo:

Uma alteração brusca de sua imagem corporal, sendo necessária a reintegração desta imagem a um novo esquema de corpo. Esta reintegração acontece no próprio auto-conceito do sujeito é de estrema importância que esta reconstrução corporal seja de forma positiva. No contrário, havendo uma reconstrução negativa, não sendo de acordo com a realidade, o auto-conceito do indivíduo se torna também negativo, fazendo que seus valores sejam estigmatizante, preconceituosos e começa a surgir os sentimentos de inferioridade, baixa auto-estima, tristeza e algumas vezes, depressão (p 287).

A depressão pode ser definida como um distúrbio do humor, com duração maior do que duas semanas, causado pela deficiência de determinadas substâncias (serotonina, noradrenalina e dopamina) no cérebro. Pode afetar homens e mulheres em qualquer fase da vida, e sem um fator desencadeante grave é mais freqüente em adultos jovens e em indivíduos com antecedentes familiares de depressão, e com a tendência atual de envelhecimento populacional, passa a ser uma doença muito importante na terceira idade (GASPARINI e MAGALHÃES, 2007).

A pessoa deprimida sente-se incapaz, desinteressada pelas coisas e sua energia vital fica diminuída. Os sentimentos são tantos e tão confusos que às vezes tem-se a impressão de que se está “anestesiado”, sem sentimentos. Pode haver tristeza intensa, choro fácil, irritação com pequenos problemas, sensação de menos valia, vontade de abandonar tudo e todos. As atividades antes feitas naturalmente, como tomar banho, vestir-se, cuidar de suas coisas e cumprir seus compromissos, agora são feitas com um esforço enorme (MELLO, 2006).

O indivíduo perde o sentido de viver, ocorre à perda do apetite, os hobbies preferidos e os amigos tudo perde a graça. Há alterações no padrão de sono, a insônia é comum, mas muitos se queixam de sono e cansaço excessivo. Geralmente o deprimido prefere o isolamento, um lugar quieto que possa ficar só com suas tristezas (PEDROSA, 2007).

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Este desgosto e esta falta de motivação pela vida esta presente em pacientes amputados e muitas vezes eles acabam buscando métodos rígidos para acabar com este sofrimento tão intenso, não havendo mais solução para continuar a viver com tantas rotulações da sociedade suicidam-se. O significado do termo suicídio é de origem latim, na junção das palavras sui (si mesmo) e caederes (ação de matar). Esta conotação especifica da

morte intencional ou auto-infligida. Num aspecto geral, o suicídio é um ato voluntário por qual um indivíduo possui a intenção de provocar a própria morte. Pode ser realizado através de atos como tiro, envenenamento ou enforcamento e etc.

Entendemos neste trabalho por motivação como um ato de motivar, expor seus motivos e causas, aquilo que impulsiona a ter alguma coisa da vida, correr atrás dos objetivos e esses motivos e causas são sempre pessoais. O ser humano é movido por motivação, é ela que faz a existência ter algum prazer e ao decorrer da vida alguns fatores, ou seja, uma auto-estima baixa faz com que se sinta desmotivado (CARSTENSEN, 1995). A desmotivação é considerada um estado negativo que pode ser superado, desde que o indivíduo consiga lidar com suas próprias dificuldades.

Segundo Tessari (2007), a desmotivação aparece nas situações que englobam o dia a dia tais como: decepções, frustrações, estresses, a falta de ambição, acidentes traumáticos e isolamento pessoal. Isto tudo faz com que se tornem pessoas piores, ou seja, desmotivadas, ansiosas e agressivas.

Assim sendo, a primeira coisa a se fazer para sair dessa fase difícil é analisar adequadamente as prováveis causas da desmotivação para voltar a se motivar. A autoconfiança é necessária ao ser humano com ela, as pessoas conseguem assumir riscos com certa convicção, a fim de realizar coisas com liberdade e vontade de afirmar-se sem medo e agressividade. A sociedade de que se faz parte pode exigir certas pressões sociais que modificam a personalidade, o pensamento, o comportamento e até mesmo as atitudes de um indivíduo (KUBLER-ROSS, 1998).

O elemento essencial para se desenvolver a motivação, é o entusiasmo. Quando se esta entusiasmada, são capazes de dominar nossas infelicidades e dificuldades com muito mais clarezas, pois as soluções vão ser sempre possíveis (CARSTENSEN, 1995).

