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As emoções na comunicação professor-aluno: um caminho para o resgate do prazer no ensino superior

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Doutorado

As

na

Um caminho para o

resgate do p

no

e

emoções

comunicação

Professor - Aluno:

razer

nsino superior.

Leoni Berger

Florianópolis-SC, julho de 2002.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Doutorado

As

na

Um caminho para o

resgate do p

no

e

emoções

comunicação

Professor - Aluno:

razer

nsino superior.

Autora: Leoni Berger

Orientador: Francisco Antônio Pereira Fialho, Dr.

Área de Concentração: Ergonomia

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As na Um caminho para o resgate do p no e emoções comunicação Professor - Aluno: razer nsino superior.

Esta Tese foi julgada adequada para a obtenção do Título de Doutor em Engenharia de Produção e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 05 de julho de 2002.

_____________________________________ Prof. Ricardo Miranda Barcia, Ph. D.

Coordenador do Curso

________________________________________ Prof. Francisco Antônio Pereira Fialho, Dr.

Orientador

BANCA EXAMINADORA

_________________________________ ___________________________ Profª Ana Elizabeth Moiseichyk, Drª. Profª Araci Catapan, Drª.

______________________________ ___________________________ Profª Arceloni N. Volpato, Drª. Profª Elaine Ferreira, Drª.

__________________________________ __________________________ Profª Christianne C.S.R. Coelho, Drª. Prof. Glaycon Michels, Dr.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, presença constante em minha vida!

Aos meus mestres e mentores espirituais que me iluminam, me acompanham, me orientam, me protegem e me mantêm alinhada ao meu propósito de vida, cumprindo uma missão muito especial.

À Cristina, meu modelo especial de equilíbrio, sabedoria, responsabilidade, competência e amor.

Ao Guilherme, anjo de luz, de pureza, de alegria, que muitas vezes recarregou minhas baterias quase esgotadas.

Ao Carlos Alberto pela paciência, compreensão e amor. À Iraci pela presença, dedicação e apoio constante. À Fátima e ao Júnior pelo amor incondicional.

Ao Fialho pelo apoio, dedicação e confiança.

À Gisela, Cláudia, Maria Helena e Simone pela oportunidade de aprendizado, pela compreensão nas horas do “sufoco”, pelo material compartilhado, pelo companheirismo.

À Marina pela amizade e por tudo que aprendi com ela.

À Lair pela confiança, pelo apoio constante e, principalmente pelo exemplo de alegria, compreensão e paixão pela docência.

À Suzane, Diego e Diogo que me atendiam com alegria sempre que solicitava dados e informações para compor este estudo.

Em especial aos queridos alunos e colegas professores que possibilitaram este estudo, que prontamente contribuíram, com suas “falas” maravilhosas, que deixaram vir à tona suas emoções, que demonstraram sua paixão pelo que fazem e partilharam da concretização de mais um sonho.

Aos membros da banca de qualificação que me orientaram e me motivaram para concretização deste trabalho.

À “Meggy”, companheira inseparável de todos os minutos, horas, dias e meses, durante noites inteiras.

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v

DEDICATÓRIA

À minha mãe que por mim sonhou, Mas que partiu antes que o sonho se concretizasse. Ao meu pai, modelo de humildade e sabedoria. À Cristina e Guilherme, frutos do meu sonho. Ao Carlos Alberto, companheiro da vida sonhada e vivida.

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vi

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS...iv

DEDICATÓRIA... v

LISTA DE FIGURAS...x

LISTA DE QUADROS ... xii

LISTA DE APÊNDICES...xiii

RESUMO ...xiv

ABSTRACT ...xv

1 INTRODUÇÃO ...1

1.1 Justificativa e relevância do estudo...1

1.2 Tema e Problema da Pesquisa...3

1.3 Objetivos...7

1.4 Limitações ...8

1.5 Estruturação do trabalho...9

2 COMUNICAÇÃO HUMANA ...11

2.1 Definições...14

2.2 Correntes teóricas, paradigmas e tendências ...19

2.3 Cognição e Comunicação ...29

2.4 Barreiras à Comunicação ...33

2.5 Neurofisiologia da Comunicação ...38

2.6 A Linguagem na Ação Comunicativa...42

2.7 Linguagem e Pensamento ...44

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vii

2.9 Da estruturação ao significado...49

2.10 Da Palavra à Ação Comunicativa ...53

2.11 Linguagem Sensorial ...56

2.12 Comunicação Não-Verbal ...64

2.13 Sintonia em Comunicação...70

3 EMOÇÕES...75

3.1 Conceitos e Origens...75

3.2 Classificação das Emoções ...77

3.3 Neurofisiologia das Emoções...89

3.4 Prazer...98

3.4.1 O Prazer através da história ... 102

3.4.2 Neurofisiologia do Prazer ... 108

3.5 Emoção, Estado Mental e Comunicação ... 110

4 APRENDIZAGEM... 116

4.1 Conceitos ... 116

4.2 Teorias ... 118

4.3 Outras contribuições ... 127

4.4 Processo Ensino-Aprendizagem ... 131

5 Da Coleta De Dados a Novas Descobertas ... 133

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viii

5.1.1 Características do Conhecimento ... 135

5.1.2 Tipos de Conhecimento... 138

5.1.3 Conversão do Conhecimento... 143

5.2 Motivação... 147

5.2.1 Teorias motivacionais: uma visão geral... 147

5.2.2 Motivação e Emoções... 156

5.3 Estratégias de Ensino ... 158

6 ASPECTOS METODOLÓGICOS... 167

6.1 A instituição Pesquisada ... 167

6.2 Postura e Perspectiva de Estudo... 168

6.3 Especificação da metodologia ... 172

6.4 Delineamento da pesquisa... 175

6.5 Caracterização da População... 176

6.6 Os Instrumentos ... 178

6.7 Procedimentos de Campo ... 181

7 APRESENTACÃO, DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 185

7.1 Referenciais para Análise e Interpretação dos Dados ... 185

7.2 Comunicação Professor-Aluno... 187

7.2.1 Linguagem Sensorial: Tipos ... 188

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ix

7.2.2.1 Indicadores de Qualidade na Comunicação

Professor-Aluno... 193

7.2.3 Barreiras na Comunicação Professor-Aluno... 216

7.3 Emoções... 231

7.3.1 Tipos de Emoção ... 232

7.3.2 Qualidade das Emoções ... 236

7.3.3 Prazer... 240

7.3.3.1 Fatores físicos indicadores de “Prazer”... 241

7.3.3.2 Fatores cognitivos indicadores de “Prazer”... 242

7.3.3.3 Fatores emocionais indicadores de “Prazer”... 245

7.4 Categorias Identificadas na Coleta de Dados ... 247

7.4.1 Motivação... 248

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 253

8.1 Articulando a Comunicação Professor-Aluno à prática pedagógica nos ambientes de aprendizagem ... 253

8.2 Respondendo à “Questão de Pesquisa” e aos “Objetivos Propostos”... 260

8.3 Dos Resultados da Pesquisa à Ação Comunicativa Professor-Aluno: Um novo caminho ... 262

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 271

(10)

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Correntes teóricas...17

Figura 2.2 Modelo do Processo de Comunicação...18

Figura 2.3 Real e Realidade ...20

Figura 2.4 Mapa de algumas funções corticais ...32

Figura 3.1 Famílias de emoções de acordo com Goleman ...75

Figura 3.2 Emoções autênticas e disfarces ...76

Figura 3.3 Relação entre o Tálamo Sensorial e o Córtex Sensorial..81

Figura 3.4 Teoria Cannon-Bard para o Cérebro Emocional...82

Figura 3.5 Teoria do Circuito de Papez ...83

Figura 3.6 Teoria do Sistema Límbico...85

Figura 3.7 Família de Emoções/Prazer...90

Figura 4.1 Teorias da Aprendizagem ...115

Figura 6.1 Categorias da Pesquisa...161

Figura 7.1 Linguagem Sensorial ...179

Figura 7.2 Linguagem do Professor (Percepção Alunos) ...203

Figura 7.3 Linguagem do Professor (Auto-avaliação) ...204

Figura 7.4 Professor/Integração (Percepção Alunos)...205

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xi

Figura 7.6 Prioridades na Aprendizagem...207

Figura 7.7 Tipos de Emoção (Positivas)...225

Figura 7.8 Tipos de Emoção (Negativas)...226

Figura 7.9 Emoções Positivas...229

Figura 7.10 Emoções Negativas ...230

Figura 7.11Prazer/Ambientes de Aprendizagem...231

Figura 7.12 Conhecimento Atualizado (Percepção Alunos)...235

Figura 7.13 Conhecimento Atualizado (Auto-avaliação)...236

Figura 7.14 Professor Incentiva Participação (Percepção Alunos) .241 Figura 7.15 Professor Incentiva Participação (Auto-avaliação) ...242

