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A arqueologia colaborativa no tratamento de acervos patrimoniais para a sustentabilidade cultural das comunidades no Brasil: teoria e estudos de caso

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Academic year: 2021

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Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro

A ARQUEOLOGIA COLABORATIVA NO TRATAMENTO DE ACERVOS PATRIMONIAIS PARA A SUSTENTABILIDADE CULTURAL DAS

COMUNIDADES NO BRASIL. Teoria e Estudos de Caso

Tese de Doutoramento em Quaternário Materiais e Culturas.

MARIAN HELEN DA SILVA GOMES RODRIGUES

Orientadores:

L.D.Drª. Erika Marion Robrahn- González Prof. Dr. Luiz Miguel Oosterbeek

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DEDICATÓRIA

Aos meus Jorlans – pai e filho, amigos e amores de toda a vida. À Tiinha, meu anjo, minha mãe de alma.

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AGRADECIMENTOS

Nessa trajetória acadêmica colocaram-me no caminho muitas pessoas queridas que contribuíram para esse amadurecimento profissional. Mais uma vez tive a certeza de que nada se conquista sozinha, por este motivo meus sinceros agradecimentos:

À minha orientadora Doutora Erika Marion-Robrahn González, não por mera formalidade, mas por me mostrar que tudo é possível se acreditarmos no nosso potencial; pela competência identificando em cada detalhe da trajetória desta pesquisa uma oportunidade de refletir e performar; por se emocionar comigo quando falávamos das comunidades e das tradições ameaçadas; por me apresentar na prática o universo da arqueologia colaborativa no Brasil e, sobretudo, por ter sido tão rigorosa em todo o processo desta investigação.

Ao meu orientador Luiz Miguel Oosterbeek que desde o início da minha trajetória acadêmica nunca relutou em apoiar-me, sempre presente orientando e instigando reflexões.

A Universidade de Trás -os- Montes e Alto Douro em nome do Diretor do curso Quaternário, Materiais e Culturas professor Drº Artur Sá e da professora Drª Mila Simões de Abreu, pelo apoio institucional, pelo rigor científico e pela acolhida em Vila Real.

Ao Jorlan da Silva Oliveira, meu mestre, meu companheiro, sempre presente em todos os momentos da minha vida, o amparador das minhas lágrimas, meu conselheiro, meu guia, meu amor.

Em tom especial ao senhor Emílio González, presidente do Grupo Documento, pela generosidade em apoiar-me em todas as etapas desta pesquisa, pelas bibliografias preciosas, pelas conversas instigadoras, pela motivação e pela grande contribuição (nos bastidores) que tem dado para esse novo cenário da Arqueologia Brasileira. A ele estendo todo o meu agradecimento às pessoas que fazem o Grupo Documento.

Ao Instituto Terra e Memória em nome da professora Drª Sara Cura pelos ensinamentos e conhecimentos partilhados e Drª Anabela pela acolhida em Mação.

Às amigas Leidiana Mota e Antonella Perdegnana, por terem ajudado a manter-me no foco em todo o processo, pelas longas conversas, pelas revisões nos textos, pelas dicas, pelo carinho e amizade incondicional.

A minha família que mais uma vez esteve firme e forte apoiando-me, aturando meu mau humor, segurando em minhas mãos sempre que pensei em desistir, pela confiança, orações, vocês são o meu refúgio e minha fortaleza: filho - Jorlan da Silva Oliveira Filho; mães – Maridete da Silva e Elizabete da Silva; pais – Lourival Dias Gomes e Expedito Rodrigues do Nascimento.

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Aos companheiros de luta do Instituto Olho D’ Água: Cilândio da Silva Miranda, Cremildo da Silva, Eliane Dias, Lucas Gomes, Luciano da Silva, Marilia Gomes (especialmente), Jean Sidney, Nara Luzia, Paula Raquel Tavares, Socrátes França, Mercedes Maria de Souza, Raimundinha Oliveira, Myslene Oliveira e Lucas Braga pela concretude desse ambicioso projeto da comunidade para a comunidade.

Especialmente à minha equipe do Núcleo de Sustentabilidade em Tratamento de Acervos do Grupo Documento pelo compromisso e dedicação no tratamento do patrimônio cultural brasileiro: Ana Claudia Fragoso, Carlos Gadelha, Carmem Brugnera, Décio da Matta, Lucas Bernalli, Leandro Landim, Luiz Henrique e Vanessa Caldeirão. E a Carolina Brugnera do Departamento de Arquitetura pela contribuição.

Aos amigos Juliano Campos e Marcos César Pereira Santos, da UNESC, pela parceria nas produções científicas.

Ao professor Pedro Paulo de Abreu Funari pela contribuição à Arqueologia Brasileira. Aos colegas de trajetória: Cris Buco, Carolina Abreu, Cinthia Moreira, Ariana Braga, Luana Campos, Barbara Rogens, Daniela Shofiati, Gaysa, Andre Moura, Cascaes, em particular para os membros da Cruz: Lorena Saboia, João Caixeta e Graziele Jacome, amigos para toda a vida.

Às comunidades que contribuíram para esta pesquisa, nos acolhendo em seus territórios, confiando a nós as suas histórias, os modos de vida e pelo trabalho em sinergia em todas as etapas da pesquisa.

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RESUMO

O Brasil é portador de um acervo patrimonial diversificado e numeroso - tanto material como imaterial. O estudo e a interpretação deste acervo permitem contribuir para a compreensão da ocupação humana e os seus modos de vida, sejam eles em contextos pré-históricos ou pré-históricos. E, tão importante quanto essa interpretação, é o envolvimento das comunidades que vivem nas áreas pesquisadas de forma sinérgica e integradas em busca de soluções de preservação, fruição e sustentabilidade cultural. Partindo deste entendimento, nas últimas duas décadas, a arqueologia adquiriu um aspecto colaborativo, entendendo que cientificamente poderia incorporar as perspectivas das comunidades no seu escopo de pesquisa, nascendo, portanto, no pensamento pós-processual, a Arqueologia Colaborativa, integrada ao escopo de atuação da Arqueologia Pública. Diversas experiências e aplicações em ações de inclusão e participação das comunidades têm sido realizadas.

Mas, esse acervo patrimonial tem sido tratado com o intuito de promover a sustentabilidade cultural das comunidades que detém estes conhecimentos e/ou vivem nas áreas tratadas, num processo de participação social integrada?

Partindo deste questionamento, a presente tese objetiva analisar a utilização de acervos de pesquisa material e imaterial na aplicação da sustentabilidade cultural no Brasil, através de uma reflexão conceitual e da apresentação de experiências de nossa participação em Programas de Pesquisa em diferentes contextos brasileiros. O trabalho é ainda apoiado em discussões sobre legislação, ética, gestão e práticas de educação patrimonial. Um capítulo específico foi dedicado a tratar sobre o tema sustentabilidade cultural, trazendo experiências desenvolvidas em diferentes países. Por fim, traz-se o estudo de caso em três contextos patrimoniais e ambientais distintos do Brasil, a saber: o Programa Arqueológico da Usina Hidrelétrica Teles Pires, na região Amazônica; o Programa Arqueológico da AES Tietê SP, com foco na valorização e preservação do patrimônio em 11 empreendimentos hidrelétricos na região sudeste brasileira, Estados de São Paulo e Minas Gerais; e as ações do Instituto Olho D’ Água, localizado na região nordeste brasileira, mais especificamente na Serra da Capivara/Estado do Piauí. Estes Programas abrangem diferentes atividades, mas o foco na presente tese está voltado ao envolvimento das comunidades e resultados em atendimento às especificidades e demandas locais.

Palavras- Chave: Acervos Patrimoniais, Arqueologia Colaborativa, Comunidades, Sustentabilidade Cultural, Brasil.

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ABSTRACT

Brazil bears numerous and diversified materials pertaining both to tangible and intangible heritage. The study and interpretation of those materials allow us to understand human occupational patterns both coming from prehistorical and historical contexts.

The involvement of the communities living within the studied areas is as important as the study of such materials. This action is performed through synergic and integrated solutions to be aligned with the cultural preservation, fruition and sustainability. Based on that, in the last two decades, archaeology acquired a new understanding leading to the incorporation of the perspectives of the living communities within research. Therefore, Collaborative Archaeology arose from the post-processual thinking, being integrated within the main purposes of Public Archaeology.

Some applications of this new discipline have been realized involving those communities. We rose the question if this heritage was always treated to promote the cultural sustainability of the communities bearing the knowledge connected with this heritage and/or living within the studied areas through a process of social integrated participation.