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Os amputados sentem uma dor fantasma, que é a tentativa de reintegração corporal. É normal freqüente sentirem coceiras nas mãos, formigamento, vontade de estralar os dedos das mãos, câimbras, o pé fica gelado, os calos doem, enfim a parte amputada permanece na mente da pessoa. O membro amputado sempre vai fazer parte do cérebro, fisicamente a pessoa está sem ele, mas o cérebro ainda registra aquela parte do corpo como se esta não o tivesse sido retirada. Sob o ponto de vista social, muitas vezes existe muita rejeição da própria família e dos amigos que acabam se afastando da pessoa amputada, fazendo que o indivíduo amputado perca duas vezes, ou seja, seu membro e a parte do laser que antes tinha, havendo uma mudança brusca em sua vida. Outra reação bastante presente nas famílias que possuem pessoas vítimas de amputação é a super proteção em relação ao auto-cuidado, essa atitude pode ser entendida pelos indivíduos amputados como sendo de maneira constrangedora colocando-os como seres incapazes de realizar suas próprias necessidades (PEDRINELLI, 2003).

As seqüelas que o trauma causa é forte deixando o paciente incapacitado de conseguir elaborar ou tolerar o acontecimento pelo menos no primeiro momento. O choque em si, faz com que ele saia do eixo e perca suas defesas comuns. O paciente se sente impotente, sem controle de si mesmo. Este efeito pode ser tanto passageiro quanto duradouro. O que vai determinar isso são os recursos e o processo de elaboração da pessoa que viveu uma experiência traumática (CAMON, CHEALLONE e SEBASTIANI, 2003).

Antes de iniciarmos demonstrando qual é a importância dos profissionais de enfermagem em relação aos cuidados prestados á pacientes amputados temos que conhecer como que essa profissão se deu origem.

A origem da formação dos profissionais de enfermagem no Brasil ocorreu em 1922 que era chamada de enfermagem moderna brasileira, neste ano foi criada a primeira escola oficial de Enfermagem Anna Nery, essa escola recebeu este nome em homenagem a primeira enfermeira brasileira. Anna Nery era casada com o capitão de fragata e em 1843 seu marido faleceu deixando-a com três filhos. Dois eram oficiais do Exército brasileiro, em dezembro de 1864 deu-se início a Guerra do Paraguai e seus filhos seguiram para o campo de batalha (RIZZOTO, 2000).

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guerra, Anna Nery recebeu várias homenagens entre elas condecorações com as medalhas de pratas de humanitária e de campanha (RIZZOTO, 2000).

No início de 1920, houve-se uma nova compreensão do processo saúde/doença, decorrente do avanço da biologia, fisiologia, anatomia e microbiologia. A medicina clínica percebeu que a quantidade de profissionais existentes nos hospitais era insuficiente, necessitando a formação de número maior do pessoal de enfermagem para compor a equipe de saúde hospitalar (HORTA, 2000)

A educação formal ministrada na Escola de Enfermagem Anna Nery era de maneira organizacional e individualista, ficando centralizada a doença e não o doente. Os médicos foram os primeiros docentes dessa escola, por isto que essa medicina era de caráter curativo, ou seja, não preparava o profissional na intenção de ver o paciente de maneira holística (HORTA, 2000).

A introdução e consolidação da ótica positivista na medicina, como método que segundo os seus adeptos possibilitava a produção “objetiva e neutra” do conhecimento, reforçou a posição dominante já exercida por essa especialidade no campo da saúde. Sem dúvida, o pensamento positivista promoveu um avanço significativo na pesquisa experimental em saúde, com a descoberta do processo de transmissibilidade das doenças, de tratamento e de cura. Diminuindo os estados mórbidos, legitimando a sua posição privilegiada em relação ás demais especialidades pertencentes a este campo (ALVES 2005).

A medicina tinha como exclusividade milenar arte de curar, se foi legitimando socialmente como a profissão que detinha o saber e o poder de cura. Essa profissão se firma com a verdadeira ciência da saúde e os médicos os seus legítimos representantes, as outras profissões que compõem a equipe de saúde, entre elas a enfermagem, se tornaria auxiliares no processo de tratamento e cura. A enfermagem profissional brasileira, desde o seu nascimento, esteve baseada nós princípios desse modelo curativa, esses primeiros profissionais de enfermagem eram responsáveis apenas em só medicar estes pacientes, não se preocupando com sua saúde mental, social e cultural (RIZZOTO, 2000)

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obter uma vida plena, não se restringindo apenas em atividades, que proporcionam meios de sobrevivência do paciente (ORLANDO, 1989).