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xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 8.1 Indicadores de Qualidade na Comunicação Professor-Aluno ...202

Quadro 8.2 .Indicadores de Barreiras na Comunicação Professor-Aluno ...221

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xiii

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A: Questionário (Alunos) ...296

Apêndice B: Questionário (Professores) ...305

Apêndice C: Formulário para entrevista semi-estruturada (Alunos) ...314

Apêndice D: Formulário para entrevista semi-estruturada (Professores) ...315

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RESUMO

BERGER, Leoni. As Emoções na Comunicação Professor-Aluno: Um Caminho Para o Resgate do Prazer no Ensino Superior. Florianópolis, 2002. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, 2002.

A comunicação humana é um processo complexo. Transmitir uma mensagem para outra pessoa e levá-la a agir coerentemente com esta mensagem, parece algo muito simples, mas é um processo que pode ser influenciado em vários momentos e por diversos motivos, visto que nele intervêm habilidades e competências técnicas, sistemas de comunicação, atitudes e emoções dos interlocutores envolvidos. O presente estudo envolve a comunicação professor-aluno num ambiente de aprendizagem do Ensino Superior. Os sujeitos pesquisados são vistos, ouvidos e sentidos através de um olhar holístico ecológico. São considerados como seres humanos dotados de emoção, interagindo num espaço onde deve ocorrer o aprendizado, ou seja, a apreensão do conhecimento. Constitui uma pesquisa exploratória-descritiva com bases fenomenológicas objetivando apresentar indicadores para possibilitar que a comunicação professor-aluno ocorra com “qualidade” proporcionando relações de “prazer” e produzindo conhecimento/aprendizado. É um estudo que poderá subsidiar os professores no sentido de, num exercício de “ação-reflexão-ação”, repensar as suas habilidades e competências comunicativas.

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xv

ABSTRACT

BERGER, Leoni. The Emotions in the Communication Professor/Student: A Way for the Rescue of Pleasure in Teaching. Florianópolis, 2002. Thesis (Doctorate in Production Engineering) - Program of Masters degree in Production Engineering, UFSC, 2002.

The human communication is a complex process. Transmitting a message to another person and making them to act coherently with this message seems to be something very simple, however it is a process that can be influenced in several moments and by different reasons, since it abilities and technical competences, communication systems, attitudes and emotions of the involved interlocutors intervenes in it. The present study involves the professor-student communication in a learning environment at university. The researched subjects are seen, heard and felt through an ecological holistic view. They are considered as human beings endowed with emotion, interacting in a space where learning must occur, that means, the knowledge apprehension. It constitutes a exploratory-descriptive research with phenomenological bases with the objective of presenting indicators that facilitate the professor-student communication occurs with "quality" providing pleasant relations and producing knowledge/learning. It is a study that may enable professors in the sense of, an “action-reflection-action" practice, to rethink their abilities and communicative competences.

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1 INTRODUÇÃO

O presente capítulo apresenta a justificativa e relevância do estudo, o tema e o problema de pesquisa, os objetivos, as limitações encontradas e um resumo dos demais capítulos.

1.1 Justificativa e relevância do estudo

A comunicação expressa a necessidade que o ser humano tem de manter contato com o meio e com seus semelhantes. É parte orgânica da própria vida e consiste não apenas na emissão e recepção de mensagens deliberadas, pois os sujeitos envolvidos no processo, enquanto se comunicam, recebem e processam sensações internas e externas.

Há diferentes termos e diferentes formas de leitura a respeito do processo de comunicação, configurando-se, desta forma, num tema complexo. Na área da pesquisa é um assunto relativamente novo, que começou a receber atenção dos pesquisadores e cientistas do comportamento, por volta de 1950, com o advento das abordagens humanísticas.

No espaço onde interagem professor e aluno a competência comunicativa torna-se necessidade básica. A postura reflexiva do professor, o domínio de técnicas de comunicação, o desenvolvimento de habilidades e competências comunicativas favorecem o entendimento e a compreensão das mensagens.

O processo ensino-aprendizagem é um processo pessoal e interativo, um intercâmbio entre professores e alunos, visando à aprendizagem.

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2

Ensinar e aprender envolvem comportamentos intimamente relacionados, em que as ações de um provocam ou desencadeiam as do outro. Professor e aluno afetam-se mutuamente. Cada elemento vem para a sala de aula com uma bagagem própria: sua história pessoal, valores, crenças, interesses, objetivos, necessidades e dificuldades.

O professor costuma ser o desencadeador desse processo interpessoal, o mediador entre o sujeito que deseja conhecer e o objeto do conhecimento. Estes sujeitos interagem em níveis de relações humanas o que pressupõe comunicação, diálogo. Na medida em que o diálogo é aberto, claro, objetivo, congruente, quando os sujeitos envolvidos no processo falam a mesma linguagem, a distância entre eles reduz, o relacionamento e a interação são facilitados, trazendo como conseqüência a melhoria da aprendizagem e, portanto, mobilizando emoções de alegria e prazer.

A construção do conhecimento é um processo interativo, social, no qual são transmitidos e assimilados conhecimentos, idéias são trocadas, opiniões são expressas, experiências são compartilhadas, visões de mundo são manifestadas; no qual o silêncio também transmite. A sala de aula é um espaço de interação, diálogo, onde a maturidade emocional, a comunicação, o prazer de ali “estar” podem possibilitar uma relação sem defesas, barreiras ou inseguranças.

Poucos são os autores ou pesquisas que aprofundam o tema “comunicação”. Encontram-se pesquisas de comunicação empresarial, comunicação de massa, vários assuntos relacionados à educação, ensino, interação professor-aluno, porém, muito pouco relacionado, especificamente, à comunicação professor-aluno, partindo-se do estudo das emoções e suas influências. Necessário se faz importar

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conceitos e bibliografia de ciências como a Psicologia, a Administração e outras afins, para fundamentar estudos desta natureza.

O desenvolvimento das novas tecnologias, a exigência de “qualidade” nos serviços prestados são fatores que também levam à reflexão sobre a necessidade de repensar a qualidade do ensino oferecido nas universidades. O professor universitário precisa estar preparado para essas novas exigências. A comunicação eficaz pode ser um meio que conduzirá a essa qualidade.

Neste sentido, o presente estudo, visando uma melhor compreensão do processo de comunicação professor-aluno, como contribuição para melhoria do processo ensino-aprendizagem, pretende não só apresentar resultados teórico-empíricos, mas também levantar indagações, dúvidas, anseios e reflexões que mobilizem os colegas professores para que, num processo contínuo de “reflexão-ação-reflexão”, repensem a sua comunicação, a sua forma de ser e estar na relação professor-aluno.

Resumidamente, justifica-se a importância teórica deste estudo, considerando-se a complexidade do assunto, a falta de mais pesquisas e bibliografia específicas na área. Como importância prática ressalta-se a exigência de qualidade no ensino superior que deve buscar melhoria no processo ensino-aprendizagem, podendo resultar deste trabalho, material de apoio ao professor, bem como, provocar reflexões do “fazer-ser-estar” na sala de aula.

1.2 Tema e Problema da Pesquisa

As sociedades humanas organizam-se entre si graças à comunicação, ou seja, ao conjunto de atuações através das quais os

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indivíduos travam contato e transmitem informações. Os atos da comunicação são múltiplos. Diz-se que as células trocam informações entre si e até os computadores processam informação mediante “comunicações” interiores.

