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Paulo Henrique Ribeiro Barbosa Francisco Ferreira Barbosa Filho Departamento de Física Universidade Federal do Piauí

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        F FFÍÍÍSSSIIICCCAAA   IIIIIIIII          Paulo Henrique Ribeiro Barbosa  Francisco Ferreira Barbosa Filho  Departamento de Física  Universidade Federal do Piauí                      Fevereiro de 2010       

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  PRESIDENTE DA REPÚBLICA  MINISTRO DA EDUCAÇÃO  GOVERNADOR DO ESTADO  REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ  SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DO MEC  COORDENADORIA GERAL DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL  SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍ  COORDENADOR GERAL DO CENTRO DE DUCAÇÃO ABERTA À DISTÂNCIA  DA UFPI  SUPERITENDENTE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NO ESTADO  DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA  COORDENADOR DO CURSO DE FÍSICA  COORDENADORA DE MATERIAL DIDÁTICO DO CEAD/UFPI  DIAGRAMAÇÃO      FICHA CATALOGRÁFICA  Serviço de Processamento Técnico da Universidade Federal do Piauí  Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco         

B238f Barbosa, Paulo Henrique Ribeiro Barbosa Filho, Francisco Ferreira.

Física III /Paulo Henrique Ribeiro Barbosa

Francisco Ferreira Barbosa Filho. – Teresina : CEAD/UFPI, 2010. 200 p.

1. Física. 2. Física – Eletromagnetismo. I. Título.

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Este  texto  é  destinado  aos  estudantes  que  participam  do  programa  de  Educação  à  Distância  da  Universidade  Aberta  do  Piauí  (UAPI)  vinculada  ao  consórcio  formado  pela  Universidade  Federal  do  Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e Centro Federal de  Educação Tecnológica (CEFET – PI), com apoio do Governo do Estado do  Piauí, através da Secretaria de Educação. 

O  texto  é  composto  de  duas  unidades,  constituídas  de  cinco  capítulos  cada  uma.  Nos  cinco  capítulos  iniciais  (primeira  unidade),  iremos  tratar  da  eletrostática,  e  nos  cinco  capítulos  finais  (segunda  unidade)  trataremos  de  correntes  elétricas,  circuitos  elétricos,  campo  magnético, lei de Ampère e Lei de Faraday. 

A  bibliografia  para  leitura  complementar  é  indicada  ao  final  de  cada  unidade,  bem  como  exercícios  resolvidos  e  exercícios  visando  avaliar o entendimento do leitor serão apresentados ao longo do texto  de cada unidade. 

   

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Sumário Geral

   

UNIDADE I  

 

1. A LEI DE COULOMB  1.1  Introdução  10  1.2  A carga elétrica  11  1.3  Condutores, Isolantes e Cargas induzidas  13  1.4  Processos de Eletrização  14  1.5  Lei de Coulomb  16  1.6  Problemas Resolvidos  16  1.7  Problemas Propostos  21  1.8  Referências bibliográficas  23  1.9  Web‐bibliografia  23    2 O CAMPO ELÉTRICO  2.1  Introdução  26  2.2  Ação à Distância e o Campo Elétrico  26  2.3  Dipolo Elétrico  28  2.4  Linhas de Campo Elétrico  29  2.5  Carga Elétrica na Presença de um campo Elétrico  31  2.6  Dipolo Elétrico Sob Ação de um Campo elétrico Externo  32  2.7  Problemas Resolvidos  33  2.8  Problemas Propostos  35    Referências bibliográficas  37    Web‐bibliografia  37    3 LEI DE GAUSS  3.1  O Fluxo de Campo Vetorial  40  3.2  O Fluxo do Campo Elétrico  e a Lei de Gauss  42  3.3  Aplicações da Lei de Gauss  44 

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3.4  Usando  a  Lei  de  Gauss  para  Discutir  o  Campo  Elétrico  em 

Condutores    49  3.5  Problemas  Propostos  51    Referências bibliográficas  54    Web‐bibliografia  54    4 POTENCIAL ELÉTRICO  4.1  Definindo Capacitor  57  4.2  Energia Armazenada em um Capacitor  57  4.3  Associação de Capacitores  62  4.4  Capacitores com Dielétricos  64  4.5  Potencial de um dipolo dielétrico  65  4.6  Potencial de uma linha de carga  66 

4.7  Diferença  de  potencial  elétrico  entre  as  placas  de  um  capacitor    67  4.8  O cálculo do campo elétrico a partir do potencial elétrico  68  4.9  Superfícies equipotenciais  69  4.5  Problemas Propostos  71  4.6  Referências bibliográficas  72  4.7  Web‐bibliografia  73    5 CAPACITORES E DIELÉTRICOS    5.1  Definindo Capacitor  75  5.2  Energia Armazenada em um Capacitor  78  5.3  Associação de Capacitores  81  5.4  Capacitores com Dielétricos  84  4.5  Problemas Propostos  85  4.6  Referências bibliográficas  87  4.7  Web‐bibliografia  87         

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UNIDADE II 

  6 CORRENTE E RESISTÊNCIA ELÉTRICA  6.1  A corrente elétrica  90  6.2  Corrente e velocidade de deriva  92 

6.3  Densidade  de  corrente,  lei  de  Ohm,  condutividade,  resistência e resistividade    96  6.4  Resistência e temperatura  102 6.5  Avanços na área: supercondutividade  104 6.6  Potencia elétrica  105   Questões  109   Problemas  110   Bibliografia  111   7 CIRCUITOS ELÉTRICOS  7.1  Elementos e diagramas de circuitos  115 7.2  Força eletromotriz  117 7.3  Associação de resistores  119 7.3.1  Resistores em série  119 7.3.2  Resistores em paralelo  120 7.4  Leis de Kirchoff e circuito básico  122 7.5  Circuitos RC  129   Questões  136   Problemas  137   Bibliografia  139   8 O CAMPO MAGNÉTICO  8.1  Magnetismo  142 8.2  O campo magnético e suas fontes  145

8.3  Movimento  de  uma  partícula  carregada  em  um  campo  magnético    148 8.4  Aplicações envolvendo movimento de partículas carregadas  na presença de campo magnético    150 8.5  A  força  magnética  agindo  sobre  um  condutor  portando   

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corrente elétrica  152 8.6  Torque  157   Questões  161   Problemas  163   Bibliografia  165   9 A LEI DE AMPÈRE    9.1  Lei de Biot – Savart  168 9.2  Lei de Ampère  173 9.3  A lei de Ampère e os solenóides  176   Questões  178   Problemas  179   Bibliografia  181   10 A LEI DE FARADAY  9.1  Introdução  185 9.2  O fluxo magnético  185 9.3  A lei de Lenz  188   Questões  194   Problemas  196   Bibliografia  200    

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UNIDADE 1 

   

A LEI DE COULOMB 

        Resumo   

Nesta  unidade  iremos  discutir  os  fenômenos  elétricos  numa  visão  eletrostática,  onde  idealizamos  as  cargas  em  repouso.  Começaremos  discutindo a natureza da carga elétrica, sua conservação a quantização e  os  processos  de  eletrização.  Em  um  ponto  culminante  da  unidade  veremos como calcular a força elétrica estática entre cargas distribuídas  discretamente a partir da lei de Coulomb.                       

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  Sumário UNIDADE 1: Lei de Coulomb  Paulo Henrique Ribeiro Barbosa  1.1  Introdução  10  1.2  A carga elétrica  11  1.3  Condutores, Isolantes e Cargas induzidas  13  1.4  Processos de Eletrização  14  1.5  Lei de Coulomb  16  1.6  Problemas Resolvidos  16  1.7  Problemas Propostos  21  1.8  Referências bibliográficas  23  1.9  Web‐bibliografia  23                           

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1.1 ‐ Introdução 

     O  fenômeno  eletromagnético  está  associado  a  uma  propriedade  fundamental  das  partículas,  chamada  “carga  elétrica”.  Entretanto,  diferentemente  da  massa  de  um  corpo  que  somente  pode  exercer  atração gravitacional sobre outra massa, as cargas podem exercer tanto  atração  quanto  repulsão  umas  sobre  outras,  através  de  uma  interação  denominada  de  eletromagnética.  Das  quatro  interações  até  então  conhecidas,  podemos  dizer  que  a  interação  eletromagnética  é  a  mais  importante, pois está presente desde a escala microscópica até a escala  macroscópica.  No  momento  iremos  tratar  apenas  de  eventos  que  ocorrem  na  escala  macroscópica,  pois  a  descrição  do  fenômeno  eletromagnético em escala microscópica demandaria conhecimentos de  mecânica  quântica.  Ocasionalmente  poderemos  fazer  uma  abordagem  microscópica de um sistema, mas numa visão clássica.  

