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CAPÍTULO 9­ A LEI DE AMPÈRE 

9.3  A lei de Ampère e os solenóides 

Vamos  aplicar  a  lei  de  Ampère  para  calcular  o  campo  magnético  em  um  solenóide.  Um  solenóide  consiste  de  espiras  de  fios  enroladas  muito próximo uma das outras em torno de um núcleo como mostrado  na Figura 9.8. Vamos supor que existam   voltas de fio, cada portando 

uma  corrente  .  Queremos  determinar  o  módulo  do  campo    gerado  por esta distribuição de corrente. 

Para  calcular  o  campo  ,  calculamos  a  integral  de  linha  ·   em  torno  de  um  caminho  circular  de  raio    centrado  na  metade  do 

 

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Figura  9.9  Visão  da  seção  reta  de  um  solenóide  ideal,  onde  o  campo magnético no seu interior é uniforme e o campo magnético  externo  é  nulo.  A  lei  de  Ampère  aplicada  ao  caminho  tracejado  1234 pode ser usada para calcular o módulo do campo no interior.  toróide. Por simetria,   é tangente a este circulo e constante em módulo  em  qualquer  ponto  sobre  o  circulo.  Observamos  da  Figura  9.8  que  o  campo,  devido  a  cada  volta,  é  reforçado  no  interior  do  solenóide  à  medida que aumenta o número de espiras e estas vão se tornando cada  vez mais unidas. Os campos apontam cada vez mais na mesma direção.  No  exterior  acontece  o  inverso,  o  campo  vai  enfraquecendo  à  medida  que  aumenta  o  número  de  voltas  e  as  espiras  vão  se  adensando.  O  campo  devido  a  uma  espira  aponta  em  sentido  contrário  ao  campo 

produzido  pela  espira  vizinha.  No  solenóide  ideal,  cuja  porção  é  mostrada na Figura 9.9, o campo no interior do solenóide, para pontos  longe  das  extremidades  do  mesmo,  é  uniforme  e  paralelo  ao  eixo  do  solenóide e é zero para pontos fora do solenóide. 

Vamos então aplicar a lei de Ampère ao caminho tracejado 1234  mostrado na Figura 9.9.  

· · ·  

        0 0 · 0         9.18   onde   é a corrente atravessando a seção reta de área  , percorrendo  as   voltas do fio portando a corrente  . A corrente total atravessando  esta seção reta é portanto  

 

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Figura 9.10 A lei de Ampère vale para a curva fechada    englobando a corrente na espira circular, mas não é útil  para determinar  , uma vez que   não é constante ao  longo da curva e também não é tangente. 

Assim de (9.18) e (9.19) segue que o campo produzido pelo solenóide é  nulo para pontos fora do solenoide e igual a 

 

 é a densidade de espira por unidade de comprimento. 

A  lei  de  Ampère  é  útil  para  calcular  o  campo  magnético  apenas  quando existe um alto grau de simetria. Considere a espira de corrente  mostrada na figura 9.10. De acordo com a lei de Ampère, a integral de  linha ao longo do caminho  ,  ·  é igual a  0

. Embora a lei de 

Ampère seja válida para esta 

curva, o campo magnético   

não é constante ao longo de 

qualquer curva que circunde 

a corrente, nem é tangente a 

quaisquer  de  tais  curvas. 

Assim,  não  existe  simetria 

suficiente nesta situação que 

permita‐nos 

calcular 

 

usando a lei de Ampère.

    Questões  Q1 O Campo magnético é criado por uma espira de corrente uniforme?  Explique. 

Q2  Uma  corrente  em  um  condutor  produz  um  campo  magnético  que  pode  ser  calculado  usando  a  lei  de  Biot  –  Savart.  Porque  corrente  é  definida  como  a  taxa  de  fluxo  de  carga,  o  que  você  pode  concluir  a  respeito do campo magnético produzido por cargas estacionárias?   Q3 Dois fios paralelos portam correntes em direções opostas. Descreva a  natureza do campo magnético criado pelos dois fios em pontos (a) entre  os fios e (b) foras dos fios, em um plano contendo‐os. 

 

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Q4 A lei de Ampère é valida para todos os caminhos fechados rodeando 

um  condutor?  Por  que  não  é  util  para  calcular    para  todos  de  tais  caminhos? 

Q5 Compare a lei de Ampère com a lei de Biot‐Savart. Qual é, de forma  geral,  a  mais  util  para  cálculo  de    para  um  condutor  portando  corrente? 