Bearing this question in mind, this thesis has as a main objective the analysis and the utilization of tangible and intangible heritage in the application of the cultural sustainability in Brazil, through conceptual observations and our personal experiences related to research programs involving different Brazilian contexts. Moreover, this work deals with issues related to legislation, ethic, management and application of the Educational Heritage. One specific chapter of this thesis is dedicated to the definition of cultural sustainability, collecting experiences developed in different countries.

After that, three different case studies from Brazil, but coming from diverse patrimonial and environmental contexts, are presented: the Archaeological Program of the electric power plant Teles Pires in the Amazon region; The AES Tietê SP Archaeological Program focusing on valorization and preservation of heritage in 11 hydroelectric enterprises in the south-eastern region of Brazil, involving São Paulo and Minas Gerais states; and the projects of the Olho D’Água Institute, placed in the north-eastern region of Brazil, specifically in the Serra da Capivara (Piauí). Those projects comprise different activities, yet only those involving the local communities are included in this thesis and results in response to specific and local demand are presented.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 1

CAPITULO 1. A MULTIVOCALIDADE NO CENÁRIO DA ARQUEOLOGIA COLABORATIVA ... 17

1.1 A INTERFACE ENTRE OBJETO E CULTURA MATERIAL ... 20

1.2 ARQUEOLOGIA PUBLICA E COLABORATIVA: PREÂMBULO ... 26

1.3 O PATRIMÔNIO CULTURAL E A TUTELA DE PRESERVAÇÃO DOS ACERVOS PATRIMONIAIS: CONCEITOS, LEGISLAÇÃO E GESTÃO ... 34

1.3.1 A Conservação e Gestão dos Acervos Patrimoniais ... 41

1.4 ÉTICA ... 46

1.5 A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COLABORATIVA E A INTERFACE COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS ... 53

Foto do sítio de arte rupestre da Bastiana em Coronel José Dias, Piauí, e o José Luiz, guardião local. ... 63

CAPITULO 2. A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NO ÂMBITO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLOGICO E HISTÓRICO CULTURAL ... 63

2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: ANTECEDENTES E EVOLUÇÃO ... 65

2.2 A SUSTENTABILIDADE DO PATRIMONIO CULTURAL DAS COMUNIDADES NO CONTEXTO MUNDIAL ... 68

2.2.1 Modelos na Ásia ... 70

2.2.2 Modelos na Ilha do Pacífico, Caribe e África ... 70

2.3 A SUSTENTABILIDADE CULTURAL NOS PROGRAMAS ARQUEOLÓGICOS E HISTÓRICO-CULTURAIS NO BRASIL: ANTECEDENTES PARA OS ESTUDOS DE CASO ... 72

CAPITULO 3. CASO I: PROGRAMA DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL, HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO DA UHE TELES PIRES. ESTADOS DO MATO GROSSO E PARÁ. ... 79

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA REGIÃO ... 82

3.2 AS PESQUISAS REALIZADAS ... 87

3.3 PROCESSO DE TRATAMENTO E SUSTENTABILIDADE DOS ACERVOS ... 90

3.3.1 Acervo Arqueológico ... 90

3.3.2 Acervo Material e Imaterial ... 92

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3.4.1 Formação de agentes patrimoniais ... 96

3.4.2 Formação de Professores ... 99

3.4.3 Exposições Oficinas: I Etapa ... 100

3.4.4 Circuito Cultural: II Etapa ... 104

3.4.5 As Casas de Memória ... 114

3.4.6 Instrução de Tombamento: Sítio Pedra Preta ... 116

3.4.7 Plataformas de Inclusão ... 122

3.4.7.1 Síntese Geral ... 125

3.5 REFLEXÕES FINAIS DO CAPÍTULO ... 126

CAPITULO 4. CASO II: PROGRAMA DE MANEJO ARQUEOLÓGICO APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS DA AES TIETÊ S/A. SÃO PAULO / MINAS GERAIS. ... 129

4.1 PROCESSO DE TRATAMENTOS E SUSTENTABILIDADE DOS ACERVOS ... 134

4.2 O LEVANTAMENTO DO ACERVO HISTÓRICO-CULTURAL TANGÍVEL E INTANGÍVEL ... 137

4.3 AÇÕES DE INCLUSÃO SOCIAL E SUSTENTABILIDADE CULTURAL ... 139

4.3.1 Oficina de Planejamento ... 143

4.3.2 Exposição Oficina: Arqueologia, Patrimônio e Artes Integradas ... 149

4.3.3 Blog da Comunidade ... 155

4.3.4 Produção de material didático: Cartilhas ... 156

4.3.5 O Ensino a Distância ... 158

4.3.6 Museu Virtual ... 159

4.3.7 Plataforma de Inclusão Digital de Patrimônio Cultural ... 161

4.3.8 Semana de Arqueologia: 10 anos do Museu Arqueológico de Água Vermelha ... 162

4.3.8. 1 Síntese dos Resultados ... 168

4.4 REFLEXÕES FINAIS DO CAPÍTULO ... 173

CAPITULO 5: CASO III - CONTEXTO DA REGIÃO SEMIÁRIDA: INSTITUTO OLHO D’ ÁGUA NO ENTORNO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA – PIAUÍ ... 177

5.1 O CONTEXTO ... 180

5.2 A TRAJETÓRIA RUMO AO PROTAGONISMO COMUNITÁRIO: ANTECEDENTES À CRIAÇÃO DO INSTITUTO OLHO D’ ÁGUA ... 183

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5.3.1 Objetivos Gerais ... 188

5.3.2 Objetivos Específicos ... 188

5.3.3 Pertinência legal e conceitual para a criação do IODA ... 190

5. 4 AÇÕES DE INCLUSÃO E SUSTENTABILIDADE CULTURAL ... 193

5.4.1 Expedição Excelência: De Volta Às Origens ... 194

5.4. 1.1 Olho D’ Água da Ritinha ... 198

5.4.1.2 I Expedição Excelência: Desenvolvimento ... 198

5.4.1.3 A conexão com o Território Tradicional ... 216

5.4. 2 II Expedição: Desfiladeiro da Capivara ... 221

5.4.3 Síntese Geral: Expedições ... 222

5.4.4 As Ruínas: Reconstituição 3D ... 223

5.4.5 Percorrendo os Carreiros de Zuzu ... 224

5.4.6 Blog do Instituto Olho D’Água: Sustentabilidade em Cultura ... 224

5.4.7 Ações Educativas e de Inclusão Social ... 226

5.4.7.1 Programa de Educação Arte na Serra ... 228

5.4.7.2 Criando e recriando um ambiente sustentável ... 230

5.4.8 Rede de Colaboração: a sinergia com projetos regionais e nacionais ... 230

5.5 REFLEXÕES FINAIS DO CAPÍTULO ... 231

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 235

APÊNDICE I ... 263

APÊNDICE II ... 295

APÊNDICE III ... 341

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LISTA DE FIGURAS: TEXTOS

Figura 1 – Mapa de localização do Empreendimento Teles Pires - Mato Grosso e Pará. Fonte: Departamento de Geoprocessamento do Grupo Documento... 7 Figura 2 – Mapa da região Sudeste (Estado de São Paulo e Minas Gerais) onde está localizado os empreendimentos em estudo com as respectivas bacias hidrográficas. Fonte: Departamento de Geoprocessamento do Grupo Documento... 8 Figura 3 – Mapa de Coronel José Dias e cidades limites. Processamento de dados: Maxim Jaffe, 2011... 9 Figura 4 – Fluxograma da metodologia de recolha de dados e análises... 13 Figura 5 – Master Plan. Adaptado: Documento Cultural, 2011a... 82 Figura 6 – Localização regional do empreendimento, com destaque aos municípios da área diretamente afetada. Fonte: Documento Cultural, 2011a ... 86 Figura 7 – Produtos e ações de sustentabilidade do Programa... 96 Figura 8 – Perfil dos entrevistados. Fonte: Pesquisa de doutoramento 2012-2015... 107 Figura 9 – Alunos por instituição educacional. Fonte: Pesquisa de doutoramento 2012-2015... 109 Figura 10 – Mapa da área, recursos ambientais e acesso ao sitio Arq. Pedra Preta – Paranaíta / MT... 120 Figura 11 – Mapa da região Sudeste (Estado de São Paulo e Minas Gerais) onde estão localizados os empreendimentos em estudo com as respectivas bacias hidrográficas. Fonte: Departamento de Geoprocessamento do Grupo Documento... 133 Figura 12 – Organograma de ações de Sustentabilidade Cultural do Programa... 142 Figura 13 – Organograma Exposição Oficina: Artes Integradas... 150 Figura 14 – Mapa de localização das unidades hidroelétricas e o número de participantes por bacia hidrográfica. Fonte Departamento de Geoprocessamento do Grupo Documento, 2014... 153 Figura 15Mapa de Coronel José Dias, onde se localiza o Instituto Olho D´Água. Processamento de dados: Maxim Jaffe, 2011... 180 Figura 16 – Ruína de uma casa de antigos moradores do Olho D’ Água da Ritinha, mapeada na expedição. Fonte: Acervo Documento, 2014... 194

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Figura 17 – Mapa Google Earth. Locais selecionados pelos anciãos para realização das oficinas de território. Fonte: Acervo Documento... 197 Figura 18 – Ilustração Google Maps, dos lugares mapeados na primeira Expedição do Projeto “De Volta às Origens”. Fonte: Acervo IODA, 2014... 208

LISTA DE FIGURAS - APÊNDICES

Figura 1 – Mapa dos municípios de abrangência da Bacia do Rio Tietê. Fonte: Departamento de Geoprocessamento do Grupo Documento, 2014...