Expressão de carinho e interesse é característica humana, assim como também a comunicação, através da comunicação verbal. O corpo se comunica através dos sentimentos do olhar, da expressão fácil. O paciente traz os sintomas da doença, suas dificuldades sociais e econômicas tudo para o interior hospitalar. O profissional de enfermagem deve analisar o paciente em seu todo, isto é, sua família, sua história, seu lugar perante a sociedade e quais são seus medos e sentimentos durante o momento de internação (ORLANDO, 1989)

O profissional da saúde, ao receber o paciente na clínica, deve fazê-lo de forma humanamente, com calor, identificando-se com sua dor, isto é, ter compaixão; oferecer-lhe segurança; olhar e permitir ser olhado, ouvir e permitir ser ouvido, sem julgamentos nem agressões. Compaixão, não é ter pena e nem dó. O sentido pleno da palavra compaixão é possuir a virtude de compartilhar o sofrimento do outro. Não significa aprovar suas razões, sejam elas boas ou más. Ter compaixão é não ter indiferença frente ao sofrimento do outro. Sabe-se que a pessoa apoiada tem maior possibilidade de cura e/ou melhor, qualidade de sobrevida. Tal mudança de cultura só será alcançada por uma busca honestíssima. Primeiro, de si mesmo e do entendimento de seus limites e depois do fortalecimento do sentimento fraternal (BRUNNER e SUDDARTH, 2005).

O profissional de enfermagem é parte imprescindível no tratamento de pessoas vitimadas pela amputação, são peças chave para a reinserção social deste paciente, porque são eles que estão mais próximos em relação ao ato de cuidar, esse relacionamento enfermeiro/paciente torna mais benéfico em sua recuperação. (OLIVEIRA, 2000).

O tratamento não implica em só curar a ferida corporal, mas sim compreender a realidade do paciente que implica seus medos, suas dores, suas ansiedades e a sua falta de informação em relação a sua condição. Muitas vezes o enfermeiro tem que ter o preparo não só assistencialista ao paciente, mas também sua família (ORLANDO, 1989).

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ser doente é a sua razão de ser; uma atitude humana é fundamental, ou seja, é indispensável ser-com-o-paciente.

De acordo com Pitta (2003), as relações de poder e disciplinas entre estes, apesar de transparentes, não são vistas ou examinadas de forma clara. Já está postulado que, ao doente, cabe confiar no médico e no poder da medicina e deve a ele comunicar suas experiências íntima, pessoais e corporais. Muitas vezes o simples fato de ouvir, para esses pacientes é mais importante do que o ato de tratar a doença em si, por que para cuidar, é necessário que exista afeto (ORLANDO, 1989).

Poder olhar o paciente com outros olhos não só com o objetivo do processo de cuidados terapêuticos, mas poder compreender como ele passa por esse período de trauma, ajudando a enfrentar sua nova realidade e os desafios perante uma sociedade que não tem se mobilizado para aceitar e conviver com as diferenças de forma respeitosa é importante e fundamental como parte dos cuidados prestados (TAVARES, 2003).

Há necessidades de que profissionais de saúde aprendam a compartilhar, entre si, suas experiências e sentimentos frente às situações de dor, perda e morte, e, também, os sentimentos que têm em relação ao paciente. Entrar em contato com o próprio sentimento ao cuidar possibilita identificação, contato com necessidades, desejos, sentimentos e sofrimento do paciente (CAPRARA & FRANCO, 1999).

Portanto, o acolhimento, o respeito, o cuidado prestado a este paciente ajuda na aceitação do seu próprio corpo e sua nova configuração, que se inicia ainda no interior do hospital. Onde que o distanciamento e a busca por neutralidade de um enfermeiro quanto aos aspectos que envolvem dor e sofrimento do paciente vítima de uma amputação nos diversos aspectos físico, emocional e social tendem a agravar a situação deste paciente (AMARAL, 2001).

Vamos investigar quais foram os processos afetivos que a pessoa amputada passou após a perda do membro, se durante esse processo surgiu algum transtorno mental e compreender quais foram os meios utilizados para aceitação e adaptação a está nova fase de vida.

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CAPITULO II

METODOLOGIA

A pesquisa é um estudo de caso, porque este nos permite levantar dados de origem diferentes e aprofundá-los para possibilitar um entendimento mais amplo das condições e do processo vivido pelo sujeito da pesquisa. A modalidade desta pesquisa é qualitativa porque possibilita descrever de uma maneira detalhada o comportamento direto do sujeito que sofreu uma amputação e ajudará a busca e exploração de diferentes perspectivas para o objeto escolhido (SEVERINO, 1999).

Local de estudo

A entrevista foi realizada no mês de Abril do ano de 2010, na residência do paciente na cidade de Tangará da Serra-MT município este distante da capital Cuiabá há 240 quilômetros, o qual foi emancipado em 13 de maio de 1976 e localiza-se a sudoeste do Estado de Mato Grosso com população estimada em 82 mil habitantes.

Instrumentos utilizados e coleta de dados

Os instrumentos utilizados foram a observação e a entrevista semi-estruturada. A observação tem um contato direto com o sujeito da pesquisa conhecendo sua realidade de fato, explorando os limites de uma percepção de senso comum, de uma percepção da aparência, buscando dar conta de perceber os elementos internos que extrapolam o limite e a aparência (BOTH, 2007). A entrevista consiste no desenvolvimento de precisão, focalização, fidedignidade e validade de certo ato social como a conversação (MARCONI & LAKATOS, 2008).

