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Construindo cidades saudáveis: utopias e práticas

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Academic year: 2021

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Uberlândia (MG) 2017

Beatriz Ribeiro Soares Nuno Marques da Costa

Samuel do Carmo Lima Eduarda Marques da Costa

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10

Índices para catálogo sistemático: 1. 1. Saúde pública – Brasil – Portugal. Direitos Reservados em Língua Portuguesa à

ASSIS EDITORA LTDA. Rua José Antônio Teodoro, 76 – Aparecida

CEP: 38400-772 – Uberlândia/MG Telefone: (34) 3222-6033

www.assiseditora.com.br / assis@assiseditora.com.br Reprodução proibida sem prévia autorização.

Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 2017

Impresso no Brasil Projeto gráfico e revisão: Assis Editora

Análise de provas: João Davi B. Resende Orelhas e sinopse: Samuel do Carmo Lima Imagem da capa: Ivone Gomes de Assis

Construindo cidades saudáveis: utopias e práticas. v. II / organizado por Beatriz Ribeiro Soares et al. -- Uberlândia (MG): Assis Editora, 2017. (Série Cidades Saudáveis).

544 p. il.

ISBN 978-85-62192-99-9

1. Saúde pública – Cidades 2. Sustentabilidade 3. Promoção da saúde 4. Desenvolvimento social 5. Brasil 6. Portugal 7. Geografia I. Soares, Beatriz Ribeiro II. Lima, Samuel do Carmo III. Universidade Federal de Uberlândia IV. Marques da Costa, Nuno V. Marques da Costa, Eduarda VI. Universidade de Lisboa.

CDD 362.10981469 CDU 614(81)(469)

© Beatriz Ribeiro Soares et al. (Org.), 2017.

Direitos de publicação reservados à Assis Editora Ltda.

C775

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Angélica Ilacqua CRB-8/7057)

Conselho Editorial

Adail Ubirajara Sobral Adriana Naves Silva Angela Marcia de Souza Antonio Bosco de Lima Gilberto Mendonça Teles Ione Mercedes Miranda Vieira Ivone Gomes de Assis Juarez Altafin

Thamara de F. Tannús A. dos Reis Vera Lúcia Salazar Pessôa

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NOTA DOS ORGANIZADORES

Este é o segundo livro sobre Cidades Saudáveis, resultado de uma cooperação acadêmica entre a Universidade Federal de Uberlândia e a Universidade de Lisboa, que se iniciou em 2009, cujos projetos foram financiados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Brasil e Fundação de Ciência e Tecnologia (FCT), de Portugal. Esses produziram importantes trabalhos acadêmicos, em nível de graduação, mestrado e doutorado nas duas instituições, com temáticas relacionadas à construção de Cidades Saudáveis, na perspectiva da sua gestão e do ordenamento territorial, políticas públicas, promoção da saúde, mobilidade e qualidade de vida urbana. Também foram produzidos artigos científicos publicados em periódicos, além de organização de eventos no Brasil e em Portugal, para apresentação de resultados das pesquisas.

Este livro representa o esforço acadêmico dos professores, doutorandos, mestrandos e graduandos, por isso não poderíamos deixar de mencionar a afetividade construída entre nós, que tem cimentado o

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trabalho científico e o envolvimento crescente de novos parceiros de trabalho. É uma construção acadêmica, de amizade e respeito entre os participantes nas duas etapas. É preciso destacar que mesmo tendo orientações metodológicas diversas, conseguimos, ao longo de oito anos, avançar nas discussões sobre diferentes concepções de Cidades Saudáveis e seus temas.

Por tudo isso, agradecemos esta saudável convivência e amizade entre os participantes do projeto.

À Capes, no Brasil, pelo incentivo aos intercâmbios internacionais por meio de financiamentos dos projetos que possibilitaram a qualificação de alunos da pós-graduação do PPGEO/ UFU e de docentes em estágio Pós-Doc em missões de estudo, bem como as missões de trabalho de pesquisadores e coordenadores.

À FCT, em Portugal, pela parceria com a CAPES, que também permitiu missões de estudo de alunos de doutorado no IGOT e missões de trabalho dos docentes e coordenadores do projeto, por intermédio de seus financiamentos em dois editais.

Ao Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, pela acolhida aos pesquisadores portugueses, ao longo do projeto e pelo incentivo à pesquisa e qualificação de seus docentes e alunos.

Ao Centro de Estudos Geográficos, centro de pesquisa do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa, por receber alunos e professores brasileiros em todas as etapas do projeto e pelo apoio à pesquisa.

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13 À Assis Editora, pelo trabalho e qualidade de editoração do livro.

Ao doutorando da UFU, Josimar Reis e Souza, pelo auxílio nas etapas de organização do livro.

Sejam todos bem-vindos à leitura.

Beatriz Ribeiro Soares Nuno Marques da Costa Samuel do Carmo Lima Eduarda Marques da Costa

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14

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15

SUMÁRIO

CIDADES SAUDÁVEIS: NOTAS INTRODUTÓRIAS

Beatriz Ribeiro Soares Nuno Marques da Costa

Samuel do Carmo Lima Eduarda Marques da Costa

21

1

CIDADE SAUDÁVEL:

CONCEITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS

1. A CIDADE SAUDÁVEL NO PLANEAMENTO MUNICIPAL: EXEMPLOS DE ATUAÇÃO NA ÁREA

METROPOLITANA DE LISBOA, PORTUGAL Ana Louro

Nuno Marques da Costa Eduarda Marques da Costa

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16

2. TERRITÓRIO SAUDÁVEL E ENVELHECIMENTO ATIVO

Samuel do Carmo Lima Filipe Antunes Lima

73

3. A JUVENTUDE, A INCLUSÃO DIGITAL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DIRIGIDAS A ESSES SEGMENTOS PARA A

CONSTRUÇÃO DE CIDADES SAUDÁVEIS José Fernando Camacho

97

4. PARTICIPAÇÃO, GOVERNAÇÃO E INCLUSÃO: OS CONTRIBUTOS DA REDE DE CIDADES SAUDÁVEIS NO

DOMÍNIO DA SAÚDE E DO TRABALHO Paulo Nuno Nossa

123

5. MOBILIDADE, EQUIDADE E PROMOÇÃO DA SAÚDE NA CIDADE

Márcia Faria Westphal Sandra Costa de Oliveira

161

6. A DIMENSÃO POLÍTICA NO DEBATE DA CONSTRUÇÃO DA CIDADE SAUDÁVEL:

O USO DAS TIC’S NA GOVERNANÇA DAS PEQUENAS CIDADES DO BRASIL

Winston Kleiber de Almeida Bacelar

(17)

17

2

CIDADE SAUDÁVEL:

QUALIDADE DE VIDA E ESPAÇO PÚBLICO

7. TRILHANDO POR CIDADES SAUDÁVEIS: APONTAMENTOS METODOLÓGICOS E PERSPECTIVAS

Josimar dos Reis de Souza Beatriz Ribeiro Soares

217

8. ÍNDICE DE VULNERABILIDADE SOCIAL: O EXEMPLO DA CIDADE DE PARACATU -MG

Patrícia Soares Rezende Roberto Rosa

245

9. ESPAÇOS PÚBLICOS E QUALIDADE DE VIDA: UMA AVALIAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS DOS ESPAÇOS

VERDES URBANOS EM UBERLÂNDIA-MG Lidiane Aparecida Alves

Nuno Marques da Costa Vitor Ribeiro Filho

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18

10. A ARBORIZAÇÃO URBANA E A CRIAÇÃO DE UMA FERRAMENTA

DE CONTROLE AMBIENTAL Fábio de Souza

Marlene Teresinha de Muno Colesanti Edilene Cristina Baldoino

297

3

CIDADE SAUDÁVEL:

MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE

11. CIDADE SAUDÁVEL:

MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL E TRAFFIC CALMING

Priscilla Alves William Rodrigues Ferreira

327

12. MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE NA CONSTRUÇÃO DE UMA UBERLÂNDIA ACESSÍVEL E SAUDÁVEL

Vitor Ribeiro Filho Eduarda Marques da Costa

Lidiane Aparecida Alves

(19)