        Ações  comuns  como  o  acionamento  do  interruptor  de  uma  lâmpada,  o  apertar  de  uma  tecla  de  um  computador  ou  o  simples  acionamento  de  um  controle  remoto  para  ligar  uma  TV  ou  abrir  um  portão,  envolvem  aplicações  de  fenômenos  eletromagnéticos.  Ao  acionar o interruptor de uma lâmpada, por exemplo, estabelecemos ou  interrompemos a passagem de uma corrente elétrica através de um fio,  onde  presenciamos  concomitantemente  efeitos  elétricos  e  magnéticos.  Até  o  fim  do  século  XVIII  os  fenômenos  elétricos  e  magnéticos  eram  tratados  como  mera  curiosidade  e  completamente  descorrelacionados.  Esta visão deixou de existir com a verificação experimental, no início do  século  XIX,  de  que  correntes  elétricas  originam  campos  magnéticos.  A  descoberta de Faraday da indução magnética, onde campos magnéticos  variáveis produzem campos elétricos demonstrou mais uma vez que os  fenômenos  elétricos  e  magnéticos  são  facetas  diferentes  de  um  único  fenômeno,  o  eletromagnetismo.  Com  a  reestruturação  do  estudo  do  eletromagnetismo por Maxwell, e a reformulação da lei de Ampère com  a inclusão da corrente de deslocamento pela invocação de argumentos  de  simetria,  foi  possível  prever  a  geração  de  ondas  eletromagnéticas,  posteriormente comprovadas por Hertz.  

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11 

       Apresentaremos  aqui  as  bases  do  eletromagnetismo  seguindo  uma 

seqüência  que  coincide  com  a  construção  cronológica  do  eletromagnetismo.  Neste  primeiro  capítulo,  e  nos  próximos  três  capítulos,  iremos  discutir  os  fenômenos  elétricos  do  ponto  de  vista  eletrostático,  onde  idealizamos  as  cargas  em  repouso.  Começaremos  discutindo  a  natureza  da  carga  elétrica,  sua  conservação,  sua  quantização,  e  os  processos  de  eletrização.  Ainda  neste  capítulo  veremos  como  calcular  a  força  elétrica  entre  cargas  a  partir  da  lei  de  Coulomb. 

1.2 – Carga Elétrica 

         Primeiramente  devemos  fazer  algumas  considerações  de  caráter  microscópico. A matéria é formada de pequenas partículas, os átomos.  Cada átomo, por sua vez, é constituído de partículas ainda menores, os  prótons, os elétrons e os nêutrons. Os prótons e os nêutrons localizam‐ se na parte central do átomo, e formam o núcleo. Os elétrons giram em  torno  do  núcleo  na  região  denominada  eletrosfera.  Os  prótons  e  os  elétrons  apresentam  uma  importante  propriedade  física,  a  carga  elétrica.  A  carga  elétrica  do  próton  e  a  do  elétron  tem  a  mesma  intensidade, mas sinais contrários. A carga do próton é, por convenção,  positiva  e  a  do  elétron,  negativa.  Num  átomo  neutro  não  existe  predominância  de  cargas  elétricas;  o  número  de  prótons  é  igual  ao  número  de  elétrons.  O  átomo  é  um  sistema  eletricamente  neutro.  Entretanto quando ele perde ou ganha elétrons, fica eletrizado. O átomo  está eletrizado positivamente quando tem mais prótons que elétrons e 

negativamente  quando  tem  mais  elétrons  que  prótons.  A  carga  do 

elétron  é  a  menor  quantidade  de  carga  elétrica  estável  existente  na  natureza,  sendo  por  isso  tomada  como  carga  padrão  nas  medidas  de  carga  elétricas.    No  Sistema  Internacional  de  Unidades,  a  unidade  de 

medida de carga elétrica é o coulomb (C). 

A carga do elétron, quando tomada em módulo, é chamada de carga  elementar e é representada por e,com valor absoluto de 1,6.10 ‐ 19 C.  • carga do elétron:  ‐ 1,6.10 ‐ 19 

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12 

        Do  ponto  de  vista  macroscópico,  uma  forma  de  construirmos  um 

conceito  acerca  de  carga  elétrica  consiste  em  realizar  um  pequeno  número de experimentos, descritos abaixo. Considere (ver Fig. 1.1a) dois  bastões  de  plástico  e  esfregue  um  pedaço  de  camurça  em  cada  um  deles. Ao tentar aproximar os bastões constatar‐se‐á uma repulsão                           entre os mesmos. Ao repetir o mesmo experimento usando dois bastões  de vidro e um pedaço de seda verificará, também,  uma repulsão entre  os  bastões  de  vidro  (Fig.1.1b).  Entretanto,  ao  aproximar  um  bastão  de  plástico esfregado com  camurça  de  um bastão de vidro esfregado com  seda verifica‐se uma atração entre os mesmos (Fig.1.1c). Experimentos  dessa  natureza  revelam  que  existem  dois  tipos  de  cargas  elétricas:  o  tipo  de  carga  elétrica  acumulada  no  bastão  de  plástico  e  na  seda  (convencionada  de  carga  negativa)  e  o  tipo  de  carga  acumulada  no  bastão de vidro e na camurça (carga positiva). Conclusão:        “Cargas elétricas de mesmo sinal se repelem,  enquanto                  cargas elétricas de sinais opostos se atraem”.    Há dois princípios importantes acerca das cargas elétricas. Para  apresentar o primeiro princípio consideremos a eletrização do bastão de    Figura  1.1:  (a)  Eletrização  de  bastões  de  plástico  com  camurça.  (b)  Eletrização  de  bastões  de  vidro  com  lã.  (c)  Atração  entre  bastões  de  plástico e de vidro

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13 

plástico com camurça. Inicialmente estes corpos estão descarregados, e 

depois  de  atritados  ficam  carregados.  O  primeiro  princípio,  da 

“conservação da carga elétrica”, afirma que: 

A soma algébrica de todas as cargas elétricas antes da eletrização é  igual a soma das cargas depois da eletrização. 

  Assim, em qualquer processo de eletrização no qual um corpo é  carregado,  a  carga  elétrica  não  é  nem  criada  nem  destruída,  mas  meramente  transferida  de  um  corpo  a  outro.    O  segundo  princípio  importante acerca da carga é o que diz respeito à sua quantização: 

O módulo da carga elétrica do elétron ou do próton é uma unidade de  carga natural “e”. 

Qualquer  quantidade  de  carga  elétrica  observada  é  sempre  um  múltiplo  inteiro  dessa  unidade  básica,  caracterizando  assim  a  quantização  da  carga.  Entretanto,  existem  fortes  evidências  de  que  o  próton  não  seja  uma  partícula  elementar,  e  de  que  o  mesmo  seja  formado de três partículas menores denominadas de quarks, sendo dois 

com carga +2e/3 e um com carga –e/3. Entretanto, como os quarks não 

são  encontrados  livres  na  natureza  fica  valendo  a  carga  do  elétron  como a unidade fundamental. 

1.3 Condutores, Isolantes e Cargas induzidas 

  Alguns  materiais  permitem  a  migração  de  cargas  elétricas  de  uma  região  para  outra,  enquanto  outros  impedem  esta  movimentação  de cargas dentro do material e entre materiais. Grosso modo podemos  classificar os materiais quanto à mobilidade das cargas elétricas em: 

• Condutores elétricos  

        Meios  materiais  nos  quais  as  cargas  elétricas  movimentam‐se  com  facilidade.  Pertencem  a  esta  categoria  os  metais,  como  ouro,  cobre,  alumínio  e  outros.  Estes  elétrons  que  podem  se  mover  ao  longo  do  material  geralmente  são  os  periféricos  e  que  estão  fracamente  presos  aos  núcleos  de  seus  átomos.  Quando  uma  quantidade de carga é colocada no interior de um condutor esta se  distribuirá por toda a sua superfície. 

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14 

  Meios materiais nos quais as cargas elétricas não têm facilidade 

de  movimentação.  A  borracha,  vidro  etc.  Ao  contrário  dos  condutores  seus  elétrons  estão  fortemente  ligados  aos  seus  respectivos núcleos. Ao colocarmos uma quantidade de carga nestes  materiais  isolantes  a  carga  não  se  espalha  por  todo  o  material,  permanecendo localizada na região em que foi colocada.  