Por sua natureza multidisciplinar, a comunicação se envolve com diversas formas de interação social, principalmente aquelas que se fundamentam nos conceitos de influência, poder, consentimento, cooperação, participação, liderança, empatia, relações solidárias, enfim, todo arcabouço conceitual que sustenta os fundamentos da Teoria da Comunicação. A comunicação exerce um extraordinário poder para o equilíbrio, o desenvolvimento e o resultado nas relações e interações humanas. Aprender a relacionar-se e a comunicar-se é fundamento existencial importante para o homem alcançar ajustamento e rendimento efetivo em suas ações.

A interação professor-aluno, necessária para um resultado de qualidade, se constitui em atos comunicativos, ações de comunicação intrapessoal, interpessoal e grupal. O estudo da comunicação professor-aluno, com a finalidade de preservar uma linguagem homogênea e integrada, para obtenção de eficácia no processo ensino-aprendizagem, é essencial.

O processo ensino-aprendizagem envolve sujeitos que se comunicam, interagem. Por um lado, o professor com seus valores, conhecimentos, emoções; por outro, o aluno, um ser também dotado de emoções, necessidades, valores e conhecimentos diferentes do primeiro. Ambos precisam se comunicar, interagir, desenvolver um relacionamento eficiente, eficaz, preferencialmente prazeroso para que o processo ensino-aprendizagem tenha bons resultados.

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Para Morin (1999), o conhecimento não pode ser reduzido unicamente ao racional, significa compreender todas as dimensões da realidade, captar e expressar toda essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral. Os meios de comunicação desenvolvem sofisticadas formas de comunicação sensorial, multidimensional, integrando linguagens, ritmos e caminhos diferentes de acesso ao conhecimento. No espaço da sala de aula, é imprescindível que estes fatores sejam considerados.

Para relacionar-se, para criar ambientes favoráveis à aprendizagem, professor e aluno precisam estar sintonizados, precisam ter prazer no estar e no fazer juntos. A forma como se comunicam, como interagem, pode ser um caminho para o resgate do prazer e para a obtenção de bons resultados no processo ensino-aprendizagem.

Os professores universitários têm uma tarefa desafiadora para a qual precisam estar preparados. Ser um profissional competente fora da universidade é diferente de ser um professor competente, mesmo ministrando uma disciplina dentro da sua área de especialização. Apenas o conhecimento do assunto a ser ensinado não é suficiente, ou seja, não confere a competência para sua transmissão. Neste sentido, a comunicação do professor torna-se relevante.

O próprio contexto do ensino superior leva a uma visão distorcida de que, para o exercício do magistério, basta o domínio adequado daquele campo do saber, objeto da comunicação docente. O melhor professor é aquele que domina determinada área do conhecimento.

Megginson, Mosley e Pietri (1986), no entanto, afirmam que uma das barreiras da comunicação reside na “especialização”, ou seja, no vocabulário técnico usado pelos especialistas, o que pode conduzir a

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uma linguagem de ‘pomposidade’ aparentemente sem significado. Assim sendo, um professor especialista, profundo conhecedor dos assuntos concernentes à sua disciplina pode, ao emitir suas mensagens e informações com a utilização da chamada “linguagem de especialização”, estar dificultando a decodificação por parte do aluno que ainda não conhece o assunto.

É comum a queixa dos universitários ao alegarem que alguns professores são qualificados, sabem muito sobre o assunto, mas não conseguem se expressar de forma clara e objetiva. Conhecendo a linguagem sensorial do aluno, torna-se mais fácil para o professor encontrar formas adequadas para codificar suas informações, de acordo com a linguagem dos receptores, facilitando a decodificação e a compreensão de suas mensagens, evitando distorções nas informações passadas.

É indispensável, portanto, que o facilitador de um processo de aprendizagem desenvolva, além de seu conhecimento teórico, cognitivo, a competência comunicativa que, segundo Habermas (1987), consiste no domínio não reflexivo (pré-teórico) de certas pressuposições que acompanham o entendimento lingüístico e implicam na necessidade de demonstração do potencial gerador de entendimento da linguagem.

O processo de comunicação professor-aluno, as emoções envolvidas nessa interação precisam ser valorizadas, pois permeiam todo o processo ensino-aprendizagem e são de primordial importância para que este alcance bons resultados. Neste sentido, considerando a importância da comunicação professor-aluno e a necessidade de aprofundar a análise acerca deste processo, chegou-se ao seguinte problema de pesquisa:

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“Quais os indicadores para que a comunicação professor-aluno ocorra com ‘qualidade’ proporcionando relações de prazer e produzindo conhecimento/aprendizagem, no Curso de Pedagogia Empresarial do Centro de Educação Superior IV, da Universidade do Vale do Itajaí-UNIVALI?”

1.3 Objetivos

O objetivo geral do presente estudo consiste em “analisar as implicações das emoções e do prazer na comunicação professor-aluno levantando indicadores para uma relação mais prazerosa”. Para garantir o alcance do referido objetivo conforme proposto, atendendo a metodologia selecionada e visando especificar clara e objetivamente cada fase do estudo foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

Identificar a linguagem sensorial usada pelos professores e alunos.

Identificar os fatores que favorecem a comunicação professor-aluno.

Levantar as barreiras existentes na comunicação professor-aluno.

Verificar a influência das emoções na comunicação professor-aluno.

Identificar as emoções facilitadoras na comunicação professor-aluno.

Identificar as emoções que constituem “barreiras” na comunicação professor-aluno.

Levantar indicadores de prazer no ambiente de aprendizagem pesquisado partindo da comunicação professor-aluno.

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1.4 Limitações

Considerando-se a natureza do estudo, alguns fatores limitantes podem ser mencionados como, por exemplo, o fato de a pesquisadora estar inserida no contexto do curso pesquisado, o envolvimento afetivo com os respondentes, podem ter constituído viés na interpretação dos dados.

O olhar da pesquisadora, muitas vezes ofuscado pela paixão à docência, traduzida em momentos de euforia, sonho e entusiasmo exagerado, podem ter desviado o foco da objetividade dificultando a análise, interpretação e descrição dos dados.

As próprias barreiras à comunicação interpessoal citadas na fundamentação deste estudo, presentes no ato da realização das entrevistas, da transcrição, análise e interpretação dos dados constituem limitações. De um lado, o sujeito pesquisado falando, passando suas informações de acordo com seu “mapa mental” único, específico, formatado de acordo com suas crenças, valores, experiências, conhecimentos e emoções peculiares. De outro, o pesquisador ouvindo, captando essas informações, codificando-as, decodificando-as, compreendendo-as, transcrevendo-as, analisando-as, interpretando-analisando-as, com seu mapa mental, com certeza, diferente do pesquisado.

O fato do estudo ter sido realizado num curso de Pedagogia onde se encontram professores e alunos com perfil diferenciado, em função, aqueles da sua formação e estes do conhecimento e habilidades que estão desenvolvendo, pode impossibilitar a generalização para outros cursos mais técnicos, por exemplo, Ciências Contábeis, Ciências da

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Computação, Engenharia de Computação e Engenharia Industrial Mecânica.

A falta de tempo e disponibilidade da pesquisadora para aplicar o estudo em outros cursos impossibilitou, também, a comparação e a generalização.

1.5 Estruturação do trabalho

O presente estudo está estruturado em oito capítulos principais.

O Capítulo 1 traz a Introdução do trabalho, apresentando a justificativa e a relevância do estudo, o tema e o problema de pesquisa, os objetivos (geral e específicos), os pressupostos básicos e as limitações encontradas.

O Capítulo 2 trata da Comunicação Humana, com enfoque em definições, correntes teóricas, paradigmas e tendências, barreiras à comunicação, neurofisiologia da comunicação, o papel da linguagem na ação comunicativa, signos, representações e significados, a linguagem sensorial e a sintonia em comunicação.

O Capítulo 3, com o tema Emoções, apresenta considerações sobre sua origem, conceitos, neurofisiologia, mostra o “prazer” como emoção motivadora e traça paralelos entre emoção, estado mental e comunicação.