19

4

CIDADE SAUDÁVEL

E SERVIÇOS DE SAÚDE

13. PLANEAMENTO EM SAÚDE: APLICAÇÃO DO ÍNDICE MAESP NA ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA

Pedro Francisco Duarte Franco Tiago Alexandre Jorge Raimundo

385

14. REDES COMUNITÁRIAS LOCAIS

COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E CONSTRUÇÃO DE TERRITÓRIOS SAUDÁVEIS

Flavia de Oliveira Santos Samuel do Carmo Lima

421

5

CIDADE SAUDÁVEL

NO CONTEXTO REGIONAL

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20

15. DISPARIDADES REGIONAIS NO ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM TERRITÓRIOS DE BAIXA DENSIDADE: OS CASOS DO ALENTEJO (PORTUGAL) E

NAVARRA (ESPANHA) Pedro Palma

Eduarda Marques da Costa Nuno Marques da Costa

453

16. A INTERAÇÃO ESPACIAL E A NECESSIDADE DE PLANEJAMENTO INTEGRADO PARA CONSTRUÇÃO DE CIDADES SAUDÁVEIS: ARAGUARI E UBERLÂNDIA/MG

Flávia Aparecida Vieira de Araújo

489

17. CENÁRIOS PARA O CENTRO HISTÓRICO: UMA ANÁLISE DO BAIRRO FUNDINHO EM

UBERLÂNDIA –MG Alessiane Silva Justino

Beatriz Ribeiro Soares

513

AUTORES

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21

CIDADES SAUDÁVEIS:

NOTAS INTRODUTÓRIAS

Beatriz Ribeiro Soares Nuno Marques da Costa Samuel do Carmo Lima Eduarda Marques da Costa A ideia de territórios saudáveis tem origem nos debates produzidos nas Conferências Internacionais da Saúde, patrocinadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma das estratégias de promoção da saúde, que visam a melhoria da qualidade de vida da população.

Esta estratégia tem seu princípio do fundamentado no conceito de promoção da saúde, formulado mais recentemente na Declaração de Alma Ata, com base nos cuidados primários à saúde, contrapondo-se a uma medicina medicalizante e hospitalocêntrica, abrindo o debate sobre as determinações sociais da saúde.

Alguns conceitos são básicos para pensar e construir Cidades Saudáveis, como, a máxima de

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que a cidade é do cidadão e, por isso, todos devem se envolver em sua construção. Essa tarefa não é de competência exclusiva dos governantes e técnicos, mas de todos os cidadãos pelo que “a construção da cidadania, neste sentido, passa, necessariamente, pela reconstrução das cidades” (FLEURI, 2004, p. 2).

Na Grécia Antiga, os cidadãos da polis (cidade) se reuniam em assembleia (Eclésia) para discutir os problemas e decidir e deliberar sobre os impostos, as obras públicas, as guerras, os crimes que eram julgados e sobre a gestão global em uma democracia direta. Contudo, nem todos podiam participar da assembleia; as mulheres, os escravos e os estrangeiros não eram considerados cidadãos pelo que ficavam excluídos desse processo.

Na sociedade contemporânea, por sua vez, muitos pensam, que ao escolhermos os governantes, tanto aqueles que administram (executivo), como aqueles que fiscalizam o governo e fazem as leis (legislativo), esses passam a ter o direito de decidir sobre os nossos destinos, durante um certo período. Nesse contexto, grande parte dos governantes também coaduna desse pensamento, tendo como pressuposto, na sua prática, o conceito moderno de democracia representativa. Ela pressupõe que se os governantes não cumprem bem seu papel, é possível substituí-los, por meio do voto e experimentar, por um novo período, novos gestores. Os mesmos decidem e, quando muito, nos consultam sobre determinados assuntos prioritários de seu governo, ou seja, o que fazer, o que não fazer, quase sempre sob a influência do poder econômico e, não raro, estabelecendo-se os interesses deles mesmos e não os do cidadão.

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23 Em alguns países, estados e cidades, de acordo com legislação e normas existentes, a democracia representativa tem sido mais democrática, quando amplia a participação dos cidadãos nas decisões da governança. Esta é chamada de democracia participativa, pois não substitui os poderes constituídos do Estado Moderno e da democracia representativa, mas a complementa.

No contexto da democracia participativa, para promover a saúde e construir Cidades Saudáveis é preciso capacitar os indivíduos para a participação social, para buscar o bem comum. E, ao mesmo tempo, para auxiliar na construção de territórios saudáveis, o indivíduo deve compreender seu contexto de vida e as determinações sociais da saúde, no lugar onde vive, para que possa buscar soluções em conjunto, que possam prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida da comunidade, com autonomia e solidariedade, o que pode se definir pelo conceito de empowerment (BRASIL, 2002). Existem vários exemplos dessa prática em cidades e países, dentre eles podemos destacar, Quebec, Canadá, berço do movimento Cidades Saudáveis, no final dos anos de 1970 e início da década de 1980 foi um modelo pelo desenvolvimento de uma política comunitária de saúde, por meio da criação de Centros Locais de Serviços Comunitários (CLSC), composto por um conselho de administração, majoritariamente constituído por usuários (CONILL, 2000).

No Brasil, a Lei n.° 8.142/1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), institui os Conselhos de Saúde, em níveis nacional, estadual, municipal, distrital e local, possibilitando a proximidade entre

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a comunidade e os serviços de saúde e as demais organizações do bairro.

[...] em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. (BRASIL 1990, p. 1).

Heritage e Dooris (2009) afirmam que o comitê para participação e capacitação da comunidade é o cerne do Projeto Rede Europeia de Cidades Saudáveis, em conformidade com os princípios de Promoção da Saúde da Carta de Ottawa (1986), dentre os quais se destacam ações para reforçar a ação comunitária.

A necessidade de planejar uma Cidade Saudável aumenta à medida em que se acentuam as questões de saúde das populações relacionados com o crescimento e expansão urbana. Entre estes problemas, destacam-se a extensão física e descontínua das aglomerações; configurando modelos de urbanização dispersa; com elevados custos de infraestruturas; carências de equipamentos e o aumento das emissões de CO², associadas a uma mobilidade dependente da utilização do automóvel. A reforçar este conjunto de problemas, associamos a necessidade de habitação, saneamento ambiental, transportes e outras infraestruturas; comércio e serviços, condicionando uma desigual produção de espaço (GALEA; VLAHOV, 2005; MARQUES DA COSTA, 2011).

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25 Por outro lado, assistimos a um crescer dos problemas ambientais relacionados com a qualidade do ar, da água, controle de qualidade dos alimentos, implantação de rede e de estações de tratamento do esgoto sanitário e de resíduos sólidos, entre outros. E o mesmo se verifica se atendermos à carência de espaços verdes e espaços públicos, fundamentais para a qualidade de vida e vivência das populações, evidenciada em muitas das cidades atuais (OLIVEIRA; OLIVEIRA; SOARES, 2009).

Outros conceitos e ações ainda são necessários incluir quando pensamos e construímos Cidades Saudáveis: a intersetorialidade na ação e nas políticas públicas, a reorganização dos serviços de saúde, para atuar mais na prevenção e promoção da saúde, considerando a saúde no território; a multidisciplinaridade e a escala de intervenção (MARQUES DA COSTA, 2016).

A escala, conceito muito caro à Geografia, é fundamental para reconfigurar o território e construir cidades mais saudáveis. Por isso, precisamos de um pensamento multidisciplinar e um olhar multiescalar. Ao olhar a cidade, podemos vê-la como um todo, sem deixar de enxergar as conexões que se estabelecem com outras cidades, com a região, com o país e com o mundo, cada vez mais globalizado (MARQUES DA COSTA, 2013). Em uma escala menor, podemos olhar para toda a cidade, considerando algumas características e atributos que devem ser considerados para análise da qualidade de vida: tamanho, crescimento e exclusão social, habitação, adensamento, mobilidade, espaços públicos, arborização urbana e parques.

Mas, também é preciso voltar os olhos para o pequeno território da vizinhança e do bairro, com um

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olhar mais aproximado e com foco na vida cotidiana das pessoas para a análise da qualidade de vida. Nessa escala maior, no território do bairro e da vizinhança se estabelece o cotidiano dos indivíduos e das coletividades, no lugar onde vivem. Por isso, devemos considerar suas necessidades, desejos e experiências (LIMA, 2016).