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A entrevista semi-estruturada visa garantir as informações necessárias para o atendimento, para a pesquisa e ao mesmo tempo oferecer espaço para a livre expressão do paciente (BOTH, 2007). As entrevistas contêm perguntas fechadas com informações referentes à idade, nome, sexo do indivíduo, ocupação, escolaridade e estado civil. Estas perguntas buscar se a entender a vivência do sujeito amputado. Nessa entrevista tem perguntas abertas em que o pesquisador estimula a expressão do sujeito.

Durante a entrevista foi observado o comportamento do sujeito diante das perguntas feitas e se existe alguma dificuldade física ao realizar sua atividade diária em seu serviço. No momento que se iniciou a entrevista sua voz estava trêmula, olhava bastante para o chão, as mãos estavam sempre entre laçadas como se ele estivesse escondendo o membro afetado. Estas observações foram escritas em forma de relatório e compõem os dados de coleta de informações.

Escolha do sujeito

O sujeito escolhido da pesquisa é um trabalhador com 30 anos de idade, sexo masculino, sofreu um acidente de trabalho numa fábrica de carro no Japão quando tinha 15 anos de idade, este acidente aconteceu na data de seu aniversário e que teve como conseqüência a amputação de seu membro superior, os dedos da mão esquerda (o médio e o anelar).

É nosso compromisso manter sua identidade em absoluto sigilo, fazendo cumprir o previsto em pesquisas com seres humanos da não exposição destes a nenhum tipo de constrangimento ou publicidade.

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Caracterização do sujeito

A pessoa escolhida morava no Brasil na cidade de Tangará da Serra-MT, antes de viajar para outro país estudava e tinha muitos amigos da época de escola, não possuía habilidade de praticar esporte e não trabalhava. Seu pai é japonês e sua mãe brasileira, no ano de 1995 seus pais estavam desempregados e foi quando seu tio que morava no Japão ligou dizendo que na fábrica onde ele trabalha estavam precisando de funcionários e que dava para seu pai levar toda a família. O mesmo não queria ir por que não sabia falar a língua nativa do país, mas mesmo assim, teve que ir porque era menor de idade e seus pais não tinham com quem deixá-lo.

Chegando ao Japão arrumou um serviço numa fábrica onde trabalhava 4 horas no período diurno, no setor que mexia com montagem de peças para carros, a qual sua função era de empresar as peças. Não tinha amigos por conta da dificuldade de comunicação, só colega de serviço, mas não passava do ambiente de trabalho. Está máquina de empresar parava de funcionar quando se coloca a mão por debaixo do sensor, no dia do acidente o sensor não funcionou foi quando a prensa empresou os dois dedos o médio e anelar da sua mão esquerda.

A fábrica que trabalhava fornecia todos os equipamentos de proteção individual – EPI e realizava treinamentos com os novos funcionários contratados. A empresa forneceu todo o acompanhamento necessário para com os cuidados da saúde da pessoa, os médicos realizaram três cirurgias, como ele era adolescente seus ossos estavam em fase de crescimento e toda vez que um osso apontava tinha que realizar uma nova cirurgia, no total foram cinco cirurgias e dez sessões de fisioterapia, o processo da amputação não fez com que a pessoa necessitasse utilizar próteses.

Enquanto esteve no hospital recebeu cuidados da equipe de enfermagem, entretanto, não teve compreensão de alguns enfermeiros em relação ao conforto e aconselhamento. Ao retornar para casa começou a passar por grandes desajustes emocionais, quando seus pais o encaminharam ao psicólogo, mas recusou o tratamento, porque para ele quem freqüentava sessões de psicologia eram pessoas loucas e ele não estava louco.

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foi recusado por não possuir o perfil adequado como os outros funcionários possuíam. Sua saúde mental piorou com tudo isso, passou por depressão e até uma tentativa de suicídio.

Seus pais vendo que ele estava piorando entraram em contato com sua psicóloga e foram aconselhados a levá-lo a uma instituição que ajudava e aconselhava pessoas nessas situações. Lá ele pode ver e ouvir depoimentos de pessoas mais prejudicadas, falando de seus desafios e a vontade de voltar a viver, ouvindo e vendo todos aqueles depoimentos sentiu a vontade de participar das reuniões e a praticar esportes.

Retornou ao Brasil em 2002 períodos em que começou a fazer vários cursos, hoje é um empresário e está bem sucedido em sua vida profissional e pessoal, tendo superado os momentos de dor e tristeza do período do acidente, a única seqüela que ficou após o acidente foi à perda da agilidade em escrever porque ele é canhoto, casado há sete anos e não possui filhos. Após o acidente começou a praticar esportes regularmente como vôlei, basquete e ping pong, já ganhou várias medalhas em muitos campeonatos regionais e tem como frase de vida: “Quando tudo diz que não, eu digo sim.”

