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Compreendendo a dinâmica de inclusão e/ou exclusão de alunos bolsistas do ProUni

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Academic year: 2017

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Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas

Marineide de Oliveira Aranha Neto

Compreendendo a dinâmica de inclusão e/ou exclusão de alunos

bolsistas do ProUni

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Compreendendo a dinâmica de inclusão e/ou exclusão de alunos

bolsistas do ProUni

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas.

Orientadora: Profa. Dra. Darcy Mitiko Mori Hanashiro

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A662c Aranha Neto, Marineide de Oliveira

Compreendendo a dinâmica de inclusão e/ou exclusão de alunos bolsistas do ProUni / Marineide de Oliveira Aranha Neto - 2015.

187f.: il., 30 cm

Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015.

Orientação: Profª. Drª. Darcy Mitiko Mori Hanashiro Bibliografia: f. 169-180

1. ProUni. 2. Diversidade. 3. Inclusão. 4. Identidade social. 5. Preconceito. I. Título.

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Decano de Pesquisa e Pós-Graduação Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Coordenadora Geral de Pós-Graduação Stricto Sensu Profa. Dra. Angélica Tanus Benatti Alvim

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força, pela direção e, principalmente, por me incluir em sua família e dispensar sobre mim todo favor e bondade, conduzindo minha vida e ajudando-me a alcançar meus objetivos e a realizar meus sonhos.

À Profª. Dra. Darcy Mitiko Mori Hanashiro por conceder-me a honra de tê-la como

minha orientadora, por sua postura séria e profissional, por compartilhar seu extenso conhecimento, por desafiar-me quando necessário e conter minhas angústias quando estas me pareceram maiores do que a minha capacidade.

À banca examinadora, Profª. Dra. Patrícia Tuma Martins Bertolin e Prof. Dr. Luiz

Alex Silva Saraiva pelas contribuições feitas no Exame de Qualificação.

Às professoras Dra. Maria Luisa Mendes Teixeira e Dra. Silvia Marcia Russi de

Domenico pelas orientações e considerações emitidas durante os seminários de pesquisa.

Aos sujeitos de pesquisa pela disponibilidade e contribuição com este trabalho,

permitindo-me uma aproximação de suas vivências.

A todos os meus colegas de curso pela troca de experiências, especialmente à Julia

Kenski e Diogo Reatto, que me apoiaram e incentivaram em sala de aula. À minha amiga Paula Pamplona de Castro, que trilhou esse mesmo caminho antes de mim, apontou em vários momentos “o caminho das pedras” e me incentivou desde o início.

Aos meus colegas de trabalho, Márcia Núbia Araújo Vieira, Ricardo Bressan e

Aline Wiezel da Silva Vieira pela paciência, companheirismo e incentivo.

Ao Instituto Presbiteriano Mackenzie, por meio do qual obtive a concessão do

benefício da Bolsa de Mestrado.

De modo especial a Francisco Washington da Silva, Renato de Moraes Santiago,

Elisama Silva e a todos os funcionários da Instituição que me apoiaram durante essa

jornada, forneceram-me informações e orientações necessárias e abriram-me portas que facilitaram o cumprimento desta proposta de pesquisa.

De modo muito particular agradeço ao amigo Flávio Viola Machado por ter me dado

a palavra certa no momento certo, palavra que fez toda a diferença para que eu chegasse ao final desta jornada, tão desejada, mas ao mesmo tempo tão desafiadora.

À minha amiga Dra. Marina Moura pelo apoio, orientações e importante

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acolhimento e sentimento de pertença, dada a importância de termos com quem contar, principalmente quando nos vemos diante de obstáculos.

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Tabela 2: Distribuição da Produção Acadêmica por Regiões ... 42

Tabela 3: Distribuição de teses e dissertações por área de estudo ... 44

Tabela 4: Motivos de encerramentos de matrículas de 2005 a 2012 ... 77

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Vagas ofertadas em São Paulo e no Brasil de 2005 a 2013 ... 64

Gráfico 2: Vagas ofertadas e ociosas na IES pesquisada ... 76

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Composição dos conteúdos discursivos ... 127

LISTA DE QUADROS Quadro 1: Categorias de Conteúdo ... 71

Quadro 2: Perfil geral dos respondentes ... 78

Quadro 3: Legenda das siglas dos respondentes ... 79

Quadro 4: Características pessoais dos respondentes ... 95

Quadro 5: Similaridades e diferenças “Nós” e “Eles” ... 128

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BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CDES Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

COFINS Contribuição para Financiamento da Seguridade Social ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio FGV Fundação Getúlio Vargas

FIES Financiamento Estudantil

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IES Instituição de Ensino Superior

IESP Instituição de Ensino Superior Privada

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira IPEA Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas

ISS Imposto sobre Serviços

INSS Instituto Nacional de Serviço Social LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação MEC Ministério da Educação e Cultura MP Medida Provisória

OATD Open Access Thesis and Dissertations

PCE Programa de Crédito Educativo

PDE Plano de Desenvolvimento da Educação PIB Produto Interno Bruto

PIS Programa de Integração Social PL Projeto de Lei

PNE Plano Nacional de Educação

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPP’s Parceria Público-Privado

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1. INTRODUÇÃO ... 17

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 23

2.1 TEORIA DA IDENTIDADE SOCIAL ... 23

2.2 TEORIA DA AUTOCATEGORIZAÇÃO ... 28

2.3 ESTEREÓTIPOS, PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO ... 30

2.4 DIVERSIDADE E INCLUSÃO/EXCLUSÃO ... 33

2.5 DELINEAMENTO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O PROUNI .. 40

2.5.1 Principais enfoques das Pesquisas ... 42

2.5.2 Principais áreas de Estudo... 44

2.5.3 Pesquisas na área de Educação ... 44

2.5.4 Pesquisas na área de Serviço Social ... 45

2.5.5 Pesquisas na área de Psicologia ... 45

2.5.6 Pesquisas na área de Administração ... 46

2.5.7 Publicações em Periódicos ... 48

2.6 A EDUCAÇÃO SUPERIOR – CONTEXTO POLÍTICO, ECONÔMICO E SOCIAL ... 50

2.6.1 Breve Cenário das Ações Afirmativas nos Estados Unidos ... 51

2.6.2 Ações Afirmativas no Brasil ... 53

2.6.3 Cenário Político-Econômico antecedente ao ProUni ... 56

2.6.4 Contexto Socioeconômico Brasileiro e a Desigualdade Social ... 57

2.6.5 Contexto Político-Educacional antecedente ao ProUni ... 59

2.7 O PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS – PROUNI ... 60

2.7.1 Critérios Seletivos... 62

2.7.2 O ProUni em números ... 63

2.7.3 Críticas ao Programa ... 64

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3.3 SUJEITOS DE PESQUISA ... 67

3.4 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS ... 69

3.5 CARACTERIZAÇÃO DA IES ... 74

4. RESULTADOS ... 75

4.1. O PROUNI NA IES PESQUISADA ... 75

4.2 PERFIL DOS RESPONDENTES ... 77

4.2.1 Alunos prounistas de semestres iniciais ... 79

4.2.2 Alunos prounistas de semestres finais ... 80

4.2.3 Alunos não prounistas de semestres iniciais ... 82

4.2.4 Alunos não prounistas de semestres finais ... 82

4.2.5 Professores ... 83

4.3 ANÁLISE DOS DADOS... 83

4.3.1 Categoria: Importância e impacto do ProUni e da IES ... 84

4.3.1.1 O ProUni ... 84

4.3.1.2 A IES ... 87

4.3.2 Categoria: Quem são eles ... 91

4.3.2.1 Contexto Familiar... 92

4.3.2.2 Características Pessoais... 94

4.3.2.3 Base Educacional ... 95

4.3.2.4 Escolha da IES ... 96

4.3.2.5 Atividades profissionais ... 98

4.3.3 Categoria: Quem eles dizem que são ... 99

4.3.3.1 Receios ... 99

4.3.3.2 Identificação/não identificação ... 101

4.3.3.3 Revelação voluntária/involuntária ... 103

4.3.4 Categoria: Obstáculos do Caminho ... 107

4.3.4.1 Período preparatório ... 107

4.3.4.2 Restrições Materiais ... 108

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4.3.5.3 Trabalhos em grupo ... 117