302 Figura 2 – Mapa dos municípios de abrangência da Bacia do Rio Grande. Fonte: Departamento de Geoprocessamento do Grupo Documento, 2014... 305 Figura 3 – Mapa dos municípios de abrangência da Bacia do Rio Pardo. Fonte: Departamento de Geoprocessamento do Grupo Documento, 2014... 311 Figura 4 – Gráfico de participantes da Bacia do Rio Tietê... 325 Figura 5 – Gráfico de participantes da Bacia do Rio Pardo... 326 Figura 6 – Visão geral dos dados estatísticos de mensuração do blog. Dados mensurados Google Analytic... 353 Figura 7 – Ilustração dos países que acessaram. Dados mensurados Google Analytic... 353 Figura 8 – Ilustração das cidades que acessaram. Dados mensurados Google Analytic... 353

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LISTA DE TABELAS: TEXTOS

Tabela 1 – Medidas preventivas para acervos. Adaptado: Teixeira e Ghizoni (2012)... 45 Tabela 2 – Princípios éticos da SAA. Fonte: Adaptado e traduzido de Principles of Archaeological Ethics, 1996... 50 Tabela 3 – Código de ética SAB. Fonte: Adaptado Código de Ética SAB. ... 52 Tabela 4 – Detalhamento da Exposição Oficina. Fonte: Adaptado Relatório Final Documento, 2014c... 103 Tabela 5 – Detalhamento de ferramentas colaborativas em rede. Fonte: Adaptado Documento Cultural, 2014c... 124 Tabela 6 – Descrição das UHEs de abrangências do programa Teles Pires. Fonte: Adaptado Grupo Documento, 2010... 134 Tabela 7 – Detalhamento do desenvolvimento da exposição oficina. Fonte: Adaptado Documento, 2013... 152 Tabela 8 – Dados mensurados do blog da comunidade de 2012 – 2014... 156 Tabela 9 – Dados mensurados da quantidade de acessos ao ensino à distância. Fonte: Documento, 2014... 171 Tabela 10 – Depoimentos. Os depoimentos foram agrupados por respostas semelhantes e/ou iguais. Fonte: Adaptado relatório dezembro 2013...

207 Tabela 11 – Registro dos lugares de referências dos antigos moradores do Olho D’ Água da Ritinha – projeto Expedição De Volta às Origens. Fonte: Acervo IODA, 2014... 215 Tabela 12 – Acervo material identificado e registrado na primeira expedição ao Olho D’ Água da Ritinha. Projeto De Volta às Origens. Fonte: Acervo IODA, 2014... 219 Tabela 13 – Depoimento da moradora Iva Maria neta de antigos moradores do Olho D’ Água da Ritinha, projeto De Volta às Origens. Fonte: Acervo IODA, ... 220 Tabela 14 – Neta e bisneta de antigos moradores do Olho D’ Água da Ritinha, projeto De Volta às Origens. Fonte: Acervo IODA, 2014... 220

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LISTA DE TABELAS: APÊNDICES

Tabela 1 – Detalhamento do acervo arqueológico identificado pelo Programa Fonte: Adaptado, Documento Cultural, 2014a... 264 Tabela 2 – Lista dos acervos arqueológicos resgatados pelo Programa Teles Pires. Fonte: Adaptado Documento Cultural, 2014... 266 Tabela 3 – detalhamento das gravuras rupestres identificadas pelo Programa Teles Pires. Fonte: Adaptado Documento Cultural, 2014 d... 267 Tabela 4 – Entrevista com morador tradicional sobre o ofício do pescador. Fonte: Pesquisa Grupo Documento, 2013... 269 Tabela 5 – Entrevista com morador tradicional sobre o ofício do Garimpeiro. Fonte: Pesquisa Grupo Documento, 2013... 270 Tabela 6 – Entrevista com morador tradicional sobre o ofício do lavrador. Fonte: Pesquisa Grupo Documento, 2013... 271 Tabela 7 – Entrevista com morador tradicional sobre o ofício do artesão. Fonte: Pesquisa Grupo Documento, 2013... 272 Tabela 8 – Bens inventariados: material e imaterial, pelo Programa Fonte: Adaptado Documento, 2014f... 273 Tabela 9 – Descrição dos cursos de formação aplicados pelo Programa. Fonte: Documento, 2014c... 274 Tabela 10 – Detalhamento da montagem e ações do Circuito Cultural Adaptado: Relatório Final. Documento 2014e... 281 Tabela 11 - Detalhamento técnico das Casas de Memória... 291 Tabela 12 – Informações sucintas dos empreendimentos: UHE Nova Avanhandava, UHE Bariri, UHE Ibitinga, UHE Promissão, UHE Barra Bonita. Fonte: Adaptado Documento, 2012... 301 Tabela 13 – Informações sucintas dos empreendimentos: UHE Água Vermelha. Fonte Adaptado Documento, 2012... 304 Tabela 14 – Informações sucintas dos empreendimentos: UHE Caconde, UHE Limoeiro, UHE Euclides da Cunha, UHE Mogi Guaçu, UHE São José. Fonte: Adaptado Documento, 2012... 310 Tabela 15 – Plano de ações para levantamento prévio do Patrimônio Histórico Cultural. Fonte Adaptado Documento, 2013... 312

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Tabela 16 – Quadro de detalhamento da exposição oficina: arqueologia e artes integradas. Fonte: Adaptado Documento, 2014... 321 Tabela 17 – Quadro com total de participantes das ações do Programa dividido por UHE/ Bacia Tietê. Fonte: Dados compilados dos relatórios, 2012– 2014... 326 Tabela 18 – Quadro com total de participantes das ações do Programa dividido por UHE/ Bacia Rio Pardo. Fonte: Dados compilados dos relatórios, 2012– 2014... 327 Tabela 19 – Quadro com total de participantes das ações do Programa dividido por UHE/ Bacia Rio Grande. Fonte: Dados compilados dos relatórios, 2012– 2014... 327 Tabela 20 - Mapeamento GPS dos lugares de referência do projeto “De Volta às Origens”. Fonte IODA, 2014... 343 Tabela 21 - Detalhamento do registro dos lugares e histórias contadas no projeto Histórias e Lendas do Desfiladeiro da Capivara – Toca da Areia... 345 Tabela 22 - Detalhamento do registro dos lugares e histórias contadas no projeto Histórias e Lendas do Desfiladeiro da Capivara – Toca Vereda do Inferno. ... 346 Tabela 23 - Detalhamento do registro dos lugares e histórias contadas no projeto Histórias e Lendas do Desfiladeiro da Capivara – Toca do Paraguai... 347 Tabela 24 – Detalhamento do registro dos lugares e histórias contadas no projeto Histórias e Lendas do Desfiladeiro da Capivara – Toca do Barro... 348 Tabela 25 – Detalhamento do registro dos lugares e histórias contadas no projeto Histórias e Lendas do Desfiladeiro da Capivara – Toca do Capuco... 349 Tabela 26 – Detalhamento do registro dos lugares e histórias contadas no projeto Histórias e Lendas do Desfiladeiro da Capivara – Entrada do Desfiladeiro... 350 Tabela 27 – Lista de países que acessam o blog Olho D’ Água. Fonte: Acervo IODA, 2015... 354 Tabela 28 – Lista de cidades que acessam o blog Olho D’ Água. Fonte: Acervo IODA, 2015... 355

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LISTA DE PRANCHAS - TEXTOS

Prancha 1 – Imagens das gravuras do Sítio Pedra Preta. Representação zoomórfica, antropomorfa e geométrica. Observa-se a técnica de picoteamento, e alguns geométricos com contorno alisado e polido. Fonte: Acervo Documento, 2014 d... 121