Cidades Saudáveis não existem, mas existem cidades com problemas sanitários; com expansão urbana desordenada; baixos parâmetros de prestação de serviços e de segurança no trabalho; elevados níveis de poluição da água, do ar e da produção alimentar; más condições habitacionais e um fraco serviço de transporte público. Assim, contrariar e inverter esta situação é construir Cidades Saudáveis, contribuindo, desse modo, para melhorar qualidade de vida das populações. Por isso, é preciso reconfigurar o território com vista a reduzir os seus riscos e vulnerabilidades. Esse é o nosso desafio.

Este livro pretende contribuir para a discussão e a prática, que nos permita construir cidades mais saudáveis. O livro é composto por dezessete capítulos distribuídos em cinco partes, a saber: 1 – Cidade Saudável: conceitos e políticas públicas; 2 – Cidade Saudável: qualidade de vida e espaços verdes; 3 – Cidade Saudável: mobilidade e acessibilidade; Cidade Saudável e serviços de saúde; 5 - Cidade Saudável no contexto regional.

A primeira parte é composta por seis capítulos, cujo objetivo é discutir o conceito de Cidade Saudável na sua aplicação ao campo das políticas públicas.

No capítulo 1, apresentado por Ana Louro, Eduarda Marques da Costa e Nuno Marques da Costa, são discutidos os modelos de governança, associados à implementação do projeto Cidade Saudável da OMS,

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27 refletindo sobre a intersetorialidade e a intervenção multiescalar, a partir do estudo de caso centrado nos municípios da Área Metropolitana de Lisboa – Portugal.

Nos capítulos seguintes, introduzem-se alguns dos temas de maior atualidade, como o envelhecimento ativo (segundo capítulo de Samuel Lima e Felipe Lima), a participação pública e governança (no quarto, discutida por Paulo Nossa), a inclusão e a equidade, temáticas transversais a vários capítulos dirigidos a distintos públicos, como jovens e idosos, e aplicados a diferentes setores da sociedade, tais como os transportes e a mobilidade (no capítulo apresentado por Márcia Westphal e Sandra Oliveira, no quinto capítulo) e as novas tecnologias de informação e comunicação para a juventude (temática central no terceiro capítulo de José Fernando Camacho e no sexto capítulo, de Winston Bacelar).

Ao longo destes seis capítulos, encontramos uma vasta revisão bibliográfica centrada nos temas referidos, com incursões pela evidência empírica, sempre que os autores o consideraram como necessário, e que conduzem o leitor a descobrir a relevância interdisciplinar e a importância da construção de políticas públicas alicerçadas nestas diferentes dimensões.

Na parte 2, os capítulos, recorrendo a abordagens metodológicas distintas, tratam de forma empírica, a qualidade de vida (capítulos 7-8) e, de forma mais específica, os espaços verdes/públicos (capítulos 9-10).

Assim, no sétimo capítulo, Josimar Souza e Beatriz Soares apresentam uma proposta metodológica de construção de um índice para medição da qualidade de vida (incidindo sobre a

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cidade de Uberlândia) enquanto Patrícia Rezende e Roberto Rosa, no capítulo 8, propõem a construção de um índice de vulnerabilidade social, aplicando-o à cidade de Paracatu-MG. Ambos os capítulos, trazem à discussão as possibilidades de construção de índices que permitam diagnosticar as realidades à escala intra-urbana, tomando como fontes informação, estatísticas disponíveis e oficiais, facilmente utilizáveis por entidades públicas, facilitando a monitorização do território e a formulação de políticas públicas.

Ainda na segunda parte, Lidiane Alves, Nuno Marques da Costa e Vitor Ribeiro Filho, no capítulo 9, discutem o papel dos espaços verdes urbanos para a qualidade de vida em Uberlândia. Complementando a abordagem anterior, Fábio Souza, Marlene Colesanti e Edilene Baldoino, no capítulo 10, tomam como estudo de caso, o setor Marista na cidade de Goiânia, descrevendo as etapas para a construção de uma ferramenta de controle da evolução dos espaços verdes urbanos.

Os capítulos 11 e 12, do livro, centram-se no tema da acessibilidade e mobilidade e a sua importância para a elaboração de políticas públicas para Cidades Saudáveis. Priscilla Alves e William Ferreira trazem o tema da mobilidade urbana sustentável e o papel que as medidas de traffic

calming podem ter na sustentabilidade da cidade

enquanto Vitor Ribeiro Filho, Eduarda Marques da Costa e Lidiane Alves introduzem a temática da cidade acessível para populações com mobilidade reduzida em Uberlândia a partir de uma descrição e qualificação das condições de acesso e mobilidade de pedestres aos principais serviços e equipamentos existentes na área central da cidade.

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29 A parte 4, denominada Cidade Saudável e Serviços de Saúde é composta por estudos empíricos relacionados com as condições de saúde e de acesso aos serviços. Assim, Pedro Franco e Tiago Raimundo apresentam a aplicação de um índice que se propõe medir o estado de saúde das populações, aplicando-o à Área Metropolitana de Lisboa-Portugal, para o qual contribuem vários determinantes, em que se destaca o acesso aos serviços de saúde. Outra linha de estudos presente neste bloco é o capítulo de Flávia Santos e Samuel Lima que realçam o papel das redes comunitárias locais na promoção da saúde.

Na última parte do livro, denominada a Cidade Saudável no contexto regional, Pedro Palma, Eduarda Marques da Costa e Nuno Marques da Costa, analisam os fatores que explicam as disparidades no acesso aos serviços de saúde nos territórios de baixa densidade demográfica, tomando como casos de estudos o Alentejo-Portugal e Navarra-Espanha.

Flávia Araújo realça o papel do planejamento integrado entre as cidades de Araguari e Uberlândia, como uma forma de promoção da eficácia da gestão pública dos equipamentos e dos serviços e sua interação espacial.

A obra conclui-se com o capítulo 17, de Alessiane Justino e Beatriz Soares, que pensam sobre o futuro de uma área da cidade de Uberlândia, o tradicional Bairro Fundinho, no que se refere à mobilidade urbana e ao sistema viário, apresentando dois cenários para a promoção da melhoria da qualidade de vida de seus moradores.

As diferentes pesquisas, aqui publicadas, pretendem atingir dois objetivos: primeiro, contribuir para um maior conhecimento dos conceitos e da base que suporta as políticas associadas às Cidades

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Saudáveis; segundo, oferecer aos gestores públicos das cidades estudadas um conjunto de conclusões e recomendações para o funcionamento das entidades públicas em busca de uma melhor qualidade de vida para as suas populações.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n.º 8.142, de 28 de dezembro de 1990,

que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Presidência da República. Brasília: 1990. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/web_siacs/docs/ l8142.pdf>.

GALEA, Sandro; VLAHOV, David (Coord.). Handbook of urban health: populations, methods and practice.

Nova Iorque, EUA, Springer Publishing Company, 2005.

HERITAGE, Zoe; DOORIS, Mark. Community participation and empowerment in healthy cities.

Health Promotion International, 24(S1): i45-i55,

2009. Disponível em: <https://academic.oup.com/ heapro/article-pdf/24/suppl_1/i45/1663191/ dap054.pdf>.

LIMA, Samuel do Carmo. Território e promoção da saúde: perspectivas para a atenção primária à saúde.

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31 MARQUES DA COSTA, Nuno. Mobilidade e transporte em áreas urbanas. O caso da Área

Metropolitana de Lisboa, Lisboa, Centro de Estudos Geográficos - Universidade de Lisboa, 2011. Disponível em: <http://www.mopt.org.pt/ uploads/1/8/5/5/1855409/costa_n__web.pdf>.

MARQUES DA COSTA, Eduarda. Cidades Saudáveis, saúde e sustentabilidade: dos conceitos às orientações de política na União Europeia. In: LIMA, Samuel do Carmo; MARQUES DA COSTA, Eduarda (Orgs.).

Construindo Cidades Saudáveis. Uberlândia, Brasil:

Assis, 2013. p. 25-41.

