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Aquele que se torna emocionalmente educado, entende que as emoções podem conferir poder às pessoas. A educação emocional é a chave do poder pessoal, pois as emoções são poderosas. Se conseguir fazê-las funcionar a seu favor, elas serão a sua força. (STEINER, 1993).

Cientistas vêm tentando localizar no cérebro as funções das emoções. A teoria do sistema límbico embora tenha trazido contribuições sobre a maneira de considerar as funções emocionais, na organização estrutural do cérebro, tem sido considerada inadequada por alguns pesquisadores.

Segundo Willian James, apud LeDoux (1998), as emoções são acompanhadas de reações corporais, coração acelerado, contração do estômago, palmas das mãos suadas, músculos tensos, e pode-se sentir tanto o que está acontecendo no interior do corpo como no mundo exterior. Para ele as emoções provocam sensações diferentes de outros estados de espírito porque apresentam reações corporais, as quais dão origem a sensações internas; e emoções diferentes provocam sensações diversas porque são acompanhadas de reações físicas e sensações variadas.

Fisiologicamente, a emoção pode expressar-se através de sensações físicas conscientes à pessoa, tais como, a sensação de nervosismo. Estas sensações envolvem centros cerebrais inferiores que controlam o sistema nervoso autônomo e a liberação de hormônios. Reações fisiológicas podem também ser encontradas no córtex cerebral.

O comportamento de aproximação ou recuo pode contribuir na categorização das emoções. A felicidade motiva a pessoa para ir em

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direção a alguém, ao passo que o medo e a repulsa motivam o afastamento. Estudos mostram que esses comportamentos podem estar associados a atividades cerebrais (hemisfério direito e hemisfério esquerdo). Pesquisas em neurologia têm revelado que danos causados em lados diferentes do cérebro apresentam conseqüências emocionais diferentes. A ativação do lado direito do cérebro parece estimular o comportamento de recuo.

Para Goleman (1995), a parte do cérebro que controla as emoções é muito antiga. Ela é chamada de cérebro reptliano porque os répteis também a possuem. O que foi acrescentado na evolução dessa teoria foi o córtex, o cérebro pensante e a habilidade de poder sentir emoções sutis.

Bard e Cannon, apud LeDoux (1998), sugeriram que o hipotálamo é o centro do cérebro emocional. Segundo sua teoria, o cérebro pode ser dividido em três grupos ao longo do eixo vertical, a parte posterior do cérebro, o mesencéfalo e o prosencéfalo. Ascendendo da parte posterior para o prosencéfalo, as funções representadas passam de psicologicamente primitivas para psicologicamente elaboradas. O hipotálamo, mais ou menos do tamanho de um amendoim no cérebro humano, situa-se na base do prosencéfalo e forma a interface entre o prosencéfalo psicologicamente complexo e as áreas inferiores mais primitivas.

Na época de Bard e Cannon, o hipotálamo era considerado responsável pela regulação do sistema nervoso autônomo, e para eles parecia lógico que as reações físicas próprias de emoções fortes fossem controladas pelo hipotálamo, no prosencéfalo. Sua teoria apresentada por LeDoux (1998), foi elaborada com base no fato de que os sistemas sensoriais, responsáveis pela assimilação de informações provenientes

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do mundo exterior, enviam-nas para regiões especializadas do córtex cerebral: informações dos olhos vão para o córtex visual, informação dos ouvidos vão para o córtex auditivo. Nesta jornada, rumo às áreas corticais especializadas, as mensagens sensoriais fazem uma parada em regiões subcorticais, nas estações de posta talâmicas.

Estas regiões também são especializadas em processamento sensorial (o tálamo visual recebe sinais visuais de receptores nos olhos e retransmite-os para o córtex visual, enquanto o tálamo auditivo recebe sinais acústicos de receptores nos ouvidos e retransmite-os para o córtex auditivo).

As mensagens sensoriais são transmitidas por receptores externos (olhos, ouvidos, pele) para regiões específicas do tálamo que processa os sinais e retransmite os resultados para áreas especializadas do neocórtex.