LISTA DE PRANCHAS - APÊNDICES

Prancha 1 – Imagens do processo de curadoria do acervo arqueológico. Fonte: Foto Documento, 2015... 268 Prancha 2 – Imagens da formação de professores. Fonte Acervo Documento, 2012... 275 Prancha 3 – Imagens do desenvolvimento das ações de educação patrimonial e os planos de divulgação e socialização... 276 Prancha 4 – Imagens das atividades de experimentação Arqueológica nas escolas da zona rural do município de Paranaíta. Fonte: Acervo Documento, 2012... 277 Prancha 5 – Noticia no jornal local sobre as ações educativas da Documento, detalhe para o depoimento da coordenadora pedagógica na noticia. Fonte: Informativo UHE Teles Pires, vol. 6, 2012... 278 Prancha 6 – Organograma do Plano do Guia de visitas das ações de sustentabilidade Cultural integradas ao Circuito Cultural. Acervo Documento, 2012... 282 Prancha 7 – Evento inaugural do circuito cultural na sede da CHPT. Fonte: Fotos Carolina Brugnera, 2013... 283 Prancha 8 – Imagens do circuito cultural montado na sede da CHPT. Foto: Carolina Brugnera, 2013... 284 Prancha 9 – Imagens das atividades monitoradas no circuito cultural na sede da CHPT. Foto: Acervo Documento, 2013... 285 Prancha 10 – Modelo do questionário de avaliação das visitas ao circuito. Imagens das crianças respondendo os questionários e desenhando suas impressões sobre a visita. Fonte: Documento, 2013... 286 Prancha 11 – Desenhos das crianças sobre a visita ao circuito cultural. Foto Acervo Documento, 2013... 287

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Prancha 12– Modelo do questionário ( e-book) de conhecimento patrimonial aplicado no final das visitas ao circuito cultural. Acervo Documento, 2013... 288 Prancha 13 – Modelo dos painéis expositores do circuito cultural com o código QRCode. Fonte: Documento, 2014c... 289 Prancha 14 – Figura do projeto arquitetônico das casas de memória elaborado pelo Departamento de Arquitetura da Documento. Acervo: Documento, 2014e... 292 Prancha 15 - Dados analíticos de visitação do blog da comunidade... 293 Prancha 16 – Layout da página principal do Museu Virtual Teles Pires e disposição do acervo em exposição dentro do Museu Virtual. Fonte: Acervo Documento, 2014... 294 Prancha 17 – Modelos de listas de bens materiais e imateriais cadastrados pelo programa. Fonte Adaptado Documento... 313 Prancha 18 – Modelo de entrevista sobre os modos de vida. Município Paulo de Farias – Bacia do Rio Grande – UHE Água Vermelha. Fonte: Acervo Documento, 2013... 314 Prancha 19 – Modelo de entrevista sobre os modos de vida. Município Penápolis – Bacia do Rio Tietê – UHE Avanhandava. Fonte: Acervo Documento, 2013. ... 315 Prancha 20 – Prancha com ilustrações da oficina de Planejamento. Fonte: Acervo Documento. ... 316 Prancha 21 – Pranchas com ilustrações das Exposições Oficinas. Fonte: Acervo Documento, 2014... 322 Prancha 22 – Workshop da equipe de profissionais do Programa realizado as etapas de manufatura das peças de cerâmica para gravação dos vídeos de experimentações. As peças são utilizadas nas exposições Oficinas do Programa. Fonte: Documento, 2014... 323 Prancha 23 – Ilustração do banner interativo do circuito cultural: Realidade Aumentada. ... 324 Prancha 24 – Ilustração do blog da comunidade com acesso ao QRCode. Ilustração do Google Analytic sobre acessos dos países e do blog da comunidade com acesso ao QRCode... 328 Prancha 25 – Ilustração da cartilha interativa com realidade aumentada... 329 Prancha 26 – Ilustração do modelo de Aula Ensino à Distância... 330 Prancha 27 – Ilustração do museu virtual do Programa com QRCode para acessar... 331

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Prancha 28 – Ilustração dos acessos a plataforma de inclusão e figura do layout da pagina com QRCode... 332 Prancha 29 – Mapa na ferramenta Google Earth dos principais pontos de referência do patrimônio Cultural de Ouroeste. Fonte: Documento, 2013... 333 Prancha 30 – Ilustração do questionario de avaliação da semana de arqueologia de ouroeste pelos alunos. Fonte : Acervo Documento, 2013... 334 Prancha 31 – Imagens das atividades desenvolvidas na Semana de Arqueologia: 10 anos do Museu de Ouroeste. Fonte: Acervo Documento, 2013... 335 Prancha 32 – Imagens da formação para os professores na Semana de Arqueologia de Ouroeste. Fonte: Acervo Documento, 2013... 336 Prancha 33 – Imagens os acessos do blog e museu virtual no período da Semana de Arqueologia de Ouroeste. Fonte: Documento, 2013... 337 Prancha 34 - Material Gráfico de divulgação da Semana de Arqueologia. Fonte: Acervo Documento. Fonte: Documento, 2013. ... 338 Prancha 35 – Modelo da Faixa exposta nas Escolas no decorrer do evento; Folder de divulgação distribuído no decorrer da semana e filipetas (marcador de página) entregues aos professores. Fonte: Documento, 2013... 339 Prancha 36 – Modelo de certificados entregues para alunos e professores na Semana de Arqueologia de Ouroeste. Fonte: Acervo Documento, 2013... 340 Prancha 37 – Imagens do Olho D’ Água da Ritinha – caminhamento identificando os lugares de referências, as ruínas das casas e as fotos do lugar dos lajedos – considero sagrado - local de reza do senhor Inocêncio. Fotos: Acervo IODA... 344 Prancha 38 – Croquis da casa de campo – casa de Inocêncio na localidade Olho D’ Água e Ilustração do projeto Arquitetônico e de plataforma digital. Reconstituição das casas do Olho D’ Água da Ritinha em 3D. Fonte: Acervo IODA. ... 351 Prancha 39 – Ilustração do mapeamento da primeira expedição começou pelo sítio arqueológico onde foi encontrado o esqueleto da Zuzu, em seguida foram mapeados outros lugares no entorno do Parque com ruínas de casas de farinha, e lugares históricos na cidade. O mapeamento está sendo registrado com fotografias e GPS. Fonte: Acervo Documento, 2013... 352 Prancha 40 – Ilustração da apresentação dos projetos do IODA para alunos e professores e Oficina em Arqueologia e Patrimônio Cultural: material e imaterial e exposição de

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artefatos históricos doados pela comunidade para o IODA. Fonte: Fotos Acervo IODA...

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Prancha 41 – Ilustração das oficinas de arqueologia experimental com crianças. Fonte:

Acervo IODA, 2012 -2014. ... 357 Prancha 42 – Ilustração do trabalho nas escolas na construção do material didático ilustrado com os personagens Jegue e tatu. Fonte: Acervo IODA, 2014... 358

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LISTA DE SIGLAS

ADA: Área Diretamente Afetada AID: Área de Influência Direta AII: Área de Influência Indireta A&S: Acervos e Sustentabilidade APP: Área de Preservação Permanente AS: Acervos e Sustentabilidade

ASV: Autorização de Supressão Vegetal BNB: Banco do Nordeste do Brasil

CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior CBPR: Pesquisa Participativa de Base Comunitária

CESP: Companhia Hidrelétrica de São Paulo CGLU: Cidades e Governos Locais Unidos CHERP: Companhia Hidrelétrica do Rio Pardo CHTP: Companhia Hidrelétrica Teles Pires CNA: Centro Nacional de Arqueologia

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente CRM: Cultural Resource Management

DPHAN: Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional EAD: Ensino à Distância

EIA: Estudo de Impacto Ambiental EJA: Educação de Jovens e Adultos

ENEP: Encontro Nacional de Educação Patrimonial FUMDHAM: Fundação Museu do Homem Americano FUNASA: Fundação Nacional de Saúde

GO: Goiás

GIS: Geographic Information System GPS: Global Positioning System

GTPI: Grupo de Trabalho Patrimônio Imaterial GTs: Grupos de Trabalhos

IAIA: International Association for Impact Assesment

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IBRAM: Instituto Brasileiro de Museus

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICOMOS: International Council on Monuments and Sites

IDH-M: Indice de Desenvolvimento Humano Municipal IFC: International Finance Corporation

IFPI: Instituto Federal do Piauí

INCRA: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INDECO: Integração, Desenvolvimento e Colonização

INTERMAT: Instituto de Terras do Estado do Mato Grosso IODA: Instituto Olho D’ Água

IP: Internet Protocol

IPHAN: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHE: Instituto de Pré-História e Etnologia

ISA: Instituto Socio Ambiental

IYGU: Ano Internacional do Entendimento Global L.D: Livre Docência

LAP: Laboratório de Arqueologia Pública Paulo Duarte LDB: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LI: Licença de Instalação