Existem  ainda  os  semicondutores,  que  são  materiais  de  propriedades  intermediárias entre os isolantes e condutores.  

1.4 ‐ Processos de Eletrização 

Um  material  pode  ser  eletrizado  através  de  dois  processos:  (a) 

Eletrização  por  atrito,  ocorre  quando  materiais  não  condutores  são 

atritados uns contra os outros. Nesse processo, um dos materiais perde  elétrons e outra ganha, de modo que um tipo de material fica positivo e  outro fica negativo. Uma experiência típica e simples consiste em atritar  a lã no vidro, como mostrado na Figura 1.2. A comprovação de que ele  ficou carregado é obtida atraindo‐se pequenas partículas, por exemplo,  de pó de giz.   (b) A Eletrização por indução se dá geralmente entre um corpo  carregado e um descarregado (geralmente um condutor). A figura 1.3  ilustra as etapas essenciais do processo de eletrização por indução. Na  ilustração, tem‐se inicialmente (Fig.1.3a) uma esfera condutora 

descarregada e isolada por um suporte não condutor. A aproximação do  corpo negativamente carregado atrai as cargas positivas da esfera  

  Figura 1.2: Após serem eletrizadas por atrito vidro e lã se atraem. 

(15)

 

15 

eletricamente neutra (Fig.1.3b). A extremidade próxima ao corpo 

carregado fica positiva, enquanto a extremidade oposta fica negativa.  Mantendo‐se o corpo carregado próximo, liga‐se o corpo eletricamente  neutro a terra (Fig.1.3c). Elétrons descerão pra terra. Cortando‐se a  ligação com terra (Fig.1.3d), obtém‐se um corpo positivamente  carregado (Fig.1.3e).                        

O  processo  de  carregamento  de  um  corpo  por  indução  funcionaria  igualmente bem se as cargas móveis sobre a esfera fossem positivas em  vez de negativos, ou ate mesmos se existissem simultaneamente cargas  móveis  positivas  e  negativas.  Em  um  condutor  as  cargas  móveis  são  sempre elétrons. 

É bom observar que um corpo carregado pode exercer força de atração  sobre  objetos  descarregados  (neutros).  O  exemplo  ilustrado  na  Figura 

1.3 é uma demonstração desse fato. Entretanto, a atração pode ocorrer 

entre  um  corpo  carregado  e  um  isolante,  onde  as  cargas  negativas  e  positivas  do  isolante  neutro  ficam  ligeiramente  separadas  espacialmente. Este caso pode ser observado quando aproximamos um  pente eletrizado de pequenos pedaços de papel.          Figura 1.3: Etapas do processo de eletrização por indução 

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16 

 

1.5 – Lei de Coulomb 

As  principais  interações  entre  partículas  devem‐se  à  sua  massa  (interação  gravitacional)  e  a  sua  carga  (interação  elétrica).  Motivado  pelos estudos de Cavendish da interação gravitacional, Charles Augustin  Coulomb  (1736‐1806)  estudou  a  força  de  interação  entre  partículas  carregadas.  Podemos  dizer  que  dois  corpos  eletrizados  estacionários  exercem predominantemente uma força elétrica entre si, uma vez que a  interação  gravitacional  é  desprezível  em  comparação  a  primeira.  A  eletrostática é a área do eletromagnetismo que aborda interações entre  cargas  estacionárias  ou  quase  estacionárias.  Coulomb  descobriu,  experimentalmente,  que  o  módulo  da  força  elétrica  entre  duas  cargas  puntiformes q1 e q2, separadas por uma distância r, é dada por: 

| |

   (lei de Coulomb)      (1.1)  onde  k  é  a  constante  elétrica  e  tem  o  seguinte  valor  no  Sistema  Internacional:  8,988 10 . / .  A  constante  ε0  (=8,854x10‐12C2/N.m2) é a permissividade do vácuo. 

Podemos  expressar  a  Eq.1‐1  na  forma  vetorial  usando  a  Figura  1.4a,  onde as cargas q1 e q2 de mesmo sinal são ligadas pelo vetor posição  ,  que tem origem em q2 e extremidade em q1. O sentido da força  , que  a  partícula  1  sofre  devido  a  carga  da  partícula  2,  aponta  no  mesmo  sentido  do  vetor    depende  do  sinal  de  suas  cargas.  Podemos  representar a força como 

̂       (1.2)  Da  mesma  forma  a  força  ,  que  a  partícula  1  exerce  na  partícula  2  aponta  no  sentido  oposto  ( ).  A  Figura  1.4b  esquematiza  o  caso em que as cargas têm sinais opostos. Consideremos agora a carga  pontual  q1  interagindo  com  um  conjunto  de  N  cargas  pontuais  qi  (i=  2,3,...,N). Cada  

uma  das  cargas  qi  exercem  uma  força    sobre  a  carga  q1.  Pode‐se  representar a força total sofrida pela partícula 1 como 

  ∑       (1.3) 

(17)

 

17 

  Figura 1.4 (a) Força entre cargas de mesmo sinal. (b) Força entre  cargas    Figura 1.5: Átomo de hidrogênio                              onde a força   é a força que a i‐ésima carga exerce sobre a partícula 1.  No  próximo  capítulo  descreveremos  como  calcular  a  força  elétrica  de  uma  distribuição  contínua  de  cargas  sobre  uma  carga  pontual,  após  a  introdução do conceito de campo elétrico. 

 

1.6 – Problemas Resolvidos 

Exemplo 1.1 – Para se ter uma idéia da ordem de grandeza da interação 

eletrostática  comparativamente  à  força  gravitacional  entre  duas  partículas de cargas q1 e q2, com respectivas massas m1 e m2, considere  o átomo de hidrogênio cuja separação média entre o elétron e o próton  é  de  5,3x10‐11m.  Calcule  a  razão  entre  a  sua 

interação  elétrica  e  a  sua  interação  gravitacional. 

Solução:  Um  esquema  do  átomo  de 

hidrogênio  seguindo  o  modelo  de  Bohr  é  apresentado  na  Figura  1.5.  Sabendo  que  o  valor  da  carga  elementar  e  =  1,602x10‐19C  e 

as  massas  do  elétron,  me =  9,1x10‐31kg  e  a 

massa do próton mp =1 ,6x10‐27kg podemos 

 

(18)

 

18 

Calcular  o  módulo  da  forças  elétricas,  Fe,  e  da  gravitacional,  Fg.  Assim, 

como   e  , sua razão é: 

 

, . /

, . /

,

, , 2,3 10 . 

Isto  mostra  que  na  escala  microscópica  a  interação  gravitacional  pode  ser  ignorada.  Outra  diferença  entre  estas  duas  interações  é  que  enquanto a força gravitacional é somente atrativa, a força elétrica pode  ser atrativa ou repulsiva. 

 

Caso Especial: As semelhanças entre a interação gravitacional e  

a eletrostático é muito grande. No caso gravitacional, estabeleceram‐se  duas  propriedades  da  força  exercida  por  uma  casca  esférica  de  massa  específica  uniforme  sobre  uma  massa  pontual:  (a)  a  força  sobre  uma  partícula  dentro  desta  casca  esférica  é  zero  e  (2)  a  força  sobre  uma  partícula  externa  é  a  mesma  como  se  toda  a  massa  da  casca  esférica  estivesse  concentrada  em  seu  centro.  Vamos  importar  estes  teoremas   da interação gravitação sem prová‐los, por enquanto, e estender ao caso  de uma casca esférica com distribuição uniforme de cargas: 

Uma casca esférica uniformemente carregada não aplica nenhuma  força  eletrostática  sobre  uma  carga  pontual  posicionada  em  qualquer ponto no seu interior 

   

Uma  casca  esférica  uniformemente  carregada  aplica  uma  força  eletrostática  sobre  uma  carga  pontual  do  lado  de  fora  da  casca  como se todas as cargas da casca estivessem concentradas em uma  carga pontual no seu centro 

 

Usaremos este resultado para calcular a força entre uma esfera de carga  com distribuição uniforme e uma carga pontual situada tanto em pontos  internos  quanto  externos  à  esfera.  Podemos  estender  o  primeiro 

teorema  a  uma  distribuição  não‐uniforme  de  cargas  na  superfície  de  uma  esfera?  Qual  é  o  campo  elétrico  no  interior  de  condutores?  Nos 

próximos  capítulos  (campo  elétrico  e  lei  de  Gauss)  discutiremos  estas  questões com mais detalhes. 

