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Análise de instrumentos de medida de coesão em equipes de software: confiabilidade, validade e concordância entre avaliadores

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(1)

Análise de Instrumentos de Medida de Coesão

em Equipes de Software: Confiabilidade,

Validade e Concordância entre Avaliadores

Por

Ivanildo Monteiro de Azevedo

Dissertação de Mestrado

Universidade Federal de Pernambuco posgraduacao@cin.ufpe.br www.cin.ufpe.br/~posgraduacao

RECIFE - PE, SETEMBRO/2013

(2)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE INFORMÁTICA

PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

Ivanildo Monteiro de Azevedo

Análise de Instrumentos de Medida de Coesão

em Equipes de Software: Confiabilidade,

Validade e Concordância entre Avaliadores

Este trabalho foi apresentado à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciência da Computação.

ORIENTADOR: Prof. Fabio Queda Bueno da Silva, PhD

(3)

Catalogação na fonte

Bibliotecária Jane Souto Maior, CRB4-571

Azevedo, Ivanildo Monteiro de

Análise de instrumentos de medida de coesão em equipes de software: confiabilidade, validade e concordância entre avaliadores / Ivanildo Monteiro de Azevedo. - Recife: O Autor, 2013.

xiv, 158 f.: il., tab., gráf., quadro

Orientador: Fabio Queda Bueno da Silva.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. CIn, Ciência da Computação, 2013.

Inclui referências, anexo e apêndice.

1. Engenharia de Software. 2. Aspectos Humanos. I. Silva, Fabio Queda Bueno da (orientador). II. Título.

(4)

Dissertação de Mestrado apresentada por Ivanildo Monteiro de Azevedo à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco, sob o título “Análise de Instrumentos de Medida de Coesão em Equipes de

Software: Confiabilidade, Validade e Concordância entre Avaliadores” orientada pelo Prof. Fabio Queda Bueno da Silva e aprovada pela Banca Examinadora formada pelos

professores:

______________________________________________ Prof. Sérgio Castelo Branco Soares

Centro de Informática / UFPE

______________________________________________ Prof. Jones Oliveira de Albuquerque

Departamento de Estatística e Informática /UFRPE

_______________________________________________ Prof. Fabio Queda Bueno da Silva

Centro de Informática / UFPE

Visto e permitida a impressão. Recife, 6 de setembro de 2013.

___________________________________________________

Prof. Edna Natividade da Silva Barros

Coordenador da Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco.

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Dedico este trabalho às duas pessoas mais importantes na minha vida, Ana Paula, minha querida esposa, e Vandinho, meu querido filho, por serem a principal motivação para alcançar meus objetivos.

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me concedido dois grandes milagres que me fortaleceram, e sem eles talvez eu não estivesse escrevendo estes agradecimentos. O primeiro foi o meu grave acidente de carro, em agosto de 2012, quando estava iniciando o desenvolvimento desta pesquisa, e que saí ileso, e o segundo após o nascimento de meu filho, ocasião em que quase o perdíamos, em fevereiro de 2013, em pleno desenvolvimento desta investigação.

Em minha vida pessoal e sentimental, agradeço primeiramente a minha querida vó, Francisca Soares de Azevedo, aos meus pais, Advanildo Soares de Azevedo e Telma Maria Monteiro, pela força que sempre me foi dada para seguir com perseverança na obtenção de meus objetivos, e porque sem eles, eu não seria quem sou.

A Ana Paula Lins Ferreira de Vasconcelos, minha esposa, pelo carinho, amor e respeito dedicados a mim e em especial pela motivação quando eu pensava em desistir desta dissertação, me ajudando a não “deixar a bola cair”.

Aos meus entes queridos (irmãos, tios, primos, sogros, cunhados e sobrinhos), de perto e de longe, que nestes dois anos procuraram conviver com a minha ausência, sem deixar de me dar forças para a conclusão desta pesquisa.

Aos amigos que sempre estiveram presentes, na minha vida acadêmica (Dener, Chaulet, Lenin, Selleri, Acelmo) que me deram forças e contribuições para a conclusão deste trabalho. Além todos do grupo HASE e em especial aos que também deram suas contribuições (César, Alysson, Tatiana, Fernanda, Kamei). Agradeço ainda aos amigos de fora da academia (Lenize, Edeir, Rebeca, Roberto, Tatiane, Daniele, Lucélia, Fernanda) que sempre pediam em suas orações para que eu conseguisse concluir minha dissertação.

Quero agradecer em especial ao meu orientador, Fabio Queda Bueno da Silva, pelas orientações na hora certa, e que apesar da distância, por eu estar no Mato Grosso, foi fundamental no desenvolvimento desta dissertação. Deixo aqui minha grande admiração pelo grande professor e pesquisador que ele é.

A todos os meus colegas de trabalho e professores da UNEMAT, que apesar da distância, sempre torceram por mim.

(7)

“O pensamento lógico puro não pode nos proporcionar qualquer conhecimento do mundo empírico. Todo conhecimento da realidade nasce da experiência e se completa nela. As proposições a que se chega através de meios puramente lógicos

são completamente desprovidas de

realidade.”

(8)

RESUMO ESTRUTURADO

Contexto: Nas últimas décadas é crescente a importância que se tem dado ao

estudo do construto coesão de equipes, dada sua reconhecida influência nos fatores comportamentais e nos processos de equipes de trabalho em diversas áreas (e.g., manutenção, efetividade, desempenho, rotatividade voluntária, entre outras). Deste modo, revela-se a necessidade de investigação do quão confiáveis e válidos são os instrumentos utilizados para mensurar este construto, em especial instrumentos que possam ser aplicados na área de Engenharia de Software, tendo em vista que o assunto tem recebido pouca atenção no contexto de equipes de desenvolvimento de software.

Objetivo: Este trabalho tem como objetivo realizar uma avaliação das propriedades

psicométricas dos instrumentos: Perceived Cohesion Scale (PCS) e o Group

Environment Questionnaire (GEQ), sendo analisada a confiabilidade e a validade de

construto destas escalas, além da análise do índice de acordo entre os membros destas equipes, para ambas as métricas.

Método: Para o desenvolvimento deste estudo, primeiramente foi realizada uma

pesquisa bibliográfica buscando identificar as principais escalas utilizadas para mensurar a coesão de equipes. Em seguida, realizou-se um levantamento, utilizando a Pesquisa de Campo (ou survey) como método de pesquisa, que envolveu 84 profissionais, referentes a 19 equipes de desenvolvimento de software, provenientes de 4 coletas de dados em 3 empresas distintas, localizadas no Brasil (duas empresas) e no Canadá (uma empresa). A partir dos dados coletados foram realizados testes estatísticos que possibilitaram avaliar as propriedades psicométricas das escalas através da análise da confiabilidade e validade de construto, além de fornecer uma visão sobre o grau de concordância das respostas dos membros das equipes, entre si.

Resultados: Os resultados apontaram que ambas as escalas (PCS e GEQ)

possuem alta confiabilidade. O GEQ apresentou ter validade de construto, tendo em vista que revelou possuir validade convergente e discriminante, no entanto o PCS não passou por tal avaliação, em virtude da ausência de dados para confrontar tais validades. Para o instrumento PCS, o índice de concordância revelou forte acordo entre os membros das equipes, em ambas as dimensões. A escala GEQ, por sua vez, apresentou forte concordância para ambas as dimensões agrupadas (AI e IG), no entanto quanto às dimensões segmentadas, tal hipótese só pôde ser confirmada para uma delas: IG-T.

Conclusões: Através das análises estatísticas identificou-se a necessidade de uma

avaliação mais profunda em alguns dos itens das escalas (AIT2, AIS3, SM3), por terem se mostrado problemáticos. Contudo, ainda assim considera-se que ambas as escalas tenham apresentado resultados satisfatórios para os testes em que foram submetidas, de modo a serem consideradas escalas confiáveis e, no caso do GEQ, com resultados válidos.

Palavras-chave: Coesão de Equipes; Engenharia de Software; Group Environment

Questionnaire (GEQ); Perceived Cohesion Scale (PCS); Avaliação das Propriedades

(9)

STRUCTURED ABSTRACT

Background: In recent decades the importance that has been given to the study of

team cohesion construct is increasing, given its recognized influence on behavioral factors and processes of work teams in several areas (e.g., maintenance, effectiveness, performance, voluntary turnover, among other). Thus, is revealed the need for research on how reliable and valid are the instruments used to measure this construct, especially instruments that can be applied in the Software Engineering area, given that the subject has received little attention in the context of software development teams.