O Capítulo 4 versa sobre Aprendizagem, com uma breve revisão de conceitos e teorias, porquanto não é objetivo deste estudo aprofundá-las e sim compreendê-aprofundá-las, para poder, a partir daí estudar as possíveis

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contribuições da comunicação professor-aluno no processo ensino-aprendizagem.

O capítulo 5 traz um breve resumo de temas que emergiram como categorias para o estudo durante a coleta de dados, tais como, Conhecimento, Motivação e Estratégias de Ensino.

O Capítulo 6 trata dos Aspectos Metodológicos, contextualizando a instituição pesquisada, apresentando a postura e perspectiva de estudo, a especificação da metodologia, os pressupostos e perguntas de pesquisa, seu delineamento, caracteriza a população, define os instrumentos e procedimentos de campo.

O Capítulo 7 é destinado à apresentação, análise e interpretação dos dados coletados.

O Capítulo 8 contém as Considerações Finais, recomendações e sugestões para futuros trabalhos.

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2 COMUNICAÇÃO HUMANA

“Quando encontramos alguém e nos conectamos com a sua luz interior, permitimos que a mais fluida comunicação aconteça. Seja com palavras, com gestos, com um sorriso ou através do silêncio, a comunicação que surge da alma irradia interação e sincronicidade em nossa vida”. (Ken Carey)

Ao iniciar este capítulo com as palavras do professor Ubiratan D’Ambrósio no sentido que “a comunicação estabelece um pacto, um contrato entre as partes. O estabelecimento desse pacto é um dos fenômenos mais importantes do comportamento humano, que permite definir estratégias, para uma ação comum”, pretende-se mostrar o direcionamento do tema comunicação numa visão sistêmica.

O homem, ser histórico vive e atua na sociedade, procura, através dos meios lingüísticos mediados pelos atos de fala, entender, ser entendido, expressar-se e, portanto, relacionar-se com seus semelhantes. Toda ação social implica em lingüística. Para Habermas (1970), a linguagem é geradora de entendimento e fonte de integração social. O emprego da linguagem para fins de entendimento origina-se de um saber intuitivo relevado como competência comunicativa.

Corroborando com esta afirmação, Saussure apud Carvalho (1998), considera que “a linguagem tem um lado individual e um lado social, sendo impossível conceber um sem o outro”. Ainda em Saussure (1995) lê-se que “a língua é uma convenção implícita entre os membros da sociedade que a usam”.

Penteado (1993) assegura que o nível de progresso nas sociedades humanas pode ser atribuído à capacidade de comunicação entre o povo, pois o próprio conceito de nação se prende à intensidade,

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variedade e riqueza das comunicações humanas. A sociedade moderna pode ser concebida como resultante do aperfeiçoamento progressivo dos processos de comunicação entre os homens, do grunhido à palavra, da expressão à significação. A comunicação humana nasceu, provavelmente, de uma necessidade que se fez sentir desde os mais primitivos estágios da civilização.

Não seria demasiado afirmar que ocorre um ato de fala comunicativo quando um falante, ao comunicar-se com um ouvinte sobre algo, dá expressão àquilo que ele tem na mente.Nesse espaço que envolve um transmissor e um receptor de mensagens podem ocorrer algumas interferências. Cada pessoa decodifica as mensagens recebidas de forma especial, diferenciada, influenciada, muitas vezes, por suas crenças, valores, cultura, conhecimento e estado emocional.

Poucas palavras bem escolhidas e ditas no momento certo podem transformar a vida de uma pessoa. A comunicação é um relacionamento e não uma transferência unilateral de informação. Ninguém pode ser professor sem alunos, ou vendedor sem clientes, ou terapeuta sem pacientes. Agir com sinceridade e sabedoria significa levar em consideração as relações e interações entre os seres humanos.

Grossi (2000) considera que a linguagem está intrinsecamente vinculada com a ação, numa dinâmica de sucessão e precedência, sem possibilidade de se efetivarem isoladamente. Palavras podem iniciar ou terminar relacionamentos, construir ou destruir relações diplomáticas, provocar ou apaziguar brigas e guerras, colocar as pessoas em estados positivos ou negativos; são âncoras para uma série complexa de experiências. Evocam imagens, sons e sentimentos no ouvinte ou leitor, como o sabem os poetas e publicitários.

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13

A linguagem é um instrumento de comunicação e, portanto, as palavras significam aquilo que as pessoas convencionam que elas signifiquem conforme se constata na citação a seguir.

“Mas a glória não significa um argumento arrasador”, contestou Alice. “Quando uso uma palavra”, disse Humpty Dumpty num tom de desprezo,“ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique nem mais nem menos.

“A questão”, ponderou Alice, “é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes”.

“A questão”, replicou Humpty Dumpty, “é saber quem é que manda - é só isso”.

(Através do espelho e o que Alice encontrou lá: Lewis Carrol apud FIALHO, 1994)

Complementando, encontra-se em Saussure apud Culler (1979) que a linguagem é um sistema de signos. O signo representa a união de uma forma que significa (significante) e de uma idéia significada (significado). Segundo o autor não existem conceitos universais fixos ou significantes universais fixos e, portanto, não existe nenhum elo natural entre significante e significado. Considera Saussure (1995) que “se as palavras estivessem encarregadas de representar conceitos dados de antemão, cada uma delas teria, de uma língua para outra, correspondentes exatos para o sentido”, o que não ocorre.

Acredita-se que as pessoas falam a mesma língua e que as experiências sensoriais são suficientemente semelhantes para que os mapas comunicacionais tenham características comuns. Sem essas características, as conversas não teriam sentido e os humanos seriam como Humpty Dumpty da história de Alice. Mas na verdade, não se compartilha o mesmo mapa. Cada pessoa vivencia o mundo de uma maneira muito específica, razão por que o expressa, também, de uma forma muito específica.

A linguagem, a fala, é uma inesgotável riqueza de múltiplos valores. A linguagem é inseparável do homem e segue-o em todos os seus atos. A

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linguagem é o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciada, a base última e mais profunda da sociedade humana. (HJELMSLEV, 1975, p. 8).

Ao se ouvir uma língua estrangeira, que não se compreende, comprova-se que a palavra não possui sentido inerente. O sentido às palavras é atribuído por meio de associações ancoradas a objetos e experiências vivenciadas. Nem todas as pessoas vêem os mesmos objetos ou têm as mesmas experiências. Para compreender outra pessoa é necessário que se dê significado às palavras que ela usa. Uma mesma palavra pode ter diferentes significados para diferentes pessoas.

Na maior parte das vezes, atribui-se às palavras, significados suficientemente parecidos, para que haja uma compreensão adequada. Há momentos em que é muito importante seja a comunicação precisa como no contexto de relacionamentos interpessoais ou de acordos de negócios.

A linguagem é um filtro poderoso da experiência individual. Ela faz parte da cultura de um povo. Canaliza o pensamento em direções específicas, tornando-se mais fácil pensar de algumas maneiras e mais difícil pensar de outras.

2.1 Definições

Palavras são símbolos para a experiência sensorial, mas a experiência não é a realidade e o mundo não é a experiência. A linguagem está, portanto, muito distante da realidade. Para se discutir o significado de uma palavra deve-se ter presente a interferência da cultura nesse significado. Linguagem é comunicação. Personalidade é comunicação. Cada palavra, cada gesto, é ação comunicativa, assim

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como é comunicação cada página do livro, cada folha de jornal, cada som de receptor de rádio, cada imagem de televisão.

Essas afirmações reportam à questão: O que é comunicação? É possível definir especificamente o termo comunicação? Na verdade, existem muitas acepções válidas, o que permite concluir que não se deve estabelecer uma verdade derradeira sobre o que é comunicação.

O termo comunicação vem do latim “communicatio”, do qual distinguem-se três elementos: uma raiz, “munis”, que significa “estar encarregado de”, que acrescida do prefixo “co”, que expressa simultaneidade, reunião, dá a idéia de uma “atividade realizada conjuntamente”, completada pela terminação “tio” que reforça a idéia de atividade. O termo aparece, pela primeira vez, com este significado no vocabulário religioso.

