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A OMS sugere a autarquia como o agente privilegiado para coordenar o Projeto Cidade Saudável. Assim, neste capítulo procurou-se compreender de que forma o conceito de Cidade Saudável está integrado na intervenção das autarquias, tendo por base alguns casos de estudo localizados na AML – Amadora, Loures, Odivelas, Oeiras e Seixal.

67 No caso português, observam-se diferentes formas de integração do PCS nas autarquias. Em Odivelas, o PCS insere-se num departamento de ação transversal diretamente ligado à Presidência (GOC); em Oeiras e Loures, o PCS está sediado em departamentos com competências na área da Saúde; e nos casos da Amadora e Seixal, o PCS está inserido em departamentos associados à intervenção social. Nestes dois últimos, o modelo não é sugerido pela OMS, embora tal entidade sublinhe que cada município deve adaptar as orientações propostas à sua realidade. São várias as divisões dentro das suas estruturas orgânicas que podem intervir em prol da Cidade Saudável e dos vários determinantes de Saúde (ex.: áreas da habitação e espaço público, água e saneamento, rede social e comunitária, transporte e mobilidade). Contudo, sublinha-se que o conceito de Cidade Saudável ainda não está generalizadamente patente na filosofia de trabalho das várias divisões de cada autarquia, estando até por vezes, confinada apenas à divisão onde o PCS se insere.

Quanto às principais áreas de intervenção, estas estão muito associadas às divisões onde cada PCS se integra. No cômputo geral, identificam-se três perspetivas de intervenção – prevenção, minimização e resposta; cinco áreas de intervenção principais – equidade no acesso à saúde, ação e inclusão social, literacia e educação para a saúde, edificado e espaço público, e mobilidade e transporte; e uma grande diversidade de grupos-alvo – idosos, crianças e jovens em idade escolar, população com mobilidade reduzida, população carenciada, grupos de risco e grupos especiais. Estando a grande maioria dos PCS inseridos em divisões de intervenção social, é nessa área onde se verifica um maior número de iniciativas. Pese embora a reduzida competência dos municípios

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na área dos serviços de saúde (maioritariamente da responsabilidade do Ministério da Saúde), destaca- se também iniciativas que procuram responder a problemas muito específicos da sua população e território, colmatando necessidades no domínio da saúde através de ações de intervenção móvel, teleassistência ou transportes adaptados, na tentativa de reduzir as condicionantes de acesso aos serviços por parte da população carenciada.

Por fim, relativamente à rede de parcerias associadas aos PCS, na maioria dos casos, a colaboração com outras divisões orgânicas em prol do PCS ainda é reduzida. Em consequência, verificam-se limitações na ampliação das áreas de intervenção associadas à promoção de Cidades Saudáveis. Contudo, o apoio das presidências de cada autarquia é evidente, reflexo da aceitação do Projeto Cidade Saudável nas estratégias políticas dos municípios. Por outro lado, a forte intervenção na área social é reforçada pela existência de colaborações entre a coordenação dos PCS e parceiros sociais, nomeadamente as direções dos equipamentos de saúde e escolares, centros de dia e lares e entidades de segurança pública.

Conclui-se assim que o enquadramento do Projeto Cidade Saudável em cada município é um fator determinante para a definição das suas áreas de atuação bem como da sua rede de parceiros. Por outro lado, torna-se relevante, para a maximização do potencial de intervenção municipal em prol da Cidade Saudável, que o PCS ultrapasse os limites de ação da divisão autárquica onde está sediado e promova os princípios da Cidade Saudável em todas as outras divisões e departamentos do município, procurando assim uma intervenção holística das políticas municipais.

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TERRITÓRIO SAUDÁVEL