Objective: This study aims to conduct an assessment of the psychometric properties

of the instruments: Perceived Cohesion Scale (PCS) and Group Environment Questionnaire (GEQ), and to analyze the reliability and construct validity of these scales, as well as analysis of the index of agreement between the members of these teams, for both metrics.

Method: For the development of this study was first conducted a literature search in

order to identify the major scales used for measuring the cohesion of teams. Then, we carried out a survey using the Field Research as research method, which involved 84 professionals, 19 teams regarding software development, from 4 data collections in 3 separate companies located in Brazil (two companies) and Canada (one company). From the data collected statistical tests were performed that allowed to evaluate the psychometric properties of the scales by examining the reliability and construct validity, as well as providing an insight into the degree of agreement between responses of team members, among themselves.

Results: The results showed that both scales (PCS and GEQ) have high reliability.

The GEQ presented have construct validity, given that revealed possess convergent and discriminant validity. However the PCS has not undergone such an assessment, because of the lack of data to confront such validity. For the PCS instrument, the concordance index showed a strong agreement between the team members in both dimensions. The GEQ scale, in turn, showed strong agreement for both grouped dimensions (ATG and GI), however for the segmented dimensions, this hypothesis could only be confirmed for one: GI-T.

Conclusions: Through statistical analysis it was identified the need for further

evaluation in some of the items of the scales (AIT2, AIS3, SM3), because they have been shown to be problematic. However, still it is considered that both scales have shown satisfactory results for the tests they were subjected in order to be considered reliable scales and in the GEQ case with valid results.

Keywords: Team Cohesion; Software Engineering; Group Environment

Questionnaire (GEQ); Perceived Cohesion Scale (PCS), Evaluation of Psychometric Properties.

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Coeficientes Alfa de Cronbach do GEQ ... 51

Tabela 2.2 - Coeficientes Alfa de Cronbach do PCS ... 53

Tabela 4.3 - Distribuição dos sujeitos participantes ... 70

Tabela 4.4 - Distribuição das equipes dos conjuntos de dados ... 72

Tabela 4.5 - Nível de coesão das equipes ... 74

Tabela 4.6 - Ranking geral e por conjunto de dados da coesão das equipes ... 75

Tabela 4.7 - Comparativo de divisão das equipes pelo nível de coesão ... 76

Tabela 4.8 - Dados para o teste de hipóteses através do SPSS... 78

Tabela 4.9 - Coeficiente Alfa de Cronbach do GEQ ... 80

Tabela 4.10 - Análise item a item do GEQ para todos os conjuntos de dados ... 81

Tabela 4.11 - Média das Correlações Item-Total da Tabela 4.10 ... 83

Tabela 4.12 - Coeficiente Alfa de Cronbach das dimensões do GEQ ... 85

Tabela 4.13 - Análise item a item das dimensões AI, AI-S e AI-T do conjunto SU .... 87

Tabela 4.14 - Análise da dimensão segmentada IG-T e dimensão T do conj. SU .... 88

Tabela 4.15 - Análise item a item das dimensões AI do conjunto JS ... 89

Tabela 4.16 - Análise item a item da dimensão IG-T do conjunto CN ... 90

Tabela 4.17 - Dimensão agrupada AI de todos os conjuntos de dados ... 92

Tabela 4.18 - Diferenças e postos para o teste de Wilcoxon - QP1 ... 94

Tabela 4.19 - Coeficiente Alfa de Cronbach do PCS ... 95

Tabela 4.20 - Análise item a item do PCS para todos os conjuntos de dados ... 96

Tabela 4.21 - Coeficiente Alfa de Cronbach das dimensões do PCS ... 98

Tabela 4.22 - Respostas do conjunto JS à dimensão SM do PCS ... 100

Tabela 4.23 - Análise da dimensão SM de todos os conjuntos de dados ... 101

Tabela 4.24 - Análise da dimensão SP de todos os conjuntos de dados ... 102

Tabela 4.25 - Diferenças e postos para o teste de Wilcoxon - QP2 ... 106

Tabela 4.26- Correlações significantes intradimensionais no GEQ ... 109

Tabela 4.27 - Significância das correlações entre os itens do GEQ ... 110

(11)

Tabela 4.29 - Índice de Acordo para as dimensões do GEQ ... 114

Tabela 4.30 - Respostas dos membros da equipe CN2 e SD7 ... 115

Tabela 4.31 - Diferenças e postos para o teste de Wilcoxon - QP4 - AI-T GEQ ... 118

Tabela 4.32 - Diferenças e postos para o teste de Wilcoxon - QP4 - AI-S - GEQ ... 120

Tabela 4.33 - Diferenças e postos para o teste de Wilcoxon - QP4 - IG-T - GEQ ... 121

Tabela 4.34 - Diferenças e postos para o teste de Wilcoxon - QP4 - IG-S - GEQ .. 123

Tabela 4.35 - Diferenças e postos para o teste de Wilcoxon - QP4 - AI - GEQ ... 125

Tabela 4.36 - Diferenças e postos para o teste de Wilcoxon - QP4 - IG - GEQ ... 126

Tabela 4.37 - Índice de Acordo para as dimensões do PCS ... 129

Tabela 4.38 - Respostas dos membros das equipes CN2 e JS4 ... 130

Tabela 4.39 - Diferenças e postos para o teste de Wilcoxon - QP4 - SP PCS ... 132

Tabela 4.40 - Diferenças e postos para o teste de Wilcoxon - QP4 - SM PCS ... 134

Tabela A.41 - Valores críticos do intervalo para o teste bicaudal de Wilcoxon ... 157

(12)

LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 - Group Environment Questionnaire (GEQ) ... 37

Quadro 2.2 - Análise da operacionalização do GEQ ... 39

Quadro 2.3 - Perceived Cohesion Scale (PCS) ... 43

Quadro 2.4 - Uso do PCS ... 45

Quadro 2.5 - Aplicações conjunta das escalas GEQ e PCS ... 47

Quadro 3.6 - Classificação da pesquisa ... 56

Quadro 3.7 - Conjuntos de agrupamentos dos itens do GEQ ... 60

Quadro 3.8 - Intervalo de pontuação do GEQ e PCS ... 61

Quadro 3.9 - Limites para o α ... 65

Quadro 3.10 - Magnitude das correlações significativas ... 67

Quadro 3.11 - Interpretação das estimativas de concordância (IRA) ... 69

Quadro 4.12 - Hipóteses GEQ vs PCS ... 78

Quadro 4.13 - Saída do SPSS: correlação entre os resultados do GEQ e PCS ... 79

Quadro 4.14 - Hipóteses QP1 ... 93

Quadro 4.15 - Hipóteses QP2 ... 105

Quadro 4.16 - Hipóteses QP4 - GEQ ... 117

Quadro 4.17 - Resultados dos testes de hipóteses para o GEQ ... 128

Quadro 4.18 - Hipóteses QP4 - PCS ... 132

Quadro A.19 - Critérios para rejeição da H0 para a distribuição bicaudal... 157

(13)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 4.1 - Gênero dos sujeitos participantes ... 72

Gráfico 4.2 - Alfa de Cronbach do GEQ ... 85

Gráfico 4.3 - Teste de hipóteses da QP1 ... 94

Gráfico 4.4 - Alfa de Cronbach do PCS ... 99

Gráfico 4.5 - Teste de hipóteses da QP2 ... 106

Gráfico 4.6 - Teste de hipóteses da QP4 - AI-T - GEQ ... 119

Gráfico 4.7 - Teste de hipóteses da QP4 - AI-S - GEQ ... 120

Gráfico 4.8 - Teste de hipóteses da QP4 - IG-T - GEQ ... 122

Gráfico 4.9 - Teste de hipóteses da QP4 - IG-S - GEQ ... 124

Gráfico 4.10 - Teste de hipóteses da QP4 - AI - GEQ ... 125

Gráfico 4.11 - Teste de hipóteses da QP4 - IG - GEQ ... 127

Gráfico 4.12 - Teste de hipóteses da QP4 - SP - PCS ... 133

(14)

LISTA DE ABREVIATURAS/ACRÔNIMOS

AI Atração Individual para o Grupo

AI-S Atração Individual para o Grupo - Social AI-T Atração Individual para o Grupo - Tarefa CIT Correlação Item-Total