4.3.5.4 Grupos de convivência (em sala de aula) ... 119

4.3.5.5 Grupo de atividades sociais ... 121

4.3.6 Categoria: Nós e Eles ... 123

4.3.7 Categoria: Manifestações intergrupais ... 129

4.3.7.1 Estereótipos... 129

4.3.7.2 Razões do preconceito ... 130

4.3.7.3 Manifestações de preconceito ... 132

4.3.7.4 Discriminação ... 134

4.3.8 Categoria: Experiência de Exclusão ... 137

4.3.8.1 Comportamentos excludentes e experiências de exclusão ... 139

4.3.9 Categoria: Experiência de Inclusão ... 145

4.3.9.1 Comportamentos inclusivos e experiências de inclusão ... 146

4.3.10 Categoria: Professor – Um Agente ... 152

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 157

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 165

REFERÊNCIAS ... 169

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O ProUni é uma política pública federal e desde que foi institucionalizado, em janeiro de 2005, tem concedido bolsas de estudos integrais e parciais para estudantes de baixa renda em instituições privadas de ensino superior. Tendo o Programa como objeto de estudo, o objetivo geral deste trabalho foi o de compreender a dinâmica de inclusão e/ou exclusão do bolsista ProUni no espaço acadêmico. De modo específicos buscou-se (a) entender as condições socioeconômicas do aluno prounista; (b) investigar a existência de estereótipos, preconceitos e discriminação na inclusão/exclusão dos alunos prounistas; (c) verificar as dimensões de diversidade nas quais os alunos prounistas se reconhecem e são reconhecidos; (d) identificar as estratégias utilizadas por esses alunos para serem inseridos no grupo; (e) verificar as percepções do professor acerca dessa dinâmica de inclusão/exclusão e (f) analisar o papel dos professores junto aos alunos prounistas. Foi realizada uma pesquisa qualitativa interpretativa básica do tipo descritiva, tendo como sujeitos de pesquisa doze alunos bolsistas do ProUni, seis alunos não prounistas e quatro professores do curso de Direito de uma mesma universidade da cidade de São Paulo. Optou-se pela utilização de entrevistas semiestruturadas e pelo método de análise de conteúdo, sob a perspectiva qualitativa, conforme proposto por Bardin (2007). A partir análise das entrevistas emergiram dez categorias: (1) Importância e impacto do ProUni e da IES; (2) Quem são eles; (3) Quem eles dizem que são; (4) Obstáculos do caminho; (5) Relações interpessoais; (6) Nós e Eles; (7) Manifestações intergrupais; (8) Experiência de inclusão, (9) Experiência de exclusão e (10) Professor – um agente. Em função das dissimilaridades percebidas, esses alunos prounistas tornam-se vítimas de preconceito e discriminação, manifestos principalmente quando da formação de grupos de trabalho. Os resultados indicaram que as ocorrências de comportamentos desfavoráveis a um sentimento de inclusão por parte dos alunos não prounistas são mais comuns do que manifestações de comportamentos inclusivos. A autoinclusão tem sido uma estratégia de inclusão adotada pelos alunos prounistas, sendo as características pessoais fatores importantes para percepção de pertencimento ao grupo. Por meio do desempenho superior, esses alunos conseguem destacarem-se, alcançar posições de prestígio, mobilidade e inclusão social.

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ProUni is a Brazilian federal public policy and since it was institutionalized in January 2005, has awarded full and partial scholarships for low-income students in private institutions of higher education. Having the program as object of study, the aim of this study was to understand the dynamics of inclusion and / or exclusion of the ProUni fellow in the academic space. Specifically we sought to (a) understand the socioeconomic conditions of prounista student; (b) investigate the existence of stereotypes, prejudice and discrimination in the inclusion / exclusion of prounistas students; (c) check the dimensions of diversity in which prounistas students recognize and are recognized; (d) identify the strategies used by these students to be included in the group; (e) verify the perceptions of teachers about this dynamic inclusion / exclusion and (f) analyze the role of teachers along with the prounistas students. A basic interpretive qualitative descriptive research, and as research subject twelve ProUni fellows, six non-prounistas students and four professors of law from the same university in the city of São Paulo was held. We opted for the use of semi-structured interviews and the method of content analysis, the qualitative perspective, as proposed by Bardin (2007). From analysis of the interviews revealed ten categories: (1) Importance and impact of ProUni and IES; (2) Who are they; (3) who they say they are; (4) Barriers of the way; (5) interpersonal relations; (6) Us and Them; (7) Demonstrations intergroup; (8) Experience of inclusion (9) Experience of exclusion and (10) Teacher - an agent. According to the perceived dissimilarities, these prounistas students become victims of prejudice and discrimination, manifest especially when the formation of working groups. The results indicated that the occurrence of unfavorable behavior to a feeling of inclusion by non-prounistas students are more common than manifestations of inclusive behaviors. The self-inclusion has been a strategy of inclusion adopted by prounistas students, and the personal characteristics important factor for perception of belonging to the group. Through superior performance, these students can excel yourself, achieve positions of prestige, mobility and social inclusion.

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1. INTRODUÇÃO

Apesar de encontrar-se entre as dez maiores economias mundiais, o Brasil permanece entre as nações com pior distribuição de renda, sendo necessário que políticas públicas sejam articuladas para que se ofereça uma estratégia de inclusão social (POCHMANN, 2003). Para Ribeiro (2006), na sociedade contemporânea a educação formal constitui-se uma das mais importantes vias de mobilidade social, sendo a qualificação educacional essencial para se alcançar posições de prestígio.

Com origem nos Estados Unidos, ações afirmativas têm sido empregadas a fim de corrigir ou mitigar os efeitos ainda presentes da discriminação praticada no passado. Estas têm por objetivo a concretização do ideal de efetiva igualdade de acesso a bens fundamentais, como a educação e o emprego (GOMES; SILVA, 2001).

De acordo com Lima (2010), a educação superior é o tema que mais mobiliza o debate público sobre ações afirmativas; extensa produção acadêmica tem sido publicada discutindo os princípios destas ações, bem como as políticas de cotas nas instituições de ensino superior público. Políticas de ações afirmativas tomam como base para sua implementação a extrema desigualdade racial brasileira no acesso ao ensino superior.

Dados acerca do sistema de ensino brasileiro, publicados nas versões de 2008 e 2011 do caderno Retratos das Desigualdades de Gênero e Raça, dão uma dimensão das desigualdades existentes na educação do país. Constata-se que a média de anos de estudo para brancos era de 8,4 anos, enquanto que entre os negros era de 6,7 anos, e a escolarização das mulheres superior à dos homens. Mesmo que no período estudado tenha-se alcançado um aumento médio de dois pontos percentuais no nível de escolaridade e as taxas de analfabetismo tenham sido diminuídas, a redução das desigualdades ocorre de forma lenta.

A inclusão social figura como um dos eixos estratégicos da política educacional do Ministério da Educação e Cultura (MEC), e a propagação da existência de uma educação inclusiva no país vem sendo difundida nas campanhas de marketing utilizadas pelo Governo Federal. Moehlecke (2009) chama a atenção para o slogan “Brasil, um país de todos”, que

serviu de marca de governo, e que, para o setor educacional, ganhou versões tais como

“Educação para todos” e "Todos juntos para democratizar a educação", que tentam transmitir essa mensagem.

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formação universitária. Estabelecido com a proposta de oferecer bolsas de graduação, integrais ou parciais, para alunos que tenham estudado em escolas públicas ou em escolas privadas na condição de bolsistas integral e que se enquadrem no critério de renda per capta

familiar, o programa também estipula obrigatoriedade que parte das bolsas seja direcionada a ações afirmativas, por meio de cotas para portadores de deficiência, negros e indígenas.