______. Da ação em saúde à ação para a saúde, Geografia da Saúde - ambientes e sujeitos sociais no mundo globalizado. In: OLIVEIRA, José Aldemir de; ALVES, Geraldo (Org.) Geografia da saúde: ambientes

e sujeitos sociais no mundo globalizado. Manaus: Universidade Federal da Amazônia, 2016. p. 73-95. OLIVEIRA, Tamara Regina Miranda de; OLIVEIRA, Carlos Miranda de; SOARES, Beatriz Ribeiro. Análise dos espaços públicos na cidade de Uberlândia.

Horizonte Científico (Uberlândia), v. 1, p. 1-20, 2009.

Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/ horizontecientifico/article/download/4338/320>.

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CIDADE SAUDÁVEL:

CONCEITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS

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A CIDADE SAUDÁVEL NO

PLANEAMENTO MUNICIPAL:

EXEMPLOS DE ATUAÇÃO NA ÁREA

METROPOLITANA DE LISBOA,

PORTUGAL

Ana Louro Nuno Marques da Costa Eduarda Marques da Costa A complexidade e transversalidade do conceito de Cidade Saudável permite a sua operacionalização a várias escalas territoriais e a definição de políticas distintas mas, necessariamente, complementares. No caso português, o município constitui a escala privilegiada para a implementação daquele conceito, tal como definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A proximidade à comunidade, o profundo conhecimento do território, as competências de atuação dos órgãos autárquicos e a sua capacidade para construírem uma rede de parceiros locais são fatores preponderantes para que a esta escala se possa promover a Cidade Saudável.

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36

Assim, o objetivo principal deste capítulo é compreender de que forma os Projetos Cidade Saudável (PCS) à escala municipal estão integrados nas políticas e estratégias locais. Em paralelo, destaca-se um conjunto de objetivos específicos:

a) sistematizar as orientações relativas ao processo de integração e funções dos municípios nas Redes de Cidades Saudáveis integradas na OMS;

b) compreender as estratégias do Projeto Cidade Saudável: opção organizativa de integração do PCS na estrutura orgânica das autarquias; áreas de trabalho associadas ao Projeto Cidade Saudável; e rede de parcerias desenvolvidas.

Este capítulo organiza-se em três partes: a primeira parte abordará as orientações da OMS no que respeita à integração e função dos municípios nas Redes Nacionais de Cidades Saudáveis; a segunda parte prende-se com a compreensão do modelo organizacional e a estrutura de competências atuais das autarquias em estudo; a terceira parte apresenta as estratégias de integração e atuação dos casos de estudo, na alocação do Projeto Cidade Saudável na estrutura orgânica da autarquia, áreas de trabalho associadas ao PCS e rede de parcerias.

ORIENTAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO

MUNDIAL DE SAÚDE PARA PROJETOS

CIDADE SAUDÁVEL

De acordo com a OMS, as “Políticas Saudáveis” podem ser desenvolvidas por governos, autarquias ou outros atores, tendo em vista prioridades de

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37 resposta a necessidades de saúde, distribuição de recursos para a saúde, e a potenciação de impactes positivos ou a mitigação de impactes negativos para a saúde no contexto das diversas prioridades políticas (WHO, 1998). Neste sentido, o envolvimento dos governos, autarquias, instituições locais e regionais, terceiro setor, instituições de ensino superior, entre outras entidades, revela-se fundamental, embora o envolvimento político tenha um papel de destaque na medida em que é chave para a efetividade das políticas pela afetação de recursos e de competências inerentes ao objetivo de desenvolvimento de políticas saudáveis.

No caso Português, o Plano Nacional de Saúde 2012-2016 assumiu as “Políticas Saudáveis” numa dupla perspetiva:

a) Políticas de Saúde Pública – com foco no benefício do estado de saúde da população através da promoção da saúde e prevenção da doença, aliado à prestação dos cuidados de saúde. Estas podem ser: 1) Globais – Exemplo da educação para a saúde, vigilância sanitária e intervenção sobre os determinantes de saúde, da responsabilidade direta do setor da saúde; 2) Específicas para o sistema de saúde – Exemplo da coordenação, regulação, produção ou distribuição de bens e serviços de saúde;

b) Saúde em Todas as Políticas – implica uma estratégia de abordagem intersetorial, considerando que os setores fora da saúde têm impacte na saúde e na equidade, com o objetivo de promover ganhos em saúde e qualidade de vida segundo os determinantes sociais da saúde (KICKBUSCH, 2007; SVENSSON, 1988, em DG-SAÚDE, 2013, p. 53).

Assim, a abordagem da “Saúde em todas as Políticas” deve apresentar as seguintes características

(38)

38

(DG-SAÚDE, 2012, p. 4): a promoção da saúde e bem-estar como objetivo de todos os setores, considerando-se assim uma perspetiva integrada; o reconhecimento do impacte dos determinantes da saúde como fator de desigualdades e como âncora para as intervenções; a exigência em que o setor da saúde tenha um papel relevante na construção de conhecimento de suporte a todas as políticas, sustentado por plataformas de diálogo intersetorial e trabalho em parceria entre setores; e, por fim, a promoção de sinergias e compromissos entre setores às escalas nacional, regional e local, reforçando a efetividade e sustentabilidade das iniciativas.

Neste sentido, o município revela-se a escala adequada e a autarquia a entidade primordial para a operacionalização das Políticas Saudáveis, entidades estas que se podem associar à Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis para desenvolver os Projetos Cidade Saudável. Marques da Costa (2013) sublinha que, neste contexto, não só a transversalidade das políticas deve ser considerada relevante como o nível de atuação local permitirá uma maior aproximação entre a identificação dos problemas e a definição de uma estratégia de atuação mais adequada.

O PROJETO CIDADE SAUDÁVEL

Uma Cidade Saudável é definida pelo processo (de compromisso com a saúde) e não pelo resultado (ou por atingir um determinado nível de saúde) (WHO Europe, 2015).

Uma primeira questão pode ser colocada: Como pode o Projeto Cidade Saudável (PCS) ter um papel

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39 relevante na atuação e no desenvolvimento de Políticas Públicas Locais? A resposta a esta questão obriga a considerar vários fatores (Figura 1). As Políticas Públicas Locais estão profundamente relacionadas com as Políticas Públicas Nacionais e Regionais, de cariz setorial e territorial, quer de forma complementar (quando as competências e as áreas de trabalho não se sobrepõem), quer de forma reforçada (quando as competências e áreas de trabalho se sobrepõem). Também a estrutura orgânica e competências das autarquias estão associadas à Legislação e Directivas Nacionais, em frequente adaptação (nomeadamente com as mudanças dos ciclos políticos ou com novas orientações europeias).

Figura 1 – Fatores de influência na atuação do Projeto Cidade Saudável.

Fonte: LOURO, 2015.

Desta forma, as Políticas Públicas Locais dependem da Estrutura Orgânica e Competências

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inerentes às autarquias, sendo que fatores como os recursos humanos e técnicos e o orçamento disponível, exercem uma influência considerável na operacionalização das políticas à escala local. Espera-se assim uma maior adequação das Políticas Públicas Locais aos desafios de um determinado território e população, consoante um maior poder de atuação local (caso se verifiquem simultaneamente competências e recursos).

Considerando o PCS, este cita como objetivo primordial a promoção dos fundamentos do movimento Cidades Saudáveis apresentados pela OMS, pela Rede Europeia de Cidades Saudáveis e pela Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis; e numa segunda fase procura transpôr esses mesmos fundamentos para a atuação autárquica, nomeadamente nas Políticas Públicas Locais.

Concluindo, o PCS e os seus campos de atuação estão enquadrados por orientações superiores do movimento Cidades Saudáveis e, simultaneamente, enquadrados na orgânica das autarquias e suportados pelas competências deste órgão. Destaca-se ainda que a integração do PCS na estrutura autárquica é flexível, como se observará posteriormente, sendo esta uma opção política com impacte nas diferentes áreas de atuação.

