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Sentimentos de pacientes no pré-operatório de cirurgia cardíaca.

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Academic year: 2017

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SENTI MENTOS DE PACI ENTES NO PRÉ-OPERATÓRI O DE CI RURGI A CARDÍ ACA

1

Tat iana Vict orelli Pires Vargas2

Em anuelle Mendonça Maia3

Rosana Aparecida Spadot i Dant as4

Com o obj etivo de identificar os sentim entos apresentados frente à notícia da necessidade de realização de um a cirurgia cardíaca e, post eriorm ent e, no período de int ernação que a ant ecede ( pré- operat ório) , foram entrevistados 20 pacientes do sexo m asculino. A m etodologia foi a de estudo de caso, e o processo de análise r esult ou em duas cat egor ias t em át icas: Sent im ent os de apr eensão ( m edo, pr eocupação, ansiedade, r eceio, cism a, e nervosism o) e Sentim entos positivos e de esperança. Constatam os que, em bora essas duas categorias est ivessem present es nos dois m om ent os, com o passar do t em po, no período de int ernação pré- operat ória, os pacientes aceitaram m elhor a necessidade da intervenção cirúrgica e os Sentim entos de apreensão passaram a ser m enos citados enquanto os Sentim entos positivos e de esperança eram os m ais relatados pelos pacientes.

DESCRI TORES: cirurgia t orácica; assist ência perioperat ória; em oções; enferm agem

PATI ENT FEELI NGS DURI NG THE PREOPERATI VE PERI OD FOR CARDI AC SURGERY

This qualitative study aim ed to identify the feelings patients presented when confronted with the news about t he need t o undergo cardiac surgery and, lat er, during t he preoperat ive period. Twent y m ale pat ient s were int erviewed. The case st udy m et hodology was adopt ed and t he analysis process result ed in t wo t hem e cat egor ies: Feelings of appr ehension ( fear , w or r y , anx iet y , suspicion and j it t er y ) and Posit iv e and hopeful feelings. We observed t hat , alt hough bot h cat egories were present at t he t wo m om ent s, over t im e, during t he preoperat ive period, t he need for surgical int ervent ion was accept ed bet t er and t he Feelings of apprehension st art ed t o be m ent ioned less, while t he Posit ive and hopeful feelings were m ost frequent ly m ent ioned by t he pat ient s.

DESCRI PTORS: t horacic surgery; perioperat ive care; em ot ions; nursing

SENTI MI ENTOS DE LOS PACI ENTES EN EL PREOPERATORI O DE CI RUGÍ A CARDÍ ACA

Fueron ent revist ados a 20 pacient es del género m asculino con obj et o de ident ificar los sent im ient os dem ost rados t ras la not icia a cerca de la necesidad de realizar una cirugía cardíaca y, post eriorm ent e, en el per íodo de int er nación pr eoper at or ia. La m et odología ut ilizada fue la del est udio de caso y el pr oceso de análisis resultó en dos categorías tem áticas: Sentim ientos de aprensión ( m iedo, preocupación, ansiedad, recelo, desconfianza y ner v iosism o) y Sent im ient os posit iv os y de esper anza. Const at am os que, aunque esas dos cat egor ías est uv ier on pr esent es en los dos m om ent os, a lo lar go del t iem po, en el per íodo de int er nación preoperat oria, los pacient es acept aron m ej or la necesidad de la int ervención quirúrgica y los Sent im ient os de apr ensión pasar on a ser m enos cit ados, m ient r as los Sent im ient os posit iv os y de esper anza er an los m ás relat ados por los pacient es.

DESCRI PTORES: cirugía t orácica; at ención perioperat iva; em ociones; enferm ería

1 Proj eto de I niciação Científica PI BI C/ USP/ CNPq 2003- 2004; 2 Graduanda da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro

Colaborador da OMS para o desenvolvim ent o da pesquisa em enferm agem , Bolsist a CNPq; 3 Fisioterapeuta, Mestranda da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto, da Universidade de São Paulo; 4 Professor Doutor da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da

(2)

I NTRODUÇÃO

A

perspectiva de subm eter- se a um a cirurgia cardíaca am edront a qualquer ser hum ano. O coração é um órgão que possui um significado cult ural com o um órgão responsável pelas em oções e cont r olador d a v i d a , e a ci r u r g i a n e sse ó r g ã o d e sg a st a e m o ci o n a l m e n t e o p a ci e n t e e su a f a m íl i a , p e l a am eaça ao fut uro e à reest rut uração do cot idiano( 1).