Desde sua criação até o processo seletivo do primeiro semestre de 2013, o programa já atendeu mais de 1,2 milhão de estudantes, sendo 68% com bolsas integrais (PROUNI, 2013).

Com base no número de estudantes atendidos desde seu lançamento, Lima (2010) afirma que, em termos redistributivos, o ProUni é a política afirmativa de maior impacto social. Seguindo uma tendência crescente, o número de vagas ofertadas já foi praticamente dobrado desde seu lançamento, em 2005. No ano de 2013 foram ofertadas 252.374 bolsas integrais e parciais (MEC, 2013).

Ao longo dos nove anos transcorridos desde o lançamento do programa ProUni, muitos outros trabalhos têm se voltado para o tema, em diferentes áreas do saber e por diferentes lentes teóricas. Uma revisão nos bancos de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Open Access Thesis and Dissertations (OATD), utilizando o verbete “ProUni” como critério de busca, foi apontada a existência de 57 dissertações e 23 teses neste tema. As produções estão predominantemente concentradas na área de Educação, que responde por 58,75% do total de trabalhos, seguido de Serviço Social, área em que se concentra 7,5% da produção total. As áreas de estudo de Ciências Sociais, Sociologia e Administração respondem, cada uma, por 5% do montante de pesquisas, com quatro publicações em cada uma das áreas.

A partir da implementação do Programa, em 2005, grandes debates têm sido criados em torno deste e despertado grande interesse do meio acadêmico. Carvalho e Lopreato (2005) discutiram os aspectos políticos e econômicos que permeiam o referido programa. Em tom crítico, Carvalho (2005) argumenta que, por trás do discurso de caráter social atribuído ao ProUni, existe um jogo político e uma lógica financeira que, na opinião da autora, são contrários aos interesses de parte significativa da população, que demanda acesso a oportunidades de ensino de qualidade.

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(GERALDO, 2010; FERREIRA, 2012a; SENA, 2011). Sob diferentes abordagens, as diversas áreas do saber buscam compreensões do mesmo programa.

Dentre os temas das pesquisas, o impacto do ProUni na vida dos egressos é a ênfase predominante. Também são discutidas as dificuldades na trajetória dos alunos (ALMEIDA, 2009; ESTACIA, 2009), acesso e permanência, abordando os principais obstáculos, as estratégias utilizadas e os estímulos recebidos (ROCHA, 2008a; SENA, 2011), o desempenho acadêmico (ALVES, 2008; LIRA, 2010; PONTES, 2011), a inserção no mercado de trabalho (COSTA, 2012) e as condições socioeconômicas e socioculturais dos alunos bolsistas (COUTO, 2008; COSTA, 2012).

O ProUni, enquanto Política Pública de acesso ao ensino superior, é a segunda temática mais discutida entre os trabalhos de pesquisa, evidenciando que o programa deixa margem para muitas críticas. Os trabalhos de Mello (2007) e Valle (2009) ampliam o debate acerca do tema, questionando o jogo de interesses políticos e o direcionamento dado às políticas educacionais, no sentido de conduzi-las a uma privatização da educação superior no Brasil.

Em sete do total de trabalhos pesquisados, o programa ProUni foi o objeto de análise. Sob uma perspectiva econômica, Pontes (2011) discutiu o valor da bolsa, buscando identificar diferenças entre o desempenho acadêmico de alunos bolsistas parciais e integrais. A percepção dos alunos acerca do programa foi investigada por Santana (2009), Oliveira (2012) e Melo Neto (2011). O processo de implantação do Programa dentro de uma Instituição de Ensino Superior (IES) foi estudado por Silva (2007b).

Realizadas buscas nas revistas acadêmicas Qualis A1 a B2 da área de Administração e no portal da Scientific Electronic Library Online (Scielo), verificou-se que poucos artigos relativos ao tema ProUni têm sido publicados. Na área de Administração, apenas um artigo foi identificado, enquanto que, no total das áreas que envolvem Educação, Ciências Políticas e Sociais, foram encontrados 13 artigos abordando o programa. Quanto às temáticas dos estudos, tem sido dada maior ênfase à discussão da inclusão social (ALMEIDA et al. , 2010;

CARVALHO, 2007; OLIVEIRA et al. , 2012) e ao impacto da implantação do programa nas

Instituições de Ensino (OLIVEIRA; MOLINA, 2012; PELEIAS et al. , 2012) e na vida dos

alunos (APRILE; BARONE, 2008).

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Rizzo (2010) enfocam o programa enquanto Ação Afirmativa como possibilidade de inclusão social/profissional e oportunidade de mobilidade social.

A inclusão do negro também tem recebido atenção dos pesquisadores. Em sua dissertação, Leite (2009) discutiu a construção da identidade do bolsista e constatou que, na instituição por ele pesquisada, a ausência de iniciativas que promovam o reconhecimento do estudante cotista desfavorece o processo de constituição da identidade racial do bolsista. Sotero (2009) analisou a trajetória de estudantes negros da cidade de Salvador, indicando que a abrangência do programa demanda observação, em direção a uma educação inclusiva que possibilite o acesso de diferentes classes sociais ao ensino superior.

Na opinião de Carvalho (2006), o benefício que o ProUni pode trazer para muitos alunos está mais relacionado aos aspectos simbólicos do diploma. Além disso, argumenta que as chances reais de ascensão são para os poucos que estudarem em instituições privadas de qualidade.

Em um país como o Brasil, que é reconhecido internacionalmente por seu grau de desigualdade social (POCHMANN, 2003), a busca por uma qualificação profissional se apresenta como uma oportunidade para a mobilidade social e construção de uma identidade social mais positiva; no entanto, ao mesmo tempo, implica uma árdua trajetória para os bolsistas provenientes das classes mais baixas. Do ingresso à faculdade até a conclusão do curso, diferentes desafios precisam ser superados, e para que a democratização e a inclusão sejam efetivas são necessárias políticas voltadas para a permanência dos estudantes, uma vez que as dificuldades dos bolsistas, seja no processo de aprendizagem ou no âmbito financeiro, não desaparecem apenas com o ingresso na graduação (ROCHA, 2012).

No trabalho de Ferreira (2012b), o autor verificou haver diferenças no desempenho de bolsistas ProUni, constatando que os jovens de cor branca são menos defasados em relação ao nível de desempenho, e que, consideradas as notas médias dos estudantes, os alunos com bolsa integral apresentam desempenho superior ao dos outros grupos. Tendo em vista que o ProUni insere um grupo social diverso na universidade, tanto a experiência subjetiva dessa inserção como a dinâmica envolvida nas interações sociais podem afetar a vida do aluno prounista.

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preconceito, conforme indicam três dos 30 alunos bolsistas do ProUni questionados por Nogueira (2013).

Embora a revisão dos trabalhos já produzidos mostre que o ProUni vem sendo amplamente pesquisado e a inclusão e/ou exclusão social dos alunos bolsistas tenha sido estudada, a abordagem teórica pela qual este trabalho buscará compreender a experiência de inclusão dos prounistas se faz diferenciada. As lentes teóricas das relações intergrupais, da diversidade e da inclusão enquanto experiência individual de pertença a um grupo social, utilizando o ProUni como objeto de estudo, constitui-se uma nova proposta de pesquisas frente às anteriormente realizadas. Considera-se relevante aprofundar conhecimentos sobre a experiência pessoal dos alunos prounistas, bem como identificar a percepção dos alunos não prounistas e dos professores com relação à experiência de inclusão daqueles dentro de uma IES privada, de primeira linha.