ES Engenharia de Software

GEQ Group Environment Questionnaire

gl Graus de Liberdade IG Integração do Grupo

IG-S Integração do Grupo - Social IG-T Integração do Grupo - Tarefa MS Mapeamento Sistemático

OCI Organizational Cohesion Inventory

PCS Perceived Cohesion Scale

S Social SI Sistemas de Informação SM Sentimento de Moral SP Sensação de Pertencimento T Tarefa TI Tecnologia da Informação

(15)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 15 1.1 Contexto e motivação ... 15 1.2 Enfoque do estudo ... 18 1.3 Problema de pesquisa ... 18 1.4 Questões de Pesquisa ... 18 1.5 Hipóteses de pesquisa ... 19 1.6 Objetivos ... 19 1.6.1 Objetivo do estudo ... 19 1.6.1.1 Objetivos secundários ... 20 1.7 Estrutura do trabalho ... 20 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 21 2.1 Equipes ... 21

2.1.1 Conceito de equipe adotado nesta pesquisa ... 22

2.2 Coesão ... 23

2.2.1 Coesão de equipes ... 24

2.2.1.1 O Interesse pelo estudo da coesão de equipes ... 24

2.2.1.2 Definições do construto coesão ... 26

2.2.2 Operacionalização do construto coesão ... 28

2.2.2.1 Problemas quanto à operacionalização e mensuração da coesão ... 29

2.2.3 Instrumentos para mensurar a coesão ... 30

2.2.3.1 Group Environment Questionnaire (GEQ) ... 33

2.2.3.2 Perceived Cohesion Scale (PCS) ... 40

2.2.3.3 GEQ e PCS ... 46

2.3 Avaliação das propriedades psicométricas de instrumentos ... 47

2.3.1 Confiabilidade ... 48

2.3.1.1 Consistência interna ... 49

2.3.1.2 GEQ e PCS ... 51

2.3.2 Validade de Construto ... 53

2.3.2.1 Análise Fatorial Exploratória e Confirmatória... 54

2.3.2.2 Validade Convergente e Discriminante ... 54

(16)

3 METODOLOGIA ... 56

3.1 Classificação da pesquisa ... 56

3.2 Etapas da pesquisa ... 59

3.2.1 Cálculo do nível de coesão ... 62

3.2.2 Testes estatísticos ... 63

3.2.2.1 Confiabilidade e validade de construto dos instrumentos ... 63

3.2.2.2 Correlação Item-Total (CIT) ... 65

3.2.2.3 Teste de Soma de Postos de Wilcoxon ... 66

3.2.2.4 Coeficiente de Correlação de Spearman ... 67

3.2.2.5 Índice de Acordo (Interrater Agreement - IRA) ... 68

3.2.3 Tratamento dos dados ... 69

4 RESULTADOS ... 70

4.1 Análise e discussão dos resultados ... 70

4.1.1 Visão geral do processo e da amostra ... 70

4.1.1.1 Da amostra ... 70

4.2 Nível de coesão das equipes ... 73

4.2.1 Similaridade entre os índices de coesão obtidos com o GEQ e PCS ... 77

4.3 Respostas às Questões de Pesquisa ... 79

4.3.1 QP1: Qual a confiabilidade dos resultados obtidos com o GEQ? ... 80

4.3.1.1 GEQ completo ... 80

4.3.1.2 Alfa de Cronbach por dimensão ... 84

4.3.1.3 Visão geral das análises ... 90

4.3.1.4 Teste de hipóteses ... 93

4.3.2 QP2: Qual a confiabilidade dos resultados obtidos com o PCS? ... 95

4.3.2.1 PCS completo ... 95

4.3.2.2 Alfa de Cronbach por dimensão ... 97

4.3.2.3 Visão geral das análises ... 103

4.3.2.4 Teste de hipóteses ... 105

4.3.3 QP3: As escalas analisadas possuem validade de construto? ... 107

4.3.3.1 Validade de construto do GEQ ... 107

4.3.3.2 Visão geral das análises ... 111

4.3.3.3 Validade de construto do PCS ... 112

4.3.4 QP4: A coesão da equipe é vista do mesmo modo por todos os ... 113

4.3.4.1 Análise da concordância das respostas do GEQ ... 113

(17)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 137

5.1 Limitações e ameaças à validade ... 137

5.2 Trabalhos Futuros ... 138

5.3 Conclusões ... 139

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 141

Apêndice A - Escala utilizada para coleta de dados - GEQ e PCS ... 149

Apêndice B - Divisão das questões do instrumento aplicado ... 150

Apêndice C - Dados coletados ... 152

Apêndice D - Correlações dos itens das dimensões do GEQ ... 155

Apêndice E - Correlação dos itens das dimensões do PCS entre si e ... 156

(18)

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contexto e motivação

Por volta da década de 1950, houve uma crescente atenção dedicada ao estudo da construção e do funcionamento de pequenos grupos. Alguns sociólogos iniciaram e realizaram pesquisas, que tinham como foco levantar teorias específicas e hipóteses sobre grupos, e isso levantou linhas de pesquisas que precisavam investigar problemas relacionados aos grupos (GROSS; MARTIN, 1952).

Na área de desenvolvimento de software, ocorreu um processo de separação dos procedimentos de trabalho, havendo assim uma segmentação das atividades a serem cumpridas. Em decorrência desta divisão de tarefas, houve a necessidade de que mais pessoas viessem a trabalhar em prol de um único projeto, de tal modo que o agrupamento destes vários indivíduos trabalhando em torno de uma única atividade fim os fez tornarem-se uma equipe.

O construto utilizado para representar a ligação existente dentro de uma dada equipe é a coesão, que, de um modo geral, pode ser definida como se tratando de “[...] um processo dinâmico que se reflete na tendência de um grupo para ficar junto e permanecer unido na busca de seus objetivos instrumentais e/ou para a satisfação das necessidades afetivas dos membros [...]” (CARRON et al., 1998, p. 213 apud CARRON; BRAWLEY, 2000, p. 94, tradução nossa). Carron e Brawley (2000) defendem que esta definição reflete a coesão da maneira como ela tende a se manifestar na maioria das equipes, tais como equipes esportivas, unidades militares, grupos de trabalho, grupos de fraternidade, e até mesmo em grupos sociais e de amizade. Sob este ponto de vista, no âmbito do desenvolvimento de software, uma variável considerada importante para os aspectos humanos em uma equipe é a coesão, que inicialmente era vista apenas como algo que fazia as pessoas permanecerem unidas, de tal modo que este sentimento era considerado um fator preocupante a ser pesquisado.

A importância da coesão de equipes é vista com base nos benefícios relacionados à este construto, pois segundo Da Silva (2010, p. 10), “[...] grupos

(19)

altamente coesos têm sido relacionados com um número maior de soluções de alta qualidade para problema complexos e melhores resultados em termos de qualidade técnica, orçamento e desempenho em geral [...]”. ()

Sugere-se que o construto coesão seja um indicador geral do processo intragrupo, sendo considerada “[...] uma característica fundamental para as equipes serem bem sucedidas. [...]”. Identificou-se ainda, que equipes coesas têm melhor comunicação, coordenação, motivação, moral, produtividade, satisfação com o trabalho e vontade de se esforçar em tarefas grupais (HOEGL; GEMUENDEN, 2001; KARAU;WILLIAMS, 1997; LOTT; LOTT, 1961 apud MICHALISIN; KARAU; TANGPONG, 2007; SHIN; PARK, 2009; PRIKLADNICKI; AUDY, 2008, p. 66).

Dada a sua importância, a buscar por definir e operacionalizar a coesão tornou-se objetivo de vários autores em diversas áreas (CARRON; HAUSENBLAS, 1998 apud CARRON; BRAWLEY, 2000). Exemplos disso são os estudos realizados por Jones e Harrison (1996) com uma amostra composta por equipes de desenvolvimento de software, Dyce e Cornell (1996), com grupos musicais, os estudos de Carless, na década de 2000, com equipes de trabalho e os estudos de Schutz et al., em 1994, com equipes desportivas (CARRON; BRAWLEY, 2000).