Figura 3.3: Relação entre o Tálamo Sensorial e o Córtex Sensorial Fonte: Adaptado de LeDoux (1998, p.75)

Acreditava-se igualmente que certas regiões talâmicas retransmitem mensagens sensoriais não para o córtex, mas para o hipotálamo. Em

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conseqüência, o hipotálamo deveria ter acesso a informações sensoriais praticamente ao mesmo tempo em que o córtex, uma vez que esses sinais recebidos pelo hipotálamo, podem estimular o corpo a produzir as respostas autônomas e comportamentais típicas das reações emocionais.

Conforme mostra a Figura 3.4, Cannon e Bard acreditavam que os estímulos externos, processados pelo tálamo, eram enviados ao córtex cerebral (via 2b) e ao hipotálamo (via 2a). O hipotálamo enviava mensagens aos músculos e órgãos do corpo (via 3a) e ao córtex (via 3b). A interação das mensagens no córtex para assimilação do estímulo (via 2b) e de seu significado emocional (via 3b) resulta na experiência consciente da emoção. Segundo esta teoria, as reações e sensações acontecem paralelamente.

Figura 3.4: Teoria Cannon-Bard para o Cérebro Emocional Fonte: Adaptado de LeDoux (1998, p.76)

Para Papez, citado por DeLoux (1998), as experiências emocionais ocorrem quando o córtex cingulado integra sinais do córtex sensorial (parte do córtex lateral e evolucionariamente mais novo) e do

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hipotálamo. Mensagens do córtex cingulado para o hipocampo e depois para o hipotálamo permitem que os pensamentos localizados no córtex cerebral controlem as reações emocionais. Esta teoria é parte fundamental da história do cérebro emocional.

Figura 3.5: Teoria do Circuito de Papez Fonte: Adaptado de LeDoux (1998 p.81).

MacLean desenvolveu a teoria do cérebro visceral (sistema límbico). Para ele o núcleo do sistema límbico era o hipocampo. Acreditava-se que ele recebia mensagens do mundo externo (visão, olfato, audição, tato, paladar) e do ambiente interno ou visceral. A integração das sensações internas e externas era considerada a base da experiência emocional.

Para o autor, o problema dos mecanismos emocionais é basicamente de comunicação no sistema nervoso. É lícito supor que mensagens internas e externas ao organismo são retransmitidas ao

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cérebro pelos impulsos nervosos que percorrem pelas fibras nervosas e, possivelmente, pelos agentes humorais transportados pela corrente sangüínea. A correlação entre essas mensagens deve ser função de um conjunto de neurônios altamente integrados e capazes de classificar, selecionar e influenciar os inúmeros padrões de atividade bioelétrica. Indícios sugerem que tanto a experiência como a expressão da emoção é o resultado da associação e correlação de uma ampla variedade de estímulos internos e externos, suas mensagens são transmitidas como impulsos nervosos nos mecanismos de análise do cérebro.

A expressão “sistema límbico” foi introduzida em 1952 por McLean como uma nova denominação para o “cérebro visceral”. Límbico origina-se da descrição feita por Broca para a borda do córtex medial chamada posteriormente de rinencéfalo. Seus estudos foram evoluindo e, em 1970, surge a teoria do cérebro trino que situa o sistema límbico num contexto evolutivo mais amplo, responsável pelos comportamentos e funções mentais de todos os níveis de complexidade.

Denomina-se Sistema Límbico a estrutura que faz a supervisão e coordenação dos diferentes centros reguladores das relações entre o cérebro e os outros órgãos internos (vísceras), músculos e tecidos. O Sistema Límbico mantém permanentemente interação ou troca com o córtex cerebral. Cabe ao sistema límbico controlar a atividade do hipotálamo, o qual, através de substâncias chamadas neurotransmissores, leva à hipófise as “ordens recebidas”. Assim se estabelece a conexão entre a ação do cérebro e o resto do corpo. Os diversos centros que compõem o sistema límbico, não apenas regulam as atividades dos órgãos, como também são geradores de afetos. Além do mais se reconhece no hipotálamo a “sede das emoções”.