Considerando a importância da educação para a formação de uma sociedade e para o desenvolvimento de um país, neste momento em que políticas públicas possibilitam o acesso de camadas de baixa renda ao ensino superior julgamos relevante abordar esse acesso de alunos de classes sociais menos favorecidas ao espaço acadêmico, bem como discutir o sentimento de inclusão e/ou exclusão do aluno prounista. Busca-se também a ampliação dos estudos relativos à diversidade e à inclusão desses grupos minoritários, refletindo sobre a dinâmica interpessoal que se estabelece durante a trajetória acadêmica desses alunos, bem como o impacto dessas interações na percepção de pertença deles, que ainda é uma questão pouco explorada.

Diante do panorama de trabalhos já realizados sobre o ProUni, destacamos como inquietação fundamental desta pesquisa o seguinte questionamento: Como ocorre a dinâmica de inclusão/exclusão do bolsista ProUni em uma universidade privada da cidade de São Paulo?

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Considerando a importância das relações intergrupais, a experiência de pertença ou exclusão, a aceitação ou a discriminação e o preconceito, e a percepção de como se formam os vínculos sociais durante a formação acadêmica dos alunos prounistas são aspectos relevantes a serem investigados.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Inicialmente apresenta-se uma compreensão da experiência intergrupal a partir da teoria da identidade social e teoria da autocategorização. São abordados estereótipos, preconceitos e discriminação, sendo apresentado o conceito de diversidade e, por fim, alcançando o nível mais micro, o de senso psicológico da experiência de inclusão e/ou exclusão.

2.1 TEORIA DA IDENTIDADE SOCIAL

Primeiramente introduzida por Tajfel (1982), a teoria da identidade social é definida como o conhecimento do indivíduo de saber-se pertencente a certos grupos sociais, bem como o significado emocional e o valor que há, para ele, em ser membro do grupo. A ideia básica da teoria é a de que as categorias sociais às quais pertencemos são determinantes para a formação do nosso autoconceito, prescrevem formas de pensamento e comportamentos e, ao mesmo tempo, fornecem referencial para comparação com outros grupos (HOGG; TERRY, 2001).

Hogg e Terry (2001) apontam que, de acordo com essa teoria, a identidade social e os comportamentos intergrupais são guiados pela busca de uma identidade social de valor positivo, por meio da obtenção de uma distinção intergrupal positiva que, por sua vez, é motivada pela necessidade de autoestima positiva.

Faz parte do escopo da Teoria da Identidade Social buscar compreender as razões que levam os indivíduos a desejarem pertencer a grupos de mais alto status, em que situações

os membros dos grupos agem e que ações eles empreendem para tentar mudar situações com as quais não estão satisfeitos. Além disso, a teoria atenta também para quais são as estratégias individuais adotadas para mudar as posições desses indivíduos (TAYLOR; MOGHADDAM, 1994).

A análise das relações interpessoais por meio da teoria identidade social parte do pressuposto de que indivíduos são motivados a alcançar uma identidade social mais positiva; concepção esta que se estende também para o nível intergrupal, compreendendo que os indivíduos são motivados a pertencer a grupos positivamente avaliados, adotando estratégias comportamentais a fim de mudar sua condição quando percebem a própria identidade como inadequada (TAYLOR; MOGHADDAM, 1994).

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alcançar melhor status funciona como um “motor” para as ações. Por meio da comparação

social o indivíduo se referencia, obtendo uma avaliação de sua posição e status ocupado

perante o grupo, o que reduz sua incerteza e permite uma autoavaliação mais acurada (TAYLOR; MOGHADDAM, 1994). Tajfel (1982) propõe que, no nível intergrupal, comparações também possibilitam a compreensão do valor e status relativo do grupo, bem

como status e valor adquirido em virtude de ser membro deste, exercendo importante papel

em modelar as ações dos indivíduos.

Para que se tenha uma compreensão básica da Teoria da Identidade Social, de acordo com Taylor e Moghaddam (1994) existem quatro conceitos considerados fundamentais: categorização, identidade e comparação social e distintividade psicológica do grupo. Esses conceitos serão aqui apresentados e brevemente sintetizados.

Funcionando como uma ferramenta cognitiva a categorização permite que o indivíduo estruture seu ambiente social, definindo seu lugar neste ambiente (TAYLOR; MOGHADDAM, 1994). As categorizações sociais dizem respeito aos processos de categorização de pessoas. Hogg e Abrams (2001) assinalam que, uma vez que classificações são feitas com base nas similaridades e diferenças em relação a quem está categorizando; pessoas podem ser percebidas como membros da mesma categoria a qual o indivíduo pertence (endogrupo) ou como de uma categoria diferente (exogrupo).

A identidade social individual diz respeito ao conhecimento do indivíduo, de saber que pertence a certo grupo social e ao valor agregado ao ser membro desse grupo, quer em termos positivos ou negativos. Por essa compreensão conceitual, a participação no grupo é vista a partir da percepção subjetiva do indivíduo, sendo comum aos membros deste destacar e dar importância aos valores do grupo de pertença. O pressuposto básico é que os indivíduos são motivados a alcançar uma identidade social mais positiva (TAYLOR; MOGHADDAM, 1994).

A corrente europeia da Psicologia Social considera que as sociedades atuam como forças em conflito, mais do que em coesão e, e que em virtude disso, dentro dos grupos sociais ocorrem competições e lutas a fim de aprimorar suas próprias posições, em contextos de busca de mudanças das condições sociais. A Teoria da Identidade Social postula que os membros do grupo almejam uma identidade para seu grupo que seja mais distinta e positiva quando comparada a de outros grupos, de forma que as relações estabelecem mais por competição e busca de distinção do que por cooperação (TAYLOR; MOGHADDAM, 1994).

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intergrupo, pois compreende que os indivíduos têm necessidade de serem vistos de forma positiva em relação a outros relevante. Isto é feito por meio de comparações, geralmente favorecendo aqueles que pertencem ao ingroup (HOGG; TERRY, 2001). Analogamente,

Triands (2003) considera que o etnocentrismo dos seres humanos constitui uma barreira para as relações intergrupos, uma vez que a cultura própria é utilizada como padrão para julgar outras culturas. Além disso, aquilo que se passa na própria cultura é considerado como "natural", "normal" e "correto" e os costumes ingroup como se fossem universalmente

válidos, sem questionamentos.

Competição e conflito são aspectos comuns nas relações intergrupais, pois ao buscar alcançar posição superior para o endogrupo, comportamentos discriminatórios intergrupos são manifestos. Situações de potenciais mudanças sociais expressam a natureza dinâmica da teoria, pois os indivíduos pertencentes aos grupos dominantes desejam e lutam para manter o

status de condição comparativamente superior, enquanto os integrantes dos grupos de

identidade social menos adequada desejam alcançar alguma mudança de status, a fim de

aprimorar a identidade grupal para uma condição superior (TAYLOR; MOGHADDAM, 1994).

A simples percepção de possuir uma identidade social inadequada não é condição suficiente para se conquistar uma mudança de posição. De acordo com Taylor e Moghaddam (1994), dois fatores são fundamentais para que membros dos grupos em desvantagem conquistem melhor situação intergrupo: a princípio, que estes acreditem que a atual situação pode ser mudada e a posição hierárquica alterada (estabilidade/instabilidade) e, em segundo lugar, a extensão em que o intergrupo vê a situação posta como única e justa (legitimidade/ilegitimidade).

Havendo, no indivíduo, uma percepção cognitiva de possíveis alternativas para a alteração de seu status, de acordo com Taylor e Moghaddam (1994), há quatro estratégias de

mudanças intergrupos possíveis para serem adotadas:

 O grupo subordinado tenta ser absorvido pelo grupo dominante;

 Redefinir, como positivas, características do grupo anteriormente avaliadas como negativas;

 Criação de novas dimensões, que não tenham sido previamente utilizadas, para comparação e avaliação, a fim de obter posição mais positiva;

(26)

Os referidos autores assinalam que todas essas estratégias são passíveis de reações dos grupos dominantes, provocando conflitos e embates a fim de assegurar o status de

dominância. Em circunstâncias nas quais os grupos em desvantagem não percebem alternativas cognitivas que permitam a alteração da condição do grupo, estratégias específicas podem ser adotadas por indivíduos, que saem do grupo em desvantagem visando alcançar posições em grupos melhor avaliados (TAYLOR; MOGHADDAM, 1994).