Importa também compreender a proposta de formação e atuação do PCS por parte da OMS. Neste sentido, destacam-se vários guias orientadores de todo o processo, com especial destaque para a publicação “Twenty steps for implementing a healthy cities project” (WHO-EUROPE, 1997). Nesta é sublinhado o papel único que o PCS pode desempenhar nos governos das cidades pelo seu cariz inovador na Política Local de Saúde através de novas perspetivas de Saúde Pública

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41 (WHO-EUROPE, 1997, p. 13-14). Como sugestão da OMS, o processo de construção de um PCS organiza-se em vinte passos distribuídos por três faorganiza-ses (Quadro 1) (WHO-EUROPE, 1997, p. 16).

Quadro 1 – As três fases e 20 passos de implementação do PCS.

Fonte: WHO-Europe (1997, p. 16).

Não pretendendo ser exaustivos, destacam-se aqui três passos na construção de um PCS. Na primeira fase, o passo 5, a decisão da organização, na segunda fase, o passo 11, montagem do gabinete, e, por fim, na terceira fase, o passo 17, a mobilização e as ações intersetoriais.

Relativamente à decisão organizativa, “decidir a localização do projeto dentro da hierarquia organizativa da cidade é uma escolha importante” essencialmente devido a três fatores: influencia a estrutura organizativa do projeto e os mecanismos administrativos associados, determina a relação entre os políticos, os parceiros e os grupos comunitários, e por fim, é indicativo da “apropriação do projeto” (WHO-EUROPE, 1997, p. 24). A OMS destaca quatro possíveis modelos organizacionais do PCS, sendo que existe liberdade para que cada cidade ou município adapte o seu Projeto às circunstâncias locais e nacionais. Proposto pela OMS quanto aos quatro modelos organizacionais (WHO-EUROPE, 1997, p. 24-25) destaca-se:

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1) Modelo organizacional centralizado na liderança do Governo Local, onde o PCS pode estar inserido no Gabinete da Presidência ou na administração central do Governo Local. Neste caso, a promoção da ação intersetorial é potencialmente mais efetiva com a adesão dos vários departamentos por orientação da presidência, bem como é reforçada a afirmação do Projeto como prioridade política e a dotação dos recursos necessários;

2) Modelo organizacional centralizado no Departamento de Saúde do Governo Local, onde o PCS está bem posicionado para promover a reforma dos Serviços de Saúde à escala local, embora haja maior probabilidade de se confundir o papel holístico do PCS com os interesses do Sistema de Cuidados de Saúde. Esta posição tende a dificultar a negociação e difusão dos pressupostos do movimento Cidades Saudáveis a todas as outras Políticas Públicas Locais, bem como com entidades externas ao setor da Saúde;

3) Modelo organizacional multi-escalar partilhado, considerando que a responsabilidade de atuação do PCS numa cidade/município possa ser partilhada entre dois ou mais níveis de Governo (por exemplo, governo local e regional), quando a jurisdição e competências sobre questões com impacte na Saúde é repartida entre diferentes entidades e/ou para compatibilizar esforços de atuação em diferentes áreas (ex.: saúde e ambiente). Neste caso, a exigência ao nível da organização e atuação do PCS é muito elevada, sendo muito importante a clara definição do processo de coordenação e execução das atividades;

4) Modelo organizacional politicamente neutro, quando o PCS é desenvolvido de forma autónoma, por entidades não governamentais (ex.: organizações sem fins lucrativos). Embora possam ter uma componente

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43 política mais enfraquecida e possíveis limitações de recursos, é o modelo que mais potencia a participação dos cidadãos e de organizações locais.

Para a montagem do gabinete, a OMS refere que os principais exemplos de sucesso apresentam um gabinete individual, com pessoal e orçamento afeto em exclusividade, gabinete esse que suporta o trabalho da Direção do PCS e operacionaliza todo o projeto “traduzindo as decisões em ações práticas” (WHO-EUROPE, 1997, p. 34). Sugerem-se como funções do gabinete para as Cidades Saudáveis: desenvolver as fontes de informação sobre questões de saúde e novas abordagens à Saúde Pública; Suporte administrativo e profissional (…); publicitar os princípios, estratégias e trabalho do projeto (…); negociar com potenciais parceiros orientados para a ação intersetorial; Facilitar o processo de participação de grupos comunitários; promover a inovação da Saúde Pública Local; pressionar para melhorar o planeamento estratégico de Saúde e avaliar os impactes na Saúde no contexto das Políticas e Programas; providenciar informação à OMS e à Rede Nacional.

Percorrendo os vários passos de implementação de um PCS, é notória a importância de envolver a participação de várias outras entidades com um papel ativo na saúde, acrescendo-se a importância da participação da comunidade. Assim, independentemente da organização do PCS (quer do modelo organizacional quer das características e competências do gabinete), a ação intersetorial é fundamental, para uma nova perspetiva de Saúde Pública e para a mudança de políticas e programas fora da área da Saúde mas com impacte nesta área (WHO-EUROPE, 1997, p. 47-48). Green (2012) sublinha mesmo que a OMS identificou os Governos

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Municipais como parceiros-líderes da Rede Europeia de Cidades Saudáveis e que, em simultâneo, a parceria intersetorial seria um dos requisitos para que os municípios integrassem a Rede.

Neste sentido, para uma ação intersetorial, é de grande importância a identificação e inclusão de todos os participantes afetados pelos processos de planeamento e execução das Políticas Locais (MARQUES DA COSTA, E., 2015), sendo que cada país ou município terá a sua própria rede de parceiros, considerando as suas várias categorias (WHO-EUROPE, 1996, p. 17), tais como: políticos e planeadores de alto nível de forma a assegurar a aceitação política e uma eficaz implementação; representantes de vários setores públicos, em particular nos setores do ambiente, educação, habitação, transporte e estado social; profissionais de saúde (cuidados primários e hospital); grupos comunitários; grupos especiais que possam participar em estratégias e políticas específicas.

Esta perspetiva é sintetizada no triângulo de “leitura” das políticas públicas e do seu campo de atuação no contexto da Cidade Saudável, de Marques da Costa (2016, p. 72), triângulo esse que relaciona: 1) os conceitos e o quadro teórico da Cidade Saudável associado à realidade dos territórios, considerando neste trabalho principalmente os determinantes de saúde; 2) os modelos de governação municipal, abordando-se aqui questões como a estrutura orgânica e competências das autarquias e o enquadramento dos PCS nessa mesma estrutura; e 3) os princípios de multisetorialidade e multiescalaridade, neste caso através das redes de parcerias desenvolvidas.

Posto isto, no próximo ponto apresentar-se-ão alguns exemplos da operacionalizaçapresentar-se-ão de Projetos

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45 Cidade Saudável em Portugal, no contexto da Área Metropolitana de Lisboa.

ESTRATÉGIAS DE INTEGRAÇÃO E ATUAÇÃO

DO PROJETO CIDADE SAUDÁVEL - EXEMPLOS

NA ÁREA METROPOLITANA

DE LISBOA, PORTUGAL

A Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis, constituída formalmente em 1997 como associação de municípios, tem como principal objetivo divulgar, implementar e desenvolver o projeto Cidades Saudáveis nos municípios aderentes. Os requisitos de adesão de novos municípios à RPMS exigem um “compromisso político explícito, ao mais alto nível, para com os princípios e estratégias do projeto Cidades Saudáveis”, a assinatura de uma Declaração de Compromisso com a RPMS, a elaboração do Perfil de Saúde e do Plano de Desenvolvimento de Saúde e o desenvolvimento do projeto Cidades Saudáveis no município. Neste sentido, 11 dos 18 municípios da AML integram a RPMS (Figura 2). Este trabalho terá 5 municípios da AML – Amadora, Loures, Odivelas, Oeiras e Seixal - como casos de estudo.

Estrutura organizativa

e competências das autarquias

Como referido anteriormente, a atuação ao nível municipal é valorizada pela OMS como sendo o nível de eleição para a implementação do Projeto

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Figura 2 – Municípios integrados na Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis: casos de estudo.

Fonte: RPMS, LOURO, 2017.