Análise dos dados coletados

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CAPITULO III

ANÁLISE DOS DADOS

As categorias foram identificadas durante a análise dos dados de nossa pesquisa, através da entrevista semi-estruturada e da observação. Que são elas:

1- Preconceito

2- Sentimentos

3- Suicídio

4- Família

5- Equipe de enfermagem

6-Inserção no mundo do trabalho

Preconceito

O preconceito é uma postura ou idéia pré-concebida, uma atitude de alienação a tudo aquilo que foge dos “padrões” de uma sociedade. Muitas pessoas acham que uma pessoa sem o membro superior ou inferior é considerada como deficiente ou aleijado. Esse preconceito que podemos ter em relação à outrem faz que não enxergue a capacidade que o outro pode oferecer ou acrescentar a um determinado local (OLIVEIRA, 2000). O conceito de deficiência é usado para definir a ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica. Segue abaixo a fala que se refere a esta relação:

Após dois anos de cirurgia procurei um emprego, na hora da entrevista a moça olhou para minha mão e viu que eu não tinha dois dedos, ela falou na minha cara e disse: você não possui o perfil que a empresa procura. Eu perguntei como assim? Ela responde: A empresa não contrata pessoas com este tipo de problema. Na hora sai da sala e comecei a chorar me sentindo um aleijado sem mais esperanças.

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capitalista fica evidenciado neste excerto. A dor do entrevistado ao se deparar com o olhar desqualificador da funcionária da empresa e o escancaramento de que a configuração física se atrela diretamente à competência, além de desconsiderar-se toda a sua história como trabalhador gera um sofrimento e uma crise de identidade, pois se sente aleijado e sem

esperanças. Na constituição de identidade o outro tem participação ativa em como vê, pensa e

sente em relação a si mesmo e ao mundo. Sendo assim, a conduta, os valores, os comportamentos e as orientações dos enfermeiros em relação aos pacientes podem ser definidoras de uma dada situação, seja esta favorável à recuperação ou não.

O termo deficiência é utilizado para denominar pessoas com incapacidades, essa palavra quando mencionada traz uma carga negativa depreciativa à elas, fazendo que os portadores de impossibilidade física criem uma negação de sua própria situação atual e fazendo com que a sociedade não respeite às diferenças (OLIVEIRA, 2000).

Observando-se que muitas pessoas têm preconceitos em relação à pessoa que possuem limitações físicas, a sociedade pensa que quando não tem algum membro do corpo deve ficar parado e que a pessoa com incapacidade física não serve para trabalhar em mais nenhum lugar, ou seja, deve ficar sedentária recebendo sua indenização ou até mesmo sua aposentadoria. Deve-se parar de rotular as pessoas achando que elas não são capazes de conseguir um emprego e por mais que o indivíduo possua uma incapacidade física, ele não gosta de ser classificado como tal.

O pior preconceito é aquele que tem contra si mesmos, isso faz com que se sinta inferior às outras pessoas, fazendo com que pense que não são indivíduos capazes de se relacionar com as outras pessoas. Fala do sujeito:

Sempre pensava que as pessoas não se aproximavam de mim porque eu tinha defeito [...] eu não queria ser apelidado de coitado, inválido essas coisas [...] alguém via me ajudar eu o olhava com cara de insatisfeito e de bravo.

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aparece de forma clara e cruel, descartando-o como se ele fosse algo que não se presta para mais nada. Sua dor e sofrimento se deram pela vivência desta relação no âmbito da sociedade.

Sentimentos

A palavra sentimento é a capacidade de o indivíduo perceber das pessoas com quem convive alguma coisa estranha, que a martiriza que machuca e que muitas vezes as tornas vulneráveis a uma dor que não se sabe a origem. Os sentimentos têm diversos conceitos, características e maneiras de se manifestar. Algumas vezes indica algo bom e prazeroso e em outros aparecem como coisa ruim, esta mudança pode apresentar para excitar a pessoa tanto para o bem como para o mal (ALVES, 2005). O medo e a tristeza são exemplos de sentimentos que estão presentes nas pessoas que passam pelo processo de amputação.

O dicionário Aurélio conceitua a palavra medo como um sentimento de grande inquietação ante a noção de perigo real ou imaginário, de uma ameaça. Enfrentamento o processo de amputação, essa é uma categoria que fez revelações interessantes, visto que muitos que vivenciam a amputação sentem esse sentimento, o que pode ser visto na seguinte fala:

Quando eu acidentei, meu maior medo era de nunca conseguir outro serviço, de tornar depende de meus pais pra sempre, depois que recebi um não esse medo multiplicou.