A doença cardíaca e seu tratam ento cirúrgico p o d e m r e p r e se n t a r u m a n o v a r e a l i d a d e , abrupt am ent e im post a, que desest rut ura o pacient e que se sente atingido em sua auto- im agem , tem m edo do seu estado de saúde e fica à m ercê de profissionais que nem sem pre lhe transm item segurança e em patia. A am eaça à saúde t am bém provoca ansiedade nessa pessoa j á fragilizada pelo seu est ado clínico( 2- 3).

Qu an d o a cir u r g ia car d íaca é in d icad a, é com um que sej a v iv enciada de for m a am biv alent e. Por um lado, a per cepção do pacient e flui de um a intervenção m ágica, m iraculosa, que o livrará do risco de um infarto. Do outro lado, está o m edo da m orte, durant e e após o procedim ent o anest ésico- cirúrgico, e o receio de sofrer danos irreversíveis. Em situações com o essas, é com um que um a gam a de fantasias e sent im ent os ocupem a m ent e do doent e( 4- 6).

As e x p e ct a t i v a s d o s p a ci e n t e s f r e n t e à ci r u r g i a d e r ev ascu l ar i zação d o m i ocár d i o f or am levant adas em um est udo( 6) que m ost rou que m uit os

pacient es ex pr essar am m edo e apr eensão fr ent e à n ecessidade da cir u r gia. Esses sen t im en t os f or am ainda m ais freqüent es ent re aqueles indivíduos que se r i a m su b m e t i d o s, p e l a p r i m e i r a v e z, a u m procedim ent o cirúrgico( 6).

De t odos diagnóst icos feit os no período pré-oper at ór io de cir ur gia car díaca, o de ansiedade é, provavelm ente, um dos m ais com uns. É um fenôm eno universal e um a realidade em ocional vivenciada por quase todos os pacientes cirúrgicos. A ansiedade pode influenciar a resposta do doente frente ao tratam ento ci r ú r g i co e a ca r r e t a r e f e i t o s n e g a t i v o s so b r e a r e cu p e r a çã o p ó s- o p e r a t ó r i a( 7 ). Al t a s t a x a s d e

an siedade an t es da r ev ascu lar ização do m iocár dio est ão associadas com depr essão no pós- oper at ór io, recuperação precária e exacerbação da dor( 8). Níveis

m o d e r a d o s d e a n si e d a d e p r é - o p e r a t ó r i a p o d e m auxiliar os pacientes a se prepararem para cirurgia e reduzir o est resse da sit uação( 8).

Os diagnóst icos de ansiedade e m edo foram definidos( 9) com o sendo, respect ivam ent e, “ um vago

e in côm od o sen t im en t o d e d escon f or t o ou t em or, acom panhado por um a respost a aut onôm ica ( a font e é f r eqü en t em en t e n ão- específ ica ou descon h ecida p ar a o i n d i v íd u o ) ; u m sen t i m en t o d e ap r een são causado pela ant ecipação de per igo. É um sinal de alerta que cham a a atenção para um perigo im inente e perm ite ao indivíduo tom ar m edidas para lidar com a am eaça” e “ r espost a à am eaça per cebida que é conscient em ent e reconhecida com o perigo.”( 9).

Par a am b os os d iag n óst icos, an sied ad e e m ed o , a l g u n s f a t o r es p o d em est a r r el a ci o n a d o s com o: am eaça de m or t e, am eaça de m u dan ça n o est ado de saúde, am eaça de m udança no am bient e. Com r elação ao m edo, podem os, ainda, salient ar o fat or : separ ação do sist em a de apoio em sit uação p o t en ci al m en t e est r essan t e co m o , p o r ex em p l o , durant e a hospit alização( 8).

