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Para comunicar-se o receptor da informação deve possuir uma “moldura de referência” social e conceitual similar à do emissor da mensagem. Uma vez percebido que uma pessoa fala a mesma língua e partilha da mesma moldura cultural, pode-se presumir que compartilhar tal frame é necessário à comunicação.

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O vocabulário usado pelas pessoas é muito menor do que se poderia esperar. Os quadros seguintes são para o inglês, mas valem para o francês, o russo e muitas outras “linguagens naturais”, especialmente àquelas que empregam alfabetos fonéticos.

Muitas das sentenças que são usadas pelas pessoas são, de algum modo, ambíguas, mas as pessoas são tão ágeis em decodificar os significados que as ambigüidades freqüentemente não são notadas. Por exemplo, a sentença “o tempo voa” não seria considerada ambígua desde que a maioria das pessoas visse somente a afirmação “O tempo passa rapidamente”.

A linguagem pode ser examinada através de diversos pontos de vista, inclusive o estudo da linguagem universal, da aquisição e uso da linguagem e a filosofia da linguagem. Ressaltam-se aqui alguns aspectos da linguagem, em função de sua importância para a comunicação: a sintaxe que estuda a estrutura da sentença; a morfologia que trata das diversas categorias de palavras e das diferentes formas de flexão; a semântica, encarregada do estudo do sentido; a fonética dos sons nos atos de fala do ponto de vista físico; a fonologia que analisa as distinções funcionais e, a pragmática que se caracteriza pelo estudo dos usos feitos da linguagem e de como os objetivos dos falantes são atingidos por sentenças completas no contexto. Enquanto esta divisão é útil para fins de discussão, deve-se ter em mente que não há sempre uma linha clara separando estas áreas.

A sintaxe é essencial na comunicação. Nenhuma comunidade onde a comunicação fosse restrita a um discurso de uma única palavra, jamais foi identificada. Ao contrário, as palavras são concatenadas e não se conhece nenhuma linguagem em que as palavras sejam ligadas umas às outras casualmente. Geralmente, supõe-se que deve haver um

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conjunto finito de regras que definam todas as operações gramaticais para qualquer linguagem dada. Qualquer falante nativo gerará sentenças que se adaptam a essas regras gramaticais, e qualquer falante da comunidade reconhecerá tais sentenças como gramaticais.

A morfologia ao tratar das diversas categorias de palavras (verbos, substantivos, adjetivos, pronomes) e das diferentes formas de flexão (conjugação, declinação) traz sua contribuição para a comunicação. De acordo com Dubois et al (1993), no dicionário de lingüística, define morfologia como o estudo das formas das palavras, em oposição ao estudo das funções ou sintaxe. Para os autores, em lingüística moderna, morfologia é também a descrição das regras que regem a estrutura interna das palavras e a descrição das formas diversas que tomam a palavras conforme a categoria de gênero, número, tempo e pessoa.

O papel da semântica na compreensão da linguagem é de suma importância, pois a questão do significado é profundamente filosófica. Há duas abordagens principais para a atribuição de sentido literal a uma expressão. A primeira é a semântica léxica que dá mais importância ao conteúdo das palavras. Presumindo-se que tais palavras tenham um relacionamento direto com noções “mais profundas”, a semântica léxica espera mostrar como as palavras se agrupam. Na abordagem semântica “composicional”, o sentido de uma expressão complexa depende do significado de suas subexpressões. Portanto, a análise de uma frase é sua tradução em fórmulas de cálculo lógico apropriado. Isto é executado usando-se regras que descrevem como juntar as fórmulas das subfrases da frase enquanto leva em conta o contexto da frase. A semântica composicional tenta fornecer descrições lógicas de como uma frase ou uma palavra modifica uma outra. A frase, traduzida em uma expressão lógica, é usada em um sistema de dedução formal e integra a base para qualquer etapa

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seguinte no processo de derivação do sentido, envolvendo talvez a pragmática da situação.

Destaca-se a importância da fonética e da fonologia por se considerar que na busca da comunicação eficaz o estudo dos sons da fala tornam-se imprescindíveis. De acordo com Cegalla (1990) a lingüística moderna distingue fonética de fonologia. Ambas tratam dos sons da fala, porém de modo diverso. A fonética se ocupa dos sons da língua sob o aspecto material, físico, acústico. A fonologia os estuda do ponto de vista prático, funcional, no contexto fônico da comunicação humana. A qualidade dos sons, nos atos de fala, contribui para a compreensão da mensagem.

Finalmente, ressalta-se o valor da pragmática, pois usar a linguagem, com a competência de um falante nativo, requer mais do que a descrição das regras sintáticas, semânticas e do discurso; o comportamento da linguagem humana é parte de um plano coerente de ação na direção da satisfação dos objetivos do falante. Portanto, a pragmática requer o uso do raciocínio e de técnicas de planejamento, uma vez que o falante tem que desenvolver um plano de como converter a intenção em uma seqüência de palavras, e inversamente, o receptor deve raciocinar a partir da mensagem para determinar qual é aquela intenção.

A importância de considerar o contexto de uma expressão oral ao derivar o significado é discutida por Searle (1969, p.32) em seu livro clássico sobre atos de linguagem.

A unidade da comunicação lingüística não é, como tem geralmente sido suposto, o símbolo, palavra ou sentença, mas sim a produção ou emissão do símbolo, palavra ou sentença no desempenho do ato de linguagem... Mais precisamente, a produção ou emissão de uma sentença sob certas condições é um ato de linguagem, atos de

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linguagem são as unidades básicas ou mínimas da comunicação lingüística. Uma teoria da linguagem é parte de uma teoria de ação. Alguns dos problemas que devem ser considerados na pragmática são: como lidar com sentenças múltiplas e o discurso ampliado e como resolver referências, porque a análise de tal discurso requer um modelo do que o participante sabe, acredita, deseja e pretende.

A linguagem proporciona tanto uma base para a cooperação social quanto uma ferramenta para o pensamento. O elemento essencial da competência lingüística é uma representação, partilhada, que seja suficientemente geral para permitir que situações de relevância, para o grupo de intercomunicação, sejam facilmente expressas, e que seja extensível, para permitir que se lide com novos conceitos e situações.

Se a linguagem simbólica fosse a única forma de representação interna dos conhecimentos, ter-se-ia que concordar com a hipótese Whorfiana. Entretanto, há uma forte evidência sugerindo a possibilidade de acesso a representações internas adicionais. Pessoas podem privilegiar, por exemplo, representações icônicas.