No entanto, apesar de uma vasta gama de pesquisas estudarem o construto coesão, nas mais diversas áreas, foi observada a existência de inconsistências, pois há estudos que não fornecem informações úteis relacionadas à validade do modelo conceitual, porque estes autores não consideraram a natureza (estrutura) da coesão do grupo nos contextos estudados, o que pode se resumir em mensurações fracas que empobrecem as pesquisas, podendo até torná-las inválidas, tendo em vista que investigações tornam-se inadequadas quando não existe correlação entre a conceitualização e a operacionalização do construto (KERLINGER, 1973 apud CARRON; BRAWLEY, 2000) (GROSS; MARTIN, 1952).

A análise dos instrumentos ora aplicados em pesquisas, com o intuito de avaliar o nível de coesão, faz-se necessária pela importância do construto coesão para as equipes, isso porque, para estudar este construto, deve-se utilizar instrumentos adequados que visem identificar o quão coesa é a equipe estudada. Tal afirmação quanto ao nível de coesão de uma equipe só é possível em se

(20)

tratando de escalas, pois “Somente as escalas possuem propriedades psicométricas estabelecidas e, portanto, somente elas podem ser utilizadas para se medir o grau de um construto em uma amostra. Um simples questionário, [...] não pode ser utilizado para este fim[...]” (BANDEIRA, 2009, p. 9).

[...] A análise dos dados de uma pesquisa vai ser diferente, portanto, se usarmos um questionário ou se usarmos uma escala. No primeiro caso, a única análise de dados que podemos fazer é calcular a porcentagem de pessoas que responderam positivamente as questões[...]. Por outro lado, se utilizamos uma escala, podemos calcular a média do grau de satisfação de um grupo de sujeitos e podemos também comparar esta média com a de outro grupo que nos interesse. (BANDEIRA, 2009, p. 9)

A escolha por utilizar o GEQ (Group Environment Questionnaire) e PCS (Perceived Cohesion Scale) foi feita devido à credibilidade dos resultados que outras pesquisas obtiveram através destas escalas. Há de se considerar que em ambas as escalas o construto coesão foi adequadamente operacionalizado, e tais instrumentos são amplamente utilizados nas mais diversas áreas, inclusive em pesquisas cujos participantes são membros de equipes de desenvolvimento de software.

No âmbito atual, foi verificado que há uma quantidade minoritária de estudos empíricos cujo foco é analisar a coesão de equipes, pois muitas das pesquisas identificadas têm a coesão como uma variável secundária, que causa influência sobre a variável objeto de pesquisa, por exemplo. Além disso, constatou-se uma quantidade ainda menor de estudos que abordem a coesão em equipes de desenvolvimento de software (DE VASCONCELOS, 2012).

Observou-se ainda, que há um fator que não deve ser descartado, e este se refere quanto à abrangência dos estudos que dão origem aos instrumentos adotados, pois em sua grande maioria, tais estudos fontes, são voltados as áreas das Ciências Sociais e da Psicologia, ressaltando-se ainda que grande parte dessas pesquisas estudam a coesão de equipes esportivas.

Diante do exposto, observa-se a importância da realização de pesquisas, que busquem analisar o construto coesão, através de escalas confiáveis, visando de tal modo a obter resultados mais próximos possível da realidade da população estudada, tendo em vista o quão inexplorado é o estudo da coesão no contexto de equipes de desenvolvimento de software.

(21)

1.2 Enfoque do estudo

O foco desta investigação está voltado a uma análise teórica e prática de dois instrumentos, previamente aplicados com o intuito de avaliar o nível de coesão das equipes. É considerado ainda o fato de que há estudos publicados que relatam o uso destas escalas no contexto de equipes de desenvolvimento de software, como Jones e Harrison (1996) e Wellington, Briggs e Girard (2005a; 2005b).

1.3 Problema de pesquisa

Dada a importância do construto coesão para as mais diversas áreas que lidam com grupos, assim como a Engenharia de Software, surge a necessidade de se analisar comparativamente dois instrumentos: Perceived Cohesion Scale (PCS) e

Group Environment Questionnaire (GEQ). Estes instrumentos estão dentre os mais

amplamente utilizados com o propósito de avaliar o nível de coesão das equipes, através da aplicação, análise e comparação dos resultados, de tal modo que seja possível avaliar similaridades e/ou diferenças entre estas duas operacionalizações do construto coesão. Sob este ponto de vista, objetiva-se responder às Questões de Pesquisa (QPs) elencadas na subseção a seguir.

1.4 Questões de Pesquisa

Baseando-se nos resultados que serão obtidos através da aplicação dos dois instrumentos (GEQ e PCS), levantar-se-á dados que vão apontar o quão coesas são as equipes estudadas, de tal modo que seja possível analisar a existência de evidências que venham a responder as seguintes Questões de Pesquisa (QPs):

QP1: Qual a confiabilidade dos resultados obtidos com o GEQ? QP2: Qual a confiabilidade dos resultados obtidos com o PCS? QP3: As escalas analisadas possuem validade de construto?

(22)

1.5 Hipóteses de pesquisa

 Os índices de coesão obtidos através do GEQ e PCS são semelhantes.  O instrumento GEQ apresenta alta consistência interna.

 O instrumento PCS apresenta alta consistência interna.

 As respostas obtidas através do GEQ revelam uma forte concordância entre as respostas dadas pelos membros das equipes.

 As respostas obtidas através do PCS revelam uma forte concordância entre as respostas dadas pelos membros das equipes.

 Levando-se em consideração que a coesão é um construto compartilhado entre os membros da equipe, espera-se que haja uma forte concordância entre as respostas assinaladas (itens-Likert) pelos membros de uma mesma equipe.

 Um membro individual apresenta uma medida de coesão significativamente representante do nível de coesão da equipe.

1.6 Objetivos

1.6.1 Objetivo do estudo

Realizar uma avaliação comparativa entre as escalas: Perceived Cohesion

Scale (PCS) e Group Environment Questionnaire (GEQ) no nível teórico e prático.

No nível teórico, tem-se por objetivo estudar a origem e definição do construto coesão, sob o ponto de vista das teorias que compõem as escalas foco deste estudo, além de posicionar as diferenças e similaridades entre os construtos.

No nível prático, deseja-se analisar as diferenças e similaridades das medidas de coesão utilizando os dois instrumentos supracitados (GEQ e PCS), sob o ponto de vista das definições abordadas no nível teórico e, olhando para cada caso individualmente, com o objetivo de apresentar explicações para as diferenças, através de uma amostra composta por quatro conjuntos de dados, provenientes de três empresas e dezenove equipes.

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1.6.1.1 Objetivos secundários

 Realizar um estudo bibliográfico para analisar conceitos e aplicações da teoria do PCS (Perceived Cohesion Scale) e do GEQ (Group Environment Questionnaire);  Descrever as teorias que embasam tais instrumentos (PCS e GEQ);

 Comparar o PCS e o GEQ sob o ponto de vista teórico e aplicações práticas;  Aplicar os instrumentos em diversas equipes de desenvolvimento de software

provenientes de diferentes empresas de software;

 Analisar os resultados do PCS e GEQ, através dos dados coletados em campo.

1.7 Estrutura do trabalho

Com o intuito de garantir o cumprimento do planejamento realizado para esta pesquisa, assim como responder às Questões de Pesquisa propostas, deste ponto em diante este estudo estará estruturado da seguinte maneira:

O segundo capítulo, denominado Referencial Teórico, tem o objetivo de familiarizar o leitor ao apresentar conceitos relevantes que serão utilizados no decorrer desta pesquisa.

O terceiro capítulo, Metodologia, busca apresentar os aspectos metodológicos utilizados para a execução desta pesquisa, expondo as técnicas e estatísticas que foram aplicadas para obtenção dos resultados e conclusões relatadas, assim como o detalhamento do método de abordagem utilizado, natureza dos dados, métodos de procedimento, testes estatísticos aplicados, assim como as etapas do processo para execução da pesquisa.

No capítulo de Resultados, quarto capítulo, serão apresentados os resultados obtidos com o intuito de responder as Questões de Pesquisa propostas.

O quinto capítulo, Considerações Finais, é composto por três importantes seções: Limitações e ameaças à validade, Trabalhos futuros e Conclusões. O objetivo deste capítulo é sumarizar os resultados obtidos, além de os pressupostos e hipóteses com o intuito de embasar as conclusões apresentadas.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O presente capítulo tem por objetivo dar o embasamento teórico necessário para o desenvolvimento desta pesquisa, ao apresentar conceitos importantes que têm relação direta com o foco de estudo.