As respostas à possibilidade de mudanças podem se dar enquanto grupo ou indivíduo. Taylor e Moghaddam (1994) ressaltam a distinção entre dois conceitos que diferenciam essas estratégias de mudança: a mobilidade e mudança social. Mobilidade social consiste em uma “estruturação subjetiva do sistema social” e pressupõe que o sistema é

flexível e permeável e não ameaça a posição relativa dos grupos, possibilitando, assim, uma mobilidade de partes individuais. A mudança social, no entanto, refere-se ao modo subjetivo de estruturar o sistema social no qual o indivíduo vive; diz respeito às crenças que delimitam as fronteiras do grupo de pertença, sem possibilitar movimentos para fora desse a fim de alcançar melhores posições ou condições de vida, a menos que a mudança se dê enquanto grupo como um todo. Mudança social implica necessariamente confrontação intergrupo, pois a busca por uma posição melhor encontra reação dos grupos dominantes, que querem garantir a manutenção de suas posições favoráveis.

Mesmo em ambiente ausente de conflitos explícitos ou institucionalizados ou de competição entre grupos, estes tendem a manifestar comportamentos mais favoráveis em relação ao endogrupo. O grupo social provê aos seus membros uma identidade social positiva por meio de comparação e distinção em relação a outros grupos, acerca de características distintivas que tenham claro valor diferencial.

No campo da Psicologia Social, sob a influência da Teoria da Identidade Social, em 1984, Taylor e McKirnan desenvolveram um modelo de cinco estágios das relações intergrupais. Apresentado por Taylor e Moghaddam (1994), o modelo busca abranger tanto processos macro quanto micro sociais na interpretação do comportamento intergrupal, partindo do pressuposto de que raramente os relacionamentos sociais ocorrem entre dois grupos com status perfeitamente iguais.

Para nomear a condição dos diferentes grupos esses autores utilizam os termos

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grupo é responsável pela posição ou status que ocupa; desconsidera-se, portanto, que, mais do

que traços grupais, existem condições externas aos grupos responsáveis pelas desigualdades. Os cinco estágios da dinâmica intergrupos propostos por Taylor e McKirnan (1984) apud Taylor e Moghaddam (1994) abrangem:

1. Relações intergrupais claramente estratificadas – Não há possibilidade de mudanças entre as classes, pois o status de cada grupo está rigidamente estabelecido com base

em características inerentes ou atribuídas a seus membros; é próprio aos integrantes de grupos em desvantagem imputar a si mesmos a reponsabilidade por estar em posição inferior.

2. Ideologia individualística – A base de critério passa a ser as conquistas, as habilidades e competências do indivíduo, que tem uma percepção do grupo como aberto e, portanto, considera que há possibilidade de mudança; essa mobilidade se dará de forma individual e por seu próprio esforço e capacidade, o que isenta o grupo em vantagem de qualquer responsabilidade em relação à sua posição atual.

3. Mobilidade social individual – Ocorre uma tentativa dos membros do grupo em desvantagem de migrar para o grupo em vantagem e, para tal, embora retenham fatores do grupo em desvantagem suficientes para manter sua própria identidade, passam a adotar características do outro grupo a fim de serem aceitos como membros.

4. Aumento da consciência – Os indivíduos que passaram pelo terceiro estágio, mas não obtiveram sucesso na tentativa de passar para o grupo em vantagem, retornam ao seu grupo de origem e tentarão estimular uma ação coletiva; aqueles poucos que foram bem-sucedidos passam a incorporar as normas do grupo em vantagem e tornam-se mais convictos de que o sistema é justo e que, portanto, cabe aos outros membros conquistar os próprios lugares.

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2.2 TEORIA DA AUTOCATEGORIZAÇÃO

A teoria da autocategorização é uma teoria cognitiva do comportamento dos indivíduos no contexto grupal e, portanto, atenta para as mudanças que ocorrem do nível pessoal para o social da identidade (TAYLOR; MOGHADDAM, 1994).

A categorização é considerada um processo cognitivo fundamental para a adaptação do funcionamento humano, uma vez que possibilita uma simplificação das percepções e que uma infinita variabilidade de estímulos existentes seja estruturada em um número distinto de categorias. É um processo necessário e útil, pois reduz os processos cognitivos, possibilita que estímulos muito diferentes sejam percebidos como se fossem idênticos (TRIANDS, 2003), permitindo que pessoas respondam rapidamente a estímulos sem necessitar de avaliações exaustivas. De forma efetiva, a categorização acentua a percepção de similaridades entre objetos, possibilitando classificá-los em uma mesma categoria; ou de dissimilaridade, diferenciando estímulos entre diferentes categorias (TAYLOR; MOGHADDAM, 1994).

Por meio desse processo cognitivo de categorização são delimitadas as fronteiras e estabelecidos os aspectos relevantes utilizados para distinguir aqueles que pertencem ou não a determinado grupo; além disso, por meio destas, os membros do exogrupo são percebidos como mais homogêneos e os do endogrupo como mais heterogêneos.

A noção de protótipo é um conceito considerado central na teoria da autocategorização. Segundo Hogg e Terry (2001) os protótipos são construídos a partir de representações cognitivas das afirmações e atributos do grupo que são relativamente consensuais; incorporam crenças, atitudes e sentimentos. Estabelecidos com base na referência de um membro exemplar ou na definição de um tipo ideal de membro, se prestam a fornecer suporte moral e validação aos integrantes do grupo.

Ao integrar o grupo o indivíduo deixa de ser visto como singular e passa a incorporar o protótipo do grupo; deixa de ser uma personalidade individual e assume o self do grupo. Os

protótipos são formados pelo princípio do metacontraste, de forma que as diferenças do intergrupo para o intragrupo são maximizadas. Portanto, a discriminação entre os grupos se dá com base na menor diferença percebida, agrupando-se, num mesmo conjunto, os elementos que, comparativamente, são menos diferentes entre si (HOGG; TERRY, 2001).

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atributos da categoria ou desse grupo. A despersonalização refere-se à mudança na autoconceitualização e na base da percepção dos outros, havendo uma tendência a produzir uma percepção favorável em relação ao endogrupo e uma percepção negativa ou degradante em relação ao exogrupo.

A categorização social é ao mesmo tempo útil e necessária, porém, embora se constitua um processo cognitivo simples, tem implicações profundas (ARONSON; WILSON; AKERT, 2002), uma vez que por meio dela, são despersonalizados tanto os membros do

ingroup como os membros do outgroup, pois perceber o outgroup como despersonalizado

configura-se estereótipo (HOGG; TERRY, 2001). Em virtude disso, a categorização é considerada prejudicial às relações intergrupo, pois resulta em categorias como “Nós” e

“Eles”. Portanto, os seres humanos devem superar as dificuldades distintas de estar junto àqueles que são diferentes (TRIANDS, 2003).

É comum as sociedades possuírem uma grande quantidade de categorias, tais como raça, sexo, religião, classe social, profissão, dentre outras, das quais decorrem as diferentes relações de poder, prestígio e status nas relações entre grupos. Em virtude de existir, nas

sociedades, uma estrutura social, um sistema de valores e uma ideologia a partir do local de nascimento, cor da pele, família de origem, pessoas são categorizadas como pertencentes a um e não a outro grupo. Por meio da internalização e identificação com essas categorias estabelecidas, os indivíduos adquirem uma identidade social particular, avaliativamente mais positiva ou negativa. Integrar grupos dominantes ou grupos subordinados confere aos indivíduos estruturas de crenças subjetivas diferentes acerca da natureza da sociedade e das relações entre grupos (HOGG; ABRAMS, 2001).