(19)

 

19 

Exemplo  1.2  –  Duas  cargas  puntiformes  positivas,  Q1  e  Q2  de  módulos  iguais  a  q,  são  colocadas  ao  longo  do  eixo  y  nas  posições  y=‐a  e  y=+a.  Considere  uma  terceira  carga  positiva,  Q3=q,  posicionada  ao  longo  do  eixo  x  na  posição  x.  (a)  Calcule  o  módulo  da  força  resultante  sobre  a  carga  Q3.  (b)  Encontre  a  posição  ao  longo  do  eixo  x  em  que  a  força  resultante é máxima. 

Solução:  (a)  O  problema  está  esquematizado  na  Figura  1.6. 

Considerando a simetria do                        

problema  decorrente  do  arranjo  geométrico  (cargas  eqüidistantes  em  relação  ao  eixo  x)  e  o  fato  de  que  as  cargas  têm  o  mesmo  módulo  q,  vemos que a força resultante aponta ao longo do eixo x. Assim,    cos cos 1 4 1 4     / ,     onde usamos o fato de que cos / /  . 

(b)  Para  encontrarmos  o  ponto  em  que  a  força  resultante  atinge  um  máximo  ao  longo  do  eixo  x  derivamos  a  expressão  da  força  obtida  no  item (a) e igualamos a derivada à zero, o valor de x encontrado é o que 

  Figura 1.6: Ação das cargas Q1 e Q2 sobre Q3. 

(20)

 

20 

 

Figura1.7: (a) Calculo da força para uma carga q0 no interior da  esfera de raio R. (b) Força entre a carga q0 e a esfera para  pontos no exterior. 

maximiza  a  força  desde  que  a  segunda  derivada  seja  negativa  neste  ponto:   / 0, leva a  . Para verificarmos que este valor  maximiza a força calculemos a segunda derivada:  / ,  substituindo x=a/2 constata‐se que  0 e portanto a força atinge o  máximo em x=±a/2.   

Exemplo  1.3  –  Calcule  a  força  de  interação  entre  uma  esfera  maciça 

uniformemente carregada com densidade volumétrica ρ(carga total Q) e  uma carga pontual q0 situada em um ponto (a) no interior da esfera e (b)  no seu exterior. 

Solução: Para resolver este problema vamos usar o fato de que o campo 

no  interior  de  uma  casca  esférica  uniforme  de  cargas  não  exerce  força  sobre  cargas  no  seu  interior  e  quando  a  carga  está  no  seu  exterior  a  esfera  de  carga  uniforme  pode  ser  tratada  como  uma  carga  pontual.  Sendo  assim,  para  um  ponto  interno  à  esfera  de  raio  R  (Figura  1.7(a)),  podemos  considerar  que  toda  a  carga  q’  na  esfera  de  raio  r  está  concentrada no seu centro. Os valores da carga total Q e da carga q’ são: 

 e    .  

Dessa  forma  temos  .  Aplicando  a  lei  de  Coulomb  temos  o 

(21)

 

21 

Para r>R (Fig. 1.7(b)) a carga se comporta com estivesse concentrada no 

centro da esfera:  . 

 

1.7 – Problemas Propostos  

Problema  1.1  ‐  Duas  partículas  igualmente  carregadas,  com  um 

afastamento  de  3x10‐3  m  entre  elas,  são  largadas  a  partir  do  repouso.  As  partículas  têm  massas  iguais  a  7,0x10‐7  kg  e  5,4x10‐7  kg,  e  a  aceleração  inicial  da  primeira  partícula  é  de  700  m/s2.  Quais  são:  (a)  a  aceleração da segunda partícula? (b) O módulo da carga comum? 

R.: 900 m/s2; 7x10‐10 C. 

Problema  1.2  ‐  Duas  cargas  pontuais  livres,  +q  e  +9q,  estão  afastadas 

por  uma  distância  d.  Uma  terceira  carga  é  colocada  de  tal  modo  que  todo o sistema fica em equilíbrio. (a) Determine a posição, o módulo e o  sinal da terceira carga. (b) Mostre que o equilíbrio é instável. 

R.: Carga –9q/16, colocada entre as cargas +q e +9q, a uma distância d/4  a partir da carga +q. 

Problema  1.3  ‐  Cargas  iguais  a  +Q  são  colocadas  nos  vértices  de  um 

triângulo eqüilátero de lado L. Determine a posição, o módulo e o sinal  de uma carga colocada no interior do triângulo, de modo que o sistema  fique em equilíbrio. 

R.:  Carga 

√  colocada  na  bissetriz,  a  uma  distância  /√3a  partir  do vértice. 

Problema 1.4 ‐ Uma carga Q igual a 2x10‐19 C é dividida em duas, (Q‐q) 

e  q,  de  modo  que  a  repulsão  coulombiana  seja  máxima.  Calcule  a  distância  que  uma  carga  deve  ficar  da  outra,  para  que  esta  força  seja  igual 9x10‐9 N. 

R.: 1Å   

Problema  1.5  ‐  Duas  cargas  pontuais  idênticas,  de  massa  m  e  carga  q, 

estão  suspensas  por  fios  não  condutores  de  comprimento  L,  conforme  ilustra a figura 1.8. Considerando o ângulo q tão pequeno de modo que  seja válida a aproximação tan sin , mostre que 

(22)

 

22 

  Figura 1.9  / , onde x é a separação entre as bolas. (b) Se L=122 cm, m=11,2 g e x=4,70  cm, qual o valor de q?               

Problema  1.5  –  Cinco  cargas  Q  estão  igualmente  espaçadas  em  um 

semicírculo de raio R como mostrado na Figura 1.9. Encontre a força na  carga q localizada no centro do semicírculo. 

 

Problema  1.6  –  Três  cargas  de  q1=‐1.o  μC,  q2=2.0  μC  e  q3=4.0μC  têm  suas  localizações  dadas  pelos  pares  ordenados,  respectivamente  em  metros, (0,0), (0,0.1),(0.2,0). Encontre as forças que atuam em cada uma  das três cargas. 

Problema  1.7  –  (a)  Se  a  convenção  de  sinal  da  carga  fosse  mudada  de 

modo  que  a  carga  do  elétron  fosse  positiva  e  a  carga  do  próton  fosse  negativa, a lei de Coulomb ainda valeria? (b) Discuta as semelhanças e as  diferenças entre as leis de Coulomb e a lei de gravitação universal.   

Problema  1.8  –  Quando  duas  cargas  de  iguais  massas  e  cargas  são 

liberadas sobre uma mesa horizontal e sem atrito, cada massa terá uma   

(23)

 

23 

aceleração inicial a0. Se ao invés disso mantivermos uma das cargas fixas 

e a outra livre, qual será sua aceleração inicial: a0, 2a0 ou a0/2? Explique.   

1.8 Referências bibliográficas 

 

Livro Texto 

HALLIDAY,  D.;  RESNICK,  R.;  KRANE,  K.  S.    Física.  V.  3,  4.  ed.  Rio  de  Janeiro: LTC, 1996. 

 

Bibliografia complementar 

HEWITT, Paul G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.  TIPLER, P. Física 3. 4. ed. Rio da Janeiro: Guanabara Dois, 1999. 

NUSSENZVEIG,  H.  M.  Curso  de  Física  Básica  3:  mecânica.  São  Paulo:  Edgard Blücher, 1996.  SERWAY, R. A. Física para cientistas e engenheiros: com Física Moderna.  V. 3. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.  1.9  Web‐bibliografia    http://br.geocities.com/saladefisica3/labortório.htm   http://www.adorofisica.com.br/comprove/mecanica/mec_cine_vetor.ht ml              

(24)

 

24 

UNIDADE 2

 

O CAMPO ELÉTRICO 

    RESUMO       

Nesta  unidade  vamos  introduzir  o  conceito  de  campo  elétrico,  importante  para  o  entendimento  de  como  as  interações  à  distância  entre  cargas  se  estabelecem,  principalmente  se  estas  cargas  estão  em  movimento, como poderá ser discutido em um estudo mais avançado da  eletrodinâmica  clássica.  Neste  capítulo  discutiremos  somente  o  campo  elétrico estático devido a cargas em repouso.                             