Neste sentido, a palavra está ligada a uma prática realizada no mosteiro onde recebeu o nome de comunicatio que é o ato de “tomar a refeição da noite em comum” cuja peculiaridade não recai no ato de comer, mas no ato de fazê-lo “juntamente com os outros”. A idéia da prática fica por conta de romper o isolamento. Além do sentido original, implicam-se outros sentidos importantes: o termo comunicação não designa todo e qualquer tipo de relação, mas aquela onde haja elementos que se destacam de um fundo de isolamento; a intenção de romper o isolamento; a idéia de uma realização em comum.

É importante esclarecer outros sentidos do termo. Participação na tradição filosófica platônica expressa a relação dos seres sensíveis com as idéias: as folhas das árvores e as esmeraldas são verdes. Todavia, comunicar não é “ter algo em comum”, no sentido de ter alguma

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característica ou propriedade semelhante, o termo não se refere à essência ou ao atributo das coisas. A constatação de que duas coisas têm as mesmas propriedades não caracteriza uma relação comunicativa. O fato da folha e da esmeralda serem verdes não significa que elas se comunicam.

Comunicar não é ter algo em comum apenas por ser membro da mesma comunidade. Não se trata de comungar alguma prática, fazer alguma coisa juntamente com outras pessoas, uma espécie de “ação ou ato coletivo”. Comunicação, portanto, é um tipo de relação intencional exercida sobre outrem.

O significado de comunicação também pode ser explicado pela decomposição do termo em “comum+ação”, donde provém o significado “ação em comum”. Convém ter em conta que o “algo em comum” refere-se a um mesmo objeto de consciência e não a coisas materiais. A “ação” realizada não é sobre a matéria, mas sobre outrem. Portanto, o termo “comunicação” refere-se ao processo de compartilhar um mesmo objeto de consciência, ele exprime a relação entre consciências.

Os dicionários confirmam esta diversidade de significados, já que a eles cabe a missão de recolher e inventariar os sentidos em uso por determinada comunidade lingüística. Dentre os diversos significados apresentados foram destacados os seguintes:

Fato de comunicar, estabelecer uma relação com alguém, com alguma coisa ou entre coisas.

Transmissão de signos através de um código (natural ou convencional).

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Capacidade ou processo de troca de pensamentos, idéias ou informações, através da fala, gestos, imagens, seja de forma direta ou através de meios técnicos.

A ação de utilizar meios tecnológicos (comunicação telefônica).

A mensagem, informação (a coisa que se comunica: anúncio, novidade, informação, aviso).

Comunicação de espaços (passagem de um lugar a outro), circulação, transporte de coisas: “vias de comunicação, artérias, estradas, vias fluviais”.

Disciplina, saber, ciência ou grupo de ciências.

Muitos autores passaram a definir comunicação de acordo com estudos e pesquisas em diferentes áreas do conhecimento. Megginson, Mosley e Pietri (1986) define comunicação como “o processo de transferir significado sob a forma de idéias ou informações de uma pessoa para outra”. Um verdadeiro intercâmbio de significados entre as pessoas, abrange mais do que a palavra usada em suas conversações, inclui sombras de significado e ênfase, expressões faciais, inflexões vocais e todos os gestos não intencionais e involuntários que sugerem o verdadeiro significado. Um intercâmbio efetivo solicita mais do que apenas a transmissão de dados. Exige que as pessoas que enviam as mensagens e aquelas que as recebem possuam certas habilidades (falar, escrever, ler, escutar) para que o intercâmbio de significado tenha sucesso.

Para Stoner e Freeman (1995), a definição operacional de comunicação deve considerar que a comunicação envolve pessoas, e compreender a comunicação implica entender como se relacionam, como interagem. Envolve, também, significados compartilhados,

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sugerindo que, para se comunicar, as pessoas devem concordar quanto à definição dos termos que estão usando. A comunicação é simbólica, gestos, sons, letras, números e palavras devem, apenas, representar ou sugerir as idéias que elas pretendem comunicar.

Para Penteado (1993), “a comunicação humana compreende uma variedade de formas, através das quais as pessoas transmitem e recebem idéias, impressões e imagens de toda ordem. Alguns desses símbolos, embora compreensíveis, jamais conseguem ser expressos por palavras”. Para o autor, “comunicação é o intercâmbio compreensivo de significações através de símbolos”. O processo de comunicação humana se assemelha ao processo do comportamento. A determinado estímulo corresponde uma resposta. A comunicação é uma resposta a um estímulo interno ou externo. O estímulo leva a uma associação que conduz a uma idéia ou imagem representadas por um símbolo.

Penteado (1993) acrescenta que para o receptor, o processo começa quando este tem sua atenção despertada por alguns sons que lhe chegam ao ouvido. Inicialmente, a comunicação depende da atenção. A atenção do receptor é uma resposta despertada por um estímulo: os sons, articulados ou emitidos pelo emissor. O aparelho auditivo do receptor capta a emissão do aparelho fonador transmissor. Atingindo este aparelho, os sons impressionam os condutos que levam ao cérebro, onde, por um novo processo de estímulo-resposta, os sons adquirem significados, transformando-se em palavras. Estabelece-se a compreensão, ou seja, a comunhão do significado e, desta forma, o receptor reage apresentando a sua resposta.

Ao pôr-se “em comum” o significado do emissor para o receptor, através de símbolos (palavras), completa-se o circuito da Comunicação Humana, e assim chega-se à compreensão. A compreensão, através

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da comunhão do “significado” não implica necessariamente, um acordo. Pode-se compreender uma idéia sem concordar com ela.

2.2 Correntes teóricas, paradigmas e tendências

Na América Latina, as primeiras investigações sobre comunicação surgem marcadas por uma forte influência americana, tanto do ponto de vista do modelo teórico como da formulação das temáticas a serem investigadas. Os Estados Unidos abrigaram diferentes tradições de estudos da comunicação. No início do século, Park, Burgess e Cooley, membros da escola de Chicago, realizaram estudos com um enfoque microssociológico de processos comunicativos. Charles Peirce inaugurou a Semiótica, campo de estudo preocupado com os processos de formação de significados a partir de uma perspectiva pragmática. Blumer por sua vez, inaugurou o termo interacionismo simbólico com pressupostos teóricos próprios. Nos anos 40, autores da Escola de Palo Alto, procedentes de áreas distintas como a Antropologia, a Lingüística, a Matemática, a Sociologia e a Psiquiatria, emergem com uma outra tradição de estudos em comunicação com Bateson, Goffman e Watzlawick, entre outros, os quais propõem uma compreensão da comunicação como processo social permanente que deve ser estudado a partir de um modelo circular.

Tais correntes constituíram campos de pesquisa restritos às áreas em que tiveram origem e com pouca influência no restante do mundo até a década de 60. Entre os anos 20 e 60, as pesquisas foram marcadas pela hegemonia de um campo de estudos denominado Mass

Comunication Research. Tradição essa composta por abordagens e

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passando pela psicologia e sociologia com pressupostos teóricos e resultados distintos e em muitos casos quase inconciliáveis.

A obra de Lasswell, Propaganda Techniques in the World War, publicada em 1927, costuma ser identificada como o marco inicial da

Mass Comunication Research. O campo de estudo da comunicação

abriga uma variedade de correntes que podem ser distribuídas em quatro grandes grupos.

A teoria matemática da comunicação constitui um deles. É também conhecida como a teoria da informação. Elaborada por dois engenheiros matemáticos, Shannon e Weaver, em 1949, traz uma sistematização do processo comunicativo a partir de uma perspectiva puramente técnica, com ênfase nos aspectos quantitativos. O sistema é assim representado:

“Fonte de informação=>Transmissor=>Canal=>Receptor=>Destino”

A comunicação é apresentada como um sistema no qual uma fonte de informação seleciona uma mensagem desejada a partir de um conjunto de mensagens possíveis, codifica esta mensagem transformando-a num sinal possível de ser enviado por um canal ao receptor, que fará o trabalho do emissor ao inverso. Ou seja, a comunicação é entendida como um processo de transmissão de uma mensagem por uma fonte de informação, através de um canal, a um destinatário.