Na perspectiva da identidade social, todo conhecimento deriva de comparações. Por meio das comparações sociais o indivíduo cria percepções sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo em geral. Contudo as comparações sociais intergrupais não são percepções imparciais; pelo contrário, há uma tendência à maximização da distinção positiva do ingrupo,

em que os diferentes consensos são formados por crenças enraizadas que diferem em termos de parâmetros determinados por diferentes grupos (HOGG; ABRAMS, 2001).

A autocategorização é considerada um processo importante, uma vez que pertencer a um grupo traz consigo um significado implícito de valor afetivo, capaz de reduzir a incerteza dos integrantes do grupo de como se comportar e o que esperar de um determinado contexto social. A hipótese da redução de incerteza é considerada o core da motivação humana, uma

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tendo função descritiva e prescritiva das formas de pensar, sentir e agir (HOGG; TERRY, 2001).

Tendo em vista que a comparação social conduz ao exagero nas diferenças entre grupos e as categorias conduzem à formação de estereótipos em relação a si, ao endogrupo e ao exogrupo, ao operarem juntas, categorização e comparação social geram uma forma de comportamento do grupo, envolvendo diferenciação, discriminação, favoritismo intragrupo, percepção de valor mais positivo para endogrupo em relação ao exogrupo e preferência afetiva pelo endogrupo (HOGG; ABRAMS, 2001).

Uma pesquisa realizada por Jaspars e Warnaem (1982), e citada por Tajfel (1982), na qual tratam da saliência entre grupos, demonstra que, em geral, endogrupos não necessariamente avaliam os exogrupos mais negativamente do que a si mesmos e, sim, que tendem a fazer uma avaliação mais positiva acerca de si mesmos do que são por outros avaliados, demonstrando um favoritismo ao endogrupo.

2.3 ESTEREÓTIPOS, PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO

Dentre as abordagens teóricas dominantes nos estudos, na Teoria das Relações Intergrupais, definida como relações entre dois ou mais grupos e seus respectivos membros, o preconceito e a discriminação têm sido os aspectos mais comumente pesquisados. Na Teoria Psicodinâmica, pesquisadores como Adorno, Frankel-Brunswich, Levinson e Sanford, nos anos 1950, faziam associação entre a ideologia e a personalidade para dar conta de explicar tomadas de posições racistas e antidemocráticas, argumentando que o preconceito decorre das diferenças de personalidade, sendo a personalidade autoritária preditora de preconceito (JODELET, 2006; PROUDFORD; NKOMO, 2006). A teoria da Identidade Social (TAJFEL, 1982), no entanto, postula que a necessidade de autoestima positiva leva ao preconceito e que a solução para o preconceito é a redução da saliência entre fronteiras grupais (contato).

O preconceito racial e étnico se faz presente em quase todas as partes do mundo, sendo raro encontrar uma sociedade em que um grupo não seja classificado como “outro”

com base na etnia ou raça. No Brasil, o “mito da democracia racial” marcou secularmente o

país, estabelecendo uma falsa cultura de que no país não existe preconceito e que a paz e a democracia aqui imperam (GUIMARÃES, 2002) mas, conforme já indicado por Aronson, Wilson e Akert (2002) este é um fenômeno social onipresente.

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generalizações; a discriminação, como comportamento negativo em relação aos membros desse grupo social; e o racismo é visto como a combinação de ambos (PROUDFORD; NKOMO, 2006).

Três diferentes formas de compreender o preconceito são indicadas por Allport (1979) em que: a primeira considera que o preconceito refere-se a julgamentos baseados em experiências anteriores; na segunda é compreendido como um julgamento prévio e precipitado, sem o adequado exame dos fatos; na terceira, o preconceito é considerado como um sentimento combinado com julgamento prévio e sem justificativas.

O preconceito é considerado uma atitude, uma vez que comporta componentes afetivos ou emocionais, cognitivos e comportamentais. Aronson, Wilson e Akert (2002)

definem preconceito como “[...] uma atitude negativa ou hostil contra pessoas de um grupo

identificável, baseada exclusivamente na sua condição de membro do grupo”, sem qualquer justificativa que o fundamente. Mor-Barak (2005, p. 138) também ressalta o caráter negativo do preconceito conceituando-o como “[...] um julgamento pré-concebido ou opinião sustentada por membros de um grupo; o preconceito é percebido como atitude irracional de

hostilidade dirigida a um indivíduo, um grupo, uma raça ou às suas supostas características”.

Para compreender o componente cognitivo do preconceito, de acordo com Aronson, Wilson e Akert (2002), é necessário entender o conceito de estereótipo, geralmente definido como uma generalização acerca de um grupo de pessoas, em que características idênticas são atribuídas a um grupo de pessoas, praticamente sem levar em conta suas individualidades.

Uma dimensão social é atribuída aos estereótipos, quando estes são compreendidos como crenças ou conhecimentos amplamente partilhados por um grupo sobre a natureza do

endogrupo e dos exogrupos. Considerado como “padronizações” ou “figuras mentais supersimplificadas” (MOR-BARAK, 2005) que construímos acerca de pessoas, instituições, ou eventos e cujos pressupostos compartilhamos com outras pessoas, o estereótipo, em geral, se faz acompanhar por preconceitos, ou seja, por pré-disposições favoráveis ou desfavoráveis em relação à pessoa ou categoria em questão (TAJFEL, 1982).

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conhecidos e evidentes e a condição de desacreditável que ocorre quando essas características não são imediatamente perceptíveis ou conhecidas dos presentes.

Difíceis de serem mudados, os estereótipos são mecanismos cognitivos ou maneira adaptativa de lidar com eventos complexos, mas que se tornam disfuncionais e injustos quando cegam as percepções, impedindo que diferenças individuais entre classes de pessoas sejam percebidas (ARONSON; WILSON; AKERT, 2002).

O último componente do preconceito refere-se ao aspecto comportamental. Segundo os autores anteriormente citados, crenças estereotipadas geralmente resultam em tratamento injusto. A isso denominam “discriminação”, ou seja, “[...] ação negativa injustificada ou

prejudicial contra os membros de um grupo, simplesmente porque pertencem a esse grupo”.

Allport (1979) considera que discriminação ocorre quando é negada a indivíduos ou grupos de pessoas a igualdade de tratamento que elas desejam. Para Dovidio et al. (2010, p. 10), a

discriminação pode ser definida como o comportamento de um indivíduo que cria, mantém ou reforça vantagem para alguns grupos e seus membros em relação a outros grupos e seus membros.

Goffman (1988) aponta que as discriminações podem ocorrer em virtude de que as

atitudes dos ditos “normais” partem da crença de que os estigmatizados, ou aqueles que possuem uma marca distintiva, são inferiores, sendo possível que outras imperfeições sejam inferidas a estes indivíduos a partir da imperfeição ou marca original.

De acordo com Allport (1979), pré-julgamentos são naturais do ser humano e se modificam diante de fatos, enquanto preconceitos são irreversíveis e mantêm-se mesmo diante do correto conhecimento dos fatos. O autor propõe uma tipologia das manifestações de preconceitos, que evoluem de atitudes para ação, a partir de linguagens insultuosas, evitação, discriminação (modo ativo de tentar privar o outro), ataque físico (atos de violência) e extermínio (a manifestação mais extrema).

(33)

2.4 DIVERSIDADE E INCLUSÃO/EXCLUSÃO

Ao longo dos tempos e em diferentes culturas, a necessidade de ser incluído socialmente tem importante função para a sobrevivência e, de acordo com Mor-Barak (2005), as percepções de inclusão ou exclusão são formas contínuas de avaliação pessoal por meio das quais os indivíduos avaliam suas posições nos grupos ou nas organizações. A necessidade de pertença é uma poderosa base motivacional para o comportamento interpessoal, sendo esta frustrada quando se vivencia uma rejeição ou exclusão social.