(25)

 

25 

Sumário UNIDADE 2: O campo Elétrico  Paulo Henrique Ribeiro Barbosa  2 O CAMPO ELÉTRICO    2.1  Introdução  26  2.2  Ação à Distância e o Campo Elétrico  26  2.3  Dipolo Elétrico  28  2.4  Linhas de Campo Elétrico  29  2.5  Carga Elétrica na Presença de um campo Elétrico  31  2.6  Dipolo Elétrico Sob Ação de um Campo elétrico Externo  32  2.7  Problemas Resolvidos  33  2.8  Problemas Propostos  35  2.9  Referências bibliográficas  37  2.9  Web‐bibliografia  37             

(26)

 

26 

2.1 – Introdução 

  Qual  é  o  mecanismo  pelo  qual  uma  partícula  consegue  exercer  uma  força  sobre  outra  atravessando  o  espaço  vazio  que  as  separa?  Supondo  que  uma  partícula  em  um  determinado  ponto  é  subitamente  movida, a força que uma segunda partícula a uma distância r exercia na  primeira  é  subitamente  alterada?  Neste  capítulo  vamos  introduzir  o  conceito  de  campo  elétrico,  importante  para  o  entendimento  de  como  as interações à distância entre cargas se estabelecem, principalmente se  estas  cargas  estão  em  movimento,  como  poderá  ser  discutido  em  um  estudo  mais  avançado  da  eletrodinâmica  clássica.  Neste  capítulo  discutiremos  somente  o  campo  elétrico  estático  devido  a  cargas  em  repouso.  

 

2.2 ‐ Ação à Distância e o Campo Elétrico 

A força coulombiana, assim como a força gravitacional, é uma interação  à  distância  e  algo  mal  compreendido  até  meados  do  século  dezenove  quando Michael Faraday introduziu o conceito de campo que permite‐os  raciocinar como se dá a ação à distância. De acordo com o conceito de  campo, a interação entre duas cargas, q1 e q2, ocorre através da ação do  campo  elétrico  de  uma  delas  sobre  a  outra.  Definimos  então  o  campo  elétrico  , em um ponto, produzido por um conjunto de cargas, como a  força  elétrica    que  atua  sobre  uma  carga  q0  neste  ponto  devido  às  outras, dividida pela carga q0, 

        ,      (2.1)  onde q0 é a carga de prova, convencionalmente tomada como positiva. 

No  Sistema  internacional  (SI)  a  unidade  de  campo  elétrico  é  1  newton 

por coulomb (1N/C). Operacionalmente devemos considerar a carga de 

prova,  q0,  tão  pequena  quanto  possível  para  que  esta  não  perturbe  o 

arranjo  original  de  cargas  do  qual  se  quer  medir  o  campo  elétrico.  Isto  pode ser resumido na equação abaixo 

lim  

Assim,  para  se  conhecer  o  valor  do  campo  elétrico  em  determinado  ponto, basta colocar uma carga de prova naquele ponto e dividir a força  medida pelo valor da carga de prova q0. 

(27)

 

27 

  Considere q uma carga puntiforme positiva como uma fonte de 

campo elétrico. Coloquemos a carga de prova positiva q0 a uma distância  r desta (ver Figura 2.1a). A carga de prova experimentará uma força de  repulsão  de  módulo  | |.  Substituindo  F0  no  módulo  da  Eq.  (2.1) temos          | |      (2.2)  Vetorialmente, temos  | | ̂,      (2.3)                       

onde  ̂  é  o  vetor  unitário  que  aponta  na  direção  do  ponto  P,  onde  foi  aferido  o  campo  elétrico.  Observe  que  o  campo  elétrico  de  uma  carga  positiva aponta na mesma direção da força que atua na carga de prova e  é, portanto de afastamento. Se q for negativa (Fig. 2.1b) a força será de  atração sobre a carga de prova e o campo elétrico será de aproximação.  Também  se  observa  que  o  módulo  do  campo  elétrico  de  uma  carga  pontual  para  uma  mesma  distância  ao  redor  da  fonte  é  o  mesmo.  Campos elétricos cujo módulo independem da orientação espacial, mas  tão  somente  da  distância  da  fonte  ao  ponto  de  observação  são  denominados de radiais. 

  Considere  uma  pequena  carga  de  prova  q0  em  um  ponto  P  distante ri0 de uma carga qi. A força na carga de prova devido à carga  qi é 

̂    e o campo elétrico é, usando Eq.(2‐1) 

Figura 2.1: Campo Elétrico de uma carga pontual q.(a) carga fonte  poisitiva e (b) carga fonte negativa

(28)

 

28 

 

Figura  2.3:  (a)Molécula  de  água  como  dipolo  permanente  e  (b)  dipolo induzido 

   ̂  , 

onde   ̂  é o vetor unitário apontado da carga qi ao ponto onde se quer  medir  o  campo  .  Para  uma  distribuição  discreta  de  cargas  o  campo  total no ponto P é 

  1

4 ̂ .       2.4    

A  propriedade  acima  é  conhecida  como  princípio  da  superposição,  que  decorre  da  existência  de  respostas  lineares  do  sistema  de  cargas  discretas ou contínuas. A propósito, para uma distribuição  contínua de  cargas a equação acima é escrita como 

,       2.4   onde  em  coordenadas  cartesianas    ̂ ̂   ,  e  , sendo r a distância do elemento de carga dq ao ponto de  observação. 

2.3 ‐ Dipolo Elétrico  

Um  sistema  formado  de  duas  cargas  de  mesmo  módulo  e  de  sinais  opostos  separadas  por  uma  pequena  distância  L  é  chamado  de  dipolo  elétrico.  Sua  amplitude  e  orientação  são  descritos  pelo  vetor  dipolo 

elétrico  ,  que  é  um  vetor  que  aponta  da  carga  negativa  para  a  carga 

positiva e tem módulo qL (ver Figura 2.2).         

Um  sistema  pode  naturalmente  apresentar  propriedades  polares  (chamados de dipolos permanentes) ou estas podem ser induzidas pela  aplicação  de  um  campo  elétrico  no  sistema  (dipolos  induzidos).  Como  um  exemplo  de  um  dipolo  permanente  podemos  citar  o  caso  da  molécula  de  água  (Fig2.3a),  onde  os  elétrons  “preferem”  passar  mais 

  Figura 2.2: Dipolo Elétrico 

(29)

 

29 

tempo  próximos  ao  oxigênio  do  que  dos  hidrogênios.  No  caso  de  um 

dipolo  induzido  podemos  ter  uma  molécula  em  que  inicialmente  os  centros  das  distribuições  das  cargas  positivas  e  negativas  coincidem,  mas são deslocados pela  ação de  um  campo elétrico externo  (Fig2.3b).  Em muitas investigações em ciências físicas e químicas somos solicitados  a verificar se um determinado sistema pode apresentar comportamento  dipolar.  Por  isso  é  importante  calcularmos  o  campo  do  dipolo  elétrico  para  conhecermos  suas  propriedades  matemáticas.  O  exemplo  abaixo  ilustra este procedimento. 

 

Exemplo  2.1:  A  figura  2.4  mostra  um  dipolo  elétrico  com  suas  cargas 

posicionadas ao longo do eixo x nas posições x=‐a e x=+a. (a) Encontre o  campo elétrico em um ponto x>a. (b) Encontre a forma matemática do  campo elétrico para a situação limite x>>a.                      Solução: (a) Considere um ponto x>a, e aplique a Eq.(2‐4):  ̂ ̂ ̂.  (b) O comportamento do campo elétrico do dipolo para x>>a é   ou  ̂ ,       (2.5)  onde  fizemos  a  aproximação      e  2 .  A  Eq.(2.5)  mostra  que  para  pontos  afastados  das  cargas  o  campo  do  dipolo  cai  mais rapidamente e com o cubo da distância.         Figura 2.4: Dipolo elétrico formado de duas cargas de módulo q e  distância L=2a 

(30)

 