Alguns conceitos correlatos são trabalhados por esta teoria. A noção de informação (ligada à incerteza, à probabilidade, ao grau de liberdade na escolha das mensagens), de entropia (a imprevisibilidade, a desorganização de uma mensagem, a tendência de os elementos fugirem da ordem), o código (que orienta a escolha, atua no processo

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de produção da mensagem), o ruído (interferência que atua sobre o canal e atrapalha a transmissão) e a redundância (repetição utilizada para garantir o perfeito entendimento). Esses elementos e conceitos do processo são encaixados em teoremas que utilizam matrizes e logaritmos num estudo puramente matemático e quantitativo. O objeto de estudo é, assim, a transmissão de mensagens através de canais mecânicos, e o objetivo é medir a quantidade de informação passível de se transmitir por um canal evitando-se as distorções possíveis de ocorrer neste processo.

Neste caso, a comunicação não é vista como processo e sim como sistema, com elementos que podem ser relacionados e montados num modelo. A proposta é de um modelo linear, em que os elementos são encadeados e não podem se dispor de outra forma. Há um enrijecimento da apreensão do fenômeno comunicativo com sua cristalização numa forma fixa. Esta teoria não se preocupa com a inserção social da comunicação.

Outro grupo é constituído pela Corrente Funcionalista, originada a partir dos estudos de Lasswell, que deu origem à teoria sociológica da comunicação. Tem sua motivação de pesquisa nas funções exercidas pela comunicação de massa na sociedade. Esta corrente aborda hipóteses sobre as relações entre os indivíduos, a sociedade e os meios de comunicação. A partir de uma linha sócio-política, tem como centro de preocupações o equilíbrio da sociedade, na perspectiva do funcionamento do sistema social no seu conjunto e seus componentes. Não é a dinâmica interna dos processos comunicativos que define o campo de interesse de uma teoria de comunicação, mas sim a dinâmica do sistema social.

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A teoria sociológica de referência para esses estudos é o estrutural-funcionalismo. O sistema social na sua globalidade é entendido como um organismo cujas diferentes partes desempenham funções de integração e de manutenção do sistema. A natureza organísmica da abordagem funcionalista toma como estrutura o organismo do ser vivo, composto de partes, e no qual cada parte cumpre o seu papel e gera o todo, torna esse todo funcional ou não. Entre alguns modelos de funções destaca-se neste estudo o de Lasswell (1978), que apresenta as seguintes funções: de vigilância (informativa, função de alarme), de correlação das partes da sociedade (integração) e de transmissão da herança cultural (educativa).

Uma das principais contribuições desta teoria foi a tentativa de formalização do processo comunicativo, a partir da “questão-programa” de Lasswell, elaborada nos anos 30 e proposta em 1948. Trata-se de um modelo que problematiza e soluciona a questão apontando que “uma maneira conveniente para descrever um ato de comunicação consiste em responder às perguntas”:

“Quem? Diz o quê? Em que canal? Para quem? Com que efeito?”

Esse modelo teve uma grande influência nas pesquisas americanas, servindo de paradigma para as distintas tendências de pesquisa e permanecendo durante muitos anos como uma verdadeira teoria da comunicação”.

A questão programa formalizou a estrutura de fenômeno comunicativo, tornando-a rígida, e, a partir da decomposição dos elementos, abriu caminho para que os estudos científicos do processo comunicativo pudessem concentrar-se em uma ou outra dessas interrogações. Qualquer uma dessas variáveis define e organiza um

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setor específico de pesquisa, entre os quais se destacaram as análises de conteúdo e, principalmente, os estudos sobre os efeitos da comunicação.

A fórmula Lasswell possui relação com a Teoria da informação,exploratory já que ambas se caracterizam pela unidirecionalidade, pela pré-definição de papéis, pelo congelamento e simplificação do processo. A teoria da informação preocupa-se com a eficácia do canal: cálculo da quantidade de informação, entropia, ruído. A questão-programa de Lasswell coloca como centro do problema os efeitos provocados pelas mensagens (ou pelos meios de comunicação), e a ênfase sobre a técnica é menor.

Uma outra corrente volta-se para os estudos dos efeitos da comunicação. Dela faz parte um setor de pesquisa formado na década de 20, composto por diversos estudos pontuais e que guardam certas características comuns. As pesquisas que se desenvolveram nessa época e nas décadas seguintes têm em comum um mesmo modelo teórico, denominado por vários autores “Teoria Hipodérmica” (Wolf, 1995, Mattelart, 1999), numa referência ao termo “agulha hipodérmica” criado por Lasswell para explicar a natureza da ação dos meios de comunicação junto aos indivíduos. De Fleur e Ball-Rokeach, apud Hohlfeldt (2001) apontam outras denominações, tais como “Teoria da Bala Mágica” ou “Teoria da Correia de Transmissão”.

Esta teoria abarca estudos ancorados nas teorias de sociedade de massa (Le Bon e Ortega Y Gasset), que viam a sociedade industrial do século XX como uma multidão onde os indivíduos estão isolados física e psicologicamente (não existem relações interpessoais, ou elas não são importantes no processo), e nas teorias behavioristas (Watson) que entendiam a ação humana como uma resposta a um estímulo externo.

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Da articulação dessas duas visões nasce um modelo comunicativo iniciado nos meios de comunicação, o qual atinge os indivíduos provocando determinados efeitos. Os meios eram vistos como onipotentes, causa única e suficiente dos efeitos verificados. Os indivíduos como seres diferenciados e totalmente passivos, expostos aos estímulos vindo dos meios. O máximo que os primeiros estudos distinguiram, em termos de diferenciações entre o público, foi dividi-lo de acordo com grandes categorias como idade, sexo e classe social-econômica. Os efeitos eram entendidos como sendo diretos, isto é, se davam sem a interferência de outros fatores. Daí a concepção que os meios agiam sobre as sociedades à maneira de uma “agulha hipodérmica”.

Um dos primeiros campos de estudo que promoveu essa superação foram as investigações empírico-experimentais conhecidas como “abordagem de persuasão”. Ao se debruçarem sobre os fenômenos psicológicos individuais que constituem a relação comunicativa, os estudiosos desta corrente perceberam que, entre a ação dos meios e os efeitos, atuava uma série de processos psicológicos, tais como o interesse em obter determinada informação, a preferência por determinado tipo de meio, a predisposição a determinados assuntos, as diferentes capacidades de memorização.

Embora o modelo teórico seja muito semelhante ao da teoria hipodérmica, a mesma concepção de causa e efeito, a mesma negligência em relação às relações interpessoais, aqui já se tem o desenho de um quadro analítico um pouco mais complexo, na medida em que se percebe que os efeitos não são diretos, a resposta ao estímulo se defronta com fatores psicológicos, quebrando a idéia de linearidade do processo.

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Nesta mesma corrente, um segundo campo de estudo procurou estabelecer fatores para garantir uma organização ótima das mensagens, de forma a atender às finalidades persuasivas. Percebeu-se que determinados fatores da organização das mensagens, como a credibilidade do comunicador, a ordem da argumentação, a integralidade das argumentações e a explicitação de conclusões, interferem na eficácia do processo e, assim, na natureza dos efeitos obtidos.

A corrente de estudos denominada Teoria dos Efeitos Limitados, trata de um ramo de estudos que abriga abordagens distintas, tanto psicológicas como sociológicas. No primeiro ramo, o principal representante é Kurt Lewin, interessado nas relações dos indivíduos dentro de grupos e seus processos de decisão, nos efeitos das pressões, normas e atribuições do grupo, no comportamento e atitudes de seus membros.

Leon Festinger desenvolveu, em 1957, a Teoria da Dissonância Cognitiva, um conjunto de pressupostos acerca da natureza do comportamento humano e suas motivações em relação ao mundo que é experienciado por cada indivíduo.