2.1 Equipes

O ser humano, desde os tempos mais remotos, sentia a necessidade de viver em grupos para garantir sua sobrevivência, por tal motivo ao longo do tempo o próprio homem começou a investigar sua forma de viver em grupo, o que deu origem à sociologia, dando-se então mais importância ao estudo de grupos (GROSS; MARTIN, 1952). Segundo Jones e Harrison (1996, p. 57, tradução nossa), “[...] As equipes de projeto são, por definição, um tipo de grupo. [...]”, e é por tal motivo que se dá a importância do estudo deste termo para esta pesquisa, tendo em vista que a unidade de análise em projetos de engenharia de software são os grupos.

Esclarece-se que esta pesquisa segue a linha de pensamento de autores como Cohen e Bailey (1997) e Wellington, Briggs e Girard (2005a), onde os termos equipe e grupo compreendem o mesmo sentido de conceito. Isso porque aceita-se que uma equipe não seja apenas um grupo de pessoas, há a importância de que uma equipe seja um conjunto de pessoas que dividam a mesma identidade e tenham o mesmo escopo (WELLINGTON; BRIGGS; GIRARD, 2005a).

Embora muitas conceituações busquem definir este termo, “[...] Vários autores sugerem que o termo ‘equipe’ deve ser reservado para aqueles grupos que apresentam altos níveis de interdependência e integração entre os membros[...]” (POWEL; PICCOLO; IVES, 2004, p. 7, tradução nossa). Espera-se também que os membros do conjunto denominado equipe apresentem interdependência mútua quanto aos resultados e execução das tarefas, e que estejam reunidos com o foco em uma determinada tarefa, meta ou objetivo, além de apresentar uma constante interação (KATZENBACH; SMITH, 2001 apud ACUÑA; GÓMEZ; JURISTO, 2009). ()

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2.1.1 Conceito de equipe adotado nesta pesquisa

Na literatura o termo grupo é utilizado para representar os mais variados conjuntos sociais, que não condizem com o tipo de grupo alvo para este estudo. Deste modo, admite-se que nos termos desta pesquisa, é inadequado identificar como grupo um conjunto de agregados artificiais, como é o caso dos grupos estatísticos, cuja formação é realizada com base em uma propriedade em comum, tais como idade, sexo ou classe social. No entanto, o termo grupo também não será tratado na categoria de conjuntos desorganizados, como públicos ou multidões em proximidades físicas, que consequentemente, consiste em uma frequência de conjuntos de estímulos comuns (MCGRATH, 1984) (CARRON; BRAWLEY, 2000).

Seguindo os preceitos supracitados, a definição de grupo que fora adotada para esta pesquisa é a apresentada por Carron e Hausenblas (1998, p. 13-14 apud CARRON; BRAWLEY, 2000, p. 94, tradução nossa), que define um grupo como:

[...] os agregados sociais de dois ou mais indivíduos que possuem uma identidade comum, têm metas e objetivos comuns, compartilham um destino comum, apresentam padrões de interação estruturada e modos de comunicação, têm percepções comuns sobre a estrutura do grupo, são pessoal e instrumentalmente interdependentes, têm atração interpessoal recíproca e consideram-se um grupo. [...]

Embora seja considerada uma definição clássica, ela é vista como sendo ampla, clara e abrangente, definindo de maneira objetiva as equipes que serão unidade de análise desta pesquisa, as equipes de desenvolvimento de software. Desta maneira, deve-se ressaltar que quando os termos ‘equipe’ ou ‘grupo’ forem mencionados será no sentido descrito pela definição adotada.

Considera-se que os grupos sejam componentes que fazem parte da vida dos indivíduos, em decorrência da necessidade humana fundamental em pertencer a grupos e do desejo de apego interpessoal. Deste modo, observa-se que para que se compreenda a natureza da coesão dos grupos, primeiramente faz-se necessário a compreensão da natureza dos grupos, sendo que o inverso também é verdadeiro, tendo em vista que se um dado grupo existe, pode-se afirmar que um mínimo de coesão também está presente neste grupo (BAUMEISTER; LEARY, 1995 apud CARRON; BRAWLEY, 2000).

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2.2 Coesão

“A palavra coesão deriva da palavra Latina cohaesus, que significa ‘unir ou ficar juntos.’ [...]” (DION, 1990 apud DION, 2000, p. 7, tradução nossa, grifo do autor). Em áreas como a Física e Química, o termo coesão faz referência à força de ligação das moléculas, ou conjuntos delas, que age de tal modo com que uma substância mantenha-se unida. Já em áreas como Psicologia e Ciências Sociais, o termo coesão é utilizado para descrever o processo de manter unidos os membros de um dado grupo ou até mesmo entidade social, tais como unidades militares, organizações empresariais, grupos étnicos, ou até mesmo uma sociedade em si. Além disso, é verificado que para fazer referência ao termo coesão, “[...] Outros termos, como atração, moral, syntality e solidariedade, quando aplicados para grupos e organizações de vários tamanhos e seus membros, são também muitas vezes usados como sinônimos de coesão [...]”1

(DION, 1990 apud DION, 2000, p. 7, tradução nossa, grifo do autor).

Deve-se destacar que no âmbito da Engenharia de Software foi identificado o uso do termo “coesão” num contexto, que não possui qualquer relação aos aspectos humanos e equipes de desenvolvimento, pois refere-se à programação orientada a objetos. Esta coesão é definida como sendo “[...] uma medida da ligação dos elementos dentro de um único módulo. [...]” (EDER; KAPPEL; SCHREFL, 1994, p. 2, tradução nossa), em outras palavras, representa o nível de interação ou a força relativa de um módulo (MARTIN; MARTIN, 2011) (SAMPAIO, 2012).

Embora as definições supracitadas sejam procedentes de áreas diversas, observa-se que tais conceituações têm uma base comum à coesão no âmbito de equipes, pois verifica-se que a coesão onde quer que seja estudada refere-se à ligação ou elo que une algo, ou alguém, como é o caso da coesão de equipes, que é o foco desta pesquisa.

1 Não foi identificada tradução literal para o termo “syntality”, que refere-se ao “[...] comportamento

consistente e previsível de um grupo social [...]” (Mondofacto, 2010, p. 1, tradução nossa), em decorrência de “características comportamentais de um grupo, percebidas como paralelas a, ou inferida a partir da, estrutura de personalidade de um indivíduo.” (Dictionary.com, 2012, p. 1, tradução nossa).

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2.2.1 Coesão de equipes

2.2.1.1 O Interesse pelo estudo da coesão de equipes

Os trabalhos psicológicos do Século XX sobre coesão provêm, principalmente, das pesquisas iniciadas por Lewin no final dos anos de 1930, que lançou as bases para o conceito de coesão de grupo. Lewin acreditava que a coesão era a vontade que as pessoas tinham de ficarem juntas, sendo esta uma propriedade essencial de grupos, deste modo, desde a descoberta da importância do estudo da coesão de equipes, o crescimento do interesse pelo estudo deste construto se deu rapidamente, sendo que por volta de 1950 já eram contabilizadas inúmeras pesquisas relacionadas à coesão, inclusive de autores clássicos, tal como Seashore (DION, 2000) (SALISBURY; CARTE; CHIDAMBARAM, 2006).

“Medir a coesão entre equipes organizacionais tem ocupado a atenção de pesquisadores de gestão há meio século [...]” (SALISBURY; CARTE; CHIDAMBARAM, 2006, p. 147, tradução nossa), e a importância dada para este construto não é exclusividade da psicologia social, a coesão é estudada na psicologia industrial, organizacional, militar e esportiva, no âmbito das ciências sociais, antropologia, ciências políticas e inúmeros outras áreas, que também apoiam e enriquecem as investigações sobre coesão, observando-se assim um aumento substancial no interesse pelo estudo da coesão de equipes (DION, 2000).

Uma vasta gama de pesquisas era realizada com o intuito de estudar a coesão, no entanto, críticos deste período observavam que a coesão possuía medidas diferentes, e que em sua grande maioria não se correlacionavam entre si (DION, 2000). Apenas em meados dos anos 1960, a coesão veio a ser conceituada de seu modo mais clássico, como “atração interpessoal”, e algumas décadas depois, entre 1980 e 1990, o foco das pesquisas estava em definir os modelos multidimensionais de coesão, a partir de onde surgiram vários modelos. No entanto, apesar dos inúmeros estudos realizados e modelos criados, ainda hoje a coesão continua a ser um construto importante para a investigação relacionada a grupos e organizações, e que ainda conta com desafios importantes a serem abordados (CARRON; HAUSENBLAS, 1988 apud DION, 2000).

