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CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE

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Academic year: 2021

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CONTROLE SOCIAL,

FAMÍLIA E SOCIEDADE

Módulo

Professora Esp. Edilene Maria de Oliveira Araújo

(2)

Caro acadêmico,

Você está iniciando a última etapa de seu estágio, já vivenciou desde a observação até a utilização das di-versas ferramentas próprias do profi ssional de Serviço Social e já carrega uma pequena experiência que muito o ajudará na futura profi ssão. Por ter chegado até aqui, conseguido cumprir com êxito todos os desafi os que lhe foram atribuídos, já é digno de reconhecimento. Está agora a passos de assumir a profi ssão que abraçou, chegando à reta fi nal. Conseguiu terminar o que parecia tão distante e difícil de concluir. Realmente não foi fácil, mas com certeza é gratifi cante saber que está prestes a chegar ao fi nal desta jornada.

Nesta última etapa, você vai realizar uma crítica do que aprendeu durante os estágios I, II, III, e, prin-cipalmente, realizar uma avaliação de tudo o que colocou em prática durante os estágios anteriores. É um momento de muita refl exão, pois está se fechando um ciclo em que se faz necessário ter bem claro todos os passos com que percorreu o caminho até aqui. Na fase da observação, realizou o Diagnóstico Institucional e tomou conhecimento da Instituição na qual estagiou e das questões sociais ali encontradas. Trabalhou na realização do diagnóstico social, conseguindo visualizar e apurar uma situação-problema e por meio de um projeto de intervenção, conseguiu traçar estratégias para essa questão-problema. Seu projeto foi colocado em prática durante seu estágio III e avaliados os resultados. Durante todas as etapas de seus estágios, você constantemente correlacionou a teoria apresentada em sala de aula à prática de seu campo de estágio. Durante essa caminhada, levantou informações e adquiriu conhecimentos para a elaboração de seu TCC – Trabalho de Conclusão de Curso. Agora falta muito pouco, vamos lá...

Professora Esp. Edilene Maria de Oliveira Araújo

“Leva tempo para alguém ser bem-sucedido porque o êxito não é mais do que a recompensa natural pelo tempo gasto em fazer algo direito.” (Joseph Ross)

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Unidade Didática – Estágio Supervisionado IV

1

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E A AVALIAÇÃO

DE PROJETOS

 Conteúdo

• Considerações sobre o Estágio Supervisionado IV • A avaliação de Projetos

 Competências e habilidades

• Entender o Estágio Supervisionado como momento de prática das teorias aprendidas em sala de aula

• Compreender o processo de avaliação de projetos

 Material para autoestudo

Verifi car no Portal os textos e as atividades disponíveis na galeria da unidade

 Duração

2 h-a – via satélite com professor interativo 2 h-a – presenciais com professor local 6 h-a – mínimo sugerido para autoestudo

CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV

O Estágio Supervisionado IV

O Estágio Supervisionado IV deve oportunizar ao acadêmico do Serviço Social a prática do exercí-cio profi ssional a partir do diagnóstico da realidade organizacional, planejamento, execução e avaliação de acordo com as demandas dos usuários e dos pro-cessos de trabalho do Assistente Social.

Nesta unidade didática, os estagiários deverão ter desenvolvido as capacidades necessárias para intervir no campo de estágio, executando e avaliando proje-tos e as práticas desenvolvidas na área.

O Estágio Supervisionado IV contempla, acu-mulativamente, o conteúdo dos estágios I, II e III, agregando a avaliação dos projetos executados pe-los estagiários, bem como a sistematização das ex-periências e a realização de uma intervenção social, por meio da elaboração do relatório fi nal de estágio. Documentos do Estágio

Todos os estágios devem ser devidamente docu-mentados para que tenham legalidade. Ao fi nalizar o estágio, o acadêmico deverá ter sua pasta de estágio, arquivada no Polo de ensino, com todos os docu-mentos solicitados durante os estágios I, II, III e IV.

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Avaliação

Em cada estágio (I, II, III e IV), a avaliação do aluno será feita pelo Professor Local (Supervisor Acadêmico) que atribuirá notas aos itens desenvol-vidos pelos acadêmicos e nas avaliações realizadas pelos supervisores (Acadêmico e Campo), na auto-avaliação do acadêmico e nas atividades propostas no estágio, verifi cando o desenvolvimento de apren-dizagens, de competências e habilidades necessárias à formação do profi ssional. O acadêmico, para ser aprovado, deverá ter 100% de presença no campo de estágio, 75% de presença nas aulas interativas, aula atividade, supervisão acadêmica e ter média igual ou superior a 7 (sete). O acadêmico que, por algum motivo, não concluir o Estágio Supervisionado ou obtiver nota inferior a 7 (sete) na avaliação, deverá realizar o estágio novamente em um semestre pos-terior, estando assim, impedido de obter a gradua-ção no curso frequentado.

O Estágio Supervisionado e a formação acadêmica

Para Buriolla (2006), o estágio é essencial à for-mação do acadêmico, pois irá proporcionar mo-mentos concretos de aprendizagem, uma refl exão sobre a ação profi ssional, levando-o a uma análise crítica da dinâmica das relações existentes na re-alização de estágio. O estágio torna-se, assim, um processo dinâmico e criativo já que possibilita ao estagiário a aquisição de novos e constantes conhe-cimentos.

Esta aproximação com a realidade permite ao acadêmico a prática da refl exão, o que, segundo Pi-conez (1991), contribui no esclarecimento da prá-tica-teoria-prática. Isso sugere um movimento que poderá evoluir, revelando infl uências teóricas sobre a prática, o que poderá apresentar possibilidades ou opções para modifi car uma realidade, em que a prática é que fornecerá elementos para a teorização podendo até vir a transformar primeiramente a prá-tica trabalhada.

É necessária especial atenção ao movimento te-órico-prático do Serviço Social e a sua trajetória. Segundo Buriolla (2006), durante o estágio

supervi-sionado devem ser verifi cados conteúdos signifi cati-vos a serem praticados, analisados e refl etidos. Para a autora, a consciência tem de estar ativa durante o processo de estágio, para que se possa contemplar as modalidades das ações. Para que isso venha a ocorrer, a teoria e a prática devem estar inseridas em um trabalho de educação da consciência, no que se refere à organização dos meios materiais e planos de ações, para que se consiga chegar a ações reais e efetivas durante o estágio. Portanto, se faz necessá-rio o conhecimento dos objetivos, dos meios e dos instrumentos para se conseguir a transformação das condições para a abertura ou fechamento das possi-bilidades dessa realização.

Fica evidenciado que, na medida em que os objetivos do estágio estão claros, delimitados e não se limitam ao exercício da prática do exer-cício em si, mas à formação profi ssional – in-ter-relacionando-se objetivos da Universidade, do Curso de Serviço Social, do Serviço Social da Instituição e Campo de Estágio, do Estágio Supervisionado do Aluno –, intenta-se garan-tir informações, conhecimentos, experiências e habilidades necessárias ao desenvolvimento do estágio, em seu sentido de totalidade.

(BURIOLLA, 2006, p.165)

A avaliação

Quando detectamos alguma situação-problema, recorremos à busca de informações para que possa-mos tomar alguma decisão e conseguir solucionar esta questão. Ao optarmos pela maneira de ação, na tentativa da solução do problema, estaremos re-fl etindo sobre a solução apresentada, pois a análise de acertos ou erros estará presente neste momento. Portanto, estaremos avaliando as ações realizadas e procurando mais informações para obter soluções ou ajustes de melhorias posteriores nas ações. Para Cohen e Franco (2002, p. 72), “São as avaliações que costumam ter colocação subjetiva e que são realizadas, na maioria dos casos, com informações insufi -cientes e mediante uma refl exão assistemática”.

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Na realidade, para a realização de uma avaliação é necessário trabalharmos com informações satisfa-tórias e com metodologias rigorosas, a fi m de atin-gir resultados confi áveis e reais.

!