A escola de Frankfurt com seu coletivo de pensadores e cientistas também trouxe suas contribuições para a pesquisa em comunicação. Dentre eles destaca-se, por contribuir com o presente estudo, Habermas (1987) que, com sua teoria da ação comunicativa, se propõe a “investigar a ‘razão’ inscrita na própria prática comunicativa cotidiana e reconstruir a partir da base de validez da fala um conceito não reduzido de razão”. Para o autor, a ação comunicativa é uma forma de interação social em que os planos de ação dos diversos atores ficam coordenados pelo intercâmbio de atos comunicativos, fazendo, para

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isso, uma utilização da linguagem (ou das correspondentes manifestações extraverbais) orientada ao entendimento. À medida que a comunicação serve ao entendimento, pode adotar para as interações o papel de um mecanismo de coordenação da ação, e com isso tornar possível a ação comunicativa.

A escola estrutural francesa, a seu turno, por sua vez também contribui com estudos sobre comunicação. Lévy (1993), visualizou na rede uma forma de explicar o processo de comunicação “todos-todos”. Nesta teoria, a comunicação sai do estigma de manipulação para a utopia da mediação, privilegia a interatividade, a participação no imaginário do outro.

Para ele, num processo de comunicação, o emissor e o receptor estão mortos. Aparece a figura do emissor-receptor. Para Baudrillard é o interlocutor que não existe mais, pois não há troca, toda tentativa de contato resulta em decifração. Sfezs (1988) percebe um emissor-receptor-interlocutor lobotomizado. Virilo (1995) detecta um excesso de proximidade que simula interlocução, mas só cria ruído. Morin (1999) estabelece níveis diferentes de emissão, recepção e interlocução.

Mafesoli (1995) trata do “estar junto”, está mais interessado no meio de transmissão das mensagens do que no conteúdo.

Barros (1998), ao considerar o processo de recepção da mensagem, afirma que “no deslocamento do eixo de significação do processo de comunicação, pode-se pensar na adoção de um novo paradigma que busque estudar fenômenos da significação na interação mensagem/recepção”. Surge, então, a proposta de uma semiologia de contexto, na qual se busca um estudo da estética da recepção. Recepção entendida neste contexto, não como algo passivo, mas

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como uma verdadeira ação de fruição. Para alguns autores, este paradigma é interacionista e não comunicacional.

Analisando as correntes teóricas, paradigmas e tendências apresentadas pode-se chegar a algumas conclusões acerca dos elementos constitutivos do processo de comunicação.

Figura 2.1: Correntes teóricas

Fonte: Adaptado de vários Autores ( 2001)

Em decorrência dessas teorias, novos estudos e pesquisas em diferentes áreas do conhecimento foram acontecendo. Kotter (1977), ao estudar e desenvolver pesquisas em comunicação organizacional, baseado na teoria matemática ou teoria da informação, definiu comunicação como um processo que apresenta um emissor

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transmitindo uma mensagem, através de um meio, para um receptor que reage.

Este modelo indica que existem três elementos essenciais na comunicação, na falta de um deles não ocorre comunicação. Uma mensagem pode ser enviada, mas se não for ouvida ou recebida por alguém, não ocorrerá comunicação. Deve-se considerar, ainda, que nem sempre a informação enviada pelo transmissor é compreendida de forma consistente pelo receptor. Isto acontece porque toda informação é interpretada pela subjetividade do receptor, que a modifica segundo parâmetros pessoais e intrínsecos.

Segundo Kotter (1977), há mais de 40 anos, o modo de representar o fenômeno da comunicação tem sido dominado pelo esquema clássico da comunicação, conforme o seguinte diagrama:

Figura 2.2: Modelo do Processo de Comunicação Fonte: Adaptado de Stoner (1995)

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A figura apresenta um modelo operacional do processo de comunicação. Segundo a teoria matemática da comunicação, descrita anteriormente, o emissor, ou a fonte da mensagem, inicia a comunicação partindo de um propósito, um motivo, um desejo, uma necessidade. A codificação acontece quando o emissor traduz numa série de símbolos a informação a ser transmitida. O canal é o meio de comunicação entre um emissor e um receptor. O receptor é o sujeito cujos sentidos captam a mensagem do emissor. Codificação é a interpretação e tradução de uma mensagem em informação significativa. Ruído é qualquer coisa que confunda, perturbe, diminua ou interfira na comunicação. Feedback (interpessoal) é o reverso do processo de comunicação, que ocorre quando o receptor expressa sua reação à mensagem do emissor.

A figura mostra, ainda, que a comunicação pode ocorrer em um sentido ou em dois sentidos. Comunicação em um sentido é qualquer comunicação do emissor sem feedback do receptor. A comunicação em dois sentidos ocorre quando o receptor dá feedback ao emissor.

2.3 Cognição e Comunicação

Para os cognitivistas, a percepção é um processo analógico. Cada indivíduo possui um hardware, córtex visual, que lhe é próprio e um conjunto de informações, banco de conhecimentos, que se deriva da sua “gnose”, experiência do mundo. A história cognitiva única de cada individualidade faz com que os conhecimentos adquiridos sejam representados e, posteriormente, comunicados em função dos esquemas existentes e/ou construídos ao longo dessa história.

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Segundo Fialho (1992), Engels defende que, primeiramente, fabrica-se, tirando-se do objeto o conceito; depois, inverte-se tudo, medindo-se o objeto pela sua cópia, o conceito. Em outras palavras, idealiza-se o mundo a partir dos fenômenos e depois se mede o quanto o real está afastado do ideal. Hegel considerava que, quando se pergunta "O que

é o conhecimento?", já na palavra "é" estaria contida uma concepção

do ser e que esta, portanto, continua a ser a questão central da Filosofia. Heidegger expressa a mesma opinião.

Quem comunica, comunica alguma coisa a alguém. Esta “coisa” que é comunicada é uma “fábrica”, um “conhecimento” ou uma “emoção”, uma cópia toda particular dos objetos do mundo e sua representação em termos emocionais ou cognitivos, dentro do ser.

Para Rich (1984) apud Fialho (1992), ao comunicar se lida, sempre, com três tipos muito diferentes de entidades: Fatos em si, entidades platônicas que correspondem a eventos energéticos ocorridos no Universo Real; fatos, verdades em algum mundo relevante que se constituem nas coisas que queremos representar e as Representações desses fatos em algum formalismo escolhido que se constituem no que, realmente, se consegue manipular.

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Figura 2.3: Real e Realidade Fonte: Adaptado de Fialho (1998)]

Pode-se pensar em estruturar essas entidades em três níveis: O nível do real, o mundo fora da caverna platônica; o nível de conhecimento, no qual os fatos, inclusive o comportamento e os objetivos atuais de cada entidade comunicante são descritos e o nível do símbolo, no qual as representações dos objetos no nível do conhecimento são definidas em termos de símbolos que podem ser manipulados.

A noção de um modelo partilhado está inerente na palavra “comunicar”, que é derivada do latim comunicare, tornar comum. Este modelo partilhado é o conjunto de símbolos comuns a duas ou mais entidades comunicantes.

Os sentidos filtram e distorcem o “real” criando realidades individuais que se relacionam interna e externamente, formando um sistema. Sistemas podem ser descritos por meio de entidades que constituem sua essência ontológica, as quais têm atributos que podem agrupar-se por sua semelhança, sua contigüidade, seu contraste, etc, determinando-se vínculos estruturais de relação ou associação e vínculos funcionais de posse ou de inferência. É o compartilhamento desses seres dentro dos

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cérebros que permite a comunicação que, vista dessa forma, consiste em despertar entidades adormecidas a partir de situações de semelhança entre os atributos existentes dentro de um contexto.

Segundo Fialho (1992), os esquemas, para Piaget, são estruturas do tipo “contexto: ação: novo contexto”. Esses blocos de conhecimento são sempre disparados juntos, regulados pela energia afetiva. Primeiro vem a resposta, diz Piaget, e só depois o estímulo. Para que haja comunicação é preciso que haja a vontade de se comunicar.

A idéia, pedido ou comando, codificado em uma linguagem partilhada é comunicada ao receptor, que deriva o significado da mensagem usando um “modelo” de pessoa comunicando a mensagem, o contexto da comunicação, um “conhecimento do mundo” apropriado e um conhecimento da linguagem.