O entrevistado expressa sua fragilidade e seu temor em relação à dependência de seus pais e de não conseguir outro emprego que se confirma e se realiza com as recusas. Aqui tem explicita uma situação em que o sujeito fragilizado fica mais vulnerável às atribuições e classificações do meio em que está inserido o que aumenta o risco de viver uma confusão psicológica. Por isso, é fundamental que o enfermeiro, como um profissional que atua com pessoas em situações de fragilidade esteja ciente e sensível para acolhê-las de forma a contribuir na superação destas dificuldades que podem ser por um determinado período, sendo bem trabalhadas

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o tratamento da ciência médica, não havendo droga ou terapia conhecida que possa tirar esse sentimento da pessoa (FRANÇA, 2006).

Outro sentimento bastante evidente é a tristeza, que é um sentimento de ausência da satisfação pessoal quando o indivíduo se depara com sua fragilidade, essa fragilidade torna o individuo a não aceitar sua nova condição, tornando-o desmotivado. Geralmente os indivíduos que sofrem de tristeza têm como característica básica de personalidade, impor a sua solidão pessoal para todas as pessoas que encontrarem no decorrer de suas vidas; como uma vingança contra seu sentimento.

Não saía de casa por vergonha dos olhares das pessoas e também porque não queria responder certas perguntas que me faziam.

Se alguém me pergunta-se como perdi meus dedos eu os respondia sem com agressividade, dizendo não te interessa.

Eu não comia e não queria falar com ninguém, principalmente com meus pais, porque eu não queria sair do Brasil e ir trabalhar no Japão foi quando coloquei a culpa do acidente neles.

Percebemos na fala do sujeito que após o processo de amputação as relações afetivas se comprometeram que fez o individuo a sentir tristeza e medo do que as pessoas achariam dele, como forma de sua própria defesa as perguntas pertinentes ao acidente eram sempre respondidas com agressão. Outro sentimento bastante evidente na fala foi o da culpa, que é o sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a daquilo que achamos que deveríamos ter sido.

Após ter passado o susto da amputação o indivíduo começa buscar os responsáveis pela tragédia e naquele momento atribui aos seus pais, pelo simples fatos de telo obrigado a se mudar de país.

Suicídio

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responsável é ele mesmo. Com isso começam a surgir pensamentos suicidas, ou seja, a morte intencional, que a pessoa tem o desejo de escapar da situação de sofrimento intenso, tendo como sua única alternativa tirar sua própria vida. Segue abaixo sua fala:

Perdi o interesse pela vida, cheguei até em sonhar várias vezes com minha própria morte, e quando eu acordava me sentia bem. Certa vezes tomei vários remédio para dormir, quando acordei estava no hospital.

De acordo com a fala do sujeito observa-se que após o acidente seu maior prazer era de morrer e não o simples fato de conseguir estar bem. Aquela condição não o estava deixando o satisfeito e maneira que ele utilizou para buscar este bem estar foi através da ingestão de doses altas de comprimidos para alcançar a morte e ao mesmo tempo sua satisfação.

Considera-se tentativa de suicídio qualquer ato não fatal de automutilação ou de auto-envenenamento. O suicídio é a conseqüência de uma perturbação psíquica. A tensão nervosa que envolve e culmina nos conflitos psíquicos de gravidade acentuada, transtorna a tal ponto que a morte torna-se único refúgio e a inevitável solução dos problemas. Inconscientemente, o suicida deposita a culpa de sua morte nos outros indivíduos que compõem seu ambiente social. Neste caso o suicídio funciona como um ''castigo'' é uma forma de revidar uma agressão do ambiente que o envolve (BOCK, 2005).

A sociedade em que vive diariamente ouvi-se notícias de pessoas que cometem ou que tentaram cometer suicídio. Esta dura realidade não esta distante dos pacientes que passam pelo processo de amputação, como entender que minutos atrás você estava com seu corpo perfeito e agora algo está incompleto, ou seja, sem uma parte de seu corpo.

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Família

A família é a base de toda a nossa formação e do nosso caráter, basta lembrar que se chega a uma família bebê e lá se aprende os valores humanos, pode se concluir a importância da atuação da família em na vida. A família é uma instituição bastante importante na vida de seus membros, pois dela decorre toda a formação moral, espiritual e intelectual.

Para Pedrinelli (2003), a família tem como função primordial a de proteção, tendo, sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas. Carstensen (1995) reforça ainda que, a família ajuda a manter a saúde física e mental do indivíduo, por constituir o maior recurso natural para lidar com situações causadoras de stress associadas à vida na comunidade.