30 

2.4 ‐ Linhas de Campo Elétrico 

  Podemos  representar  o  campo  elétrico  traçando  linhas  que  indicam  a  sua  direção.  As  linhas  de  campo  elétrico,  introduzidas  por  Faraday,  são  também  conhecidas  como  linhas  de  força.  Em  qualquer  ponto  o  campo  elétrico,  ,  é  tangente  à  linha.  A  Figura  2.5(a)  mostra  que  para  uma  carga  pontual  positiva  o  campo  elétrico  aponta  radialmente  para  fora,  como  mostram  as  linhas  de  força.  No  caso  de  uma carga pontual negativa as linhas de força convergem para o ponto  aonde se encontra a carga.                    Observe como a representação do campo elétrico em termos de linhas  de  força  é  útil.  Por  exemplo,  a  medida  que  nos  afastamos  da  carga  pontual  positiva  as  linhas  de  força  estarão  cada  vez  mais  afastadas,  mostrando que o campo vai ficando cada vez mais fraco.  Considere uma  esfera de raio r centrada em torno de uma carga pontual. Se N linhas de  força  emergem  da  carga,  o  número  de  linhas  de  força  por  unidade  de  área que atravessarão a superfície da esfera é N/πr2. Assim, a densidade  de  linhas  decresce  com  a  distância  com  1/r2,  que  é  o  mesmo  comportamento  do  campo  elétrico.  As  Figuras  2.6(a)  e  (b)  mostram  a  representação  do  campo  elétrico  em  termos  de  linhas  de  força  respectivamente  para  duas  cargas  iguais  e  positivas  e  para  um  dipolo  elétrico. É muito intuitiva a construção de tal representação baseada na  justaposição das representações em termos das linhas de força de cada         Figura 2.5: Representação do campo elétrico por meio de linhas  de força para (a) carga positiva e (b) carga negativa    Figura 2.6: (a) Cargas iguais e positivas e (b) cargas iguais e opostas 

(31)

 

31 

carga  isoladamente.  É  muito  instrutivo  resumir  em  um  conjunto  de 

regras  a  serem  seguidas  na  representação  do  campo  elétrico  de  um  conjunto de cargas elétricas pontuais: 

2 As  linhas  de  campo  elétrico  começam  nas  cargas  positivas  (ou  no  infinito) e terminam nas cargas negativas (ou no infinito); 

3 As linhas de campo são traçadas simetricamente entrando ou saindo  de uma carga isolada; 

4 O  número  de  linhas  de  campo  deixando  uma  carga  positiva  ou  entrando  em  uma  carga  negativa  é  proporcionais  à  magnitude  da  carga; 

5 A densidade de linhas de campo (o número de linhas por unidade de  área  perpendicular  às  linhas)  em  qualquer  ponto  é  proporcional  à  magnitude do campo elétrico naquele ponto;  6 Á grandes distâncias de um conjunto de cargas, as linhas de campo  são igualmente espaçadas e radiais, como se elas se originassem de  uma carga pontual de carga líquida igual à do conjunto;  7 Linhas de campo resultante não se cruzam.    2.5 ‐ Carga Elétrica na Presença de um campo Elétrico    Quando uma carga elétrica pontual q é colocada em um ponto  com campo elétrico  , a carga fica submetida a uma força  . Se a  força elétrica é a única força significativa a que a carga q está submetida,  esta sofrerá uma aceleração dada pela segunda lei de Newton  

,        2.6   onde  m  é  a  massa  partícula  com  carga  q.  No  caso  do  elétron  a  velocidade  envolvida  é  muito  grande  e  devemos  considerar  correções  relativísticas.  Se  o  campo  elétrico  é  conhecido  a  relação  q/m  pode  ser  calculada pela medida da aceleração. Esta foi a base da experiência de J.  J. Thomson  em 1897 para a determinação da existência do elétron. Este  experimento  é  a  base  de  funcionamento  de  uma  série  de  dispositivos  eletrônicos,  como  osciloscópios,  monitores  de  computador,  monitores  de TV, etc.  

(32)

 

32 

 

Figura 2.7: Elétron na presença de um campo elétrico uniforme. 

  Figura 2.8: Dipolo elétrico sob ação de um campo elétrico externo  uniforme,    1000 ̂  ,  com  uma  velocidade  inicial 

2 10 ̂ na direção do campo (ver Fig.2.7).  Que distância o elétron  viajará na região de campo antes de parar? 

Solução:  Considerando  que  a  única  força  significativa  é  a  elétrica  e 

sendo  a  carga  do  elétron  negativa  esta  força  é  ,  constante  e  apontando  no  sentido  oposto  ao  do  campo  elétrico.  Assim,  podemos  usar  as  equações  do  movimento  uniformemente  variado  para  encontrarmos a variação da posição até repouso instantâneo do elétron:  1. O deslocamento Δx esta relacionado às velocidades inicial e final  pela equação de Torricelli:  2 ∆ ,   2. O módulo da aceleração é  ,  3. Quando v=0 temos ∆ 1.14 10 .    2.6 – Dipolo Elétrico Sob Ação de um Campo elétrico Externo 

Já  discutimos  o  caso  do  campo  elétrico  gerado  por  um  dipolo  elétrico,  que  pode  ser  uma  molécula  de  água  ou  uma  molécula  de  ácido  clorídrico,  que  são  moléculas  polares.  Vamos  discutir  agora  o  que  acontece com um dipolo quando este é submetido a um campo elétrico  externo. Para simplificar vamos considerar que este campo é uniforme.   Vamos mostrar que o campo externo não exerce nenhuma força externa 

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33 

determinando ângulo. Considere a figura 2.8, que mostra o dipolo numa 

região de campo elétrico uniforme.  Observe que as forças   e   têm  mesmo  módulo,  F1=F2=qE,  mas  sentidos  opostos,  o  que  dá  uma  resultante  nula.  Por  outro  lado,  estas  forças  exercem  um  torque  que  tende a girar e alinhar o dipolo com o campo externo.  Por exemplo,  o  torque  em  torno  da  carga  negativa  tem  módulo    sin

sin sin . A direção do torque, pela regra da mão direita, é  aquela  entrando  na  página.  Em  notação  vetorial  podemos  escrever  o  torque como : 

.       2.7     Quando um dipolo gira de um ângulo dθ, o trabalho realizado  pelo torque é  sin . O sinal vem do fato de que  o torque tende a decrescer θ. Como este trabalho é igual ao decréscimo  da energia potencial, temos  sin .  Integrando, obtemos   cos .  Escolhendo U0=0 para θ=π/2, temos  cos · ,       2.8   Que é a energia potencial elétrica armazenada no dipolo elétrico. 

  Fornos  de  micro‐ondas  exploram  o  fato  de  que  existe  uma 

grande  quantidade  de  água  (moléculas  polares)  nos  alimentos  para  poder  cozinhá‐los.  Ao  funcionar  na  faixa  de  vibração  das  moléculas  de  água estas vibram por ressonância e os alimentos são aquecidos  

 

2.7 – Problemas resolvidos 

Exemplo 2.3: Uma carga pontual q1=8 nC está na origem , e uma 

segunda carga q2=12 nC está no eixo x, em a=4m (Figura 2.9). Encontre o  campo elétrico total (a) em P1, no eixo x,  a x=7 m e (b) em P2 no eixo x  em x=3 m.              Figura 2.9: Duas cargas pontuais dispostas ao longo do eixo x 

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34 

Solução:  Como o ponto P1 está à direita das duas cargas e as mesmas  são ponto P2 (x=3 m), que está mais próximo da carga q2, o campo  elétrico resultante apontará para a esquerda. Vejamos isto  quantitativamente: 

(a) Usando a Eq. (2.4) para o ponto P1 temos  

̂ ̂ ̂ ̂, 

 

Usando  x=7  m,  a=4  m,  q1=8  nC  e  q2=12  nC,  temos  13.5 ̂.  (b) Para o ponto P2 temos   ̂ ̂ ̂ ̂,  o  que  dá  100 ̂.    A Figura 2.10 mostra graficamente o comportamento do campo elétrico  para todos os pontos ao longo do eixo x.                    Exemplo 2.4: Encontre o campo elétrico no eixo y a y=3 m para as cargas  vistas na Figura 2.9. 

Solução:  Observe  que  para  um  ponto  sobre  o  eixo  y  o  campo  elétrico, 

, devido à carga q1, aponta ao longo do eixo y, enquanto o campo   ,  devido  à  carga  q2,  faz  um  ângulo  θ  com  o  eixo  y  (Figura  2.11a).  Para  encontrar  o  campo  resultante  procedemos  com  a  decomposição  analítica,  encontrando  as  componentes  x  e  y  de  cada  campo,  como  mostrado na figura 2.11b. 