IMPORTANTE

Aspectos fundamentais para uma avaliação adequada:

• A concisão na coleta de informações. A ênfase na coleta não é a exaustão, e sim o equilíbrio entre o real e o viável

• A confi abilidade das informações. As in-formações devem ser adequadas aos pro-pósitos, e não podem variar de acordo com o avaliador, ou seja, devem ter quali-dade e estabiliquali-dade

• A objetividade na análise das observações. A interpretação dos fatos e resultados deve estar livre de interferências e pré-julgamentos

(DEPTo NACIONAL – SESI, 2002)

Em uma avaliação, não há a necessidade de in-formações completas, mas há de se ter inin-formações sufi cientes. Há necessidade de se ter equilíbrio entre o real e o viável. A validade necessita de instrumen-tos de medição que tenham efi cácia, pois há de ser capaz de medir o que se está propondo.

Quando se fala em avaliação, três pontos devem ser verifi cados: confi abilidade, qualidade e estabilidade.

Para conseguir confi abilidade nas informações, se torna necessário que os resultados obtidos te-nham qualidade gerando a estabilidade na informa-ção. “A estabilidade pretende que os resultados não variem com o avaliador, com o modo que é efetuado a avaliação, ou com o instrumental utilizado” (CO-HEN e FRANCO, 2002, p.72).

Para esses autores, a qualidade da informação se torna condição necessária, enquanto a estabilidade é condição sufi ciente para a confi abilidade.

A avaliação deve fazer parte de um planejamen-to da política social e não uma atividade isolada. Por meio da avaliação, se consegue gerar a

retroali-mentação que permite a escolha de vários projetos conforme a efi cácia e efi ciência. Assim, conseguindo analisar a obtenção dos resultados, possibilitando mudanças de percursos, alterações de algumas ações, gerando novas orientações em direção ao fi nal que havia sido programado. Ao avaliar, conseguimos ajustar projetos para prosseguir no caminho correto. Defi nições de avaliação e objetivos

de um Projeto

Segundo Cohen e Franco (2002, p. 73), “avaliar é fi xar o valor de alguma coisa que para ser feita se re-quer um procedimento mediante o qual se compara aquilo a ser avaliado com um critério ou padrão de-terminado”.

Temos também a defi nição da ONU, citada por Cohen e Franco (2002, p. 76):

“o processo orientado à determinada sistemática e objetivamente à pertinência, efi ciência, efi cácia e impacto de todas as atividades à luz de seus ob-jetivos. Trata-se de um processo organizativo para melhorar as atividades ainda em marcha e ajudar a administração no planejamento, programação e futuras tomadas de decisão”.

Entendemos, então, que o ato de avaliar faz com que se atribua valor a algo que está sendo realizado, levando a medir o grau de efi ciência, efi cácia e efeti-vidade de políticas, programas e projetos. A avalia-ção irá identifi car processos e resultados, realizan-do a comparação entre os darealizan-dos e o desempenho, analisa e dá condições de compreender, informar e propor mudanças e soluções.

!

ATENÇÃO

Efi ciência = “fazer certo a ‘coisa’” Efi cácia = “fazer a ‘coisa’ certa”

Efetividade = “fazer a ‘coisa’ que tem que ser feita”

Efi ciência: fazer certo a “coisa”, pois se for feito

ao contrário do que deveria ser esta ação errônea provocará perdas de recursos e tempo, resultando

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em desperdício de trabalho ou retrabalho, irá contra do que prevê o princípio da efi ciência.

Efi cácia: fazer a “coisa” certa, pois se for

reali-zada ao contrário, estará sendo realireali-zada a “coisa” errada, a “coisa” que não poderia ter sido feita, não era o momento nem lugar de fazer tal “coisa” de tal forma, uma tentativa errônea, ou seja: deveríamos fazer outra “coisa” que não esta.

Efetividade: fazer a “coisa” que tem que ser feita,

sendo dos três, o conceito mais difícil de entendi-mento, a efetividade somente será percebida por meio de realização de pesquisas de opinião sobre ações que ocasionam efeitos ou transformação, im-pactando em uma realidade alterada ou em mudan-ças de metas anteriormente estabelecidas.

A avaliação da efi ciência de um projeto social se dará quando for verifi cada a relação da aplica-ção dos recursos do projeto (materiais, fi nanceiros, humanos), como também os benefícios oriundos de seu resultado. “A gestão de um projeto será tão mais efi ciente quanto menor for o seu custo e maior o benefício introduzido pelo projeto.” (CARVALHO, 2001, p. 71)

A avaliação da efi ciência é muito importante e ne-cessária quando se trata de programas e projetos pú-blicos, pois existe uma grande escassez de recursos, necessitando de maiores racionalizações dos gastos.

A efi cácia em projetos relaciona-se ao alcance dos objetivos. Haverá efi cácia na gestão de um projeto se as metas alcançadas forem iguais ou superiores as propostas no início do projeto.

“A efi cácia deverá ser medida na relação estabeleci-da entre meios e fi ns, isto é, o quanto o projeto – em sua execução – foi capaz de alcançar os objetivos e

as metas propostas e o quanto foi capaz de cumprir os resultados previstos.” (CARVALHO, 2001, p. 71)

Relacionamos a efetividade de um projeto ao aten-dimento real das demandas sociais apresentadas, isto é, da relevância das ações que foram realizadas em relação à alteração das situações encontradas.

“A efetividade é medida, portanto, pela quantidade de mudanças signifi cativas e duradouras na quali-dade de vida ou desenvolvimento do público bene-fi ciário da ação que o projeto ou política foi capaz de produzir.” (CARVALHO, 2001, p. 72)

Fases da avaliação de um Projeto

A avaliação deve ser realizada em todas as etapas de um projeto, podendo ser classifi cada de acordo com o momento de sua realização, origem e envol-vimento dos avaliadores e dimensão do projeto.

a) Avaliação ex-ante

É a avaliação que ocorre antes do início de um projeto. Tem por fi nalidade o embasamento das de-cisões a serem tomadas para a implementação do projeto. Neste momento, serão analisadas a relevân-cia, a coerência e a viabilidade do projeto.

b) Avaliação ex-post

É a avaliação que ocorre na fase de desenvolvi-mento e encerradesenvolvi-mento do projeto.

Segundo Cohen e Franco (2002), para que se possa reprogramar a execução dos projetos, deve-se realizar a avaliação, em que serão verifi cados os pro-cessos, resultados e impactos esperados. Na avalia-ção fi nal do projeto, o objetivo é reunir as experiên-cias e aprender com elas para que sejam utilizadas em um próximo projeto.

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Unidade Didática – Estágio Supervisionado IV

2

DA TEORIA À PRÁXIS: UM DESPERTAR PARA

AS DIVERSAS ÁREAS DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO

SOCIAL E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

 Conteúdo

• A leitura e a aquisição do conhecimento

• A questão Social o processo de trabalho e o Assistente Social • A formação do Assistente Social e as Diretrizes Curriculares

• Os Eixos Temáticos e o TCC – Trabalho de Conclusão de Curso no Centro de Educação a Distância da Universidade Anhanguera–UNIDERP

 Competências e habilidades

• Entender o Estágio Supervisionado como momento de prática das teorias aprendidas em sala de aula

• Perceber a dinâmica das questões sociais e os processos de trabalho na profi ssão do Assis-tente Social

• Entender as diretrizes curriculares que direcionam a formação do Assistente Social e os eixos temáticos que permeiam esta formação

 Material para autoestudo

Verifi car no Portal os textos e as atividades disponíveis na galeria da unidade

 Duração

2 h-a – via satélite com professor interativo 2 h-a – presenciais com professor local 6 h-a – mínimo sugerido para autoestudo

DA TEORIA À PRÁXIS: UM DESPERTAR PARA AS DIVERSAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL A leitura e a aquisição do conhecimento

A Universidade repassa aos acadêmicos a teoria por meio das aulas: são diversos temas que

envol-vem a profi ssão do Assistente Social. Com o conhe-cimento adquirido o acadêmico inicia sua formação profi ssional. Para que esta teoria seja assimilada, compreendida e transformada em conhecimento, um fator importantíssimo que o acadêmico tem

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como aliado e continuará tê-lo ao longo de sua vida profi ssional, é a prática da leitura.