LO: Licença de Operação LP: Licença Prévia

MAE: Museu Arqueologia e Etnologia MEC: Ministério da Educação

MG: Minas Gerais MINC: Ministério MP: Marketing e Produto MS: Mato Grosso do Sul MT: Mato Grosso

NEPAM: Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais ONG: Organização Não Governamental

ONU: organização das Nações Unidas P&D: pesquisa e Desenvolvimento

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PA: Pará

PBA: Plano Básico Ambiental

PBAI: Plano Básico Ambiental Indígena PCH: Pequena Central Hidrelétrica PCNs: Parâmetros Curriculares Nacionais PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação PEP: programação de Especialização em Patrimônio PGPC: Plano de Gestão do Patrimônio Cultural PHC: Patrimônio Histórico Cultural

PNSC: Parque Nacional Serra da Capivara PN: Parque Nacional

PNUMA: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PNM: Política Nacional de Meio Ambiente

PR: Pará

PT: Poços Teste

RH: Recursos Humanos

RIMA: Relatório de Impacto Ambiental RPM: Resolução por Minuto

S/D: Sem Data

SAA: Society for American Archaeology SAB: Sociedade de Arqueologia Brasileira

SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SP: São Paulo

SPHAN: Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional TAC: Termo de Ajustamento de Conduta

TI: Terra Indígena

TIC: tecnologia de informação e comunicação UC: Unidade de Conservação

UHE: Usina Hidrelétrica

UNESC: Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina

UNESCO: Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e a cultura UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas

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UTAD: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro VLT: Veículos Leves sobre Trilhos

WAC: Word Archaeologycal Congress WEB: World Wide

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Pintura rupestre do Parque Nacional Serra da Capivara. Foto: Jorlan Oliveira

“A cultura é o ponto fundamental para ser o que somos. Precisamos comer, calçar, precisamos de saúde, mas a cultura é o ponto principal para dizer quem a gente é - o nosso modo de viver, defender os nossos conhecimentos específicos, por isso devemos nos capacitar para nos igualar, mas nunca esquecendo o que é específico da nossa cultura”. (Jovanêz Arara – dos povos originários da etnia Arara/MT)

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INTRODUÇÃO

O Brasil é portador de um acervo patrimonial diversificado e numeroso, tanto material (vestígios arqueológicos, históricos, etnográficos e artísticos) como imaterial (formas de expressão, pelos modos de criar, de fazer e de viver). O estudo e interpretação deste acervo permitem contribuir para a compreensão da ocupação humana e os seus modos de vida, sejam eles pré-históricos ou históricos, resultante da presença de vários grupos humanos que ocuparam um determinado território, ao longo do tempo. E, tão importante quanto essa interpretação, são as medidas de preservação, conservação extroversão dos conhecimentos para a sustentabilidade cultural das comunidades herdeiras destes patrimônios arqueológicos e históricos culturais. (RODRIGUES, 2014).

O processo globalização tem causado mudanças nos modos de vida das populações, transformando de forma significativa as relações sociais e culturais. No Brasil isso tem sido nitidamente percebido no âmbito dos estudos de licenciamento ambiental1 em todo território nacional, causando impactos nos modos de vida das comunidades envoltórias e aumentando, desta forma, os riscos de comprometimento da identidade cultural local, regional e nacional. Desta forma os Programas Arqueológicos, para além das pesquisas científicas desenvolvidas, necessitam se voltar às ações de valorização e preservação que busque, como resultado final, contribuir para o processo de sustentabilidade cultural.

A sustentabilidade é um termo que está sendo amplamente discutido a nível global e nacional. Configurando-se como um desafio a ser enfrentado por todos, tanto indivíduo como coletividade.

No atual contexto de dilemas socioambientais tem-se refletido com maior afinco sobre as causas, consequências e, sobretudo, as necessidades da implantação de medidas sustentáveis, o que necessariamente deve ser apoiado e voltado ao envolvimento das comunidades enquanto agentes ativos de processos culturais.

A sustentabilidade cultural aqui defendida está intrinsicamente ligada à ideia de preservação do patrimônio cultural (material e imaterial), da identidade coletiva, ou seja, dos modos de vida das comunidades – seus costumes, tradições, modos de fazer, de construir, os

1 O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental da administração pública autoriza a localização,

instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades que potencial ou efetivamente possam impactar o meio ambiente. Desde 1986, quando o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) emitiu a Resolução nº 0001, o licenciamento ambiental tornou-se uma exigência legal para determinados empreendimentos de grande porte, obrigando-os a elaboração de Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental (EIA – RIMA).

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seus objetos, monumentos, jazidas arqueológicas. Isto implica em garantir a fruição e a perpetuação das heranças culturais às gerações vindouras. Portanto, é fundamental que as comunidades estejam envolvidas também na construção de medidas e estratégias de perpetuação sustentável dos seus acervos patrimoniais. Os estudos de caso aqui apresentados trazem experiências neste âmbito.

Nas últimas décadas o Brasil vem passando por mudanças significativas devido a grandes obras estruturais, como hidrelétricas, portos, aeroportos, veículos leves sobre trilhos (VLT), hidrovias, entre outros, que fazem parte do crescimento das cidades e da reestruturação do interior do país. Elas são estruturantes no desenvolvimento econômico e social do Brasil e, em especial, para a geração de riqueza, influenciando diretamente os processos de distribuição de renda. Mas, inevitavelmente, essas mudanças têm causado impactos nos modos de vida das comunidades que estão instaladas no entorno desses grandes empreendimentos, desafiando os seus meios de subsistência, a manutenção e perpetuação das tradições culturais e a preservação do patrimônio cultural – tangível e intangível. Dois dos estudos de casos aqui apresentados (Projetos UHE Teles Pires e AES Tietê) foram desenvolvidos neste cenário.

Saliente-se que os projetos UHE Teles Pires e AES Tietê compreenderam programas desenvolvidos pela empresa DOCUMENTO Ecologia e Cultura, mas dentro da área de Sustentabilidade de Acervos, da qual a autora foi coordenadora, composto por uma equipe interdisciplinar necessária para o conjunto de ações realizadas.

Igualmente, dentro do cerne da preservação, inclusão2 e envolvimento das comunidades as discussões e avaliações, também, se assentam em torno dos patrimônios já acautelados de relevância nacional e mundial, cujos estudos não estão atrelados necessariamente ao Licenciamento Ambiental. O terceiro caso (Instituto Olho D’ Água) aqui em estudo será desenvolvido neste âmbito.

Esta realidade nos coloca a oportunidade de olhar de forma integrada as questões culturais, ambientais e socioeconômicas, articulando os direitos do passado (memória) com os direitos do futuro (expectativa de melhoria). Neste difícil equilíbrio, entre interesses de comunidade locais e supralocais, é fundamental assegurar as tradições com tudo o que elas comportam, especialmente o seu dinamismo e a sua capacidade de adaptação aos contextos, que são marca distintiva das culturas humanas. Para Bradley e Hodder, 1979 apud Alarcão 1996, a cultura material é, assim, um meio de reforçar a identidade do grupo e de marcar a

2Quando nos referimos a inclusão - inclusão social das comunidades, estamos tratando do direito a identidade, a participação conjunta nas

diferentes etapas e tomada de decisões dos programas que tratam do patrimônio arqueológico e histórico cultural das suas regiões, criar mecanismos de incluir essas pessoas, como iremos delinear nos estudos aqui tratados.

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diferença relativamente a outro. Para se chegar neste nível de compreensão, a arqueologia é a ciência que estuda o comportamento humano em períodos pretéritos através da sua cultura material e os elementos da paisagem a ela associada.

Diante desta perspectiva diversas discussões e oportunidades de estudos aprofundados foram incorporados, sobretudo, favorecendo o campo multidisciplinar de investigação da Arqueologia na rubrica da sustentabilidade cultural das comunidades. Visto que, não se pode ver a sustentabilidade cultural de forma isolada. Ao contrário, a cultura se estrutura através das formas específicas de articulação entre necessidades e recursos (economia), em função de interesses e expectativas (sociedade) pontuadas por condicionantes externas (ambiente). O foco deve recair na interação entre estas variáveis, buscando a viabilidade de suas relações durante longos períodos de tempo. Por outro lado, considerando as rápidas transformações pelas quais as sociedades passam atualmente, a sustentabilidade necessita ser concebida dentro de uma perspectiva dinâmica, e não baseada em estruturas estáticas (ROBRAHN-GONZÁLEZ, 2013). Nas últimas décadas o Brasil tem apresentado, a exemplo de outros países do mundo, um aumento exponencial de projetos de pesquisa voltados ao licenciamento ambiental. Dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) indicam cerca de 95% das pesquisas em todo território brasileiro ligados a este cenário, e somente 5% em contextos estritamente acadêmicos. Estes dados mostram que há uma enorme riqueza arqueológica e cultural sendo descoberta e documentada em pouco tempo, tornando necessário que o país se reestruture para implantar medidas cada vez mais eficazes de proteção do acervo patrimonial brasileiro por meio de metodologias rigorosas e tecnologias avançadas, necessitando ainda da formação de profissionais multidisciplinares para atuarem em projetos complexos e, principalmente, no envolvimento simétrico e integrado com as comunidades que vivem nos locais de estudos pesquisados.