 

Figura 2.10: Gráfico do campo elétrico resultante da configuração de  cargas vista na Fig. 2.9 ao longo do eixo x 

(35)

 

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Figura 2.12  Observe que o campo da carga q1 tem módulo  7.99 N/C, 

0,  7.99 .  O campo da carga q2 tem módulo  4.32 .  Suas  componentes  são  cos ,  sin .  Da  Figura  2.11a  obtemos  sin 0.8  e  cos 0.6.  Assim  temos, 

3.46  /  e  

10.6 . Dessas componentes obtemos a magnitude do campo 

 

 resultante,  11.2  / ,  fazendo  um  ângulo  tan 108°, com o eixo x.     2.8 –Problemas Propostos  Problema 2.1‐ As linhas de campo de  duas esferas condutoras são  mostradas na Figura 2.12. Qual o sinal  relativo das cargas e a magnitude das  cargas das duas esferas?      

Problema  2.2‐    Um  elétron  entra  em 

uma  região  de  campo  elétrico 

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36 

 

Figura 2.13: Quadrado de lado a 

2000 ̂  com  uma  velocidade  inicial  10 ̂  perpendicular  ao  campo.  (a)    Faça  uma  comparação  entre  as  forças  gravitacional  e  elétrica  que  agem  no  elétron.  Qual  é  a  deflexão  do  elétron após ele ter percorrido 1 cm na direção x? 

 

 Problema 2.3‐  Calcule o campo elétrico no centro do quadrado da  figura 2.13 abaixo.  

Problema  2.4‐  Em  um  particular  ponto  do  espaço,  uma  carga  Q  é 

posicionada e não sobre nenhuma força elétrica. Analise cada uma das  alternativas abaixo, justificando sua resposta: 

(a) Não existem cargas nas proximidades; 

(b) Se existem cargas próximas, estas têm sinais opostos ao de Q; 

(c)  Se  existem  cargas  próximas,  a  carga  total  positiva  deve  ser  igual  a  carga total negativa; 

(d) Nenhuma das alternativas acima precisa ser verdadeira. 

Problema 2.5‐ Uma carga de +5.0 μC está localizada em x=‐3.0 cm e uma 

segunda carga de ‐8.0 μC está localizada em x=+4.0 cm. Onde devemos  posicionar  uma  terceira  carga  de  +6.0  μC  de  modo  a  termos  o  campo  elétrico nulo em x=0.0 cm?   

Problema 2.6‐ Duas cargas +4q e ‐3q estão separadas por uma pequena 

distância. Trace as linhas de campo elétrico para este sistema. 

Problema  2.7‐  Três  cargas  iguais  e  positivas  são  posicionadas  nos 

vértices  de  um  triângulo  eqüilátero.  Esquematize  as  linhas  de  campo  elétrico para este sistema. 

Problema  2.8‐  Um  elétron,  partindo  do  repouso,  é  acelerado  por  um 

campo elétrico uniforme de módulo 8 x 104 N/C que se estende por uma  região de 5.0 cm. Encontre a velocidade do elétron depois que ele deixa  a região de campo elétrico uniforme. 

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37 

Problema  2.9‐Duas  cargas  pontuais,  q1=+2.0  pC  e  q2=‐2.0  pC  estão  separadas  por  uma  distância  de  4μm.  (a)  Qual  é  o  momento  de  dipolo  do  par  de  cargas?  (b)  Esquematize  o  dipolo  e  mostre  a  direção  do  momento de dipolo.     2.8 Referências bibliográficas  Livro Texto  HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S.  Física. V. 3, 4. ed. Rio de  Janeiro: LTC, 1996.    Bibliografia complementar  HEWITT, Paul G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.  TIPLER, P. Física 3. 4. ed. Rio da Janeiro: Guanabara Dois, 1999.  NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica 3: mecânica. São Paulo:  Edgard Blücher, 1996.  SERWAY, R. A. Física para cientistas e engenheiros: com Física Moderna.  V. 3. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.    2.9 Web‐bibliografia    http://br.geocities.com/saladefisica3/labortório.htm   http://www.adorofisica.com.br/comprove/mecanica/mec_cine_vetor.ht ml          

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UNIDADE 3

 

A LEI DE GAUSS 

    RESUMO    Nesta unidade discute‐se uma alternativa à lei de Coulomb, chamada de  lei  de  Gauss,  que  permite  uma  abordagem  mais  prática  e  instrutiva  no  cálculo  do  campo  elétrico    em  situações  que  apresentam  certas  simetrias.  Entretanto,  o  cálculo  do  campo  elétrico  na  forma  como  apresentada  na  unidade  anterior  permanece  infalível,  embora  trabalhosa em muitos casos. Neste capítulo apresentaremos o conceito  de  fluxo  de  um  campo  vetorial,  importante  na  apresentação  da  lei  de  Gauss e depois faremos aplicações. 

     

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Sumário UNIDADE 3: A Lei de Gauss  Paulo Henrique Ribeiro Barbosa    3.1  O Fluxo de Campo Vetorial  3.1  3.2  O Fluxo do Campo Elétrico   e a Lei de Gauss  3.2  3.3  Aplicações da Lei de Gauss  3.3 

3.4  Usando  a  Lei  de  Gauss  para  Discutir  o  Campo  Elétrico  em  Condutores  3.4  3.5  Problemas  Propostos  3.5  3.6  Referências bibliográficas    3.7  Web‐bibliografia                                 

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3.1 O Fluxo de Campo Vetorial  

Uma  forma  de  entendermos  o  significado  de  fluxo  é  imaginarmos  que  estamos às margens de uma auto ‐ estrada e realizando a contagem da  quantidade de carros que cruzam a via em determinado ponto durante  certo  tempo.  Ao  fazer  isto  estamos  calculando  o  fluxo  de  carros  na  estrada naquele ponto. Se associarmos um vetor velocidade a cada carro  que  ocupam  a  via  teremos  vários  vetores  velocidade  espacialmente  distribuídos,  compondo  o  que  denominamos  campo  vetorial  de  velocidades  .  

Para  uma  análise  quantitativa  do  fluxo  vetorial  consideremos  o  escoamento  de  um  fluido  em  regime  estacionário,  representado  pela  especificação  do  vetor  velocidade  em  cada  ponto  (ver  Fig.3.1).  Na  Fig.3.1a  colocam‐se  um  fio  retangular  de  modo  que  seu  plano  seja  perpendicular ao vetor velocidade, , associado ao fluxo do fluido que                   

escoa  ao  longo  de  um  canal.  Definindo‐se  o  fluxo  do  campo  de  velocidades de modo que seu valor absoluto seja dado por  

      | | ,      (3.1)  onde v é a intensidade da velocidade no local em que está posicionado o  fio retangular. A unidade do fluxo do fluido é m3/s, que é o mesmo que a  vazão  do  fluido  que  passa  através  da  área  A  delimitada  pelo  fio  retangular.  Em  termos  do  conceito  de  campo,  podemos  considerar  o 

fluxo  como  uma  medida  do  número  de  linhas  de  campo  que 

  Figura 3.1: (a) Fio retangular em um fluido com área normal ao vetor  velocidade. (b) Fio retangular com área formando um ângulo Ф com  o vetor velocidade.

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atravessam a área do fio retangular. Se inclinarmos o fio retangular de 

forma  que  o  seu  plano  não  seja  mais  perpendicular  à  direção  do  vetor  velocidade (ver Fig. 3.1b),  o número de linhas do campo de velocidade  atravessando  a  área,  A,  do  retângulo  não  será  mais  o  mesmo  e  diminuirá. Para calcular o fluxo do fluido observemos que o número de  linhas  do  campo  de  velocidade  que  atravessam  a  área,  A,  na  forma  inclinada é o mesmo número de linhas que atravessam a área projetada,  Acosφ, perpendicularmente às linhas de  . Assim, a intensidade do fluxo  correspondente a situação retratada na Fig. 3.1b é  

       |Φ| vA cos .      (3.2)  Se  o  fio  retangular  for  girado  de  modo  que  sua  área  seja  paralela  ao  vetor  velocidade  (φ=90°),  nenhuma  linha  de  velocidade  atravessará  a  área  e  o  fluxo  de  velocidades  é  nulo  (| | 0 .  Podemos  dar  uma  interpretação  vetorial  à  Eq.(3.2),  introduzindo  o  vetor  área,  ,  que  emerge  perpendicularmente  (normal)  à  superfície  de  área  A  do  fio  retangular: 