Cidade Saudável. Tal operacionalização relaciona-se com dois fatores. O primeiro prende-relaciona-se com a estrutura organizativa da autarquia e a forma como o Projeto é incluído nessa estrutura. Por exemplo, a inclusão do Projeto num departamento setorial, num departamento transversal ou de forma independente a qualquer departamento (comumente denominado de Gabinete Cidade Saudável) tem consequências ao nível da afetação dos recursos humanos e técnicos, financeiros e materiais a disponibilizar. O segundo fator diz respeito às competências inerentes à autarquia e a cada departamento. Assim, o perfil de implementação do projeto Cidades Saudáveis dependerá do seu posicionamento dentro da estrutura organizativa de cada autarquia, sendo

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47 assim fortemente influenciado pelo conjunto de competências da Divisão ou Departamento onde se insere o PCS.

Como referido, a OMS sugere diferentes tipologias de enquadramento do PCS nas autarquias, pese embora a liberdade de opção por outras formas de implementação mais adaptadas à realidade. Considerando a realidade estudada, identificam-se as seguintes tipologias:

- PCS centralizado na Presidência ou em Departamento transversal diretamente ligado à Presidência – aqui surge o caso de Odivelas, onde o PCS está integrado numa Unidade Orgânica de 3.º grau – Gabinete do Observatório da Cidade (GOC), ligado à Presidência da autarquia;

- PCS centralizado em Departamentos de Saúde do Governo Local – exemplos de Oeiras e Loures. No caso de Oeiras o PCS está integrado na Divisão “Ação Social, Saúde e Juventude” (DASSJ) do Departamento “Coesão e Desenvolvimento Social” que intervém nas políticas municipais nas áreas da ação social, saúde, emprego e formação profissional, juventude e desporto. No caso de Loures, o PCS insere-se na Divisão “Inovação Social e Promoção da Saúde” do Departamento “Coesão Social e Habitação”;

- PCS centralizado noutros Departamentos do Governo Local – exemplos de Seixal e Amadora. No caso do Seixal, município que preside à RPMS, o PCS já teve um gabinete individualizado, mas, por motivos de reorganização administrativa, a presidência alterou o seu enquadramento. Assim, atualmente o PCS insere-se na Divisão “Desenvolvimento Social e Cidadania” integrada no Departamento de “Desenvolvimento Social e Desporto”. Já no município da Amadora, o PCS enquadra-se na Divisão de

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“Intervenção social” do Departamento “Educação e Desenvolvimento Sociocultural”.

Embora os municípios em estudo tenham optado por distintos modelos de integração do PCS na sua estrutura orgânica, existem competências comuns às divisões onde os PCS se inserem, a destacar:

- A colaboração com entidades da comunidade local (Amadora, Loures, Odivelas) e dinamização de redes de parcerias (Amadora e a Rede Social, Oeiras e a Comissão Municipal da Saúde, Loures e o Conselho de Comunidade);

- A articulação entre unidades orgânicas da autarquia para convergência intersetorial (Amadora, Odivelas);

- Prevenção, informação e educação para a saúde e estilos de vida saudáveis (Loures, Amadora), e colaboração na elaboração de instrumentos (Odivelas – Plano Local de Saúde do ACES Loures-Odivelas, Seixal - Carta de Saúde e Plano de Desenvolvimento Social e de Saúde).

A atuação das autarquias deve procurar a transversalidade das várias áreas com influência nos vários determinantes da Saúde. Neste sentido, é possível observar que várias divisões da estrutura orgânica das autarquias em estudo podem e devem ser integradas nas estratégias e trabalhos do PCS (Quadro 2). Contudo, em algumas das áreas de trabalho, as competências não se concentram exclusivamente nas autarquias, mas sim, simultânea ou exclusivamente, noutras entidades, tais como entidades da administração central, por exemplo, os Ministérios da Saúde e da Educação.

Considerando as competências das autarquias em estudo, é notória uma maior capacidade de

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49 Quadro 2 – Competências das Divisões/Gabinetes onde se insere o PCS.

Fonte: Entrevistas às autarquias (Maio-Junho 2015) e Decretos-Lei relativos à estrutura orgânica e competências das autarquias - Portugal, Amadora (2013); Portugal, Loures (2013); Portugal, Odivelas (2015); Portugal, Oeiras (2014); Portugal, Seixal (2014).

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trabalho em algumas áreas (Quadro 3): na área “Habitação e Espaço Público”, todos os municípios apresentam várias unidades orgânicas com funções de planeamento, licenciamento, operacionalização e fiscalização de intervenções; na área “Educação”, identifica-se a gestão dos equipamentos e desenvolvimento de iniciativas em contexto escolar / educativo sobre temáticas associadas à Saúde e Estilos de Vida (ex.: adições, tabagismo, alcoolismo, alimentação, desporto); na área “Estilos de Vida” destaca-se a gestão de equipamentos e desenvolvimento de iniciativas de cariz desportivo; na área “Transportes e Mobilidade” as responsabilidades no planeamento de transportes, transportes municipais, trânsito e mobilidade, ou gestão da frota municipal. De referir que esta área é desenvolvida por vários agentes, desde a Administração Central, nomeadamente os Ministérios e Secretarias de Estado com competências de tutela, às empresas que operam os serviços de transporte; a área “Rede Social e Comunitária” desenvolve-se através de parcerias com entidades locais (públicas ou privadas) e de maior proximidade com a comunidade local; na área “Cuidados de Saúde” a atuação municipal é reduzida e está enquadrada nas estratégias e ações nacionais e regionais sob tutela da administração central; na área “Água e Saneamento” existem unidades orgânicas com competências específicas nesta área (exemplos de Odivelas e Seixal).

Neste sentido, pode dizer-se que as competências das autarquias as tornam elementos centrais para o desenvolvimento do Projeto Cidade Saudável pois a sua intervenção apresenta uma perspetiva multi-setorial e transversal. No próximo ponto será abordada a estratégia de atuação de cada caso de estudo no contexto do seu PCS, confrontando,

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51 Quadro 3 – Correspondência entre os Determinantes da Saúde (DAHLGREN; WHITEHEAD, 1991) e Divisões da Orgânica das Câmaras Municipais.

Fonte: Elaboração própria com base nos Decretos-Lei relativos à estrutura orgânica e competências das autarquias - Portugal, Amadora (2013); Portugal, Loures (2013); Portugal, Odivelas (2015); Portugal, Oeiras (2014); Portugal, Seixal (2014).

desta forma, o potencial de ação das autarquias (apresentado neste ponto) e as ações realizadas em contexto do PCS.

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Estratégias de intervenção das autarquias no

contexto do Projeto Cidade Saudável

Para além da estratégia de integração do PCS na estrutura de cada autarquia, bem como as competências autárquicas inerentes que beneficiam a construção de municípios saudáveis, importa compreender a estratégia de atuação das autarquias no contexto do PCS. Neste sentido, a análise da estratégia de atuação centrar-se-á nas atividades desenvolvidas no contexto do PCS, destacando especialmente as áreas de intervenção e os públicos-alvo identificados em entrevista com os responsáveis dos PCS nas autarquias em estudo – Amadora, Loures, Odivelas, Oeiras e Seixal (Figura 3).

Figura 3 – Tipologias de Projetos e Iniciativas desenvolvidas no contexto dos PCS consoante as perspetivas de intervenção, áreas de intervenção e grupos-alvo.

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53 Neste contexto, distinguem-se três diferentes perspetivas de intervenção: iniciativas de prevenção, iniciativas de minimização do problema e iniciativas de resposta.

Independentemente da perspetiva, as iniciativas identificadas pelas autarquias cobrem áreas de intervenção similares, com especial destaque para a equidade no acesso à saúde, ação social, mobilidade urbana, adaptação do edificado e do espaço público e, ainda, literacia e educação para a Saúde.

A grande maioria das ações identificadas abrangem grupos-alvos bem definidos, com especial incidência para grupos etários mais vulneráveis – idosos, crianças e jovens; grupos com necessidades específicas, onde se inclui a população com mobilidade reduzida (ex.: pessoas com deficiência ou problemas de mobilidade), a população financeira e materialmente mais carenciada, grupos de risco (ex.: toxicodependentes, diabéticos) e os grupos especiais (ex.: grávidas). Em menor escala, algumas ações visam beneficiar a população geral. Seguem-se alguns exemplos das atividades no contexto dos PCS.