Deve-se destacar que este movimento tem ocorrido em escala global decorrente da democracia, das legislações nacionais e internacionais, da participação cada vez mais ativa das comunidades na política, na academia e nos movimentos sociais. Para Schofield (2010) a arqueologia representa uma oportunidade para explorar e compreender o passado e o presente através de seus vestígios materiais, em benefício da sociedade, agora e no futuro. Deve haver sempre a oportunidade e a responsabilidade de refletir sobre o papel e a relevância da arqueologia para a sociedade.

Tudo isso, vem ganhando relevância dentro dos bancos acadêmicos, que levou à criação de departamentos universitários de ensino e pesquisa voltados para a arqueologia pública e

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gestão do patrimônio cultural em diferentes partes do planeta. O número crescente de publicações, congressos, seminários, dissertações e teses com estudos de casos que abordam a questão é outra indicação da realização e seriedade da comunicação simétrica entre as comunidades locais e os especialistas patrimoniais e arqueólogos.

Os congressos da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB) têm evidenciado a participação comunitária nos projetos de Arqueologia, abrindo sessões para apresentação e discussão das pesquisas desenvolvidas nos vários contextos do Brasil. Exemplo disto é o Congresso do presente ano de 2015, que traz como tema “ARQUEOLOGIA PARA QUEM”, incluindo uma série de conferências, palestras, simpósios e sessões temáticas com intuito de incentivar um debate aprofundado entre a arqueologia e a sociedade.

Diante deste cenário, a presente tese objetiva apresentar uma reflexão conceitual, apontando boas práticas de atuação em torno do tratamento de acervos patrimoniais para a promoção da inclusão e sustentabilidade cultural das comunidades que detém estes conhecimentos e/ou vivem nas áreas tratadas. Para tanto, à luz desta reflexão iremos trazer o resultado de três experiências desenvolvidas no Brasil, cujas situações históricas e sociais das populações são diferentes, e junto às quais se buscou implementar ações baseadas na perspectiva das comunidades locais, em prol da própria preservação desses acervos culturais. Estas experiências são:

√ Contexto Amazônico (o patrimônio arqueológico e cultural do norte do Estado do Mato Grosso - Usina Hidrelétrica Teles Pires).

O Programa de Preservação do Patrimônio Cultural, Histórico e Arqueológico da UHE Teles Pires” foi desenvolvido junto a um empreendimento localizado entre os municípios de Paranaíta/Estado do Mato Grosso e Jacareacanga/Estado do Pará. O Programa abrange as ações relativas às etapas de prospecção, resgate e monitoramento arqueológico da usina, tendo sido desenvolvido entre os anos de 2011 e 2015. As pesquisas de Patrimônio Arqueológico foram devidamente legalizadas junto ao IPHAN, contando com a Portaria n. nº 8- Anexo I/16, de 03/03/2011. [Figura 1 – mapa de localização].

Este Programa abrangeu diferentes grupos locais envolvidos, incluindo um Programa Etnoarqueológico junto a três comunidades indígenas. Entretanto, o foco da presente tese

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recairá sobre as ações junto às comunidades não indígenas considerando que os trabalhos etnoarqueológicos se encontram em andamento e possuem um código de ética próprio3.

√ Contexto da região Sudeste (o patrimônio arqueológico do Estado de São Paulo – Projeto AES Tietê/SP)

Desde agosto/2006 vem sendo desenvolvido o “Programa de Manejo Arqueológico dos Aproveitamentos Hidrelétricos sob responsabilidade da AES Tietê S/A, Estados de São Paulo e Minas Gerais”. Abrange um total de 11 empreendimentos hidrelétricos. Os mesmos foram implantados ao longo dos últimos 50 anos (a partir da década de 1960). De uma forma mais ampla, a abordagem do Programa é proceder à gestão do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural existente na borda dos reservatórios acima citados, a partir de 3 eixos básicos de atuação:

1) A preservação do patrimônio envolvido, através da criação de Reservas Arqueológicas no estado de São Paulo;

2) A utilização de valores científicos e culturais, através da implantação de programas interpretativos (pesquisas científicas);

3) A educação patrimonial, através da participação efetiva de representantes da comunidade durante todo o andamento do Programa (incluindo órgãos governamentais e não governamentais locais), além de ações voltadas à educação patrimonial, à valorização e à preservação do patrimônio envolvido.

Nesta tese abordaremos especificamente as ações voltadas à Sustentabilidade de Acervos e Educação Patrimonial.

Este programa foi elaborado em atendimento às solicitações do IPHAN e do Ministério Público Federal e Estadual no que se refere ao desenvolvimento de estudos e avaliações patrimoniais, tendo sido devidamente legalizado junto ao IPHAN através da Portaria de Pesquisa, que vem sendo devidamente renovada, através das diretrizes executivas fornecidas pelo Decreto n. 84.017 (de 21.09.1979), que traz o Regulamento dos Parques Nacionais pelo Brasileiros. [Figura 2 – mapa de localização]

3 As comunidades indígenas solicitaram o Programa de Etnoarqueologia em reunião junto ao IPHAN, FUNAI e empreendedor, no entanto com

a prerrogativa de que todo o estudo realizado sobre a memória, o território tradicional não fosse socializado em nenhum tipo de documento, salvo para os relatórios para o FUNAI e IPHAN, com a garantia de confiabilidade. Nesses termos, o Programa desenvolveu durante 3 anos ações com essas comunidades, gerando vários produtos por eles solicitados, mas que não podem ser divulgados e por tanto não serão aqui expostos e/ou analisados.

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√ Contexto da região Semiárida (Instituto Olho D’ Água no entorno do Parque Nacional Serra da Capivara – Piauí)

O Projeto Instituto Olho D’ Água (IODA), uma associação sem fins lucrativos, nasceu em 2013 por meio de um Programa Científico em Meio Ambiente Cultural e Arqueologia Colaborativa no município de Coronel José Dias, situado nas adjacências do Parque Nacional Serra da Capivara, Estado do Piauí (Figura 3). Sua idealização e composição, diferente dos outros dois contextos aqui tratados, não está atrelado às pesquisas no âmbito do licenciamento ambiental, mas a um contexto específico de comunidades vivendo no entorno de um Patrimônio Cultural da Humanidade, reconhecido pela UNESCO com mais de 36 anos de pesquisas sobre a Pré-História.

A experiência aqui apresentada surgiu como resultado de um projeto científico e de um modelo estratégico de atuação em Meio Ambiente Cultural com a comunidade de Coronel José Dias, buscando o protagonismo comunitário visando contribuir na apropriação e fruição da sua cultura e do patrimônio cultural ali localizado: arqueológico (ancestral) e histórico cultural.

Saliente-se, finalmente, que o Projeto Instituto Olho D´Água é resultado de uma longa trajetória da autora desta tese, cujos primeiros resultados foram apresentados na dissertação de mestrado intitulada “Parque Nacional Serra da Capivara e Comunidade: Educação, Preservação e Fruição Social: Um estudo de caso em Coronel José Dias, Piauí – Brasil.”, defendida e aprovada por esta Universidade no ano de 2011. O compromisso de continuidade assumido junto a esta comunidade foi mantido, colhendo-se agora os primeiros frutos no caminho da Sustentabilidade Cultural.

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Figura 2: Mapa da região Sudeste ( Estado de São Paulo e Minas Gerais) onde estão localizados os empreendimentos em estudo com as respectivas bacias hidrográficas. Fonte: Departamento de Geoprocessamento do Grupo Documento.

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Diante desta conjuntura a presente pesquisa parte da seguinte problemática:

O Brasil é portador de um acervo patrimonial diversificado e numeroso, tanto material como imaterial. Diversas experiências e aplicações em ações de inclusão e participação das comunidades têm sido realizadas, especialmente no contexto de licenciamento ambiental. Mas, esse acervo tem sido também tratado com o intuito de promover a sustentabilidade cultural das comunidades que detêm estes conhecimentos e/ou vivem nas áreas tratadas, num processo de participação social integrada? Diante dessa questão consideramos a seguinte hipótese: a participação comunitária contínua nos processos de pesquisa, nos itens abaixo listados, amplia as garantias de sustentabilidade e de seus resultados. É importante salientar que a presente pesquisa considera as análises de sustentabilidade especificamente no âmbito do patrimônio arqueológico, histórico cultural.