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Devido ao aumento da concorrência em nível global e mediante a melhoria das tecnologias utilizadas, o estudo de equipes e, em especial, equipes de trabalho tem recebido uma considerável atenção, de tal modo que fez-se necessário o desenvolvimento de medidas visando abordar os fundamentos do trabalho em equipe, por acreditar que seja fundamental o estudo dos fenômenos relacionados a ela, e a coesão do grupo é um desses importantes fenômenos (CHIN et al., 1999).

O interesse pelo estudo da coesão também é visto pela importância em se conviver em grupos, que são vistos como um componente pertinente à vida dos indivíduos, já que é a base das relações em sociedade. Além disso, acredita-se que a compreensão da natureza dos grupos seja o primeiro passo para a compreensão da natureza da coesão, pois considera-se que se um grupo existe, ele tem que ser coeso, até certo ponto, tendo em vista que essa coesão, por mínima que possa ser, é que vai atuar mantendo os membros unidos (CARRON; BRAWLEY, 2000).

Devido à importância do construto coesão para o estudo de grupos, entende-se o porquê da grande quantidade de pesquisas relacionadas à coesão de equipes, pois, segundo Carron e Hausenblas (1998 apud CARRON; BRAWLEY, 2000), diversos autores das mais diversas áreas, ao longo do tempo, vêm tentado definir e operacionalizar o construto coesão.

Dada a grande quantidade de pesquisas que objetivam entender e caracterizar a coesão de equipes, a busca por pesquisas que sejam consistentes é uma preocupação iminente, tendo em vista que, apesar do grande crescimento de pesquisas relacionadas ao estudo da coesão de equipes, várias das definições e operacionalizações encontradas na literatura são confusas e podem ser consideradas inconsistentes. Verificou-se que, em virtude da ausência de uma definição teórica amplamente aceita, é comum identificar estudos cuja operacionalização e até mesmo medição são de fato inconsistentes, por se tratar de uma área de estudo cuja literatura é fragmentada e ainda inconclusiva (MUDRACK, 1989 apud CARRON; BRAWLEY, 2000) (BOLLEN; HOYLE, 1990).

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2.2.1.2 Definições do construto coesão

Aceita-se que o construto coesão possua natureza dinâmica e base instrumental. Dinâmica por não ser um traço fixo da equipe, mas um aspecto que sofre mudanças com o decorrer do tempo e com as fases contempladas ao longo do processo de formação, desenvolvimento, manutenção e dissolução da equipe. No entanto, embora hajam alterações quanto a este índice, o nível de coesão da equipe não é algo transitório, tal como um estado de espírito, pois em condições de normalidade, a alteração deste índice tende a ocorrer de maneira gradual, o que o torna um construto passível de medição. A base instrumental surge ao aceitar que todos os grupos têm um propósito que motivou sua formação, e tais grupos tendem a se mostrar coesos por razões instrumentais (CARRON; BRAWLEY, 2000).

Autores como De Vasconcelos (2012), Gross e Martin (1952) relatam variadas definições de coesão encontradas na literatura. Verifica-se que tais definições são tentativas de abstrair, a partir da enorme variedade de fenômenos interpessoais do grupo, certas situações e propriedades de atratividade, e de estar junto, de tal modo que acredita-se que as definições encontradas são a união de fatores que atuam tornando o indivíduo atraente para o grupo, e vice-versa (GROSS; MARTIN, 1952), embora haja autores, como Bollen e Hoyle (1990), que busquem conceituar a coesão sem utilizar como base conceitual os precedentes do construto.

Segundo De Vasconcelos (2012), foi identificada uma grande diversidade de estudos, na área de Engenharia de Software, que buscam conceituar, através da literatura, o construto coesão. Vale ressaltar, no entanto, que de um modo geral, tais definições não são provenientes especificamente da ES, sendo em sua grande maioria são pertencentes à área desportiva.

Através de um Mapeamento Sistemático De Vasconcelos (2012) relata que dentre os autores mais mencionados (de maneira individual) pode-se citar2 Carron, Brawley, Cartwright, Cota, Evans, Dion, Kilik, Longman, Mullen, Copper, Hogg, Schachter e Back e Festinger, sendo este o autor mais referenciado.

2

Citados nas publicações: Widmeyer, Brawley e Carron (1985); Carron e Brawley (2000); Cartwright (1968); Cartwright e Zander (1968); Cota, Evans, Dion, Kilik e Longman (1995); Mullen e Copper (1994); Hogg (1992); Festinger (1950); Festinger, Schachter e Back (1950).

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Nas definições apresentadas nos estudos de autoria de Cartwright, verifica-se que a definição da coesão relaciona-verifica-se ao deverifica-sejo do membros em permanecer na equipe. Já para Mullen e Copper, o contruto coesão é composto por forças, que incluem: atração interpessoal, comprometimento, orgulho e espírito de equipe. De maneira semelhante, Hogg define a coesão com sendo a atração dos membros para o grupo e a força da relação interpessoal entre os membros. A conceituação dada por Festinger, e seus co-autores, de um modo geral, pode sumarizar as definições supracitadas, pois “[...] caracteriza a coesão como a resultante das forças que atuam sobre os membros da equipe de modo a mantê-los unidos, e consequentemente, fazendo-os permanecer no grupo.” (DE VASCONCELOS, 2012, p. 87-88).

A definição apresentada em publicações que contam com a autoria de Carron e Brawley apresentam uma definição em que a coesão é um construto multidimensional, composto por quatro dimensões, através da combinação dos sentimentos que os membros revelam com relação ao grupo e vice-versa, pois Carron, Widmeyer e Brawley (1985), elaboraram uma definição de coesão que se baseia em duas importantes distinções: o indivíduo versus o grupo; e interesses sociais versus tarefa (DE VASCONCELOS, 2012).

Para Cota, Evans, Dion, Kilik e Longman (1995 apud DE VASCONCELOS, 2012, p. 85) a definição de coesão segue uma linha de pensamento semelhante a de Carron e Brawley, “[...] no qual a coesão é dividida em quatro dimensões, da seguinte maneira: integração do grupo e atração individual para o grupo tendo cada uma delas uma faceta ligada ao social e outra às tarefas da equipe.”

Após o exposto, deve-se destacar que embora variadas definições possam ser encontradas na literatura, aceita-se a proposição de que o conceito de coesão deve ser considerado, no mínimo, bidimensional por natureza, tendo em vista que conceitos unidimensionais não são passíveis de serem abrangentes o suficiente para definir a coesão de equipes (CARRON, 1982).

Sob este ponto de vista, acredita-se que o construto coesão engloba aspectos complexos, que fazem jus a definições abrangentes, sob as circunstâncias de que a coesão seja melhor caracterizada como um construto multidimensional, que possui natureza dinâmica e base instrumental (CARRON; BRAWLEY, 2000).

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2.2.2 Operacionalização do construto coesão

De um modo geral, em grande parte das pesquisas, a avaliação do nível de coesão de uma dada equipe é feita através de perguntas feitas aos membros da equipe, nas quais eles responderão questões relacionadas ao quanto eles gostam uns dos outros, ou ainda quanto tempo eles gostariam de permanecer na equipe atual (HOGG, 1992 apud CARLESS; DE PAOLA, 2000). No entanto, verifica-se que as causas e consequências que envolvem o construto coesão e a equipe em si é um problema que ainda carece de ser mais profundamente investigado.

Gross e Martin (1952) observaram que dentre as pesquisas que relatam o estudo da coesão de equipes, algumas delas se empenharam em analisar criticamente as causas da coesão de grupos, no entanto, possivelmente utilizaram lógicas e metodologias inadequadas. De modo semelhante, De Vasconcelos (2012) também identificou inúmeros estudos que fizeram uso de metodologia, e até mesmo coleta de dados inadequados ao estudo da coesão de equipes.

No estudo da coesão, identificou-se pesquisas carentes de definições operacionais, por não medirem as dimensões da coesão da maneira como foi definido conceitualmente, revelando estudos que não possuem validades empíricas consistentes, pois as métricas singulares de coesão não são correlacionadas em um mesmo grupo, sendo negativas e sem conexão. Para este construto uma definição singular é imprópria, pois seus aspectos são altamente correlacionados, surgindo limitações e preocupações na generalização do construto nestas investigações científicas (GROSS; MARTIN, 1952).