1. Equidade no Acesso à Saúde

Nesta área, enquadram-se iniciativas que visam aproximar os cuidados de saúde da população, quer pela deslocação dos serviços e dos técnicos até às comunidades mais carenciadas, quer por via do transporte da população a equipamentos de saúde (ou outros), nomeadamente através de serviços de transporte adaptados a pessoas com necessidades especiais ou transporte personalizado. Neste caso, destacam-se algumas iniciativas:

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1.1. Intervenção no local - Unidades Móveis de Saúde e Teleassistência

• Projeto “Saúde sobre Rodas” (Seixal), para prestação de cuidados de saúde primários e apoio social recorrendo a uma unidade móvel e uma equipa multidisciplinar. Tem a saúde infantil e a vacinação, prevenção da gravidez na adolescência e a articulação com os cuidados de saúde primários como áreas de atuação específicas, focalizada nas crianças, jovens e mulheres. Este projeto reúne o Agrupamento de Centros de Saúde Seixal-Sesimbra, a Unidade de Cuidados na Comunidade do Seixal, o Hospital Garcia de Orta e a Direção-Geral de Saúde;

• Projeto STAPA – “Sistema Telefónico de Assistência Permanente da Amadora”, desenvolvido em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Este projeto incide na comunidade idosa. Ao utilizador é cedido uma pulseira ou um colar com um botão de controlo remoto ligado 24 horas por dia a uma central de assistência. Esta iniciativa, em caso de emergência, facilita o contato entre os utilizadores, os serviços de urgência e socorro (INEM, PSP, Bombeiros e Linha Municipal de Saúde) e os familiares. Possibilita também o acesso ao serviço Voz Amiga e ao serviço de Alerta (que avisa a toma de medicação e consultas);

• Projeto “Cuidar e Mimar” (Loures), visa melhorar a saúde materna bem como prestar cuidados de saúde numa perspetiva de proximidade das residências e fora do contexto hospitalar e do

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55 centro de saúde, em parceria com o Hospital Beatriz Ângelo e a Associação Ajuda de Mãe.

1.2. Serviços de Transporte Adaptado

• O serviço “Transporte Adaptado Regular” (Oeiras) serve munícipes com mobilidade condicionada através de uma viatura adaptada. Este serviço pretende responder às necessidades regulares de deslocações aos cuidados de saúde e reabilitação, escola (no caso de crianças e jovens), mas também de lazer, promovendo assim uma maior inclusão dos munícipes na comunidade e dotando-os de maior mobilidade para satisfazer as necessidades diárias.

• Outras autarquias promovem iniciativas semelhantes, como acontece em Loures, onde se disponibiliza um veículo próprio da Câmara para responder às necessidades de deslocação de população com mobilidade reduzida aos cuidados de saúde e outros serviços.

2. Ação e Inclusão Social

A área de Ação Social está associada às ações dos PCS, especialmente devido à incorporação dos PCS na orgânica da autarquia, maioritariamente incluída em divisões de Ação e Desenvolvimento Social.

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2.1. Prestação de cuidados de saúde e outros na habitação

• Programa Municipal de Voluntariado de Proximidade (Amadora), com um duplo objetivo: impulsionar o voluntariado organizado através de projetos em parceria com entidades do município e qualificar voluntários e técnicos. A autarquia tem promovido o apoio aos idosos em situação de isolamento, com o acompanhamento para resolução de necessidades de serviços, compras ou apenas para companhia, evitando grandes períodos de isolamento;

• Também em Oeiras é referida a existência de serviços de prestação de cuidados a pessoas com demência ou perturbações cognitivas, reforçado por formação específica aos cuidadores.

2.2. Apoio à medicação e artigos hospitalares, ortopédicos e fisioterapêuticos

• Projeto “Apoio a medicamentos” (Oeiras), onde uma parte do orçamento municipal está destacada para a comparticipação ou pagamento total de medicação para os idosos mais carenciados. Este projeto é considerado prioritário no conjunto de intervenções do município;

• Banco Municipal de Ajudas Técnicas (Amadora), dinamizado em colaboração com a Cruz Vermelha Portuguesa, beneficiando munícipes em situações de dependência da cedência e montagem de equipamentos de suporte à autonomia e/ou integração dos indivíduos. Entre outros, destacam-se os andarilhos,

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57 cadeiras sanitárias, cadeiras de rodas e camas articuladas entre os materiais disponíveis.

2.3. Inclusão Social

• Programa Municipal de Voluntariado de Proximidade (Amadora), que inclui diversas iniciativas, especialmente para idosos (Projeto Voluntariado de Proximidade – Mais Perto, Academia Sénior) ou imigrantes (Programa Mentores para Imigrantes);

• Programa “Saber Envelhecer” (Loures), com o objetivo de promover a qualidade de vida e participação dos indivíduos na comunidade através de diversos projetos nas áreas da saúde oral, sexualidade, prevenção da doença e acidentes domésticos, vigilância da saúde, entre outros, desenvolvido em parceria com a Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTS).

3. Mobilidade Urbana - Segurança Rodoviária

Esta questão tem um considerável impacte na saúde, não apenas devido à questão da sinistralidade rodoviária como também pelos impactes ambientais associados à poluição atmosférica, com efeitos prejudiciais à saúde (MARQUES DA COSTA, N., 2015).

• Projeto Autocarro 21 (Seixal), projeto piloto de pedibus (acompanhamento pedonal de crianças no seu percurso para a escola) numa Área Urbana de Génese Ilegal (AUGI). Este projeto

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inclui ainda a identificação e intervenção em pontos críticos do percurso;

• Projeto Municipal de Segurança Rodoviária (Seixal), realizado com os núcleos da Escola Segura da PSP do Seixal e GNR de Almada e serviços municipais. Promovem-se comportamentos seguros no espaço rodoviário, para reduzir a sinistralidade rodoviária. Inclui-se aqui o Projeto “O Rodinhas”, onde são difundidas regras de segurança rodoviária aos alunos do 4.º ano das escolas do município através de atividades lúdicas.

4. Adaptação do Edificado e Espaço Público

A mobilidade associa-se ao transporte mas também ao acesso a infraestruturas por pessoas em cadeira de rodas ou mobilidade reduzida.

• Projeto “Oeiras sem Barreiras” (Oeiras), em que através de cooperação entre a autarquia e a Fundação Manuel António da Mota, promovem-se obras de adaptação em habitações de famílias de rendimentos reduzidos e onde residam indivíduos com mobilidade condicionada;

• Ações pontuais de adaptação do espaço público e de edifícios públicos (ex.: Loures).

5. Literacia e educação para a Saúde.

Esta temática tem amplo desenvolvimento no contexto dos PCS: 1) realização de rastreios e prevenção de doenças de forma genérica ou específica;

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59 2) prevenção de comportamentos de risco, 3) promoção de comportamentos saudáveis com maior incidência para crianças, jovens e população idosa.

5.1. Rastreios e prevenção de doenças

• Projeto “Sempre a bombear” (Loures), em colaboração com a ESTS (...), enquadrado no Programa de Prevenção das Doenças Cardiovasculares para alunos do 9.º ano do Ensino Básico, com o objetivo de promover estilos de vida saudáveis e eliminação de fatores de risco;

• Prevenção de doenças, rastreios e encaminhamento em parceria (Oeiras, Seixal).

5.2. Prevenção de comportamentos de risco

• Projeto “Apagar o Risco” (Loures), desenvolvidas sessões no 3.º ciclo e Ensino Secundário sobre prevenção de gravidez e comportamentos sexuais de risco na adolescência;

• Projeto “Saber fazer escolhas” (Odivelas), inicialmente desenvolvido em âmbito laboral e depois em contexto escolar, pretendeu realizar o diagnóstico da toxicodependência do município; • Projeto “Sou Único e Especial” (Loures), onde

se desenvolvem ações de sensibilização para os alunos dos 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico, para prevenção de dependências e consumo de substâncias psicoativas em meio escolar;

• Participação no Projeto “Aventura Social & Saúde” (Loures), coordenado pela Faculdade

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de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa, projeto de investigação que pretende influenciar as políticas de promoção e educação para a saúde, através do conhecimento dos comportamentos de saúde dos jovens e, simultaneamente, a formação de técnicos;

• Projeto Municipal de Prevenção do Tabagismo (Seixal), intervindo nos alunos do 3.º ciclo e Secundário, tendo em vista a prevenção do consumo de tabaco através de iniciativas desenvolvidas nas escolas e da campanha de prevenção do Tabagismo “Cigarros Zero” (em parceria com a Unidade de Cuidados na Comunidade do Seixal (UCC) e o Agrupamentos de Centros de Saúde Almada/Seixal (ACES); • Estudo “A Educação Sexual em Meio Escolar”

(Odivelas) e ações de formação e informação para professores na área da sexualidade.