A leitura se refere a um fator decisivo na vida de um acadêmico e na vida do profi ssional, pois é neste momento que se aumenta o conhecimento por meio de obtenção de informações tanto básicas como específi cas. A mente humana necessita de no-vos conhecimentos para ser ampliada, pois depois de ampliada jamais será a mesma. Por meio da leitu-ra, também se multiplica constantemente o vocabu-lário. Isto faz com que as pessoas obtenham melhor entendimento sobre os conteúdos dos livros, arti-gos, enfi m, sobre tudo que leem e veem.

Portanto, existe a necessidade de continuar a ler muito. Não se esqueça de que a maior parte dos co-nhecimentos é adquirida por meio de leitura. Porém, temos que saber selecionar o que é importante ou não.

... ler signifi ca conhecer, interpretar, decifrar, dis tinguir os elementos mais importantes dos secundários e, optando pelos mais representati-vos e sugestirepresentati-vos, utilizá-los como fontes de novas ideias e do saber, através dos processos de busca, assimilação, retenção, crítica, comparação, veri-fi cação e integração do conhecimento.

(MARCONI E LAKATOS, 2008, p. 19) A falta de leitura leva à pobreza do vocabulário, e a pobreza do vocabulário, como analisa Orwel (apud ARANHA e MARTINS, 1995, p. 5), nos leva à “pobre-za no falar, pobre“pobre-za no pensar e impotência no agir”.

Somente teremos profi ssionais capacitados, críti-cos e transformadores se estiverem motivados para a aquisição do conhecimento.

A questão Social o processo de trabalho e o Assistente Social

As questões sociais são, para o Serviço Social, a base de seu trabalho. A profi ssão tem caráter socio-político. De acordo com a lei 8662/93, que regula-menta a profi ssão de Serviço Social, em seu artigo 4o, o Assistente Social tem como competência:

ela-borar, implementar e executar políticas sociais, pro-gramas e projetos junto à administração pública,

di-reta ou indidi-reta, empresas, entidades e organizações populares; prestar orientação social a indivíduos, grupos e população, tomar as devidas providências; prestar assessoria; realizar estudos socioeconômi-cos; vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; atuar no magistério etc.

O Assistente Social está inserido nas diversas áre-as que trabalham áre-as questões sociais (saúde, previ-dência, educação, habitação, lazer, assistência social, justiça etc.).

Os assistentes sociais trabalham com a questão so-cial nas suas mais variadas expressões cotidianas, como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assis-tência social pública etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujei-tos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desi-gualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terre-no movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] a questão social, cujas múl-tiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do Assistente Social. (IAMAMOTO, 2007, p. 14)

É muito ampla a área de atuação do Assistente Social, porém, ao se pensar a prática profi ssional, existe uma grande tendência em correlacionar esta prática à prática da sociedade. “Alguns qualifi cam a prática do Serviço Social de ‘práxis social’, ainda que esta se refi ra à prática social, isto é, ao conjunto da sociedade em seu movimento e contradições.” (IA-MAMOTO, 2007, p. 60)

A análise que se realiza da prática do Assistente Social como trabalho, correlaciona-se a um proces-so de trabalho, que o conduzirá a uma verifi cação da relação do exercício do Serviço Social com a prá-tica da sociedade.

A questão social deve ser considerada como ob-jeto de trabalho do Assistente Social, pois é ela que irá provocar a necessidade de uma ação profi ssional junto a diversas situações, podendo ser citadas al-gumas como a violência contra a criança, a mulher,

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idosos, luta pela terra, educação, problemas habi-tacionais etc. Essas questões se transformam em matéria-prima ou o objeto de trabalho profi ssional. “Pesquisar e conhecer a realidade é conhecer o pró-prio objeto de trabalho, junto ao qual se pretende induzir ou impulsionar um processo de mudança.” (IAMAMOTO, 2007, p. 62)

O Assistente Social estuda as diversas questões sociais para assim poder intervir nesta realidade. Para a autora, o Serviço Social passa a ser um servi-ço especializado e apresenta alguns produtos como: – interface na reprodução material da força de

trabalho;

– processo de reprodução sociopolítica ou ideo-política dos indivíduos.

Na realidade, o Assistente Social pode ser visto como um intelectual que juntamente com outros atores, con-tribui para a criação de consensos na sociedade.

O entendimento das diversas questões sociais como matéria-prima do trabalho do Serviço Social, os pro-cessos de trabalho do Assistente Social, e todas as questões que norteiam a profi ssão devem fazer parte dos mecanismos formativos do Assistente Social. A formação do Assistente Social e as diretrizes curriculares

Segundo o MEC (2001), para a formação de profi s-sionais aptos ao entendimento das questões sociais e processos de trabalho do Serviço Social, o Ministério da Educação – MEC, por meio do Parecer CNE/CES no 492, de 3 de abril de 2001, norteia os cursos de

Ser-viço Social na busca de uma formação que proporcio-ne ao futuro profi ssional um conjunto de conhecimen-tos e habilidades necessárias a sua qualifi cação. Perfi l dos formandos (CNE/CES no 492/2001):

Profi ssional que atua nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas de intervenção para seu enfrentamento, com capaci-dade de promover o exercício pleno da cidadania e a inserção criativa e propositiva dos usuários do Serviço Social no conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho.

Competências e habilidades (CNE/CES no 492/2001):

a) Gerais: A formação profi ssional deve viabi-lizar uma capacitação teórico-metodológica e ético-política, como requisito fundamental para o exercício de atividades técnico-operati-vas, com vistas à compreensão do signifi cado social da profi ssão e de seu desenvolvimen-to sócio-histórico, nos cenário internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade; identifi cação das demandas presentes na sociedade, visando a formular respostas profi ssionais para o en-frentamento da questão social; utilização dos recursos da informática.

b) Específi cas: A formação profi ssional deverá desenvolver a capacidade de elaborar, executar e avaliar planos, programas e projetos na área social; contribuir para viabilizar a participa-ção dos usuários nas decisões institucionais; planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais; realizar pesquisas que subsi-diem formulação de políticas e ações profi ssio-nais; prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública, empresas privadas e movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais e à garantia dos direitos ci-vis, políticos e sociais da coletividade; orientar a população na identifi cação de recursos para atendimento e defesa de seus direitos; realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre matéria de Serviço Social. O parecer apresenta núcleos temáticos que devem ser trabalhados pelas Universidades, os quais têm como objetivo abrir novos caminhos para a construção do conhecimento deste futuro profi ssional, proporcio-nando experiências concretas durante sua formação. Núcleos temáticos (CNE/CES no 492/2001):

• Núcleo de fundamentos teórico-metodológi-cos da vida social, que compreende um con-junto de fundamentos teórico-metodológicos e ético-político para conhecer o ser social;

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• Núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira, que remete à compreensão das características históricas particulares que presidem a sua formação e seu desenvolvimento urbano e rural, em suas di-versidades regionais e locais;

• Núcleo de fundamentos do trabalho profi ssio-nal, que compreende os elementos constituti-vos do Serviço Social como uma especialização do trabalho: sua trajetória histórica, teórica, metodológica e técnica, os componentes éticos que envolvem o exercício profi ssional, a pes-quisa, o planejamento e a administração em Serviço Social e o estágio supervisionado. Portanto, esses núcleos têm por fi nalidade reali-zar uma junção de conhecimentos necessários para formação do futuro profi ssional de Serviço Social. Devem ser realizados por meio das disciplinas do curso, seminários temáticos oferecidos, ofi cinas/ laboratórios, atividades complementares e outros componentes curriculares.

Esses três núcleos não representam uma “sequên-cia evolutiva” de conteúdos ou de “hierarquia” de matérias “externas” e “internas” ao universo profi s-sional. Ao contrário, são níveis distintos e comple-mentares de conhecimentos necessários à atuação profi ssional. (IAMAMOTO, 2007, p. 73)

O Parecer CNE/CES no 492/2001 também

apre-senta Informações sobre o Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Menciona que o Estágio

Supervi-sionado e o TCC têm que ser desenvolvidos durante os anos de formação acadêmica, “a partir do desdo-bramento dos componentes curriculares, concomi-tante ao período letivo escolar”.

O estágio supervisionado (CNE/CES no 492/2001):

O Estágio Supervisionado é uma atividade curri-cular obrigatória que se confi gura a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional, objetivando capacitá-lo para o exercício profi ssional, o que pres-supõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita conjuntamente por professor supervisor e por profi ssional do campo, com base em planos de está-gio elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações que oferecem estágio.