• A integração da comunidade no processo de pesquisa e arqueologia colaborativa, desde a definição do layout (esboço) do projeto, suas atividades e metas esperadas (comunidade como um membro integrante da equipe de pesquisa);

• A avaliação continuada dos trabalhos junto com as comunidades, não apenas para checar se os objetivos e rumos previamente indicados estão sendo seguidos, mas, especialmente, incorporar novas demandas provenientes do amadurecimento do processo.

• A sinergia das pesquisas com ações já em andamento (ou planejadas) de valorização, preservação e fruição do patrimônio arqueológico, realizadas por órgãos públicos ou entidades privadas.

OBJETIVOS Geral

 Verificar a utilização de acervos de pesquisa material e imaterial (arqueológico e histórico cultural) na aplicação da sustentabilidade cultural no Brasil, através de uma reflexão teórica e conceitual.

Específicos

 Apoiar integralmente em um extenso arcabouço de conceitos científicos, buscando embasar e justificar sua atuação em diversos conceitos acadêmicos dentro de um espectro de interesse específico: Arqueologia Pública (em especial a Arqueologia

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Colaborativa) e sua tríade: Legislação, Ética e Gestão; Patrimônio Cultural, e Sustentabilidade Cultural.

 Realizar a pesquisa-ação em 3 contextos patrimoniais e ambientais distintos, anteriormente citados, à luz da proposta conceitual aqui apresentada;

 Apresentar uma reflexão que integre os conceitos teóricos e sua aplicação nos 3 estudos de caso, acima expostos, analisando não apenas as potencialidades e resultados de sua aplicação, mas também, em especial, os contextos e demandas específicos de cada caso, cada realidade museal e social, levando a tratamentos e soluções de sustentabilidade cultural local.

Os três contextos selecionados para tratamento nesta tese têm longa duração, portanto, se encontram em andamento. Todavia, dois deles tem ao menos 4 anos de desenvolvimento, tendo hoje uma maturidade de aplicação de resultados que permite tratamento qualitativo e quantitativo para uma análise acadêmica aqui proposta. Já o terceiro caso (Instituto Olho D´Água) tem dois anos de criação e está em fase de estruturação, o que nos permitirá olhar o processo desde a sua germinação, analisando as potencialidades culturais sendo transformadas em ações de sustentabilidade cultural no presente e com projeção de futuro.

Portanto, a base metodológica deste estudo foi estruturada da seguinte forma (vide Figura 4):

1. Diálogo com a literatura

Foi dada especial atenção ao referencial teórico que embasa a Arqueologia Pública (em especial a Arqueologia Colaborativa) na contemporaneidade, trazendo para a discussão os trabalhos de Erika M. Robrahn-González e Pedro Paulo A. Funari, que introduziram a discussão no Brasil. Analisou-se, também, a literatura internacional, avaliando as boas práticas em torno de estudos da Arqueologia Colaborativa e do patrimônio histórico cultural para alcançar a Sustentabilidade Cultural. Conceitos de patrimônio cultural, diálogos sobre legislação, gestão e ética também foram abordados pela literatura. Sobre a educação realizou-se uma pesquisa dando maior atenção na inserção da temática do patrimônio cultural nas políticas públicas nacionais. Todo esse referencial teórico foi trabalhado de forma integrada e interdisciplinar, buscando alcançar uma robustez e embasamento científico para essa investigação.

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2. Estudos de Caso: Pesquisa Colaborativa

Advinda das ciências sociais e humanas, a pesquisa colaborativa é concebida e realizada em estreita participação e envolvimento das comunidades para a solução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo (THIOLLENT, 2011:14). Em todos os contextos a pesquisadora esteve presente nas estratégias de planejamento, de desenvolvimento e de avaliação dos Programas com as comunidades (e poder público), o que permitiu ter um olhar mais direto em relação aos pontos fortes, pontos fracos, pontos de sensibilidades e necessidades no percurso de todos os processos da investigação. Cabe salientar que a proposta de pesquisa-ação não impõe uma pesquisa-ação transformadora aos grupos de modo predefinido. A pesquisa-ação ocorre somente se for do interesse dos grupos e concretamente elaborada e praticada por eles.

3. Aplicação de Questionários mistos e entrevistas

No decorrer das atividades foram aplicados questionários (mistos – inquéritos abertos e fechados) de conhecimento e de avaliação das atividades de forma a avaliar, efetivamente, seu desenvolvimento e resultados práticos. Apresentamos aqui os trabalhos e resultados obtidos nos Programas Arqueológicos da UHE Teles Pires e o Projeto AES Tietê.

4. Sistematização dos Dados

O registro em caderno de campo, registro audiovisual e a confecção de relatórios foram os procedimentos adotados no decorrer da pesquisa para os três contextos de estudo com objetivo de sistematizar os dados da investigação e atender os requisitos estabelecidos pelo IPHAN para o acompanhamento dos Projetos.

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Fluxograma das Análises

Figura 4: Fluxograma da metodologia de recolha de dados e análises. Diálogo com

a literatura

Desenvolvimento Teórico

Delineamento Coleta e análise dos casos selecionados

Casos Selecionados Protocolo Coleta 1º Estudo de Caso 2º Estudo de Caso 3º Estudo De Caso Resultados Resultados Resultados Análise cruzada Relatório da análise cruzada Conclusões

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Sinopse dos Capítulos

Com vista a desenvolver a pesquisa, o presente estudo encontra-se estruturado em: introdução, cinco capítulos e reflexões finais.

Como vimos, na introdução trazemos a trajetória de escolha do tema, os objetivos gerais, sua problemática, hipótese, a justificativa da escolha do objeto e os procedimentos metodológicos da pesquisa. Os demais capítulos são sintetizados a seguir:

Capitulo 1: A MULTIVOCALIDADE NO CENÁRIO DA ARQUEOLOGIA COLABORATIVA

O primeiro capítulo trás o arcabouço dos pressupostos teóricos da pesquisa, discutindo, preliminarmente, o estudo do objeto, a sua evolução epistemológica até chegarmos à definição de cultura material e seu estudo na perspectiva das correntes arqueológicas. Doravante, trazemos um preâmbulo sobre Arqueologia Colaborativa, traçando uma linha do tempo, com destaque aos principais expoentes no contexto brasileiro. Nesta evolução mostraremos que a Arqueologia Colaborativa já é uma realidade no cenário mundial - destacando projetos desenvolvidos em diferentes locais do planeta. Foi importante nessa discussão abrir um parêntese para refletir sobre a tríade de itens públicos ligados a Arqueologia, definida por McGimsey (1972): Legislação, Gestão e Ética. Nessa discussão inserimos a Educação Patrimonial (amplamente mencionada nos instrumentos legais para preservação dos acervos patrimoniais) como elemento mediador no processo de inclusão e participação das comunidades à apropriação, fruição e sustentabilidade cultural.

Capítulo 2: A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NO ÂMBITO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLOGICO E HISTÓRICO CULTURAL

Neste capítulo deu-se enfoque à Sustentabilidade Cultural, apresentando inicialmente uma reflexão sobre os principais parâmetros da sustentabilidade, incluindo a cultura como sua parte integrante. Nesse processo traçou-se uma linha do tempo sobre os principais momentos históricos em que o termo sustentabilidade e/ou desenvolvimento sustentável surgiu e foi discutido com maior afinco. Em seguida, revisou-se a literatura internacional com intuito de analisar boas práticas em diferentes contextos do planeta (Canadá, Austrália, Ásia, Ilha do Pacífico, Caribe) em que a sustentabilidade cultural é tratada como instrumento de protagonismo comunitário na preservação da memória e da tradição. Por fim, abordou-se a

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inclusão da sustentabilidade cultural pensando no fortalecimento e no desenvolvimento das comunidades que estão sendo diretamente afetadas pela construção dos empreendimentos e/ ou vivem em áreas de preservação patrimonial.

Capítulo 3: Caso I. PROGRAMA DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL, HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO DA UHE TELES PIRES. ESTADOS DO MATO GROSSO E PARÁ.

Este capítulo foi dedicado ao estudo do contexto de atuação da Arqueologia Colaborativa desenvolvida no âmbito do licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica de Teles Pires. Inicialmente, a título de contextualização, apresenta-se o histórico da região, bem como uma síntese das pesquisas arqueológicas e históricas culturais realizadas pelo Programa com foco na participação comunitária. Conforme detalhado pelo capítulo, o programa educativo desenvolvido enfatiza os processos de participação comunitária, pontuando cada ação desde o seu planejamento, desenvolvimento e avaliação no tratamento dos acervos patrimoniais. O processo de tombamento do sítio rupestre Pedra Preta, o projeto das Casas de Memória e a implantação de um Circuito Cultural são exemplos de iniciativas à sustentabilidade cultural desenvolvidas dentro deste Programa.