É de grande im port ância a ident ificação dos sen t i m en t o s d o s p aci en t es n o p r é- o p er at ó r i o d e ci r u r g i a ca r d ía ca , p o i s, n o â m b i t o h o sp i t a l a r, o en f er m eir o d esem p en h a u m p ap el ab r an g en t e n o cu idado da pessoa su bm et ida a u m pr ocedim en t o cir ú r g ico com p lex o, com o é o caso d as cir u r g ias car d íacas. A assist ên cia d e en f er m ag em en g lob a desde os cuidados pré- operat órios e a m onit orização cu idadosa par a det ecção pr ecoce de com plicações pós- cir úr gicas, at é o apoio em ocional e psicológico oferecidos ao doent e e seus fam iliares, durant e t odo período de recuperação pós- cirúrgica( 10).

Consider a- se que r edução da ansiedade do p acien t e e o p r ep ar o p ar a cir u r g ia são m et as d a e n f e r m a g e m p r é - o p e r a t ó r i a . O co n t e ú d o e a a b o r d a g e m d o e n si n o n a e d u ca çã o d o p a ci e n t e dev er ão ser sem pr e indiv idualizados e t endo com o u m de seu s obj et iv os a r edu ção dos t em or es qu e cont r ibuem par a ansiedade do pacient e no per íodo p r é - o p e r a t ó r i o . Os t e m o r e s sã o : o m e d o d o desconhecido, da m ort e, da anest esia e da alt eração de sua im agem corporal.

I dent ificar com o o pacient e enfr ent a e lida com a sit uação de est ar aguar dando um a cir ur gia ca r d ía ca é u m a sp e ct o i m p o r t a n t e p a r a o s p r o f i ssi o n a i s q u e o a ssi st em . Co n h ecer so b r e a presença de m ecanism os de defesa e com o o paciente responde à sit uação é im port ant e t ant o no pré com o no pós- operatório( 11). Acredita- se que existe um a faixa

(3)

pr epar o pr é- cir úr gico. No ent ant o, um alt o gr au de ansiedade pode levar o paciente a se m ostrar apático, o q u e ocasion ar ia d if icu ld ad es p ar a ap r en d er as orient ações verbais recebidas da equipe e um baixo gr au de ansiedade pode denot ar um a ausência de i n t r o v e r sã o , t e n d o co m o co n se q ü ê n ci a i g u a l r esist ência em com pr eender e se r eafir m ar diant e da sit uação vivida( 11).

Assi m , d i a n t e d a co n st a t a çã o d e q u e a av aliação d os sen t im en t os d os p acien t es n o p r é-o p e r a t ó r i é-o d e ci r u r g i a ca r d ía ca é u m a sp e ct é-o im portante para a assistência de enferm agem , optou-se por fazer essa avaliação, a qual const it ui em um dos obj et ivos de um proj et o de pesquisa m ais am plo e denom inado “ Propost a de um prot ocolo de ensino para pacientes no pré- operatório de cirurgia cardíaca: est udo pilot o” .

OBJETI VO

Esse estudo tem com o obj etivo identificar os se n t i m e n t o s r e f e r i d o s p e l o s p a ci e n t e s d o se x o m a scu l i n o f r e n t e à n o t íci a d a n e ce ssi d a d e d e realização de um a cirurgia cardíaca e, posteriorm ente, n o per íodo de in t er n ação qu e an t ecede a cir u r gia car díaca ( pr é- oper at ór io) .

METODOLOGI A

População e local do est udo

A p o p u l a çã o p o t e n ci a l d e st e e st u d o f o i com p ost a p or p acien t es in t er n ad os p ar a cir u r g ia cardíaca. Foram est abelecidos os seguint es crit érios de inclusão para os pot enciais part icipant es: ser do sexo m asculino, com idade acim a de 21 anos, est ar in t er n ado em per íodo pr é- oper at ór io par a cir u r gia cardíaca, não possuir história de doenças psiquiátricas com o dem ência, depr essão ou esquizofr enia, est ar o r i e n t a d o n o t e m p o e n o e sp a ço , n ã o t e r si d o su b m e t i d o à ci r u r g i a ca r d ía ca a n t e r i o r m e n t e e concordar em part icipar do est udo.

Ent re os indivíduos com cardiopat ias, t em os um a prevalência m aior de pessoas do sexo m asculino do que do sexo fem inino. Considerando esse aspect o e v isando lim it ar os er r os de seleção pr ov enient es d a s d i f e r e n ça s e x i st e n t e s e n t r e a s r e a çõ e s e per cepções de h om en s e m ulher es dian t e de um a

si t u a çã o d e e st r e sse , d e ci d i m o s i n se r i r a p e n a s pacient es do sexo m asculino.