Os eixos temáticos e o TCC – trabalho de conclusão de curso no centro de educação a distância da universidade Anhanguera – UNIDERP

O TCC – Trabalho de Conclusão de Curso será caracterizado por uma pesquisa de campo e/ou bi-bliográfi ca, versando sobre um tema advindo do campo social e representado na forma de um artigo científi co.

Sua defi nição da temática poderá ter origem em uma indagação teórica, provocada, preferencial-mente, pela prática do estágio supervisionado, ou em uma questão social que desperte seu interesse e curiosidade científi cos.

Para a realização do TCC serão utilizados os nú-cleos temáticos a seguir:

Núcleos temáticos Temas

Fundamentos do Serviço Social  Fundamentos teóricos e metodológicos do Serviço Social.  Projeto Ético-Político da profi ssão

* Ética Profi ssional. Processo de Trabalho e Formação

Profi ssional  Formação Profi ssional.  Estratégias de Trabalho e Gestão da Informação.

 Planejamento e Gestão de Políticas, Programas e Projetos Sociais. Políticas Públicas, Controle e

Movimentos Sociais  Políticas, instituições e práticas sociais. Rede socioassistencial, Movimentos Sociais e Terceiro Setor.  Legislação Social e Direitos Humanos.

 Questão Social e Cidadania. * Lutas sociais

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Considerações fi nais

Ao encerrar o Estágio Supervisionado e concluir com sucesso todas as disciplinas propostas na grade curricular da Universidade juntamente com o TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, o acadêmico es-tará apto a receber o grau de Bacharel em Serviço Social. Para que possa atuar na Profi ssão, como já foi exposto na primeira aula de Estágio Supervisio-nado, o Profi ssional terá que ter o registro no Con-selho de Serviço Social de sua Região.

O mercado precisa de profi ssionais aptos, poli-valentes, éticos em suas ações, com visão crítica e atuações inovadoras e concretas. Estamos em uma época de busca constante de novos conhecimentos para agregar aos já incorporados. Portanto, a edu-cação permanente deve estar inserida nos objetivos da profi ssão abraçada. A interdisciplinaridade tam-bém é uma questão que deve ser buscada constan-temente. As profi ssões necessitam uma das outras para conseguir alcançar os objetivos das empresas e demais situações apresentadas no cotidiano.

O estágio foi o primeiro contato do fazer concreto, agora é o momento da continuação deste fazer, não mais como aprendiz acadêmico, mas como apren-diz profi ssional. A humildade e o aprender devem ser uma constante em todas as situações, aprende-mos com intelectuais e teóricos, mas também com a vivência de pessoas que não tem um nível cultural formal, mas carregam conhecimentos e valores ines-timáveis, que muito poderão colaborar nesta nova jornada.

 Referências

Básicas

DAL PIZZOL, A. Estudo social ou perícia social. São Paulo: Editora Insular, 2005.

RODRIGUES, L. J. A Inserção da pessoa com defi

-ciência no mundo do trabalho – O resgate de um

di-reito de cidadania. São Paulo: Ed. dos Autores, 2005. TURCK, M. G. Serviço Social Jurídico: Perícia Social no Contexto da Infância e da Juventude. Manual de Procedimentos Técnicos. São Paulo: Editora Livro Pleno, 2000.

Complementares

CFESS. Conselho Federal de Serviço Social (org.).

O Estudo social em perícias, laudos e pareceres técni-cos. 7. ed., São Paulo: Cortez, 2005.

FÁVERO, E. T. O Serviço Social e a psicologia no

ju-diciário. São Paulo: Cortez, 2005.

MEDEIROS, M. B. M. Interdição civil – Proteção ou exclusão. São Paulo: Cortez, 2007.

SÁ. J. M. Serviço Social e interdisciplinaridade: dos fundamentos fi losófi cos à prática interdisciplinar no ensino, na pesquisa e extensão. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

SALES, M. A; LEAL, M. C.; MATOS, M. C. (Org.)

Política Social, Família e Juventude: Uma Questão de

Direitos. 2. ed. Rio de Janeiro: Cortez, UERJ, 2006. Utilizadas pelo professor

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofi a. São Paulo: Moderna, 1995.

BIANCHI, Ana Maria de Moraes. Manual de

Orien-tação: estágio supervisionado/Ana Cecília de

Mora-es Bianchi, Marina Alvarenga, Roberto Bianchi. 3a

ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008.

BURIOLLA, Marta Alice Feiten. Estágio

Supervisio-nado. 4a ed. São Paulo: Cortez, 2006.

CAMPOS, Arminda, E.M. Elaboração e

Monitora-mento de Projetos Sociais. Brasília: SESI,

Departa-mento Nacional, 2002.

CARVALHO, Maria do Carmo Brant; ÁVILA, Cecília M. coordenadora: Gestão de Projetos Sociais. 3 ed. Revista. São Paulo: AAPCS, Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. COHEN, Ernesto e FRANCO, Rolando. Avaliação de

Projetos Sociais. 5a Ed. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2002.

IAMAMOTO, Marida V. O Serviço Social na

Con-temporaneidade. 11a ed. São Paulo: Cortez, 2007,

MARCONI, Marina de Andrade, LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científi ca. 6a

Ed. São Paulo: Atlas, 2008,

MEC – Ministério da Educação – Conselho Nacional de Educação – CNE/CES no 492, de 3 de abril de 2001

– www.mec.gov.br (acesso em 26.07.09 às 16h30), PICONEZ, Stela C.B. A Prática do ensino e o Estágio

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CONTROLE SOCIAL,

FAMÍLIA E SOCIEDADE

Módulo

Professora Ma. Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues Nobre

Professora Esp. Patrícia Borges Tenório Noleto

Unidade Didática – Informação,

Monitoramento e Avaliação em Serviço Social

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Caros(as) acadêmicos(as),

Esta unidade didática apresenta a importância do monitoramento e avaliação, no fazer profi ssional do Assistente Social. Tratamos sobre a defi nição e os objetivos do monitoramento, apresentando-o como um processo implícito ao planejamento de uma ação, projeto ou programa. Relacionamos o ato de monitorar e avaliar analisando suas especifi cidades e complementaridades.

O monitoramento e a avaliação possibilitam medir o desempenho (efi ciência, efi cácia e efetividade) de uma determinada intervenção, seja ela em âmbito governamental ou não governamental. Por meio do pro-cesso avaliativo é possível verifi car se o que estamos executando está de acordo com o que planejamos. Para isso é necessário que tenhamos conhecimento teórico sobre o quê estamos avaliando (objeto) e também sobre os meios adequados para monitorar.

Desse modo, o ato de monitorar e avaliar deve estar presente em nossas ações mais corriqueiras e, muito mais em se tratando de políticas, programas e projetos sociais, para não corrermos o risco de implementar-mos ações inócuas e sem resultado efetivos.

Portanto, mãos à obra! Lembre-se de que o conhecimento não para nunca de se renovar e não podemos parar no tempo. Assim, vamos mergulhar nessa unidade e nas refl exões aqui apresentadas para que possamos crescer um pouco mais!

Contamos com vocês!

Professora Ma. Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues Nobre. Professora Esp. Patrícia Borges Tenório Noleto.

(15)

Unidade Didática – Informação, Monitoramento e

A

valiação em Serviço Social

1

CONCEITO DE MONITORAMENTO

 Conteúdo

• Conceito de monitoramento

• Questões que implicam no processo de monitorar

 Competências e habilidades

• Apresentar ao acadêmico uma refl exão sobre a prática do monitoramento, sua importância na implementação de projetos, programas e serviços sociais

 Material para autoestudo

Verifi car no Portal os textos e as atividades disponíveis na galeria da unidade

 Duração

2 h-a – via satélite com professor interativo 2 h-a – presenciais com professor local 6 h-a – mínimo sugerido para autoestudo

INTRODUÇÃO

Há um sábio dito popular que afi rma: “Quem

procura e não sabe o quê, quando acha não se dá conta”. Perceber a necessidade de procurar por algo

implica sabermos do que se trata, por que existe, a quem se destina, qual o objetivo e como será possí-vel atingi-lo. Quando temos em mente as questões: O quê? Para quê? Quando? Onde? Como? Para quem?, nossa tarefa de monitorar e avaliar só neces-sitará de ferramentas adequadas.