Sobre esta categoria a pessoa faz uma revelação muito importante, dizendo que esta instituição foi que o ajudou a ver o mundo de uma maneira mais aberta tendo possibilidades de alcançar seus objetivos, o que pode ser visto nas falas:

Eu considero como fator que me ajudou a ver a vida de outra forma, minha família. Demorou muito para que isso acontecesse, foram muitas brigas com meu pai, principalmente minha mãe.

Eles me levaram num lugar que não lembro o nome, que só tinha pessoas amputadas e lá eu vi pessoas com mais necessidades físicas do que eu. Foi a partir daí que comecei a não mais ver a falta dos meus dedos como o fim de tudo.

Quando o paciente aceita sua nova condição física ou sua doença tudo se torna mais fácil o tratamento e até mesmo a forma da equipe de saúde cuidar de desse sujeito. A família é parte essencial no acolhimento e apoio psicológico. Depois dessa fase de revolta e vergonha de seu corpo, a pessoa passa a sentir mais confortável para falar sobre sua nova condição. Segue abaixo a fala:

Hoje eu trabalho [...] com mãos como forma de ganhar meu dinheiro, antes eu tinha vergonha delas hoje eu tenho orgulho na capacidade que elas têm.

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Antes o sujeito não tinha o maior interesse de fazer nada e principalmente de sair de casa, agora começa a buscar fazer coisas que antes eles não fazia para assim cada dia se superar. Observa-se a transcrição:

Nunca fui bom em esportes, então comecei a praticar vôlei, basquete e ping-pong, isso me ajudou muito, a ter mais firmeza nos dedos.

Percebe-se que após o sujeito deixar de se preocupar com o olhar dos outros suas perspectivas em relação à vida aumentaram, querendo provar para si que ele é capaz de transformar tudo o que estiver em sua volta.

Praticar esporte é uma forma que os portadores de incapacidade física dispõem para redescobrir a vida de uma forma ampla e global. Além de prevenir as enfermidades secundárias à incapacidade ainda promove a integração social, levando o indivíduo a descobrir que é possível, apesar das limitações físicas a terem uma vida normal e saudável (PEDRINELLI, 2003).

Equipe de enfermagem

Uma equipe multidisciplinar é necessária para ajudar o paciente a aceitar sua nova condição física pra depois conseguir aceitar a ajuda das outras pessoas. Essa equipe vai fazer com que o sujeito aceite essa nova condição e a voltar fazer suas necessidades físicas.

Esta equipe multidisciplinar é composta por um grupo de especialistas, que pode interagir para o trabalho de reabilitação ou educação de pessoas com incapacidade física. Esta equipe é composta por profissionais psicólogos, terapêutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiros e de médicos (fisioterapeuta, neurologista, ortopedista, psiquiatra e etc.). Estes profissionais procuram uma interseção de conhecimentos de suas especialidades para uma ação terapêutica, clínica e educativa unificada (TAVARES, 2003).

Segundo Brunner e Suddarth (2005) O profissional de enfermagem é responsável pela promoção, prevenção e na recuperação da saúde dos indivíduos. Segue-se abaixo a fala do sujeito de como foi o tratamento da equipe de enfermagem no ambiente hospitalar.

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pelo simples fato de ela ter parado pra me perguntar como eu estava, isso já me fazia me sentir melhor.

Durante seu período hospitalar, também são apontados alguns descuidos de certos profissionais em respeito ao processo de cuidar de pacientes, ou seja, não informando certos tipos de procedimentos que a equipe iria oferecer como benéfico do mesmo, isso fica evidenciado na seguinte fala:

Lembro que teve um dia que após minha cirurgia eu perguntei porque minha cabeça estava doendo, a enfermeira olhou e disse: Quando seu médico chegar você pergunta.

O cuidar em enfermagem necessita resgatar a essência do significado do cuidado, devendo esse, ser desenvolvido de forma multidimensional, singular, solidário e integral. A enfermagem precisa prestar seus cuidados de maneira humanizada com o objetivo de considerar o ser o humano a partir de uma visão global, buscando superar a fragmentação da assistência.

Como bem nos pontua Schilder (1980), “o que quer que ocorra no corpo tem significado e importância psicológica e específica”, ao mesmo passo que a forma de sentir e de se emocionar do sujeito vão afetar esse corpo. Logo, precisamos cuidar do sujeito que se encontra hospitalizado e não simplesmente do seu sintoma. A hospitalização implica perdas e impactos para o indivíduo, que se encontra afastado da família, dos amigos, das suas atividades cotidianas, além de se encontrar desprovido de autonomia em um ambiente ameaçador e estressante. Toda essa rotina interfere no estado clínico e deve ser considerada durante o tratamento.

Inserção no mundo do trabalho

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Além disto, após este período, pode não estar apto a retornar com normalidade às atividades anteriores ao acidente, pois as simples presenças de seqüelas podem persistir mesmo com o tratamento, podem estar limitados em exercer tais atividades:

No momento que eu acordei e vi que estava sem meus dois dedos logo pensei agora eu sou um deficiente físico, e ninguém vai querer dar uma oportunidade sequer pra mim.