Dada a importância do tema, revisão de literatura realizada por Proudford e Nkomo (2006) aponta que diferentes correntes teóricas têm se dedicado a pesquisar a temática de raça, etnicidade e questões relativas à diversidade, tais como preconceito, discriminação e racismo. A noção de diversidade é predominantemente usada para referir-se à variedade de indivíduos e grupos com os quais as organizações são confrontadas em seu mercado de trabalho, entre seus consumidores e seus empregados (MOR-BARAK, 2005).

Triands (2003) assinala que em virtude da limitação humana para processamento de informações, agrupamentos mentais são criados para melhor manejo das informações, recurso que é utilizado também para categorização de pessoas; categorias essas que definem diversidade, em que o uso de “nós” e “eles” significa que algumas pessoas são vistas como semelhantes e outras como diferentes. O autor considera que diversidade pode estar em qualquer atributo humano, especialmente sexo, classe social, raça, etnia, cultura, idade, orientação sexual, estilo de vida e religião.

Sob uma perspectiva subjetiva, diversidade é conceituada por Loden e Rosener (1991) como alteridade ou aquelas qualidades humanas que são diferentes das nossas e dos grupos aos quais pertencemos, ou seja, presentes em outros indivíduos e grupos. Nessa

perspectiva, “outros” são pessoas que são diferentes de nós sob uma ou várias dimensões, tais

como idade, orientação sexual, etnicidade, dentre outras dimensões possíveis de se classificar características pessoais.

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civil, experiências pessoais e profissionais prévias, crenças religiosas (LODEN; ROSENER, 1991).

Em revisão de literatura realizada por Mannix e Neale (2005), os autores apontam trabalhos de pesquisa tanto com enfoques positivos como negativos acerca dos efeitos da diversidade. Na vertente mais otimista da diversidade, a criação de valores e melhoria dos resultados são apontados como possíveis benefícios. Nessa linha, há indicativos de que grupos heterogêneos produzem soluções de mais alta qualidade, de que há, nesses grupos, um aprimoramento da capacidade de resolução de conflitos e o benefício da melhoria da qualidade de tarefas que requerem criatividade. Diversidade funcional tem a capacidade de aumentar a comunicação com pessoas de fora do grupo, impactando nas possibilidades de inovação do time.

Entretanto, a linha com visão mais pessimista da diversidade compreende que diversidade cria divisão social, empobrecimento da integração e impacta negativamente nos resultados do grupo, e considera que a composição demográfica da organização pode determinar processos tais como inovação, comunicação e performance (MANNIX; NEALE, 2005).

Mannix e Neale (2005) apontam dois paradigmas por meio dos quais a questão da natureza da diversidade pode ser abordada. O primeiro é a abordagem baseada em fatores, que trabalha com identificação e medidas de diversidade, focando as diferenças visíveis e invisíveis da diversidade. Essa abordagem considera que no nível superficial estão as diferenças demográficas, enquanto no nível mais profundo ficam as atitudes e crenças. O segundo paradigma, baseado em proporção demográfica entre maiorias e minorias, e, fundamentado na lógica do contato social, compreende que a interação aumenta a atração, a conexão e a compreensão entre as pessoas (PETTIGREW, 1982 apud MANNIX; NEALE, 2005).

Na visão de Mor-Barak (2005), diversidade refere-se ao processo de gerar categorias distintas, no qual o grupo é percebido como possuindo um denominador comum em um contexto nacional ou cultura específica. Dentro da compreensão global de diversidade, proposta pela autora, diversidade refere-se necessariamente às diferenças, visíveis ou invisíveis, que trazem consequências negativas ou positivas para a vida do indivíduo; está relacionada, também, com o pertencer a um grupo diferente quando comparado ao

mainstream na sociedade, que o torna suscetível a sofrer consequências resultantes de uma

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Para além de traços ou qualidades humanas, a compreensão de Thomas e Ely (1996) difere dos autores já aqui apresentados, pois consideram diversidade como as variadas perspectivas e abordagens para o trabalho, trazidas pelos membros de diferentes grupos de identidade e que são incorporadas às práticas organizacionais. Para que as pessoas sejam incluídas, os autores propõem que a diversidade necessita ser gerida e apresentam três paradigmas ou modos de se fazer a gestão da diversidade. Apontam que os paradigmas discriminação-justiça e acesso-legitimidade têm guiado as iniciativas de gestão da diversidade e propõem o paradigma da aprendizagem-efetividade como o melhor modo de promover a integração dos diferentes.

O paradigma discriminação-justiça é a forma dominante de entendimento da diversidade e envolve cumprimento de mandatos e força de lei. Seus pressupostos assemelham-se aos que fundamentam as ações afirmativas e seu foco está em torno do conceito da assimilação. Embora tenha o benefício de aumentar a diversidade demográfica, apresenta a limitação de que traz implícita a suposição de que “somos todos iguais”. O modelo de gestão dentro desse paradigma prioriza mais a contratação e retenção de pessoas

“diversas” do que propiciar condições que permitam a exploração do melhor potencial dos indivíduos e possibilite que esses realizem o trabalho de maneira mais efetiva.

O paradigma acesso-legitimidade está baseado na aceitação e celebração das diferenças. Organizado em torno da diferenciação, sua ênfase está no papel das diferenças culturais em uma empresa, sem realmente analisá-las, a fim de compreender como elas afetam a execução do trabalho. Neste paradigma, as capacidades dos integrantes dos grupos diversos são aplicadas de forma utilitarista, uma vez que as diferenças são subvertidas a fim de obter os melhores resultados por meio delas, sem, contudo, atentar para como essas poderiam ser integradas aos trabalhos do mainstream da organização.

A principal limitação do paradigma acesso-legitimidade é que, sob sua influência, as motivações para a diversidade são imediatistas, visando obter um melhor resultado ou atender a uma necessidade específica em um determinado momento, sem incorporar à organização os conhecimentos, habilidades, crenças ou práticas trazidos pelos membros dos grupos diversos (THOMAS; ELY, 1996). Esses autores apontam que grupos de trabalho que adotam a perspectiva da diferenciação reconhecem o valor da diversidade como meio para o alcance de mercados, porém os membros das minorias não são considerados como parte da cultura maior da organização, ficando sujeitos a isolamento.

(36)

diversidade, visando atingir os verdadeiros benefícios da diversidade. Além de promover igualdade de oportunidades, como ocorre no paradigma discriminação-justiça, e de reconhecer as diferenças culturais, como ocorre no paradigma acesso-legitimidade, no paradigma emergente o objetivo é que a organização internalize as diferenças entre os empregados de forma que consiga aprender e crescer com eles. Ele organiza-se em torno da integração, na qual a todos são dadas iguais oportunidades, permitindo que a organização internalize diferenças entre os funcionários, que aprenda e cresça por causa deles. Ao mesmo tempo, possibilita que os membros sintam que estão no mesmo time, com suas diferenças, e não apesar delas.

Giovannini (2004, p. 27) assevera que “[...] se diversidade é a questão, inclusão é a

resposta”. Na mesma ênfase, Miller e Katz (2002) consideram que diversidade sem inclusão não funciona, pois somente quando todas as pessoas, com todas as suas similaridades e diferenças reconhecidas, participam das tomadas de decisão e contribuem para a identificação e resolução de problemas será possível que a produtividade individual e coletiva de uma força de trabalho diversa esteja completamente engajada.

Shore et al. (2011) assinalam que a inclusão consiste no grau com que cada

indivíduo se percebe como um membro estimado de seu grupo de trabalho, que tenha uma experiência de um tratamento que satisfaça sua necessidade de pertença e de singularidade. Os autores afirmam que indivíduos querem se sentir pertencentes e valorizados por seus atributos singulares e propõem um modelo referencial de inclusão baseado na premissa de que singularidade e pertencimento trabalham juntas para criar o sentimento de inclusão (SHORE

et al. , 2011), no qual:

 Inclusão ocorre quando o indivíduo é tratado como um insider e também é

encorajado a manter sua singularidade no grupo de trabalho.

 Assimilação ocorre quando há um alto pertencimento e uma baixa singularidade, sendo necessário que se adapte às normas da cultura dominante para ser tratado como um insider.