Diant e desses crit érios, a am ost ra est udada foi com posta por 20 pacientes adultos, portadores de d oen ça ar t er ial cor on ar ian a ou d oen ças v alv ar es ( i n su f i ci ên ci a o u est en o se v al v ar ) e q u e ser i am su b m et id os à cir u r g ia car d íaca. Os p ar t icip an t es e n co n t r a v a m - se i n t e r n a d o s n a s e n f e r m a r i a s d e ci r u r g i a ca r d ía ca e d e ca r d i o l o g i a l o ca l i za d a s, respectivam ente, nos 9ºe 5º andares do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Pret o, Universidade de São Paulo ( HCFMRP- USP) , entre m aio e novem bro de 2003.

Est e est udo recebeu a aprovação do Com it ê de Ética do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os p o t en ci a i s p a r t i ci p a n t es f o r a m co n v i d a d o s a part icipar do est udo. O t erm o de esclarecim ent o ao su j e i t o f o i e n t r e g u e a o s p a r t i ci p a n t e s, co m a a p r e se n t a çã o d o s o b j e t i v o s e d a co n d u çã o d a pesqu isa. Após a con cor dân cia deles, o t er m o de consent im ent o liv r e e esclar ecido foi assinado pelo p a r t i ci p a n t e e p esq u i sa d o r. Fo i g a r a n t i d a a n ã o ident ificação dos par t icipant es nos r esult ados dest a inv est igação.

Delineam ent o do est udo

Para essa et apa do est udo, foi ut ilizada um a abordagem qualit at iva, seguindo- se os pressupost os de est udos de casos. Os dados foram colet ados por m eio de ent r ev ist as sem i- est r ut ur adas indiv iduais, b a se a d o e m u m r o t e i r o co n t e n d o d a d o s p a r a a ca r a ct e r i za çã o so ci o d e m o g r á f i ca e cl ín i ca d o s p ar t icip an t es e, t am b ém , n as seg u in t es q u est ões nort eadoras: “ O que o senhor sent iu quando soube que t eria que fazer essa cirurgia em seu coração?” , “ Com o o senhor está se sentindo agora?” e “ O que o senhor est á pensando sobre essa sua experiência de est ar int ernado para um a cirurgia cardíaca?” .

Análise dos dados

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pudesse responder às seguint es norm as de validade: ex aust iv idade, r epr esent at iv idade, hom ogeneidade, pert inência; c) det erm inação da unidade de regist ro, da unidade de cont ext o, dos recort es e, finalm ent e, d) agrupam ent o dos códigos em cat egorias( 12). Para

que pudéssem os checar m ais um a vez os códigos e as cat eg o r i as cr i ad as, f o i so l i ci t ad o a u m o u t r o pesquisador, experient e em est udos dessa nat ureza, qu e r ealizasse o m esm o pr ocedim en t o com t odos nossos dados. A par t ir desse pr ocesso, não houv e m odificação nos códigos e cat egorias criadas.

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

En t r e os 2 0 pacien t es est u dados, a idade variou entre 39 e 89 anos ( m édia de 60,6 anos) , 14 ( 70% ) possuíam 1º grau incom pleto e 13 ( 65% ) eram ca sa d o s. Co m r e l a çã o à si t u a çã o cl ín i ca d o s par t icipant es, a m aior ia ( 16 deles) t inha indicação cir ú r gica par a r ev ascu lar ização do m iocár dio e 1 0 ( 50% ) possuíam entre 3 e 4 com orbidades. Os dados sociodem ográficos e clínicos dos part icipant es est ão apresent ados na Tabela 1.