Mas, afi nal, o que é monitoramento? Qual a sua importância na implementação de um projeto, pro-grama ou serviços de uma determinada política pú-blica?

O ato de monitorar corresponde ao acompanha-mento para consideração das informações forneci-das por meio de instrumentos técnicos (FERREIRA,

2004). Quando monitoramos buscamos parâmetros de qualidade para uma determinada intervenção. Queremos saber qual a repercussão com relação ao público atendido, objetivos do projeto, programa ou política pública. Segundo Santana,

monitorar signifi ca realizar um acompanhamento

periódico das ações, programas e políticas públi-cas, buscando conhecê-las e melhorá-las. Com o monitoramento, é possível identifi car os avanços e desafi os de cada política e participar, propondo mudanças. (SANTANA, 2008, p. 163)

Embora a prática de monitorar seja antiga (BU-VINICH, 1999), sua organização programática é contemporânea. No Brasil, essa ação se estrutu-ra principalmente no fi nal das décadas de 1960

(16)

e 1970, período do regime militar, em que havia uma preocupação com a qualifi cação da mão de obra dos trabalhadores para atender às demandas provenientes do processo acelerado de industriali-zação. Era necessário levantar a real situação dos trabalhadores para então investir em qualifi cação profi ssional. As primeiras Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs) eram pesquisas de mão de obra e, com o passar do tempo, ou-tros quesitos passaram a ser incorporados. (CAL-DAS, disponível em http://www.comciencia.br/ comciencia/handler.php?section=8&edicao=33& id=387).

O monitoramento é pautado em processo de planejamento, seu objetivo é de acompanhar a efi -ciência, efi cácia e efetividade de um projeto ou pro-grama, dando-lhe subsídios de aperfeiçoamento de seu escopo, modifi cando-lhe e/ou dando prosse-guimento às metas intentadas no processo inicial. É ferramenta indispensável ao gerenciamento, pois dá sustentação ao posterior processo de avaliação. Por meio dele, é possível mensurar se os recursos aplicados estão sendo bem utilizados ou se necessi-tam de novos direcionamentos, e o impacto da ação desenvolvida.

O processo de monitoramento consiste, prin-cipalmente, no levantamento de informações im-portantes para se atingir o objetivo proposto. Mas, como esse processo ocorre? Que ferramentas de-vemos dispor para tal tarefa? Como se defi ne o grau de importância da informação coletada? Aqui percebemos que a avaliação e a escolha de indi-cadores para que possamos acompanhar o

desen-volvimento da ação são inerentes ao processo de monitoramento.

Segundo Wanderley (2004) existem 6 fases no processo de monitoramento:

a) Delimitação do foco;

b) Escolha dos indicadores de acompanhamento; c) Adaptação dos instrumentos de coleta de

dados;

d) Defi nição do fl uxo de monitoramento; e) Organização e implementação da fase de

cole-ta de dados;

f) Inserção e gestão da informação.

Para Buvinich (1999), tais estágios consistem em: a) estabelecimento da hierarquia de objetivos e

metas;

b) seleção e defi nição dos indicadores para os diferentes níveis de objetivos, resultados, ob-jetivos e recursos;

c) identifi cação das fontes, formas de coleta, fl u-xos de informação, periodicidade e responsa-bilidades institucionais;

d) formas de análise e interpretação;

e) reporting para os diferentes níveis de tomadas de decisão e comunicação/divulgação.

A semelhança entre as duas concepções represen-tam o “lead”1 do monitoramento, justifi ca-se pela

necessidade de uma sistematização lógica que um processo bem planejado exige. Ou seja, se queremos monitorar precisamos necessariamente entender as questões metodológicas que envolvem nossa ação, expressas nestes dois fl uxos de monitoramento apresentados. Veja os Quadros 1 e 2.

Quadro 1 – O quê?1

WANDERLEY BUVINICH Questões para análise

a) Delimitação do foco a) Estabelecimento da hierarquia de objetivos e metas

O que será monitorado? Por onde começar?

Para atender aos objetivos de quem ou do quê? Existe somente um foco a ser considerado na análise dos dados?

1 Termo proveniente do jornalismo que diz que numa matéria jornalística é preciso responder a cinco perguntas básicas: o quê, por quê, quem,

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O QUE MONITORAR?

Esta fase inicial pressupõe o conhecimento da to-talidade da ação que está sendo desenvolvida. Como monitorar se não sabemos do que se trata e para quem se destina? Precisamos conhecer a proposta, seu público, seus objetivos e metas

corresponden-tes. Aqui, assim como nas demais fases, o conheci-mento teórico do assunto fará toda a diferença na ação. Quando estudamos o objeto de intervenção, temos parâmetros para análise, que servirão de base para a próxima etapa, a identifi cação e escolha de indicadores.

Quadro 2 – Para quê? Para quem?

WANDERLEY BUVINICH Questões para análise

b) Escolha dos indicadores de acompanhamento

b) Seleção e defi nição dos indicadores para os diferentes níveis de objetivos, resultados, objetivos e recursos;

Qual objetivo desta ação? O que queremos alcançar? Que impacto deve causar ? Irá benefi ciar a quem? MONITORAR PARA QUEM E PARA QUÊ?

Saber para quê e para quem (em prol de quem) se trabalha implica, como já dissemos anteriormen-te, no conhecimento do objeto estudado. Não bas-ta apenas que entendamos sobre monitoramento, é necessário que tenhamos domínio teórico. O subsí-dio teórico nos dará respaldo para a implementação e adequação de instrumentais, com base nos indica-dores escolhidos.

Como vocês já devem saber, indicadores são

si-nalizadores que nos permitem analisar a efi ciência/

efi cácia e efetividade da ação desenvolvida. Trata-se de uma medida quantitativa ou qualitativa uti-lizada para verifi car o alcance dos insumos, imple-mentação de processos, bem como para aferir as mudanças e os objetivos de um programa/projeto em termos de quantidade, qualidade e tempo. São classifi cados em indicadores de insumo, processo, produtos, efeitos e impacto. (BUVINICH, 1999)

Segundo Januzzi,

O processo de construção de um indicador social, ou melhor, de um sistema de indicadores sociais, para uso no ciclo de políticas públicas inicia-se a partir da explicitação da demanda de interesse pro-gramático, como a proposição de um programa para ampliação do atendimento à saúde, a redução do défi cit habitacional, o aprimoramento do de-sempenho escolar e a melhoria das condições de vida de uma comunidade. A partir da defi nição desse objetivo programático, busca-se, então,

de-linear as dimensões, os componentes ou as ações operacionais vinculadas. (JANUZZI, 2005, p. 138)

No aprofundamento teórico construímos con-ceitos que, decompostos em dimensões analíticas (WANDERLEY, 2004) e com base em um conjunto de indicadores, permitirão conhecer, medir e anali-sar o impacto da ação desenvolvida.

É importante ressaltar que, embora funcionem como “sinalizadores”, os indicadores se diferenciam uns dos outros, gerando resultados em diferentes perspectivas. Buvinich (1999) os classifi ca em qua-tro categorias:

(a) Indicadores de insumos ou de recursos:

mensuram a quantidade e qualidade dos re-cursos fornecidos para um programa ou pro-jeto (ex.: fi nanciamento, recursos humanos, treinamento, equipamentos, materiais, capa-cidade organizacional).

(b) Indicadores de processo ou de atividades:

mensuram as atividades implementadas no dia a dia do projeto/programa para a implan-tação dos recursos e outros processos na to-mada de decisão.

(c) Indicadores de produtos ou resultados:

mensuram a quantidade e qualidade dos bens e serviços criados ou fornecidos por meio do uso dos insumos. Ou seja, permitem verifi car os resultados imediatos, como: crianças va-cinadas, grupos constituídos e funcionando, clínicas e escolas construídas etc;

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(d) Indicadores de efeito e impacto: mensuram a

qualidade e quantidade dos re’sultados alcança-dos por meio do fornecimento e uso alcança-dos bens e serviços, como: mudanças na qualidade de vida, redução da incidência de doenças, incremento de renda, redução da mortalidade infantil, etc.