Q6 Descreva as semelhanças entre a lei de Ampère em magnetismo e a  lei de Gaus em eletrostática. 

Q7  Um  tubo  de  cobre  oco  porta  uma  corrente  ao  longo  do  seu  comprimento.  Porque  0  dentro  do  tubo?    é  não  nulo  fora  do  tubo? 

Q8 Por que   é não nulo fora de um solenóide? Por que  0 fora de  um  toroide?  (Lembre‐se  que  as  linhas  de    devem  formar  caminhos  fechados.) 

Q9  Descreva  a  variação  no  campo  magnético  no  interior  de  um  solenóide  portando  uma  corrente  estacionaria    (a)  se  o  comprimento  do solenóide é duplicado, mas o número de voltas permanece o mesmo  e (b) se o numero de voltas é duplicado, mas o comprimento permanece  o mesmo. 

Q10  Uma  espira  condutora  chata  é  posicionada  em  um  campo  magnetico uniforme dirigido ao longo do eixo  . Para que orientação da  espira é o fluxo, através dela, máximo? Mínimo? 

 

Problemas 

P1  Uma  curva  fechada  abarca  vários  condutores.  A  integral  de  linha  ·  em torno desta curva é 3,83 10   · . (a) Qual é a corrente  total  nos  condutores?  (b)  Se  você  fosse  integrar  em  torno  da  curva  na  direção oposta, qual seria o valor da integral de linha? Explique. 

 

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  Figura 9.11 

P2  Um  condutor  solido  com  raio    é  suportado  por  discos  isolantes  sobre  o  eixo  de  um  tubo  condutor  com  raio  interno    e  raio  externo  ,  como  mostrado  na  Figura  9.11.  O  condutor  central  e  tubo  portam  correntes  iguais    em  direções  opostas.  As  correntes  são  distribuídas  uniformemente  sobre  as  seções  retas  de  cada  condutor. Deduza a expressão para o modulo do  campo  magnético  (a)  em  pontos  fora  do 

condutor  solido  central,  mas  dentro  do  tubo  ( )  e  (b)  em  pontos fora do tubo ( ) 

P3  Um  fio  longo,  reto,  cilíndrico  de  raio    porta  uma  corrente  uniformemente  distribuída  sobre  sua  seção  reta.  Em  que  local  é  o  campo magnético produzido por estas correntes igual a metade do seu  maior valor? Considere pontos dentro e fora do fio.  P4 A lei de Biot – Savart é semelhantes a lei de Coulomb em que ambas  (a) São leis do inverso do quadrado.  (b) Tratam com forças sobre partículas carregadas.  (c) Tratam com excesso de cargas.  (d) Incluem a permeabilidade do espaço livre.  (e) Não são de natureza elétrica. 

P5 Um pequeno elemento de corrente  , com  2     e  2  ,  está  centrado  na  origem.  Determine  o  campo  magnético    nos  seguintes pontos: (a) sobre o eixo   em  3  , (b) sobre o eixo   em  6  ,  (c)  sobre  o  eixo    em  3  ,  e  (d)  sobre  o  eixo    em  3   

P6 Para o elemento de corrente no problema P5 determine o modulo e  direção de   em  0,  3  ,  4  . 

P7  Uma  espira  de  corrente  circular  de  raio    portando  corrente    está  centrada na origem com seu eixo ao longo do eixo  . Sua corrente é tal  que  ela  produz  um  campo  magnético  na  direção    positivo.  (a)  Esquematize o gráfico de   versus   para pontos sobre o eixo  . Inclua  tanto  valores  positivos  quanto  negativos  de  .  Compare  este  Gráfico 

 

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Figura 9.12 

  Figura 9.13 

com aquele para   devido a um anel carregado do mesmo tamanho. (b)  Uma  segunda  espira  de  corrente  idêntica  portando  uma  corrente  igual  no  mesmo  sentido,  está  em  um  plano  paralelo  ao  plano    com  seu  centro  em  .  Esquematize  gráficos  do  campo  magnético  sobre  o  eixo   devido a cada espira separadamente e o campo resultante devido  as  duas  espirar.  Mostre  de  seus  esquemas  que  /   é  zero  na  metade entre as duas espiras. 

P8  Calcule  o  modulo  do  campo  magnético  em  um  ponto  a  100    de  um condutor longo, fino portando uma corrente de 1,00  . 