Capítulo 4: PROGRAMA DE MANEJO ARQUEOLÓGICO DOS APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS DA AES TIETÊ S/A. ESTADOS DE SÃO PAULO E MINAS GERAIS.

De igual maneira, neste capítulo apresentamos brevemente o estudo de caso, as pesquisas arqueológicas e histórias culturais desenvolvidas, com atenção especial ao tratamento dos acervos no processo de inclusão para a sustentabilidade cultural dos 56 municípios que receberam ações diretas e sistemáticas de trabalho, situados no entorno dos 11 empreendimentos hidrelétricos tratados. As oficinas de planejamento com o poder público municipal, as exposições oficinas, o engajamento, sobretudo, das escolas (coordenadores, diretores, professores e alunos), a construção e gestão participativa dos canais de engajamento virtuais - com produtos como blog, museu virtual, plataforma de inclusão, ensino a distância e material didático de construção contínua - são resultados concretos desse Programa que tem, no seu cerne, a arqueologia colaborativa no tratamento de acervos patrimoniais para a sustentabilidade cultural.

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Capítulo 5: CONTEXTO DA REGIÃO SEMIÁRIDA: INSTITUTO OLHO D’ ÁGUA NO ENTORNO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA – ESTADO DO PIAUÍ.

Neste capitulo apresentaremos a experiência pioneira de um projeto científico em Meio Ambiente Cultural e Arqueologia Colaborativa que motivou a fundação do Instituto Olho D’ Água, uma associação sem fins lucrativos, nascido no seio de uma comunidade tradicional que vive na região da Serra da Capivara, decretada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. O envolvimento interno dessa comunidade e o forte anseio de criar um protagonismo local nesse contexto de mais de 30 anos de pesquisas arqueológicas em que a cultura e os modos de vida tradicionais foram, por décadas, apresentados de forma invisível, serão aqui detalhados. Neste contexto, vários projetos estão em desenvolvimento, dentre os quais se destacam: “De volta às origens”, “Percorrendo os Carreiros de Zuzu”, o blog colaborativo e as ações educativas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas considerações finais estão as análises integradas dos três contextos, uma avaliação dos resultados e perspectivas de futuro dentro da rubrica da Arqueologia Colaborativa para a sustentabilidade cultural no contexto brasileiro. Apresenta-se, ainda, uma avaliação da autora desta tese no desenvolvimento dos trabalhos e em suas perspectivas de futuro.

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Sítio Arqueológico Entrada do Pajeú- Parque Nacional Serra da Capivara, atividades do projeto Nos Carreiros de Zuzu.

CAPITULO 1. A MULTIVOCALIDADE NO CENÁRIO DA ARQUEOLOGIA COLABORATIVA

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No mundo contemporâneo falar, pensar e fazer arqueologia já não é mais possível sem o envolvimento simétrico das comunidades que vivem nos locais pesquisados, seja no contexto da arqueologia empresarial ou da arqueologia acadêmica. Esse denominador comum tem provocado reflexões profundas à prática da Arqueologia em todo o mundo – o estudo da cultura material com o envolvimento das comunidades surge já no pensamento da arqueologia pós-processualista, comumente conhecida como Arqueologia Pública e que, posteriormente, estabeleceu procedimentos éticos e de relacionamento participativo das comunidades no que se denominou de Arqueologia Colaborativa.

A prática da Arqueologia Colaborativa vem crescendo ao longo das últimas duas décadas, uma vez que os arqueólogos cada vez mais se cruzam de forma complexa e matizada com uma gama de comunidades, sobretudo, comunidades tradicionais (indígenas e não indígenas) através de esforços colaborativos (ATALAY, 2010). Tudo isso implica uma mudança de paradigma a nível global. Deixou-se de pensar no estudo da cultura material apenas na perspectiva de compreender o passado, mas suscitaram-se reflexões sobre documentação, conservação, preservação e, mais recentemente, percebeu-se o valor da educação a partir dos acervos patrimoniais para promover a valorização e fruição cultural. Nesta arena entra, também, a gestão compartilhada deste acervo como medida à sustentabilidade cultural das comunidades. Barbara Betz destaca que há em todos os projetos de arqueologia colaborativa, embora se façam em contextos sociais diferentes, fatores comuns que são: a ênfase na multivocalidade; o diálogo de duas vias entre arqueólogos e o público afetado e um investimento na política social. (BETZ, 2007).

Assim, podemos afirmar que arqueologia colaborativa e a multivocalidade estão intrinsicamente ligadas, visto que esta última implica na articulação heterogênea de conhecimentos. Aqui utilizamos a preservação, a gestão, a ética e a educação como auxiliares na prática da arqueologia colaborativa. Assim, o estudo do patrimônio arqueológico, histórico e cultural busca, em essência, os pontos de interação entre as disciplinas e a complementaridade entre ciência e tradição (ROBRAHN-GONZÁLEZ, 2006a).

À luz destas definições este primeiro capítulo trás o arcabouço dos pressupostos teóricos da pesquisa, discutindo, preliminarmente, o estudo do objeto, a sua evolução epistemológica até chegarmos à definição de cultura material e seu estudo na perspectiva das correntes arqueológicas.

Doravante trazemos um preâmbulo sobre arqueologia colaborativa, traçando uma linha do tempo com destaque para os principais expoentes no contexto brasileiro. Nesta evolução

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mostraremos ainda que a arqueologia colaborativa já é uma realidade no cenário mundial - destacando projetos desenvolvidos em diferentes locais do planeta.

Foi importante nessa discussão abrir um parêntese para refletir sobre a tríade da arqueologia publica definida por McGimsey (1972): Legislação, Gestão e Ética.

No tocante à Legislação discorreu-se, inicialmente, sobre os principais instrumentos legais de proteção do patrimônio arqueológico e histórico cultural no Brasil, mencionando a criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e seus principais decretos e normas. Já no cenário mundial atentou-se para as cartas patrimoniais.

Quanto à Gestão, deu-se ênfase nas medidas de preservação do acervo arqueológico e histórico cultural, destacando os riscos culturais que envolvem a salvaguarda de um patrimônio cultural. Demonstra-se, ainda, a simetria dos programas arqueológicos aqui tratados com as medidas preventivas de guarda e conservação de acervo.

No campo da arqueologia é comum associar as dimensões éticas e não éticas no desenvolvimento da sua prática. De modo óbvio a arqueologia toca em assuntos de natureza ética, precisamente por sua relação com a identidade, a história e o cotidiano de comunidades, de nações e do próprio gênero humano. Na maioria das vezes são problemas complexos, no sentido de gerenciar os conflitos (RENFREW e BAHN, 1993). Diante disso, este capítulo também abordará as questões éticas nas práxis da arqueologia.

Nessa discussão, para encerrarmos o capítulo, cabe falarmos sobre o papel educação patrimonial como um processo colaborativo e sua inserção nas políticas públicas.

1.1 A INTERFACE ENTRE OBJETO E CULTURA MATERIAL

O homem incorpora experiências e conhecimentos e os transmite aos seus filhos. É o único animal que promove ações, cria artefatos, altera a natureza que o cerca, enquanto ele próprio vai se alterando, vai se construindo e se distanciando casa vez mais dos outros animais. Pela cultura, ele deixa às próximas gerações o conhecimento alcançado, propiciando o contínuo desenvolvimento e o permanente avanço de suas conquistas. Todo este processo é registrado na produção de seus objetos, sejam documentos,

esculturas, pinturas, desenhos, construções, objetos utilitários e até tecnológicos, enfim sua cultura material e imaterial [Grifos nossos],

indícios que ele deixa ao longo de sua passagem pelo planeta, e que nos permitem entender a sociedade em que viveu e conhecer a sua própria historicidade. (LUZ, 2013:05).

Ao longo dos séculos o Homem vem evoluindo e transformando o seu meio ambiente, criando e recriando modos de viver no território. E nessa evolução (biológica, psicológica,

Imagem

Figura 3: Mapa de Coronel José Dias, onde se localiza o Instituto Olho D´Água. Processamento de dados: Maxim Jaffe, 2011
Tabela 1: Medidas preventivas para acervos. Adaptado: Teixeira e Ghizoni (2012).
Tabela 2: Princípios éticos da SAA.  Fonte: Adaptado e traduzido de Principles of Archaeological Ethics, 1996
Foto do sítio de arte rupestre da Bastiana em Coronel José Dias, Piauí, e o José Luiz, guardião local
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Referências

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