Concomitante ao processo de identificação e escolha de indicadores, as ações a serem im-plementadas são vislumbradas e a metodologia de intervenção começa a “tomar corpo” dando uma direção para se atingir os objetivos pro-postos.

Quadro 3 – Como e quando monitorar?

WANDERLEY BUVINICH Questões para análise

c) Adaptação dos instrumentos de coleta de dados

d) Defi nição do fl uxo de monitoramento e) Organização e implementação da fase

de coleta de dados

f) Inserção e gestão da informação

c) Identifi cação das fontes, formas de cole-ta, fl uxos de informação, periodicidade e responsabilidades institucionais

d) Formas de análise e interpretação e) Reporting2 para os diferentes níveis de

tomadas de decisão e comunicação/divul-gação

Qual ferramenta é a mais adequada para monitorar? Como será o processo de coleta de dados? Em que espaço de tempo?

Neste item, focaremos nossa discussão nos

ins-trumentais de coleta de dados e no fl uxo de mo-nitoramento, acreditamos assim contemplar os

de-mais itens constantes no Quadro 3.

Voltemos ao ditado popular citado logo no início do texto, que nos alerta sobre a necessidade de se saber exatamente o que se procura, caso contrário podemos não perceber o que encontramos.

Na construção de um instrumental de coleta

de dados, é necessário buscar elementos que

for-necerão informações importantes para a toma-da de decisões. O levantamento de informações necessariamente está pautado no conhecimento teórico e no entendimento do que se quer. Os ins-trumentais de coleta de dados são utilizados para levantar informações qualitativas e/ou quantita-tivas que darão indicativos para a continuidade, adequação ou redirecionamento da ação desen-volvida. São criados de acordo com a tecnologia disponível ao investigador e/ou técnico. As infor-mações colhidas na aplicação destes instrumen-tais comporão o Sistema de Informação que as trabalhará no campo dos indicadores, possibili-tando uma análise da eficiência, eficácia e efetivi-dade da ação implementada.

Exemplo de instrumental de coleta de dados:

Cadastro Programa Recria Livre3

No item apresentado, o objetivo é de perceber as condições de moradia das famílias de determinada região. Façamos a leitura dos dados: D. Maria da

Sil-3 Recria Livre – Rede de Atenção à Criança e ao

Adoles-cente de Caxias do Sul, disponível em

<http://www.re-cria.org.br/manual/3.1.2/3.1.2.1>, acesso em 24/7/2009.

2

(19)

va mora em uma residência cedida (alguém lhe

em-presta o imóvel), de madeira, com banheiro dentro

de casa, com fossa séptica, sem asfalto, sem água en-canada e com luz elétrica. Como é possível notar há outros itens a serem preenchidos que complemen-tarão esta informação. Assim será possível identi-fi car a situação da família e veriidenti-fi car as condições existentes para sua inclusão em projetos, programas ou serviços. O processo de cadastramento produz conhecimento sobre o perfi l das famílias e/ou usu-ários atendidos gerando subsídios para o trabalho a ser desenvolvido. (WANDERLEY, 2004)

Existem outros tipos de instrumentais, que servem de acompanhamento das ações implementadas que nos informam se os resultados alcançados corres-pondem aos objetivos propostos inicialmente. Tanto neste instrumental como no anterior, o responsável por sua elaboração deve ter em mente a fi nalidade da informação buscada. Por que interessa saber se a D. Maria tem banheiro dentro ou fora de casa? Se possui ou não documentos? O valor da sua renda mensal e o tamanho de sua família? É preciso saber o que se busca, caso contrário não há porque para fazê-lo.45

+

SAIBA MAIS

1. As atividades de Monitoramento e Ava-liação são disciplinas relativamente no-vas no campo do desenvolvimento; 2. A avaliação de programas começa a

emergir dentro das agências das Nações Unidas e em alguns países em desenvol-vimento, a partir da década de 1950. 3. Inicialmente no sistema das Nações Unidas,

os esforços de avaliação eram limitados no conceito e escopo,4 restringindo-se mais à

alocação e entrega de insumos5 e à obtenção

de produtos do que com os possíveis efeitos e impactos dos projetos de desenvolvimento sobre a população benefi ciada.

4 Alvo, mira, intenção. FERREIRA, 2005.

5 Elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou

ser-viços. FERREIRA, 2005.

CONCLUINDO

Percebemos que o monitoramento é um processo que precisa ser pensado desde o momento do pla-nejamento de um determinado projeto, programa ou política pública até a conquista das suas metas, objetivos e fi nalidade. É processual e deve fornecer elementos para mensurar a efi ciência/efi cácia e efe-tividade das ações implementadas, tal verifi cação é possível por meio de instrumentais de acompanha-mento e avaliação de resultados.6

PARA PENSAR...

Para o Banco Mundial6 os benefícios e

vanta-gens do monitoramento são:

• Identifi car falhas na elaboração e no plano de execução;

• Estabelecer se o projeto está sendo realiza-do conforme o plano;

• Examinar continuamente as hipóteses do projeto, determinando, assim, o risco de não se cumprirem os objetivos;

• Determinar a probabilidade de se produ-zir os componentes ou produtos na forma planejada;

• Verifi car se os Componentes terão como resultado o cumprimento do propósito; identifi car problemas recorrentes que de-mandam atenção;

• Recomendar mudanças no plano de exe-cução do projeto;

• Ajudar a identifi car soluções a problemas; e • Estabelecer vínculos entre o desempenho

das operações em andamento e a futura assistência do Financiador.

Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.

Sêneca

6 O Banco Mundial não é um “banco” no sentido comum, mas uma

organização internacional constituída por 185 países desenvolvidos e em desenvolvimento – que são os seus membros. Saiba mais aces-sando o site

http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/HOME-PORTUGUESE/EXTPAISES/EXTLACINPOR/BRAZILINPOREXTN/ 0,,contentMDK:21352466~menuPK:3817183~pagePK:1497618~piPK :217854~theSitePK:3817167,00.html

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Unidade Didática – Informação, Monitoramento e A

valiação

em Serviço Social

AULA

2

ENFOQUES AVALIATIVOS

 Conteúdo

• Conceito e especifi cidades de efi ciência, efi cácia e efetividade

• Considerações sobre aspectos metodológicos que envolvem o processo de avaliação

 Competências e habilidades

• Apresentar ao acadêmico(a) as diferenças conceituais entre os enfoques avaliativos utiliza-dos como recursos analíticos no processo de avaliação

• Entender as implicações da escolha metodológica no processo de avaliação

 Material para autoestudo

Verifi car no Portal os textos e as atividades disponíveis na galeria da unidade

 Duração

2 h-a – via satélite com professor interativo 2 h-a – presenciais com professor local 6 h-a – mínimo sugerido para autoestudo

INTRODUÇÃO

Importar-se com a maneira como você irá condu-zir o seu trabalho ou qual o impacto que suas atitudes irão causar sobre sua comunidade, sua família ou so-bre sua própria vida é o princípio para que você faça a diferença sobre todos aqueles e aquilo que o cerca. Se você não se importa com suas atitudes, certamente não irá se importar com coisa alguma!

A avaliação e o monitoramento são os instrumen-tos que possibilitam analisar a qualidade e o impac-to de seu trabalho em relação ao seu plano de ação e suas estratégias para tudo o que intentar realizar

e para que essa avaliação e monitoramento sejam realmente válidos, você precisa ter planejado cor-retamente, ou seja, planejamento, monitoramento e avaliação estão extremamente ligados quando se decide a realizar ações com responsabilidade e re-sultados coerentes. Mas, como o monitoramento se relaciona com a avaliação?

A RELAÇÃO ENTRE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Apesar de serem duas expressões diferentes, e, em muitas vezes possam ser apresentadas juntas,

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apresentam formas diferentes, mas uma relação muito íntima. São, de fato, duas formas distintas de atividades organizacionais, relacionadas, porém ja-mais idênticas.

Já vimos na aula anterior que Monitoramento é uma coleta sistemática e uma análise de informa-ções importantes para se atingir um objetivo pro-posto. Além disso é criado para se avaliar e acompa-nhar e melhorar a efi ciência e a efi cácia e a efetivi-dade de um projeto ou organização.

Isso é importante!