5.3. Promoção de comportamentos saudáveis

Saúdeno geral

• Projeto “Crescer em Harmonia Corpo e Mente” (Loures), procura sensibilizar para questões de saúde pública e estilos de vida saudáveis, destinado a alunos dos 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico;

• Projeto “Educação para a Saúde” (Odivelas). Tem como objetivo a formação, promoção e educação para a saúde através de ações de sensibilização sobre o consumo de substâncias psicoativas, alimentação, atividade física, educação sexual, formando professores e profissionais.

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61 alimentação

• “Transforma o teu Lanche” (Seixal) (2.º ano do 1.º ciclo do Ensino Básico), projeto que promove hábitos de alimentação saudável através de jogo didático realizado durante o ano letivo. O foco principal é o lanche que as crianças levam para as escolas enquadrado na alimentação saudável. A longo prazo, pretende combater o excesso de peso e a obesidade infantil;

• Projeto “Crescer com Saúde” (Loures), destinado aos alunos do 1.º e 2.º anos do Ensino Básico, nas temáticas da atividade física, saúde oral e alimentação, onde os hábitos alimentares nomeadamente dos lanches das crianças é tido em grande consideração;

• Projeto “Educação para a Saúde PES – Intervir para a Saúde” (Loures), onde se inclui o Projeto “Almoço Virtual”, realizado em parceria com a empresa farmacêutica Janssen, a empresa

KeyPoint – Consultoria Científica e a Direção

Geral de Saúde, para promoção de informação e espírito crítico dos alunos no que trata às suas escolhas alimentares.

Higiene

• “Projeto Trocas e Banhocas” (Loures), sensibilização das crianças dos jardins-de-infância e do 1.º ciclo do Ensino Básico para a importância da higiene corporal associado à prevenção de doenças, à socialização e ao desenvolvimento psicossocial.

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62

Sono

• Projeto “Contar Carneirinhos” (Loures), com foco na questão do sono (qualidade e quantidade) e do seu impacte no desenvolvimento psicossocial, desenvolvido através de recursos didáticos. atividade FíSica

• Caminhadas Solidárias (Amadora), realizadas duas vezes por ano, especialmente dirigidas aos idosos, aliando a promoção da atividade física, convívio e componente social (o valor das inscrições reverte para causas sociais (ex. famílias carenciadas do município);

• “Clube em Movimento” (Odivelas), projeto desenvolvido com o objetivo de promover a prática de atividade física regular da população sénior, gerido por vários departamentos: Divisão Municipal de Desenvolvimento Desportivo, Municipália – Gestão de Equipamentos e Património do Município de Odivelas, E.M., em parceria com associações de Bombeiro, grupos desportivos, associações de reformados e idosos, e juntas de freguesia;

• Projeto “Mexa-se Mais” (Oeiras), com o objetivo de promover uma população menos sedentária. Neste projeto inclui-se o Programa de Ar Livre (orientação, caminhada, canoagem, vela e BTT), Programa de Atividade Física “55+” (step adaptado, ginástica de manutenção, natação adaptada, hidroginástica, chi kung), e a promoção do “Desafio 10.000 passos”.

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Rede de parcerias

no contexto dos Projetos Cidade Saudável

De forma a desenvolver uma atuação multisetorial em prol da Cidade Saudável, a OMS sublinha a importância da rede de parcerias. Reforçando uma intervenção transversal, deverá ser considerada a integração de várias categorias de parceiros, maximizando as estratégias e iniciativas promovidas pelas autarquias (WHO-EUROPE, 1996, p. 17). Em alguns casos, são essas entidades que tomam a dianteira das iniciativas ou que suportam os encargos necessários, nomeadamente encargos financeiros, materiais ou humanos, ultrapassando o nível de participação de “patrocínio” para “parceria”.

Neste sentido, foi solicitada uma avaliação da interação (1 – muito fraca ou inexistente a 5 – muito forte) entre o Projeto Cidade Saudável e um conjunto variado de possíveis parceiros (Quadro 4). Notoriamente, a interação dos responsáveis pelos Projetos Cidade Saudável com os diversos grupos de parceiros é distinta consoante a tipologia de parceiros, destacando-se na generalidade uma maior interação com outras entidades político-administrativas da autarquia e entidades de cariz social, e uma menor interação com entidades económicas, ambientais e associadas às redes nacional e europeia de Cidades Saudáveis (Figura 4).

Embora se verifique a tendência descrita previamente, cada caso de estudo apresenta as suas particularidades, influenciadas pela estratégia de integração do projeto Cidade Saudável na estrutura da autarquia, pelas redes de parceiros já existentes ou não no município e no departamento, pelas

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próprias condições e necessidades da comunidade e do território, entre outros fatores.

Quadro 4 – Avaliação da interação entre a coordenação municipal do Projeto Cidade Saudável e possíveis parceiros (Escala 1 a 5).

Fonte: Entrevistas às autarquias (maio-junho 2015).

Figura 4 – Hierarquia de interação entre a coordenação municipal do Projeto Cidade Saudável e possíveis parceiros - Síntese.

Fonte: Entrevistas às autarquias (maio-junho, 2015).

Destaca-se uma relação forte entre os responsáveis dos Projetos Cidade Saudável e as Presidências das Câmaras Municipais (exemplo de Oeiras e Seixal, com uma avaliação de 5). O mesmo se passa com a interação com a coordenação do Departamento (avaliação de 5 na Amadora, Oeiras

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65 e Seixal), isto porque, não estando o Projeto Cidade Saudável isolado do Departamento onde se insere, os responsáveis e os técnicos são os mesmos. Estando o Projeto Cidade Saudável maioritariamente integrado em Departamentos de Ação Social (como foi referido anteriormente), a sua interação com tais departamentos é também valorizada (exemplos de Amadora e Oeiras, com avaliação de 5). Contudo, a interação entre o Projeto Cidade Saudável e outros gabinetes associados ao “Transporte e Mobilidade”, “Espaços Verdes / Espaço Público” e “Equipamentos Coletivos” revela-se mais fraca (média de avaliação de 2,5, 2,8 e 3,3, respetivamente). Por fim, destaca-se uma forte interação com as juntas de freguesia (exemplo de Loures, Amadora e Oeiras com avaliação de 4).

Estando a Presidência da RPMS a cargo do município do Seixal e sendo este um dos municípios portugueses que integra a Rede Europeia de Cidades Saudáveis, a interação entre os responsáveis do Projeto Seixal Saudável e a Coordenação das Redes é muito elevada, bem como o contato com outros municípios nacionais ou internacionais pertencentes às Redes. Nos casos de Loures, Amadora e Oeiras, a interação com a coordenação da Rede Europeia e municípios integrantes é muito reduzida ou nula (avaliação de 1), sendo a avaliação da interação com a coordenação da RPMC e seus municípios mais relevante (avaliação de 4 nos casos de Loures e Amadora e de 3 no caso de Oeiras). Nos quatro casos, a interação com outros municípios fora da RPCS no âmbito das Cidades Saudáveis é muito reduzida.

Destaca-se positivamente a interação com parceiros sociais, tais como “Hospitais e Centros de Saúde” (avaliação de 5 no caso do Seixal e de 4 em

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Figura 1 – Fatores de influência na atuação do Projeto  Cidade Saudável.
Figura 2 – Municípios integrados na Rede Portuguesa  de Municípios Saudáveis: casos de estudo.
Figura  3  –  Tipologias  de  Projetos  e  Iniciativas  desenvolvidas no contexto dos PCS consoante as  perspetivas de intervenção, áreas de intervenção e  grupos-alvo.
Figura 4 – Hierarquia de interação entre a  coordenação municipal do Projeto Cidade Saudável e  possíveis parceiros - Síntese.
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Referências

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