Ta b e l a 1 - Est a t íst i ca d e scr i t i v a d a s v a r i á v e i s sociodem ogr áficas e clínicas da am ost r a est udada. Ribeirão Pret o- SP, 2004

l e v á i r a

V N (%)

e d a d I s o n a 9 4 é t

A 2 (10)

s o n a 0 6 e 0 5 e r t n

E 8 (40)

s o n a 1 6 e d a m i c

A 10 (50)

li v i c o d a t s E o r i e tl o

S 2 (10)

a r i e h n a p m o c a m u m o c o d n e v i v / o d a s a

C 13 (65)

o v ú i

V 3 (15)

o d a i c r o v i d / o d a ti u q s e

D 2 (10)

e d a d i r a l o c s E o t e b a fl a n

A 3 (15)

o t e l p m o c n i u a r g . o

1 14 (70)

o t e l p m o c u a r g . o

1 2 (10)

o t e l p m o c n i . o

2 0 (0)

o t e l p m o c u a r g . o

2 0 (0)

r o ir e p u S l e v í

N 1 (5)

s e d a d i b r o m o c e d ° N 2

-1 3 (15)

4

-3 10 (50)

4

> 7 (35)

a i g r u r i C e d o p i T * M V

R 16 (80)

a c a í d r a c a l u v l á v e d a c o r

T 2 (10)

a c a í d r a c a l u v l á v e d a c o r T + M V

R 1 (5)

a c a í d r a c a l u v l á v e d a it s a l P + M V

R 1 (5)

Ao se indagar sobre o que sent iram quando eles foram inform ados da necessidade de realização de u m a cir u r gia car díaca, as r espost as lev ar am à identificação de duas grandes categorias: Sentim entos de apreensão e Sentim entos positivos e de esperança. Essas cat egorias m ant iveram - se t ant o no período em q u e os p acien t es r eceb er am a n ot ícia d a cir u r g ia quant o após a int ernação, no período pré- operat ório. A cat egor ia Sen t im en t os de apr een são foi com p ost a p elos sen t im en t os m ed o, p r eocu p ação, an sied ad e, r eceio, cism a e n er v osism o d ian t e d a notícia. Observou- se que essa categoria foi a que m ais se dest acou quando se fez r efer ência ao m om ent o e m q u e o s p a ci e n t e s f o r a m i n f o r m a d o s d a n ecessi d ad e d a ci r u r g i a car d íaca. Nesse caso , o sent im ent o m ais cit ado foi o m edo. As afirm ações a seguir, exem plificam esses sentim entos: Senti um baque, um a dor no coração e um m edo de abrir o peito ( paciente 2) .

Eu senti m edo e ainda estou com m edo. Só um m edo de fazer a cirurgia porque m exer com o coração e com a cabeça...? (paciente 6).

Out r os pacient es, em bor a t am bém t enham r ef er id o a p alav r a m ed o, f izer am n o n eg an d o t al sent im ent o: Não fiquei com m edo, achei que devia fazer a cirurgia o quanto antes para poder levar um a vida norm al logo (paciente 4).

Eu não fiquei com m edo, só um pouco preocupado... (paciente 1).

Al é m d o m e d o , co n st a t a r a m - se o u t r o s sent im ent os que levaram os pacient es a t em erem a fut ura experiência cirúrgica. Esses sent im ent os foram e x p r e sso s co m o , p o r e x e m p l o , p r e o cu p a çã o , an sied ad e, r eceio, cism a e n er v osism o d ian t e d a notícia, com o se observou a seguir: Eu sent i duas coisas, senti um alívio porque é preciso fazer, não que eu não queira fazer, m as é preciso fazer, e senti um receio, um a ansiedade de fazer a cirurgia. Mas agora eu estou convencido que vai dar certo... (paciente 5).

O primeiro impacto do momento... eu senti aquela cisma, aquele m edo. Às vezes a gente pensa até coisa que não existe... (paciente 17).

Esses r esult ados cor r obor am os r esult ados obt idos em out ros est udos( 6- 7) sobre os sent im ent os

pr esent es no per íodo pr é- oper at ór io. As font es de ansiedade no pr é- oper at ór io de cir ur gias car díacas são basicam ente três: a separação de casa, da fam ília e do seu am bient e; ser forçado a assum ir um papel m ais passiv o, o de ser “ pacient e” e, por últ im o, o m edo com relação à vida em si( 11). I sso foi observado

nas falas dos pacient es ent revist ados.