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A teoria de sistema límbico se propôs a mostrar a localização das emoções no cérebro com base no conhecimento da evolução da estrutura cerebral. Esta teoria sustentou-se apesar de pesquisas terem demonstrado que as áreas límbicas clássicas não são responsáveis pela emoção. A contribuição desta concepção foi a compreensão da importância da evolução do cérebro para o entendimento das emoções.

Figura 3.6: Teoria do Sistema Límbico Fonte: Adaptado de LeDoux (1998, p.87)

De acordo com a teoria do Cérebro Visceral (Sistema Límbico), de McLean, apresentada por LeDoux (1998), o núcleo do sistema límbico era o hipocampo (na forma de um cavalo marinho). Acreditava-se que ele recebia mensagens do mundo externo (visão, olfato, audição, tato, paladar) e do ambiente interno ou visceral. A integração das sensações internas e externas era considerada a base da experiência emocional. As células piramidais do hipocampo, no interior do cavalo marinho, eram vistas como o teclado emocional.

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Com esta teoria, pode-se concluir que o sistema do hipocampo aborda a informação da maneira mais bruta, e provavelmente é um cérebro demasiadamente primitivo para analisar a linguagem. No entanto, ele pode ter a capacidade de participar de um tipo de simbolismo não-verbal o que traria implicações significativas na medida em que o simbolismo possa influenciar a vida emocional do indivíduo. Poder-se-ia imaginar, por exemplo, que embora o cérebro visceral não tenha meios de conceber a cor vermelha como uma palavra de oito letras ou como determinado comprimento de onda luminosa, ele pode associar, simbolicamente, a cor com coisas tão diferentes quanto o sangue, o desmaio, a luta, as flores, etc. Pode-se afirmar, ainda, que o cérebro visceral não é inconsciente, mas na verdade desvia a compreensão do intelecto em razão de sua estrutura animal e primitiva que impossibilita a comunicação verbal.

Conforme mostram Cliff e Davidson, apud Goleman (1999), descobertas na última década forneceram provas claras de que o cérebro regula as emoções. Há muito, admitiu-se que os centros emocionais estavam situados nas profundezas do cérebro, em uma série de estruturas que circundam o lado inferior do córtex, chamadas de sistema límbico (límbico, do latim, “orla”). Dados neurológicos mais recentes indicam que, embora o impulso emocional tenha origem nos centros límbicos, a maneira de expressar as emoções é regulada por estruturas cuja evolução é mais nova, situadas no córtex pré-frontal logo atrás da testa.

Neste sentido, cada lado do córtex pré-frontal parece lidar com um conjunto diferente de reações emocionais, com emoções mais angustiantes, aquelas que podem indicar recuo, como medo ou repulsa, reguladas pelo lado direito, e sentimentos mais positivos, como a felicidade pelo esquerdo. Essas descobertas da neurociência

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oferecem um pano de fundo para o entendimento da dinâmica emocional. As emoções sentidas e a maneira como se lida com elas são governadas por esse e outros circuitos cerebrais extensos e interligados.

A compreensão de como as informações são captadas pelos órgãos dos sentidos e processadas pelo cérebro, bem como do caminho percorrido pelas emoções, de acordo com as teorias descritas, tornam- se relevantes para o entendimento da influência das emoções no processo de comunicação.

Guyton (1997) afirma que, muito precocemente, ao longo do desenvolvimento evolucionário do cérebro, o hipocampo tornou-se um mecanismo neuronal crítico de tomada de decisões, determinando a importância e o tipo de importância dos sinais sensoriais percebidos. Segundo o autor, uma vez estabelecida esta capacidade crítica de tomada de decisões, presumivelmente, o resto do cérebro começou a solicitá-la para a mesma tomada de decisões. Se o hipocampo disser que um sinal neuronal é importante, este provavelmente será armazenado na memória.

O estudo deste mecanismo torna-se importante para o campo da aprendizagem, já que a recompensa e a punição desempenham papel fundamental na determinação da importância das informações e, especialmente, se as informações serão ou não guardadas na memória. Uma pessoa se habitua rapidamente a estímulos indiferentes, mas aprende assiduamente qualquer experiência sensorial que causa prazer ou punição. Portanto, se é possível aprender pelo prazer, por que aprender pela punição.

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