Realizei três cirurgias para conseguir estar como estou hoje, lógico que as sessões de fisioterapia me ajudaram muito. Minha única dificuldade é assinar meu nome, porque sou canhoto agora o resto faço com tranqüilidade.

As vítimas de amputação tem que se superar a cada dia, isto é o que as motiva a viver porque o que elas menos querem é serem chamadas de coitadas, observa-se na fala:

Foram vários não, mas esses não eu prometi que eles não conseguiram me abater de novo, insisti muito e consegui um emprego numa indústria de pré-moldado, onde trabalhei por três anos, minha maior conquista foi quando que no Japão houve uma crise e eles estavam dispensando muitas pessoas eu pensei que eu seria um deles por conta do meu problema, mas não, eu permaneci na empresa por ainda um ano.

O fato de não conseguir o primeiro emprego após o acidente o fez mais confiante em si mesmo tendo a sensibilidade em mostrar para o mundo a superação de si mesmo.

Voltei a enxergar a vida com outros olhos, vendo as coisas que eram impossíveis pra mim agora é possível.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observamos pela análise da entrevista do sujeito do presente estudo, que o trauma sofrido pelo trabalhador desencadeou vários transtornos e que o sofrimento de inferioridade fez com que a própria pessoa se auto-desvalorize, tendo como conseqüência as relações desqualificadoras da própria sociedade em que vive. Ficando num mundo onde a presença da pessoa que se importa com ele se torna um sofrimento de raiva e incômodo negando a nova forma de seu corpo.

Esta pesquisa possibilitou conhecer quais são os desafios que uma pessoa de membro superior amputado encontra para conseguir inserir-se na sociedade em que a falta de uma parte do corpo faz com que ela se sinta, menos importante do que as outras pessoas que possui um corpo completo.

Nas análises percebemos que o preconceito existe contra os amputados e que este preconceito faz com que só enxergue a parte estética da pessoa não dando a oportunidade para ela mostrar sua capacidade de superação e que quando a pessoa amputada percebe esse preconceito nos olhares da sociedade ou até mesmo nas atitudes das pessoas consideradas normais, sua maior defesa é tendo preconceito contra si mesma fazendo que se afaste do convívio social se isolando.

Os sentimentos que começam a ser desenvolvido após a rejeição desta sociedade é de medo e tristeza de não conseguir ser aceito por causa de sua limitação física e por causa disto a única forma encontrada para acabar com esta rejeição é suicidar-se único lugar de alívio. Quando esse suicídio não é realizado de forma eficaz a família é um dos meios de ajuda ao amputado a ter esta proteção dando apoio emocional e indo a busca da ajuda de uma equipe multidisciplinar para que também possa dar auxílio.

A equipe de enfermagem são profissionais importantes na ajuda dessa inserção na sociedade porque o enfermeiro é que passa mais tempo com respeito ao cuidado deste paciente, lá na área internação seu apoio e orientação são fundamentais para obter um vínculo entre enfermeiro/paciente ajudando assim em sua recuperação.

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com que sua auto-confiança aumenta-se para também voltar ao mercado de trabalho onde que na segunda tentativa ele foi aceito.

Após todo esse processo de transtorno e de adaptação o indivíduo amputado tem que assumir a nova condição de vida, voltar a realizar suas atividades, superando cada desafio que a vida impõe muitas vezes a pratica de esportes é o mais importante para se viver sua vida com plenitude.

A equipe de enfermagem tem que estar preparada, a fim de ajudar esses pacientes a aceitar sua nova condição, excitarem o sentimento de motivação e explicar que a dedicação deles próprio é indispensável para a sua reabilitação (ORLANDO, 1989).

Para Boconili (2000), torna-se fundamental a integração da equipe multidisciplinar no tratamento de amputados para identificar em tempo, qualquer sinal que possa comprometer o resultado do processo de reabilitação. O profissional de saúde tem que transmitir apoio e incentivo, para que a reabilitação do paciente amputado e sua inserção na família e comunidade tenham sucesso. Sempre procurando valorizar aspectos motivacionais oriundos da cultura, dos hábitos, dos costumes e dos conhecimentos do seu cotidiano, quando há essa interação entre profissional-paciente o processo de reabilitação se torna muito mais satisfatório.

Um dos desafios para os serviços de saúde é a adoção de medidas para a satisfação dos clientes. Para a enfermagem, o desafio é investir em seus recursos humanos, utilizando-se da Educação Continuada como ferramenta para promover o desenvolvimento das pessoas e assegurar a qualidade do atendimento ao cliente (BORK, 2004).

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