(5)

Um ou t r o aspect o é qu e, n o per íodo pr é-oper at ór io, t an t o os n ív eis de depr essão com o de ansiedade do paciente e, tam bém , de seus fam iliares, p r i n ci p al m en t e o cô n j u g e, est ão al t er ad o s( 1 1 ). É

im por t ant e salient ar que os nív eis de depr essão e ansiedade est ão significant em ent e m ais acent uados do que a m édia da população em geral e, após o ato cir úr gico, t ais nív eis dev er ão r et or nar aos padr ões de sua com unidade( 11).

As m anifestações de m edo e ansiedade entre p a ci e n t e s co r o n a r i o p a t a s q u a n d o su b m e t i d o s a p r oced im en t os d iag n óst icos( 1 3 ) e n o p er íod o p r

é-operat ório, t êm sido est udadas( 8,14- 15) com diferent es

abordagens. Aqueles aut ores que decidem por um a a b o r d a g e m m a i s q u a n t i t a t i v a t ê m f e i t o u so d e inst rum ent os de m edidas, t ais com o, por exem plo a

By p a ss Gr a f t i n g Fea r Sca l e, St a t e- Tr a i t An x i et y I nventory e Anxiety Specific to Surgery Questionnaire, a s q u a i s m e n su r a m m e d o e a n si e d a d e , r esp ect iv am en t e( 8 , 1 4 ). Ou t r os au t or es( 1 5 ), além d e

u t ilizar em u m a ab or d ag em q u an t it at iv a, t am b ém ut ilizam a qualit at iva , na t ent at iva de ident ificar o que realm ent e causa ansiedade nos pacient es nesse período. Em nosso est udo, opt ou- se por ut ilizar um a abordagem qualit at iva com o obj et ivo de ident ificar quais realm ent e eram os sent im ent os apresent ados pelos pacient es.

Ap esar d e t am b ém se t er em en co n t r ad o outros Sentim entos de apreensão, além da ansiedade e do m edo, eles foram pouco abordados por out ros aut ores, o que dificult ou est a discussão sobre esses sent im ent os.

Com o observado pelo paciente nº . 5, há um a dualidade de sent im ent os e em oções no m om ent o e m q u e se co n st a t a a r e a l n e ce ssi d a d e d o p r o ce d i m e n t o ci r ú r g i co . Assi m , a o l a d o d o s

Sent im ent os de apreensão, observam - se t am bém os

Sent im ent os posit ivos e de esperança.

A ca t e g o r i a Se n t i m e n t o s p o si t i v o s e d e e sp e r a n ça f o i co m p o st a p e l o s se n t i m e n t o s d e e sp e r a n ça ( d i a n t e d a p o ssi b i l i d a d e d e cu r a e reabilitação) , de tranqüilidade ( oriunda da fé em Deus, de ver os colegas j á operados e de saber que o risco de vida é m aior se não operar) e de alívio ( porque a cir u r g ia é n ecessár ia p ar a v iv er ) , com o se p od e observar a seguir: Fiquei t ranqüilo porque, se não fizer a cirurgia, o risco é m aior. I sso pode m elhorar m eu estado. Tenho fé em Deus que vai dar certo ( paciente 3) .

Eu m e senti m uito contente porque eu estava sofrendo dem ais porque não conseguia dorm ir m ais. Quando eu com ia sentia um inchaço na boca do estôm ago e aí m e dava falta de ar (paciente 11).

Olha, eu senti um alívio, m uita alegria, porque é um problem a sério então estou m uito alegre porque quem tem fam ília se preocupa, a cirurgia vai ser boa. ( paciente 12) .

...eu espero que serei feliz, eu tenho esperança que depois que sair daqui eu acredito em Deus que eu trabalho um pouco ainda, pelo m enos para divertir ( paciente 18) .

Tam b ém se p o d e o b ser v ar n as f r ases j á cit ad as q u e m u it os d os p acien t es b u scam f or ça/ esperança na religiosidade, afirm ando que eles t êm fé em Deus e que t udo ir á cor r er bem . Ao m esm o t e m p o e m q u e e sse s se n t i m e n t o s e x p r e ssa m esper ança, m ost r am a pr eocupação com a cir ur gia, um a v ez que buscam supor t e em um ser supr em o para superar o problem a.