Como exemplos destes problemas citam-se os estudos realizados por Dyce e Cornell (publicado em 1996), Carless (possivelmente publicado na década de 2000), e Schutz et al. (publicado em 1994). Carron e Brawley (2000) esclarecem que o modelo conceitual apresentado em tais pesquisas, não era condizente com as informações úteis sobre a sua validade, pois não foi considerada a natureza da coesão de equipes, e, além disso, não foi levado em consideração o contexto de cada grupo em específico, e as manifestações da coesão em si. Tais problemas podem vir a caracterizar medições fracas, cuja validade da pesquisa é questionável, podendo até invalidá-la (KERLINGER, 1973 apud CARRON; BRAWLEY, 2000).

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Seguindo a mesma linha de pensamento, Greene (1989), aponta que em uma amostra proveniente de organizações, a coesão dos grupos para o trabalho tem que ser compreendida e considerada pelos pesquisadores como um fator determinante para a eficácia organizacional, e que estes tipos de estudos são baseados em análises lógicas e direcionais, porque estas investigações podem ser demonstradas empiricamente, pois, quando não há correlação entre o conceitual e a operacionalização de coesão, entre as suas medidas e suas definições operacionais, estas investigações tornam-se inadequadas (GROSS; MARTIN, 1952). Apesar de haver inúmeras pesquisas com os mais diversos problemas que as invalidem teórica ou empiricamente, há estudos, cujo foco é a coesão de equipes, que são considerados clássicos, pois embora tenham sido conduzidos há mais de duas décadas ainda são utilizados como bases consistentes para a estruturação de pesquisas atuais. Dentre estes estudos citam-se Carron, Widmeyer e Brawley (1985) e Bollen e Hoyle (1990), que serão mais amplamente discutidos adiante.

2.2.2.1 Problemas quanto à operacionalização e mensuração da coesão

Mensurar o construto coesão é uma tarefa que, embora seja importante, envolve diversas dificuldades. Gross e Martin (1952) verificaram deficiências quanto a operacionalização deste construto pela utilização de conceitos que quando operacionalizados não medem as dimensões da coesão do mesmo modo como tais dimensões foram nominalmente definidas, caracterizando falta de correspondência das definições conceituais quanto às definições operacionais. Um exemplo disso é que “Embora haja um crescente consenso de que a coesão é um construto multidimensional, há a necessidade de medidas adequadas que reflitam essa conceituação. [...]” (CARLESS; DE PAOLA, 2000, p. 72, tradução nossa).

Definir o instrumento que será utilizado em uma dada pesquisa não é uma tarefa simples, Gross e Martin (1952, p. 551, tradução nossa) explicam que para avaliar o nível de coesão de uma equipe, o instrumento utilizado deve conter questões em termos gerais, de modo que os membros da equipe possam indicar em uma escala, o quão atrativo a equipe é para ele, sendo possível categorizar do mais alto ao mais baixo nível de atratividade, tendo, no entanto, valores claramente

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identificados entre as escalas máximas. “Isso fornece uma definição operacional que é logicamente compatível com a definição nominal; além disso, permite que o entrevistado utilize seu próprio quadro de referência para determinar o quão atrativo o grupo é para ele [...]”. Deste modo, busca-se minimizar qualquer interpretação duvidosa que pudesse vir a ser feita pelo investigador.

Verifica-se que não só a escolha de um instrumento ideal, mas também sua adaptação para a amostra pesquisada é um desafio encontrado por diversos autores, isso porque apesar do tempo decorrido desde os primeiros estudos que buscam estudar a coesão, muitas pesquisas relacionadas a este construto ainda podem ser consideradas imaturas. Tal imaturidade pode ser constatada mediante a análise de pesquisas que fazem uso de abordagens e/ou métodos de pesquisa inadequados para o estudo da coesão de equipes, e diante da grande variação de definições que podem ser encontradas na literatura, além da vasta gama de instrumentos que vêm sendo aplicados sem análises prévias que venham a constatar sua validade para a pesquisa em questão (DE VASCONCELOS, 2012).

Carron e Brawley (2000) elucidam que o intuito de se expor tais peculiaridades relacionadas ao estudo da coesão de equipes não é desencorajar futuras pesquisas, é alertar para o uso adequado de modelos conceituais de medição e instrumento, que venham a ser emprestados e adaptados para pesquisas em outros contextos sociais, sendo importante analisar a sua validade utilizando dos pressupostos que considerem a amostragem, a medição e a interpretação, consistente com o modelo. Também é fundamental que as questões, esperadas e previstas, colocadas na pesquisa, correspondam não só com a modelo conceitual, mas também com o tipo de grupo examinado. Daí a necessidade em se realizar testes com o intuito de verificar a consistência interna, validade de construto e demais análises que visem examinar as qualidades psicométricas de uma escala.

2.2.3 Instrumentos para mensurar a coesão

O surgimento de pesquisas sobre a coesão de equipes deu-se inicialmente para estudar equipes desportivas. Por volta da década de 1970 até o início da década de 1980, os primeiros estudos, que buscaram avaliar o nível de coesão das

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equipes, faziam uso de um instrumento denominado Sport Cohesiveness

Questionnaire (SCQ), que fora desenvolvido em 1972 por Martens, Lander e Loy,

por se tratar na época do instrumento mais comumente utilizado para avaliação da coesão, que buscava avaliar sete aspectos da coesão de equipes esportivas (CARRON, 1982) (O'SULLIVAN, 2010) (SCHEFFER, 2005).

Embora o SCQ tenha sido amplamente utilizado, alguns anos após sua concepção este instrumento já sofria críticas quanto à sua validade. Carron (1982) evidenciou que, embora a operacionalização da coesão fosse o foco de pesquisas relacionadas às equipes desportivas, a abordagem utilizada nestas pesquisas era exclusivamente unidimensional, tendo como foco alguma forma de atração.

Então, embora através do uso do SCQ tenha-se notado um aumento na confiabilidade e na validade das pesquisas, quanto à avaliação do nível de coesão das equipes, variadas falhas foram identificadas nele, o que o fez cair em desuso em pesquisas de dinâmica de grupos, “[...] principalmente porque não foi desenvolvido a partir de uma forte base conceitual e suas propriedades psicométricas nunca foram totalmente estabelecidas [...]”, o que implica no fato de que “[...] não foram estabelecidas medidas de confiabilidade ou validade nesse questionário. [...]” (GILL, 1977; CARRON et al., 1998 apud CARRON; BRAY; EYS, 2002, p. 119, tradução nossa) (SCHEFFER, 2005, p. 28).

[...] A pesquisa liderada por Albert Carron [...] concluiu que muitas das primeiras pesquisas sobre a coesão foram limitadas pelo não tão rigoroso Sport Cohesiveness Questionnaire em uso neste período. Ele e seus colegas começaram o desenvolvimento de uma ferramenta mais sólida, conhecida como o Group Environment Questionnaire (GEQ). (CARRON; WIDMEYER; BRAWLEY, 1985 apud BRANDON, 200-?, p. 1, tradução nossa)

“[...] A insatisfação com essas definições unidimensionais e com as medidas que se relacionavam com essas aproximações teóricas levaram ao desenvolvimento de novos instrumentos para medir a coesão no mundo dos esportes. [...]”. E a partir de tal insatisfação além do GEQ (desenvolvido por Carron e sua equipe), Yukelson, Weinberg e Jackson desenvolveram o Multidimensional Sport Cohesion Instrument (MSCI), no ano de 1984 (QUINTEIRO et al., 2006, p. 668, tradução nossa).

Ao analisar o MSCI, verifica-se que há referência tanto à dimensão social quanto à dimensão da tarefa da coesão de equipes, no entanto, observa-se que tal

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escala foi projetada principalmente para avaliar a dimensão da tarefa do construto coesão (QUINTEIRO et al., 2006).

O Group Environment Questionnaire (GEQ), que tem base conceitual em um modelo que, além de tratar separadamente as atividades sociais daquelas relacionadas à tarefa, diferencia os interesses do indivíduo e os do grupo. De tal modo que o modelo divide-se em duas categorias principais: “[...] percepções do membro sobre o grupo como um todo e atrações pessoais do membro para o grupo. [...]” (CARRON; WIDMEYER; BRAWLEY, 1985, p. 248, tradução nossa).