É importante lembrar que se o monitoramento for utilizado de forma correta, torna-se uma ferra-menta inestimável para um bom gerenciamento dos programas, além de fornecer uma base de avaliação muito útil. Possibilita conhecer se os recursos estão sendo bem utilizados e se serão sufi cientes para o que está sendo feito; se sua capacidade de trabalho é sufi ciente e apropriada; e se você está realizando aquilo que planejou fazer.

A Avaliação, que será estudada mais detalhada-mente na próxima aula, pode ser entendida com a comparação do real impacto do projeto em relação ao planejamento estratégico estudado anteriormen-te. Averigua o que foi formulado para ser realizado com o que foi feito e como isso foi alcançado. Pode ser formativa (sendo elaborada ao mesmo tempo em que ocorre o projeto ou existe a organização, com a intenção de melhorar a estratégia ou a forma do funcionamento de um projeto ou organização). E pode também ser resumida (aferindo aspectos de ensinamentos para um projeto fi nalizado ou uma organização que deixou de existir). Uma vez, uma pessoa descreveu a diferença entre os dois como a diferença entre uma avaliação médica geral e uma autópsia!

O que a avaliação e o monitoramento têm em comum é que ambos são estruturados durante o aprendizado “do que se está fazendo” e “como se está fazendo”, focalizando:

• Efi ciência • Efi cácia • Efetividade

Arretch (2007) afi rma que estes três termos efi ci-ência, efi cácia e efetividade podem ser entendidos como recursos analíticos destinados a separar as-pectos distintos dos objetivos e por consequência da abordagem e dos métodos e técnicas de avaliação.

Desse modo, é necessário que se conheça o que distingue um termo do outro, para que se possa re-fl etir sobre a utilidade de cada um na análise dos programas e políticas sociais.

EFETIVIDADE

Por avaliação de efetividade, entende-se o exa-me da relação entre a impleexa-mentação de um determinado programa e seus impactos e/ou resultados. (FIGUEIREDO E FIGUEIREDO, 1986 apud ARRETCH, 2007, p. 31)

Desse modo, pode-se dizer que avaliar a efetivi-dade de um programa é avaliar o seu sucesso ou fra-casso em termos de uma efetiva mudança nas con-dições sociais do contexto em que se realiza a ação.

Nesse tipo de avaliação a maior difi culdade não se apresenta em distinguir os resultados, mas sim em demonstrar que os resultados encontrados estão casualmente relacionados aos produtos oferecidos pelo programa em análise.

Arretch (2007) chama a atenção para o fato de serem os estudos, confi áveis, de efetividade muitos difíceis, e por que não dizer raros. A autora toma como exemplo os programas de saneamento básico, que buscam impactar as condições de saúde da po-pulação. A autora lembra que uma coisa é abastecer a população com sistema de água e esgoto, forne-cendo-lhes produtos como torneiras de água e siste-ma de eliminação de dejetos. Outra coisa, e bastante distinta, é a qualidade do serviço oferecido e mais importante ainda, o impacto que esses serviços irão trazer sobre as condições de vida da população ou comunidade atendida.

Assim, é notório que as difi culdades desse tipo de avaliação vão desde as razões mais simples, como

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obtenção de informação sobre os programas e políti-cas sociais, até as metodologicamente mais comple-xas, como o tratamento de variáveis, que permitem a realização da avaliação de efetividade com maior precisão. Resta ainda lembrar que, o mero estabele-cimento da correlação entre os índices de pobreza e oferta de serviços sociais, não garante resultados qualifi cados em termos de políticas e programas so-ciais. Somente rigorosas avaliações de efetividade, que tenham como base o estabelecimento das rela-ções da causalidade, podem ser consideradas ade-quadas ao propósito avaliativo dessa natureza. EFICÁCIA

Entende-se por avaliação de efi cácia, a relação entre os objetivos e instrumentos explícitos de um dado programa e seus resultados efetivos .(FIGUEIREDO e FIGUEIREDO, 1986, apud ARRETCH, 2007, p. 31)

Essa avaliação é analisada por diversos autores como a mais factível, justamente por ser ela a menos custosa. No caso da avaliação de efi cácia, pode-se estabelecer uma equação entre as metas anuncia-das por um programa e, com base nas informações disponíveis, relacioná-las com as metas alcançadas. Pode assim, medir o sucesso ou fracasso do progra-ma analisado. Segundo Arretch (2007, p. 34)

Na maior parte das vezes, esta avaliação consiste no exame da processualidade concreta e da adequação e coerência dos meios e instrumentos utilizados durante a vigência de um determinado programa.

Seguindo por esse caminho, pode-se ainda ava-liar a relação entre os instrumentos previstos para a implementação de uma política e aqueles efetiva-mente empregados durante a execução da política ou do programa que está sendo analisado.

Apesar de existirem difi culdades também nesse tipo de avaliação, pode-se dizer que essas difi culda-des residem mais propriamente na obtenção e vera-cidade das informações sobre o funcionamento dos

programas em questão. Resta ressaltar que para esse tipo de avaliação ser realizado, exigem-se pesquisas de campo que sejam capazes de medir e reconstruir o processo de implantação e/ou implementação da política que estará sendo analisada. (ARRETCH, 2007)

EFICIÊNCIA

Por avaliação de efi ciência, entende-se a ava-liação da relação entre o esforço empregado na implementação de uma dada política e os resultados alcançados. (FIGUEIREDO e FI-GUEIREDO, 1986, apud ARRETCH, 2007, p. 34)

Para Arretch (2007, p. 35) essa modalidade de avaliação é a mais necessária e urgente a ser desen-volvida. Segundo a referida autora

[...] limites para obtenção de recursos com base na criação de novas fontes e arrecadação, bem como um crescente estreitamento de suas ofertas tradi-cionais, tem induzido a inovações no campo da racionalização da gestão e do gasto público, vale dizer, no terreno específi co da efi ciência, medidas estas que demandam estudos de avaliação.

Pode-se entender que essa modalidade de avalia-ção está em evidência pela necessidade de se evitar gastos indevidos de recursos, ou seja, a gestão dos recursos públicos é um assunto que move vários interesses e que não pode ser tratado de qualquer maneira.

Dessa forma, a avaliação de efi ciência pode ser vista como um instrumento indispensável, princi-palmente em se tratando de políticas públicas, pois, gastos desnecessários, desperdício de recursos, corrupção ou incapacidade governamental consti-tuem-se sérios entraves ao princípio da equidade. Ao avaliar a efi ciência das políticas que estão postas na sociedade, cada cidadão pode e deve assegurar-se de que realmente as demandas oriundas da ques-tão social esques-tão sendo atendidas a contento.

(23)

Ressalta-se ainda que o impacto da crise fi scal do Estado vem exigindo a busca de medidas e progra-mas de racionalização da ação pública. Procura-se, dessa forma, “[...] aumentar o volume de recursos efetivamente disponíveis sem aumentar o volume de arrecadação e/ou sem aumentar rubricas de gas-to” (ARRETCH, 2007, p. 35). Lembra-se aqui, que para que se possa apresentar medidas que favoreça um maior número de fontes de arrecadação sem que se exija cada vez mais das fontes tradicionais leva-se a uma consequente ação de estreitamento da gestão e do gasto público. Para que essas medidas sejam implementadas, sem dúvida alguma, demanda-se um estudo de avaliação.

Outro aspecto que se deve examinar ao se tratar da avaliação de efi ciência é que, no Brasil, além da escassez dos recursos públicos, tem ocorrido uma ampliação constante dos “universos populacionais” a serem atendidos pelos programas sociais.

!

ATENÇÃO

Os critérios e o conceito de efi ciência são dis-tintos, quando se trata do setor público ou do setor privado.

Não menos importante analisar que, as avaliações de efi ciência, são um instrumento democrático. Isto se dá por ser a efi ciência, que na linguagem do di-cionário, é entendida como “a virtude de produzir um efeito” um objetivo da democracia.

Para facilitar a análise, deve-se entender que ao dispor de recursos públicos e ao implementar polí-ticas públicas, o governo está gerenciando e gastan-do um recurso que não é seu e sim de cada cidadão que faz parte da sociedade. Arretch (2007, p. 36) lembra ainda que:

“A probidade, competência e efi ciência no uso de recursos publicamente apropriados constituem, em regimes democráticos, uma das condições para a confi ança pública (public confi dent) no estado e nas instituições democráticas.”