Além da religiosidade, os pacient es, durant e a internação, no período pré- operatório, têm buscado forças no sucesso da cirurgia do colega de enferm aria que j á oper ou. Com o os pacient es encont r av am - se in t er n ad os em en f er m ar ias com ou t r os p acien t es car díacos, eles t r ocav am ex per iên cias e obt in h am aj uda desses colegas, com o se pode obser v ar nos exem plos a seguir: Eu não fiquei com m edo, só um pouco preocupado, m as m eus colegas de quarto que já fizeram a cirurgia m e deixaram tranqüilo ( paciente 1) .

Estou achando que vou m e sair bem durante a cir u r g ia, v en d o os com p an h eir os q u e j á f or am operados. Est ou confiant e ( pacient e 4) .

Pôd e- se con st at ar q u e, com o p assar d o t em po, no período de int ernação pré- operat ório, os p aci en t es p assar am a acei t ar m el h o r a i d éi a d a realização da cirurgia. Assim , em decorrência dessa m udança, observou- se que os sent im ent os negat ivos q u e est av am n o t em a Sen t im en t os d e ap r een são

p assar am a ser m en os cit ad os e os Sen t im en t os p o si t i v o s e d e e sp e r a n ça se d e st a ca r a m n e sse período, com o se vê nas falas a seguir: Agora m eus filhos estão a favor, ante eles estavam com m edo que eu fizesse a cirurgia. Eu est ou anim ado para fazer a cirurgia ( pacient e 4) .

Estou pensando de ficar bom , de ter sucesso na cirurgia para que a gente tenha tranqüilidade ( paciente 12) .

Eu penso que pode ser um a boa coisa porque possa m elhorar... sarar ( pacient e 19) .

(6)

cur ou sua doença e deix am de seguir out r as for m as d e t r at am en t o com o o u so d e m ed icam en t os e a a q u i si çã o o u m a n u t e n çã o d e u m e st i l o d e v i d a sau dáv el. Ex pect at iv as sem elh an t es, com o a cu r a d a d oen ça car d íaca, t am b ém f or am en con t r ad as em um out r o est udo( 6). Nas cir ur gias v alv ular es, a

m e l h o r a , o u m e s m o o d e s a p a r e c i m e n t o d e sin t om as lim it an t es com o a dispn éia e o can saço, t a m b é m p r o p i c i a m e s s a e x p e c t a t i v a d e “ e s t a r cu r ad o p ar a sem p r e”.

Na literatura revisada, encontraram - se m uitos est u dos( 8 , 1 4 - 1 6 ) qu e abor dar am os sen t im en t os dos p acien t es n o p r é- op er at ór io d e cir u r g ias, em b or a sem pr e en f at izan do os Sen t im en t os de apr een são

com o ansiedade e m edo. Pôde- se obser v ar que os

Sent im ent os posit iv os e de esper ança for am pouco abordados at é agora, o que dificult ou a com paração dos r esult ados.

Em bor a, no início da ent r evist a, quando se per gunt av a o que eles sent ir am quando souber am da necessidade de se fazer um a cir ur gia car díaca, t enha- se observado um predom ínio de pacient es que r elat ar am Sent im ent os de apr eensão, obser v ou - se que, após algum t em po, no decor r er da int er nação

pré- operat ória, isso se m odificou, passando a t er um predom ínio dos pacient es que relat aram Sent im ent os posit ivos e de esperança.

CONCLUSÃO

Ba se a n d o - se n o s d a d o s ci t a d o s an t er ior m en t e, con clu iu - se q u e os p acien t es, ao r eceb er em a n o t íci a d a n ecessi d a d e d a ci r u r g i a ca r d ía ca , a p r e se n t a m m u i t o s Se n t i m e n t o s d e apr een são, com o: m edo, pr eocu pação, an siedade, receio, cism a e nervosism o diant e da not ícia. Com o passar do tem po no período pré- operatório da cirurgia, h á u m a in v er são d esses sen t im en t os, p assan d o, assim , a t erem predom ínio os Sent im ent os posit ivos e de esper ança, com o: os de esper ança diant e da possibilidade de cura e reabilit ação, de t ranqüilidade ( vinda da fé em Deus, de ver os colegas j á operados e de saber que o risco de vida é m aior se não operar) e d e a l ív i o ( p o r q u e é n e ce ssá r i o p a r a v i v e r ) . Const at ou- se que os pacient es passaram a aceit ar a necessidade do t rat am ent o e buscaram ser ot im ist as frent e à cirurgia.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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