Embora o GEQ seja “[...] o teste psicométrico mais utilizado para medir a coesão em equipes desportivas[...]” (BLANCO; CABALLERO; DE LA CORTE, 2005 apud QUINTEIRO et al., 2006, p. 668, tradução nossa), inclusive sendo considerado como o instrumento mais confiável para mensurar a coesão de equipes (CARRON et al., 1985 apud BOYLE, 2002), no decorrer dos anos, outros instrumentos foram desenvolvidos com o intuito de mensurar a coesão de equipes. Em 1990, Bollen e Hoyle desenvolveram um instrumento que “[...] propõe medir a coesão percebida dos indivíduos, ao invés de avaliar um grupo com base na combinação de tais resultados num conjunto. [...]” (BAKER, 2010, p. 3, tradução nossa).

Chow (2012, p. 7, tradução nossa) aponta que “Os estudos testando o PCS de Bollen e Hoyle sugerem que sua escala de seis itens é eficaz como um indicador de coesão percebida, definida como uma sensação de pertencimento e sentimentos de moral[...]”, de tal modo que considera-se que o PCS possui validade aceitável para a realização de pesquisas empíricas (JONES; HARRISON, 1996).

Apesar de vários outros instrumentos terem sido propostos e utilizados, com o intuito de mensurar o nível de coesão das equipes, considera-se o GEQ e o PCS como sendo os mais importantes, não apenas pelo fato de ambos serem amplamente utilizados nas mais diversas áreas, mas também em virtude de que tais instrumentos possuem resultados satisfatórios quanto à validade empírica e confiabilidade, tendo em vista que inúmeros estudos relatam tais resultados. Além disso, foram identificadas pesquisas na área de Engenharia de Software que utilizaram tais escalas para mensurar a coesão em equipes de desenvolvimento.

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Deve-se ressaltar que embora sejam utilizados diversos termos para se referir ao GEQ e ao PCS, tais como: instrumento, métrica, questionário, entre outros, esclarece-se que ambos são escalas.

Há uma diferença entre um questionário e uma escala de medida. Quando um questionário apresenta itens quantitativos dispostos em escalas (ex. de 1 a 5) e estes itens estão bem reagrupados em torno de um ou mais fatores, que foram identificados através de uma Análise Fatorial, dizemos que este questionário constitui uma Escala. [...] Somente as escalas possuem propriedades psicométricas estabelecidas e, portanto, somente elas podem ser utilizadas para se medir o grau de um construto em uma amostra. Um simples questionário, que não foi submetido a uma análise de suas propriedades psicométricas, não pode ser utilizado para este fim [...] (BANDEIRA, 2009, p. 9, grifo do autor)

2.2.3.1 Group Environment Questionnaire (GEQ)

Em se tratando de definição e operacionalização do construto coesão, dentre os autores que mais contribuíram pode-se citar Albert V. Carron, por se tratar de um pesquisador que não apenas sozinho, mas também em conjunto com outros pesquisadores, trouxe grandes contribuições para a psicologia e para outras áreas que buscam estudar a coesão de equipes (CHANG; BORDIA, 2001).

Tal contribuição por parte de Carron e sua equipe de pesquisadores se deu pelo fato de que eles observaram que existia a possibilidade de classificar as várias definições de coesão através de duas categorias: integração do grupo e atração individual do grupo, sendo que a partir deste achado, pode ser desenvolvido por Carron, Widmeyer e Brawley (1985) o Group Environment Questionnaire (GEQ), que será apresentado nas subseções a seguir (CHANG; BORDIA, 2001).

Definição de coesão adotada

Embora observe-se definições de coesão amplas e simplificadas, deve-se ter em vista que este construto engloba aspectos mais complexos que fazem jus a uma definição mais abrangente. Sob este ponto de vista, o GEQ foi desenvolvido a partir de um modelo conceitual que considera o construto coesão como sendo multidimensional, incluindo aspectos sociais e relacionados à tarefa, sendo que cada

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aspecto reflete tanto o indivíduo quanto o grupo a que ele pertence (CARRON; BRAWLEY, 2000) (CARRON; WIDMEYER; BRAWLEY, 1985) (BOYLE, 2002).

Antes do surgimento do GEQ, vários pesquisadores desenvolveram instrumentos com o intuito de mensurar a coesão das equipes, no entanto, segundo Boyle (2002), tais métricas não incluíam a análise da coesão da tarefa e, como resultados desta deficiência, foram constatadas inconsistências relacionadas à medição do índice de coesão das equipes, com a chegada do Group Environment

Questionnaire, em 1985, tal ponto fraco pode ser reparado, tendo em vista que o

GEQ aborda este aspecto da coesão em sua medição.

Segundo Carron e Brawley (2000), o modelo conceitual sobre o qual se baseia o GEQ deriva da literatura que trata da dinâmica de grupos, sendo que o procedimento de medição utilizado tem relação tanto com as crenças da equipe como um todo, quanto com as crenças individuais dos membros.

Este modelo conceitual é composto por duas constelações de percepções, uma relacionada às percepções sociais que cada membro desenvolve individualmente sobre sua própria equipe, e é definida como Integração do Grupo (IG); e outra constelação que diz respeito às percepções sociais, mantidas individualmente pelos membros, a qual associa-se ao modo como a equipe atende às necessidades e objetivos pessoais dos membros, denominada Atrações Individuais para o Grupo (AI). Outros elementos que compõem este modelo conceitual, e que são estabelecidos como focos fundamentais para a IG e AI são os interesses Sociais (S) e pelas Tarefas (T), onde o primeiro pode ser visto como uma orientação sobre o desenvolvimento e manutenção das relações sociais dentro da equipe, e o segundo faz alusão ao desempenho coletivo, metas e objetivos da equipe (CARRON; WIDMEYER; BRAWLEY, 1985) (CARRON; BRAWLEY, 2000).

Carron e Brawley (2000) alegam que o modelo conceitual de coesão, proposto em sua pesquisa, é consistente com a teoria da dinâmica de grupos, tendo em vista que vários autores têm destacado que em análises de dinâmica de grupos há a necessidade em se distinguir o indivíduo e o grupo, e em seu modelo conceitual há uma separação clara entre os interesses pessoais e coletivos (AI e IG, respectivamente). Do mesmo modo, eles destacam que “[...] O pressuposto de que

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os interesses pela tarefa e pelo social são duas orientações principais das crenças do grupo também é consistente com a teoria da dinâmica de grupo. [...]” (CARRON; BRAWLEY, 2000, p. 90-91, tradução nossa).

Assim, de um modo geral, Carron e Brawley (2000) consideram que a coesão de equipes pode ser satisfatoriamente representada pelos quatro construtos de seu modelo conceitual: Integração do Grupo - Tarefa (IG-T), Integração do Grupo - Social (IG-S), Atrações Individuais para o Grupo - Tarefa (AI-T) e Atrações Individuais para o Grupo - Social (AI-S).

O modelo conceitual supracitado é definido como sendo de natureza multidimensional, tendo em vista que é composto por quatro dimensões indissociáveis. No entanto, vale ressaltar que embora possa-se adotar uma conceituação multidimensional, isso “[...] não envolve aceitar a premissa de que todas as dimensões estão igualmente presentes entre os diferentes grupos na mesma medida e ao mesmo tempo na vida de um grupo [...]”, pois deve-se considerar a dimensão da tarefa versus a dimensão social, e levar em conta as particularidades do grupo, visto que, contribuições consideráveis para a coesão em equipes de trabalho dependem de tais peculiaridades (CARRON; BRAWLEY, 2000, p. 96, tradução nossa).

Embora as quatro dimensões do modelo conceitual de Carron, Widmeyer e Brawley (1985) sejam independentes entre si, podendo cada dimensão apresentar-se com índices não igualitários aos demais, assume-apresentar-se que elas apresentar-sejam correlacionadas, pois tal relação se dá através da percepção sobre a interação entre as várias orientações para a tarefa e para o social, sob o ponto de vista dos membros sobre si mesmos e sobre a equipe. De tal modo que nesta abordagem apenas as percepções intragrupo são exploradas, não sendo consideradas, no entanto, as percepções extragrupo.

O Instrumento

O Group Environment Questionnaire (GEQ) foi desenvolvido como uma definição operacional para o modelo conceitual multidimensional de coesão de

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