· .       3.3   Observe  que  esta  definição  nos  coloca  diante  da  possibilidade  de  um  fluxo  de    positivo  ( 0    90°),  bem  como  um  fluxo  de    negativo  ( 0    90°).  Assim,  no  caso  de  uma  superfície  aberta  deve‐se  escolher  um  sentido  para  a  normal  à  superfície  em  questão. No  caso de uma superfície fechada, na  qual se refere a lei de  Gauss,  adota‐se  o  sentido  do  vetor  área,  ,  como  sendo  o  sentido  da  normal saindo da superfície. Dessa forma, o fluxo associado a um campo  vetorial  que  atravessa  a  superfície  e  deixa  o  volume  será  um  fluxo  positivo (fonte de linhas de campo), caso contrário o fluxo será negativo  (sumidouro  de  linhas  de  campo).  Podemos  estender  a  definição  acima  para uma superfície qualquer considerando que a mesma é formada de  um  número  muito  grande  de  superfícies  retangulares  de  área,  ,  elementares, cujo fluxo de linhas de   através da superfície de área ΔA  será  · .  Em  seguida  somamos  e  tomamos  o  limite  de  | | tendendo a zero,  

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lim · . .          .  ,       (3.4)  onde   é o vetor unitário normal à superfície de área elementar dA no  ponto considerado.   3.2 – O Fluxo do Campo Elétrico   e a Lei de Gauss 

O  fluxo  do  campo  elétrico,  ,  é  análogo  ao  fluxo  de  ,  resultando  em  expressão idêntica quando substituímos   por   em todas as etapas da  dedução. A Fig. (3.2) mostra as linhas de campo elétrico não uniforme e  o  elemento  de  área    .  Tomando  os  devidos  limites  o  fluxo  elétrico, 

ΦE, será dado por  

       .        (3.4)  Esta  integral  indica  que  a  superfície  em  questão  deve  ser  dividida  em  elementos infinitesimais de área  , que é atravessado por um campo                    

elétrico,  ,  e  que  a  quantidade  escalar  .   deve  ser  calculada  para  cada  elemento  e  somada,  contemplando‐se  toda  a  área  da  superfície. No caso da lei de Gauss, a superfície considerada é fechada,  sendo a Eq.(3.4) modificada para   . ,  onde o círculo na integral sinaliza que a mesma é fechada.     Figura 3.2: Linhas de campo atravessando uma  superfície S.   

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  Dissemos  acima  que  o  fluxo  de    através  de  uma  superfície  é 

uma medida do número de linhas de campo que atravessam a mesma,  ou  que  é  uma  medida  da  vazão  do  fluido.  Podemos  dar  uma  interpretação  análoga  para  o  caso  do  campo  elétrico,  dizendo  que  o  fluxo  elétrico   é  uma  medida  do  número  de  linhas  que  atravessam  uma superfície. Como não existem linhas de campo sem cargas elétricas,  podemos  dizer  que  para  uma  superfície  fechada  o  fluxo  elétrico  está  diretamente  ligado  à  carga  elétrica  envolvida  por  esta.  Imagine  uma  superfície  fechada,  que  chamaremos  a  partir  de  agora  de  superfície 

gaussiana,  contendo  uma  certa  quantidade  de  carga  q  (discreta  e/ou 

contínua).  A  lei  de  Gauss  afirma  que  o  fluxo  elétrico   através  desta  superfície fechada é proporcional à quantidade de carga q envolvida: 

 ,   ou 

. =q.      (3.5)  A  Eq.  (3.5)  contabiliza  o  número  de  linhas  que  atravessam  a  superfície  gaussiana  ou  a  quantidade  total  de  cargas  internas  a  esta  superfície.  Embora  a  escolha  da  superfície  gaussiana  seja  arbitrária  e  não  altere  o  resultado da integral na Eq. (3.5), deve‐se fazer uma escolha que explore  a  simetria  da  distribuição  de  cargas.  A  lei  de  Gauss  estabelece  uma  relação entre grandezas (o fluxo elétrico   e a carga total q envolvida  pela  superfície  S)  que,  em  princípio,  não  são  definidas  para  um  ponto,  pelo menos na forma como está expressa na Eq. (3.5). Assim sendo, não  é  de  se  estranhar  que  a  mesma  não  sirva  para  calcular  o  módulo  do  campo elétrico de uma distribuição qualquer. Na próxima seção vamos  mostrar  que  a  lei  de  Gauss  pode  ser  útil  no  cálculo  do  campo  elétrico  (que  é  uma  grandeza  local)  de  um  número  relativamente  reduzido  de  distribuições  de  cargas  que  geram  campos  elétricos  com  determinadas  simetrias,  desde  que  se  faça  uma  escolha  apropriada  da  superfície  gaussiana. 

A  lei  de  Gauss  e  a  lei  de Coulomb são  formas  diferentes  de  abordar  o  mesmo  problema,  e  conseqüentemente  fornecem  a  mesma  resposta.  Então, quando e por que usar uma ou outra lei? O uso de uma ou outra  lei é determinado pelas seguintes circunstâncias: (a) se a distribuição de 

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cargas  apresenta  um  alta simetria  a  resposta  é  obtida  mais  facilmente 

usando  a  Lei  de Gauss,  (b)  Entretanto  se  a  distribuição  de  cargas  apresenta  um  baixa  grau  de  simetria  a Lei  de  Coulomb  é  a  mais  adequada. 

 

3.3 – Aplicações da Lei de Gauss 

(a) Carga Puntiforme e a Lei de Coulomb 

Por  argumentos  de simetria  conclui‐se  que  o  campo  de  uma  carga  puntiforme  tem simetria  esférica  (campo  é  o  mesmo  para  qualquer  ponto  sobre  uma  esfera  de  raio  r  e  é  perpendicular  a  superfície  da  esfera). Assim, ao escolhermos como superfície gaussiana uma esfera de  raio r com a carga q em seu centro (Fig.3.3) teremos a possibilidade de  obter o campo elétrico da carga Q. Como   é paralelo a   em qualquer  ponto  sobre  a  Gaussiana,  o  produto  escalar  destes  dois  vetores  na  superfície  da  esfera  gaussiana  será  sempre  · =EdA.  Tomando  a  lei  de Gauss temos,  · 4 / , ou  ,      (3.6)  que é a eq. 2.3, o campo de uma carga puntiforme.                       Figura 3.3: Carga pontual Q envolvida por uma superfície  esférica de raio r. 

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Figura 3.4: Linha de carga positiva envolvida por uma superfície  gaussiana cilíndrica de raio r e comprimento l. 

No  cálculo  da  integral  fechada  sobre  a  superfície  esférica  tiramos  o  módulo  do  campo  de  baixo  do  símbolo  da  integral  porque  o  mesmo  é  constante. 

 

(b) Linha Infinita de Cargas 

Considere  uma  linha  infinita  de  carga  com  densidade  linear,  positiva  e  constante λ, conforme mostrado na Fig.3.4. Deseja‐se calcular o campo  elétrico  a  uma  distância  perpendicular  r  da  linha  de  carga.  Por  considerações de simetria conclui‐se que as linhas de campo são radiais.  Ou  seja,  o  campo  elétrico,  ,  é  perpendicular  à  linha  de  carga.  A 

superfície gaussiana mais apropriada para o cálculo do campo elétrico é  uma superfície cilíndrica de raio r, comprimento l, com a linha de carga  passando pelo seu eixo. Observe que   é constante ao longo de toda a  superfície  cilíndrica  e  perpendicular  a  ela.  O  fluxo  de    através  desta  superfície é  

· · · · / . 

Como para as superfícies S1, S2 e S3 o campo elétrico   e o elemento de  área  mantém  as  respectivas  relações  ,     ,  que  darão produto interno não‐nulo somente para a integral na superfície S1.  Assim, usando q=λl temos,  

(46)

 

46 

  Figura 3.5: Superfície gaussiana cilíndrica envolvendo uma parte da  carga de um  plano infinito de carga uniforme contida na área A.  2 /   ou   .      (3.7)    (c) Plano Infinito de Cargas  A Fig. 3.5 mostra parte de uma placa fina, não‐condutora e infinita, com  densidade superficial de carga σ (carga por unidade de área) constante e  positiva.  Deseja‐se  calcular  o  campo  elétrico  em  pontos  próximos  à  placa. Devido à simetria retangular da placa o campo é perpendicular a  superfície  da  mesma.  A  superfície  gaussiana  adequada  é  um  pequeno  cilindro  de  comprimento  2r  e  área  A,  como  ilustrado  na  Fig.3.5.  Da  simetria,  o  campo  tem  a  mesma  intensidade  nas  extremidades  do  cilindro. Assim, da lei de Gauss temos   . ,      ou   .  Isolando E temos          (3.8)     

Referências

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