 Diferenciação ocorre quando há um baixo grau de pertença, mas alto valor para sua singularidade.

 Exclusão ocorre quando o indivíduo não é tratado como um insider de valor

singular no grupo de trabalho, enquanto outros empregados são.

Pela proposição de Ferdman et al. (2009, p.07) acerca da inclusão, dois

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comportamento inclusivo antecede a experiência de inclusão e refere-se a “[...] comportamentos manifestados por uma pessoa e pelos membros de seu grupo de trabalho,

junto às políticas e procedimentos organizacionais, que promovem um clima inclusivo”. O

segundo componente, a experiência de inclusão, é “[...] o senso psicológico da parte de um

indivíduo de que está de fato sendo incluído”.

Ferdman et al. (2009) categorizam como comportamentos inclusivos: criar segurança

(relativo a fronteiras físicas e psicológicas que determinam a pertença ao grupo), reconhecer o outro (cumprimentar, valorizar trabalhos relevantes, compartilhar detalhes da vida pessoal), lidar com conflitos e diferenças (buscar soluções alternativas), habilidade e desejo de aprender, ter e dar voz (suporte afetivo permite percepção de ser valorizado pelo outro) e

aumentar a representação de membros de grupos de “minoria” (diferentes pessoas presentes nos diferentes níveis da organização).

O sentimento de pertença a um determinado grupo social, de acordo com Ferdman et

al. (2009), está diretamente relacionado com o sentir-se incluído. Inclusão é descrita por

Giovannini (2004) como o estado de estar sendo valorizado, respeitado e apoiado, enquanto Ferdman et al. (2009, p.07) consideram que “[...] em um senso mais geral, inclusão envolve

ambos, sermos completamente nós mesmos e permitir que outros sejam completamente eles mesmos, no contexto de engajamento em atividades comuns”.

Dentre os componentes-chave da experiência de inclusão estão o envolvimento (FERDMAN et al. , 2009), o sentir-se ouvido e tendo voz na tomada de decisões

(MOR-BARAK; CHERIN, 1998), o sentir-se valorizado e reconhecido como indivíduo e como membro do grupo, com espaço para autenticidade e liberdade de expressão (BERG, 2002) e a obtenção de tratamento igualitário.

Berg (2002) aponta um dilema existente nas relações intergrupais. Afirma que, frequentemente, indivíduos decidem levar somente uma parte de si mesmos para o ambiente organizacional e para ambientes heterogêneos, excluindo voluntariamente partes da própria identidade por temor às consequências que podem advir de trazer-se integralmente para ambientes nos quais a mensagem transmitida é a de que “somos todos iguais aqui”. A reflexão

(38)

Nesse sentido, Davidson e Ferdman (2001) argumentam que diversidade não se refere a cumprimento de cotas legais ou contagem do número de um tipo de pessoa ou de outro, mas trata-se da construção de uma organização de amplo escopo, na qual a confiança e o respeito são as opções padrão para todos os membros da comunidade. Valorizar a diversidade e as diferenças em uma comunidade significa que as políticas, estruturas e normas de comportamento devem ser alinhadas de tal forma que cada membro da comunidade seja respeitado e incluído.

Mor Barak (2005) considera que o conceito de inclusão-exclusão no local de trabalho refere-se ao senso do indivíduo de ser participante do sistema organizacional, tanto de processos formais, como o acesso a informações e a canais de tomada de decisões, quanto dos processos informais, como participação em atividades e encontros informais, nos quais se tem acesso a informações e decisões informais são tomadas. Na compreensão da autora, esse conceito de inclusão-exclusão funciona como um indicador do modo como os empregados de uma organização vivenciam e percebem suas posições em relação ao mainstream

organizacional.

Processos de inclusão e exclusão podem existir em diferentes níveis e formas. Podem ocorrer em grande escala geográfica, em virtude de crenças religiosas e diferenças étnicas, baseada na cultura ou nos níveis de desenvolvimento econômico entre países. No nível institucional também é possível, no qual os critérios de pertença dos membros são estabelecidos e a partir desses definido quem é membro (incluído) e quem está fora (excluído). Ao nível das relações interpessoais, exclusão ocorre quando uma pessoa exclui outra, negando-lhe a possibilidade de estabelecer um relacionamento e, ao nível intrapessoal (autoexclusão), a exclusão ocorre quando o próprio indivíduo cognitiva e emocionalmente não considera a possibilidade de se incluir em outros relacionamentos (ABRAMS; HOGG; MARQUES, 2005).

Diferentes formas de exclusão e inclusão operam nas relações, indo de formas mais abstratas, como ideologias sociais, convenções morais e princípios, a modos mais específicos, como os processos de categorização, que se configuram como formas de exclusão, uma vez que o ato de atribuir pessoas a diferentes categorias sociais envolve inclusão e exclusão de membros de um ou outro grupo, em função das características compartilhadas (ABRAMS; HOGG; MARQUES, 2005).

(39)

tentando ganhar algo, outra pessoa em algum outro grupo está tentando proteger algo. No meio desse e de outros desafios, o imperativo de lidar com essas diferenças de maneiras novas e criativas permanece. A partir de uma visão inclusiva da diversidade, o foco das ações deve se concentrar na busca da ampliação dos recursos disponíveis, a fim de que todos possam se beneficiar deles. A direção de um pensamento mais sofisticado acerca da diversidade está na busca da construção de um espaço em que todos se encaixem (DAVIDSON; FERDMAN, 2001).

Até o momento o tema inclusão foi aqui conceituado e discutido como um senso psicológico e experiência subjetiva de pertencimento a um determinado grupo social. A Psicologia Social tem dado também um amplo enfoque à exclusão social, tema que, de acordo com Sawaia (2006), é complexo e contraditório. Nas análises da desigualdade social, a exclusão é tratada como sinônimo de pobreza, quando abordada sob o enfoque econômico; ao centrá-la na questão social, o conceito de discriminação é privilegiado; ainda para Sawaia, a injustiça social é o escopo fundamental de análise da exclusão. Jodelet (2006) considera que o único nível de abordagem da exclusão em que a unanimidade pode fazer sentido é quando se atenta para as interações entre pessoas e entre grupos, nos quais os indivíduos se põem como agentes ou como vítimas, sendo próprio à Psicologia Social atentar-se a esse nível de detalhe.

Processos sociais excludentes remontam ao Brasil colônia (VERAS, 2006), havendo uma coincidência entre pobreza e raça desde os tempos da escravidão, podendo-se notar que ao longo da história tem sido negado aos negros a oportunidade de sair da miséria (SMANIO; BERTOLIN, 2013). Wanderley (2006) assinala que na compreensão contemporânea de pobreza, exclusão e pobreza estão associadas, apresentando-se como duas faces de uma mesma moeda, estando vinculada às desigualdades e, especialmente, à privação de poder e de representação.

Sawaia (2006) argumenta que a inclusão e a exclusão são duas faces de velhos problemas sociais – a desigualdade social, a injustiça e a exploração, sendo necessário que as formas de expropriação humana sejam expostas e analisadas, para que se conheça o sofrimento ético-político vivenciado por aqueles que se veem impedidos de exercer, mesmo que de forma parcial, seu potencial humano. Acerca dessa experiência, Gonçalves Filho (1998) aborda a humilhação social sofrida pelos pobres, fenômeno histórico decorrente da desigualdade política, que se coloca como uma modalidade de angústia disparada pelo enigma da desigualdade de classes e que torna o humilhado impedido de vivenciar a sua humanidade.

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Tabela 1: Dissertações e Teses por ano de publicação
Tabela 2: Distribuição da Produção Acadêmica por Regiões
Tabela 3: Distribuição de teses e dissertações por área de estudo
Gráfico 1: Vagas ofertadas em São Paulo e no Brasil de 2005 a 2013  Fonte: MEC/2014 (elaborado pela autora)
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Referências

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