Comunicação é convivência; está na raiz da comunidade, que significa um agrupamento caracterizado por forte coesão, baseada no consenso espontâneo dos indivíduos. Consenso quer dizer acordo, consentimento e pressupõe a existência de um fator decisivo na Comunidade Humana: a compreensão que ela exige, para que se possam colocar, em “comum” as idéias, imagens e experiências.

Pode-se dizer, então, que é através da “compreensão” que a Comunicação Humana põe idéias em comum. Seu objetivo é o entendimento entre os homens. Para que exista entendimento é indispensável que os indivíduos que se comunicam compreendam-se mutuamente. Para que isto ocorra é necessário que os símbolos tenham significação comum para os indivíduos envolvidos no processo. E para que esta linguagem seja compreendida as palavras e sons articulados devem que ter o mesmo significado para os sujeitos envolvidos no

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processo. A compreensão acontece através da comunhão de significados.

2.4 Barreiras à Comunicação

Renato Tagiuri apud Hampton (1990), afirma que é essencial fazer distinção entre o que é uma comunicação eficiente e o que é uma comunicação boa. Para o autor, a comunicação eficiente ocorre quando o emissor obtém os resultados esperados pelo receptor. Nesta interação o objetivo do emissor é influenciar o receptor, de modo que seja alcançado o objetivo desejado. A comunicação boa ocorre quando a compreensão do receptor concorda com o significado pretendido pelo emissor.

Conforme destacam Stoner e Freemann (1995), no processo de comunicação interpessoal existem algumas barreiras que devem ser consideradas para evitar ruídos à comunicação eficaz:

Percepções diferentes: Pessoas com conhecimentos e experiências diferentes costumam perceber o mesmo fenômeno a partir de perspectivas diferentes. As diferenças de linguagem estão em geral relacionadas às diferenças nas percepções individuais. Para que uma mensagem seja adequadamente comunicada, as palavras devem ter o mesmo significado para o emissor e o receptor. Como vários significados diferentes podem ser relacionados às mesmas palavras há que se tomar grande cuidado para que o receptor receba a mensagem que o emissor quer transmitir. Percepções diferentes podem levar a diferenças de linguagem constituindo barreiras na comunicação.

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Reações emocionais: As reações emocionais, tais como, raiva, amor, autodefesa, ódio, ciúme, medo, vergonha, influenciam o modo de compreensão das mensagens e o modo como essas mensagens são codificadas e transmitidas. Num ambiente de ameaça, por exemplo, os sujeitos envolvidos no processo de comunicação podem perder a capacidade de medir os significados das mensagens e responder defensiva ou agressivamente.

Incongruência ou inconsistência nas comunicações verbais e não-verbais: As mensagens enviadas e recebidas são influenciadas por fatores, tais como, movimentos do corpo, roupas, distância física da pessoa com quem se fala, postura, gestos, expressões faciais, movimentos dos olhos e contato físico.

Desconfiança: A confiança ou a desconfiança que o receptor tem na mensagem depende, em grande parte, da credibilidade que ele atribui ao emissor. A credibilidade do emissor é determinada por vários fatores. Em alguns casos, o fato de a mensagem vir de uma ou outra pessoa, terá mais ou menos credibilidade.

Ruído: O ruído é qualquer fator que perturbe, confunda ou interfira na comunicação. Dificilmente a comunicação está isenta de ruídos, por isso, às vezes, é imprescindível que as pessoas saibam fazer uso do filtro de deleção para poder colocar de lado informações e ruídos desnecessários à comunicação eficaz. É importante saber quando não usar a deleção, deixando de lado pontos importantes e relevantes numa informação.

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Megginson, Mosley & Pietri (1986) também destacam algumas barreiras interpessoais à comunicação conforme segue:

Percepção seletiva: Para os autores a percepção seletiva é um processo complicado, através do qual os sujeitos selecionam, organizam e dão sentido ao mundo que os cerca. As expectativas levam a ver eventos, pessoas, objetos e situações da maneira que se deseja ver. A tendência de estruturar o mundo numa configuração previsível cria um processo de estereotipação. Assim, existem estereótipos para certos grupos, tais como, líderes sindicais, professores, líderes empresariais, políticos, estudantes.

Status do comunicador: Outra barreira à comunicação é a tendência de medir, avaliar e pesar uma mensagem em termos das características da pessoa que a envia, especialmente sua credibilidade. Baseia-se na “perícia” da pessoa na área em que está sendo feita a comunicação e no grau de confiança de que esta pessoa comunicará a verdade.

Atitude defensiva: Uma atitude defensiva por parte do emissor de uma mensagem, do receptor, ou de ambos, cria barreira à comunicação. A atitude defensiva em uma pessoa causa certas expressões faciais, movimentos do corpo e modo de falar que, por sua vez, aumentam os níveis de defesa da outra parte. Dessa forma começa uma reação defensiva em cadeia. Esta escuta defensiva faz com que os interlocutores se concentrem mais no que vão dizer do que naquilo que estão ouvindo.

Má escuta: As pessoas são capazes de recordar 50% do que ouvem os quais ao cabo de dois meses são reduzidos para 25%.

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Nesse sentido, é imperioso que se aprenda a ouvir efetivamente. A má escuta abrange o escutar apenas superficialmente, com pouca tentativa de considerar de modo sério o que a outra pessoa está dizendo; dar impressão através da fala ou atitudes (olhar o relógio, olhar o espaço, ficar irrequieto), o anseio por terminar a conversação; mostrar sinais de aborrecimento ou aflição quando o assunto está sendo discutido; e escutar sem interesse em compreender o quadro de referência da pessoa que está falando.

Uso impreciso da linguagem: Um dos enganos cometidos na comunicação é supor que o significado está somente nas palavras usadas. As palavras podem despertar sentimentos, emoções e atitudes dentro das pessoas. É o uso do significado conotativo de uma palavra, em comparação a seu significado denotativo, ou definição de dicionário.

Dimbleby e Burton (1990) sugerem que algumas barreiras muito importantes estão na mente das pessoas. É necessário reconhecer tais barreiras e filtrá-las até encontrar o verdadeiro significado da mensagem enviada e assim possibilitar e fazer progredir a comunicação com as pessoas.

Estes autores classificam as barreiras de comunicação em psicológicas, mecânicas e semânticas. As barreiras psicológicas incluem as crenças, valores, tendências a julgar e discriminar as pessoas pelas diferenças sociais, grau de conhecimento ou experiência. Para eles as barreiras lingüísticas que abrangem não só os diferentes idiomas, mas a própria linguagem nacional em níveis intelectuais diferentes, sotaques, gírias, estão incluídas neste grupo. Como barreiras mecânicas incluem tanto os fatores físicos, tais como, barulho em torno de uma

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conversa (ruídos de telefones, buzinas) como os problemas físicos (surdez), os problemas de fala (gagueira, murmúrio, rouquidão, defeitos de articulação) até pane em aparelhos e equipamentos que envolvem sistemas de transmissão (bloqueio mecânico). E finalmente, nas barreiras semânticas estão incluídos os erros na maneira de formular e transmitir a mensagem, o uso inarticulado de palavras, etc.

Megginson, Mosley e Pietri (1998) apresentam também as barreiras organizacionais, as quais podem ser aplicadas também às relações interpessoais, que são:

Níveis organizacionais: à medida que uma mensagem deve atravessar vários níveis dentro de uma organização, ela passa por vários níveis que tendem a distorcer a mensagem. Na relação professor-aluno, nos ambientes de aprendizagem, pode ocorrer o mesmo. O professor passa uma informação e diversos alunos podem estar decodificando essa informação através de seus filtros individuais, cada um entendendo de uma forma. Ao se realizar trabalhos em equipe, a incidência de barreiras pode aumentar.

Autoridade dos administradores: Autoridade é um aspecto necessário em qualquer organização. Contudo o fato de que uma pessoa supervisiona a outra, cria barreiras. A hierarquia dentro de uma organização tende a ser obstáculo a uma comunicação eficaz. Considerando a relação professor-aluno esta barreira também pode ocorrer caso prevaleça uma relação de autoridade.

Especialização: Embora a especialização seja uma parte fundamental das organizações, também cria problema, pois tende a separar as pessoas. Exemplo: funções diferentes,

Referências

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