Vale dizer ainda que, apesar o critério de efi ciên-cia no setor privado ser diferente do setor público, a necessidade de se equilibrar gastos e resultados tem a mesma valia para ambos, ou seja, quanto mais re-duzidos os custos e quanto melhores os resultados (ou mais mensuráveis possíveis) tanto melhor será para o setor público quanto para o setor privado. ALGUMAS QUESTÕES METODOLÓGICAS INERENTES AO PROCESSO DE AVALIAÇÃO

Figueiredo e Figueiredo (1986) analisam que a escolha do método a ser utilizado na avaliação de políticas sociais decorre mais do objetivo da política ou do programa que será avaliado. Leva-se em con-sideração também, mais o seu objetivo social do que a preferência intelectual do analista.

Dessa forma, consideram os autores citados que são utilizados os métodos próprios da pesquisa social, como a pesquisa de populações por amostragem, a análise de dados agregados (ou contabilidade social), análise de conteúdo e observação participante. Asse-guram ainda que o mais importante nessa discussão

É o estabelecimento das conexões lógicas entre os objetivos da avaliação, os critérios de avaliação e os modelos analíticos capazes de dar conta da pergun-ta básica de toda pesquisa de avaliação: a política ou programa social sob observação foi um suces-so ou fracassuces-so? (FIGUEIREDO e FIGUEIREDO, 1986, p. 5)

Nesse sentido, a opção metodológica do avaliador deve levar em consideração os propósitos da política ou programa que está em evidência. Porém, é impor-tante defi nir com clareza e transparência o objeto da avaliação e seus focos de concentração, ou seja, quais os ângulos, espaços e temporalidade serão avaliados.

Figueiredo e Figueiredo (1986) destacam a ado-ção dos critérios de efi ciência e efi cácia ao se avaliar as políticas, pois o propósito de tal avaliação centra-se na produção de bens e centra-serviços públicos. Propõe ainda a adoção do critério de efetividade para ava-liação de políticas com propósitos de mudança e avaliação de impacto.

(24)

Como já elencado em aulas anteriores, avaliar é atribuir valor sobre o grau de efi ciência, efi cácia e efetividade de políticas, programas e projetos sociais. Assim, faz-se necessário apreender em sua totalidade, os fl uxos e os nexos estabelecidos entre a seleção de estratégias, sua implementação, execução, resultados produzidos e os custos fi nanceiros decorrentes, en-tendendo que o objetivo desse processo é comprovar a efi ciência, efi cácia dos serviços e ações programa-das, bem como a efetividade na aplicação dos gastos. Assim, monitoramento e avaliação devem ter um planejamento contínuo, uno e permanente, que en-volvam o projeto desde a sua concepção até a concre-tização de seus resultados. Deve-se ainda atentar para que todas as etapas sejam construídas coletivamente, com a participação dos benefi ciários potenciais, para que seja inclusive um espaço de aprendizagem, am-pliação do conhecimento e construção da cidadania.

+

SAIBA MAIS

Silva e Silva (2007, p. 64) considera que a ques-tão metodológica para produção do conheci-mento social e, especifi camente, para avaliação de políticas e programas sociais, coloca, ini-cialmente, questões conceituais relevantes tais como:

• A concepção da metodologia – entendi-da pela autora como a constituição de um corpo teórico de explicação da própria avaliação e de seu objeto;

• A compreensão de método como todo raciocínio empregado para aceitar ou re-chaçar um fato como verdadeiro e técni-ca concebida como instrumento utilizado para colher dados e analisá-los.

A autora reconhece que a partir da compreen-são dos itens acima levantados é que se pode considerar o processo, os sujeitos e os modelos utilizados na avaliação das políticas e progra-mas sociais, bem como os métodos e técnicas em evidência atualmente.

CONSIDERAÇÕES NECESSÁRIAS

Não se pode dissociar a avaliação das etapas de uma política, ou seja, a avaliação está intrinseca-mente ligada a todas as etapas das políticas ou pro-gramas sociais.

A opinião pública tem um enorme peso sobre o que é implementado na sociedade e em um proces-so eleitoral o impacto de um programa ou de uma política pode ser decisivo na tomada de decisão dos cidadãos. Dessa forma, a avaliação da efi ciên-cia, efi cácia e efetividade das políticas “[...] tende a ser apenas um dos elementos – e possivelmente de muito menor importância – na decisão pela adoção, reformulação ou supressão de um programa pú-blico, dado que as razões do mercado eleitoral têm forte infl uência no processo decisório”. (ARRETCH, 2007, p. 36)

Assim, reforça a autora, a produção e divulgação de avaliações rigorosas e tecnicamente bem plane-jadas e realizadas, permitem o exercício de um im-portante direito democrático: o controle social so-bre as ações do governo.

Essa reflexão possibilita a utilização de ou-tro elemento de análise, ou seja, a utilização de agências independentes capazes de produzir es-tudos confiáveis de avaliação de políticas públi-cas. Não se discute aqui a validade ou idonei-dade das avaliações realizadas pelos organismos públicos, e sim, a possibilidade do exercício da democracia, por meio de um instrumento inde-pendente.

Vale ainda trazer à tona a lembrança de que as instituições independentes podem ter mais incen-tivos e condições para, com base em critérios va-lorativos explícitos e objetivos defi nidos, montar instrumentos adequados para responder à questão que se estabelece entre as políticas, seus processos e resultados. Indispensável ressaltar que estas são condições necessárias para uma boa gestão e um bom governo.

Portanto, tanto você caro(a) acadêmico(a) que está tendo acesso ao conhecimento tanto como o cidadão que por um motivo ou por outro não pode estar em

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um banco escolar, tem a mesma responsabilidade e direito. Exercer o controle social, por meio da avalia-ção das políticas e programas, apresentados à popu-lação. Assim, olhos atentos e mente ligada e

disponi-bilidade sempre para lutar pelos direitos adquiridos e por aqueles que ainda serão conquistados.

“Quando falares, cuida para que tuas palavras se-jam melhores que o silêncio.” (Provérbio Indiano)

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Unidade Didática – Informação, Monitoramento e

A

valiação em Serviço Social

AULA

3

AVALIAÇÃO

 Conteúdo

• Considerações históricas sobre o processo de avaliação • Conceito de avaliação

• Análise dos objetivos que permeiam a avaliação

 Competências e habilidades

• Apresentar ao acadêmico(a), elementos que possibilitem a refl exão sobre a importância do processo de avaliação das políticas e programas sociais

 Material para autoestudo

Verifi car no Portal os textos e as atividades disponíveis na galeria da unidade

 Duração

2 h-a – via satélite com professor interativo 2 h-a – presenciais com professor local 6 h-a – mínimo sugerido para autoestudo

INTRODUÇÃO

É impossível pensar no processo de fortaleci-mento da democracia sem que coloquem em pauta alguns elementos imprescindíveis como: transpa-rência e socialização das informações, dos resulta-dos e resulta-dos impactos de ações sociais públicas. Nesse sentido, a avaliação é um precioso instrumento de gestão não só para o Estado, mas para os demais agentes sociais envolvidos na implantação de polí-ticas públicas.

Assim, ela se destaca não apenas como uma ação pontual e específi ca a ser realizada ao fi nal de cada programa, mas como um processo contínuo que se inicia no momento da concepção do projeto e se es-tende a sua implementação, até o momento da apro-priação dos resultados e impactos gerados.

Torna-se, então necessário que as organizações atuantes na área social assumam a avaliação como um procedimento que lhes permita aprimorar suas ações e mais, manter uma relação de transparência com seus públicos-alvo, com seus parceiros e com a sociedade em geral no que tange a seus propósitos, processos e resultados.

Avaliação e monitoramento são, portanto, o melhor caminho para que a realidade seja apreendida, além de ser uma fonte de obtenção de informações e conhe-cimentos que auxiliam nas tomadas de decisão em relação às políticas públicas. Mas, desde quando o in-teresse pela “avaliação” tornou-se um elemento impor-tante nos programas sociais e políticas públicas? Bem, vamos atentar para algumas considerações históricas que poderão trazer respostas a essa indagação!

Referências

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