P8  Um  condutor  consiste  de  uma  espira  circular  de raio  0,100   e duas seções retas, longas,  como mostrado na Figura 9.12. O fio está no plano  do  papel  e  porta  uma  corrente  7,00  .  Determine  o  modulo  e  direção  do  campo  magnético no centro da espira. 

P9  Quatro  condutores  longos,  paralelos  portam  correntes iguais  5,00  . A figura 9.13 é uma  visão da extremidade dos condutores. A direção  da corrente é entrando na página nos pontos   e   (indicados por cruzes) e saindo da pagina em    e    (indicados  por  pontos).  Calcule  o  modulo  e  direção  do  campo  magnético  no  ponto  ,  localizado  no  centro  do  quadrado  com  um  comprimento de aresta de 0,200  . 

P10  Um  fio  longo,  reto  está  sobre  uma  mesa  horizontal  e  porta  uma  corrente  de  1,20  .  No  vácuo,  um  próton  move‐se  paralelo  ao  fio  (oposto à corrente) com velocidade constante de 2,30 10  m/s a uma  distancia    acima  do  fio.  Determine  o  valor  de  .  Você  pode  ignorar  o  campo magnético devido a Terra. 

BIBLIOGRAFIA 

 

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TIPLER  P.  A.,  MOSCA  G.  Physics  for  scientists  and  Engineers,  sixth 

edition, Freeman, New York, 2008. 

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HEWITT  P,  Física  Conceitual,  Longman,  9ª  edição,  Rio  Grande  do  Sul,  200x 

NUSSENZVEIG, H. M., Física Básica vol. 3, Edgard Blucher, x Ed., Rio de  Janeiro, 200X 

CUMMINGS K., LAWS P., REDISH E., COONEY P., Understanding Physics,  John Wiley, New York, 2004. 

YOUNG  H.  D.,  FREEDMAN,  R.  A.  Física  3:  Eletromagnetismo,  Pearson,  São Paulo, 2008. 

 

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CAPÍTULO 10­ A LEI DE FARADAY 

    RESUMO      Nesta unidade apresentaremos um resultado importante para o  estudo  do  eletromagnetismo,  que  é  a  lei  de  Faraday.  Esta  lei  explica  o  funcionamento de diversos dispositivos eletrônicos do nosso uso diário,  tais  como  os  motores  elétricos,  disco  rígido  de  micro‐computadores.  O  funcionamento  de  uma  usina  de  geração  de  eletricidade,  algo  muito  fundamental na nossa sociedade, é baseado na lei de Faraday.  

 

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10 A LEI DE FARADAY    10.1  Introdução  185 10.2  O fluxo magnético  185 10.3  A lei de Lenz  188   Questões  194   Problemas  196   Bibliografia  200    

 

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9.1 Introdução 

O  que  cata‐ventos,  detectores  de  metal,  gravadores  de  vídeo,  discos  rígidos  para  computadores  e  os  telefones  celulares  têm  em  comum?  Surpreendentemente,  todas  essas  diferentes  tecnologias  provêm  de  um  único  princípio  científico:  a  indução  eletromagnética.  A  indução  eletromagnética  é  o  processo  de  geração  de  uma  corrente  elétrica  por  meio  da  variação  do  campo  magnético  que  atravessa  o  circuito. 

As  muitas  aplicações  da  indução  eletromagnética  fazem  dela  um  importante  tópico  de  estudo.  Mais  fundamentalmente,  a  indução  eletromagnética estabelece um vínculo importante  entre a eletricidade  e  o  magnetismo,  uma  ligação  com  implicações  importantes  para  a  compreensão da luz como onda eletromagnética. 

A indução eletromagnética é um tópico sofisticado, de modo que  vamos  desenvolvê‐lo  gradualmente.  Primeiro,  examinaremos  os  diferentes  aspectos  da  indução  e  nos  familiarizaremos  com  suas  características básicas. 

Os  objetivos  deste  capítulo  são  adquirir  habilidades  (i)  para  calcular  o  fluxo  magnético  e  a  corrente  induzida  por  um  campo  magnético variável e (ii) para usar a lei de Lenz e a lei de Faraday para  determinar o sentido a intensidade de correntes induzidas. 

No  final  dos  anos  1830,  Michael  Faraday  na  Inglaterra  e  Joseph  Henry  na  América  descobriram  independentemente  que  um  campo  magnético  variável  induz  uma  corrente  em  um  fio.  A  fem  e  correntes  criadas  com  a  variação  do  campo  magnético  são  chamadas  fem’s 

induzidas  e  correntes  induzidas.  O  processo  em  si  é  conhecido  como 

indução magnética.