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ESTUDO E ANÁLISE CRÍTICA DO CONTEXTO SOCIAL ATUAL

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 135-139)

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ESTUDO E ANÁLISE CRÍTICA DO CONTEXTO

SOCIAL ATUAL

 Conteúdo

• Análise crítica do Contexto Social

 Competência e habilidade

• Levar o acadêmico(a) a analisar o contexto social atual da sociedade sobre a ótica do olhar do assistente social

 Material para autoestudo

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 Duração

2 h-a – via satélite com professor interativo 2 h-a – presenciais com professor local 6 h-a – mínimo sugerido para autoestudo

 Início de conversa

Caro aluno, ou melhor dizendo, futuro Assis- tente Social nesta disciplina em si vamos abordar aspectos importantes do cotidiano profissional da categoria que nos são colocadas como desa- fios. Ao iniciarmos esta unidade didática é im- portante apontarmos alguns elementos que fo- ram fundamentais no processo de construção e fortalecimento da categoria dos profissionais do serviço social.

Esses elementos são forjados no conjunto das rei- vindicações da sociedade ao longo da história que nos coloca um desafi o eminente, como compreen- der os anseios e necessidades da sociedade, para lidarmos com a situação de vulnerabilidade, desres- peito aos direitos sociais e sermos um profi ssional

prepositivo, que visa uma atuação pautada na luta pelos direitos sociais, coletivos e humanos?

Talvez essa indagação não seja respondida por nós nas próximas décadas e nem neste século, mas quem saiba possamos dar o aporte para que os pro- fi ssionais do futuro tenham como marco as ações praticadas desde a criação da primeira escola de serviço social até nossos dias atuais.

Não podemos perder de vista que a atual socie- dade espera que os problemas sociais de hoje não sejam mais o de amanhã. E no cenário atual, deve- mos retomar ao início da história da humanidade para compreendermos a trajetória das ações sociais. Por vários momentos houve avanços, retrocessos e mudanças de comportamento individual e coletivo, que atingiu a todos no cenário mundial.

Essas mudanças foram e são necessárias, mas atinge a todos de forma diferente, pois uns sentem mais que os outros e é nesse contexto social que se insere o profi ssional assistente social. Ele vai lidar no seu cotidiano de trabalho com essas mazelas da sociedade. Será que de fato estamos preparados para isso? Apesar dessa indagação acredito que há vários caminhos a serem seguidos, qual o certo? Não sei. Talvez esse seja o grande desafi o posto ao profi ssional.

Análise crítica do contexto social

Sob diferentes perspectivas, a política social brasileira avançou muito desde a implantação da primeira escola de serviço social no país. Segundo Iamamoto (2008) tem-se que entender a particula- ridade da formação histórica da sociedade brasileira e a relação com a questão social. Pois, o moderno se constrói por meio do arcaico, recriando “elementos de nossa herança histórica colonial e patrimonia- lista, ao atualizar marcas persistentes e, ao mesmo tempo, transformá-las, no contexto de mundializa- ção do capital sob a hegemonia fi nanceira” (p. 128). Ou seja, as marcas históricas persistem e ao serem atualizadas, repõem-se modifi cadas diante de con- dições históricas que imprimem ao mesmo uma di- nâmica própria ao processo contemporâneo.

Assim sendo, o novo surge pela mediação do passado, “transformado e recriado em novas formas nos processos sociais do presente”. (IAMAMOTO, 2008, p. 128) Neste contexto pode-se ver a inser- ção do país no cenário internacional do trabalho, como um país de economia emergente no mercado mundializado, que carrega a história de sua forma- ção social, mediada pela relação entre o Estado e a sociedade que estabelece a formação do universo político-cultural das classes, grupos e indivíduos sociais. (IAMAMOTO, 2008)

Tais desigualdades revelam o descompasso da temporalidade histórica atribuindo-lhe particula- ridades à formação social do país. Então, desde a década de 1930 moldou-se no país um sistema de proteção social com características bem peculiares. Por um lado, o sistema vinculava-se ao assalaria-

mento formal das áreas urbanas, no qual apenas os empregados registrados e residentes nas cidades conseguiam amparo contra as contingências (ali- mentação, assistência à saúde, moradia, transporte entre outros). Por outro lado, a utilização desse sis- tema dependia de contribuições prévias e regulares dos empregados e empregadores. (IPEA, 2007)

Segundo o IPEA (2007), pode-se dizer que a di- nâmica capitalista brasileira não viabilizou a exten- são do assalariamento formal para além das áreas urbanas. Mesmo assim, o capitalismo brasileiro não conseguiu impor o assalariamento como relação laboral básica, de modo que os trabalhadores do- mésticos, autônomos, eventuais e outros fi caram a margem do sistema de proteção social.

Ao tomar como ponto de partida esse processo histórico de desigualdade na sociedade brasileira percebe-se o quanto a relação entre o Estado e a sociedade está fragilizada, pois a “desigualdade de temporalidades históricas tem na feição antidemo- crática assumida pela revolução burguesa no Brasil um de seus pilares”. (IAMAMOTO, 2008, p. 130) Uma vez que as soluções políticas para as grandes decisões que presidiram a condução da vida nacio- nal têm sido orientadas por deliberações “de cima para baixo” e pela reiterada exclusão das classes su- balternas, historicamente destituídas da cidadania social e política. E é nesse contexto que temos que entender as questões sociais que emergem no Brasil na atualidade.

O Brasil e a questão social na contemporaneidade Segundo Iamamoto (2008) a crise capitalista de longa duração que se desencadeou na década de 1970, apresenta profundas alterações nas formas de produção e de gestão do trabalho perante as exigên- cias do mercado mundial sob o comando do capital fi nanceiro, que alteram profundamente as relações entre o Estado e a sociedade.

Nessa lógica pode-se se entender que o regime de acumulação do capital fi nanceiro tende a provocar crises que geram no mundo recessão. Sendo tributa- do a essa lógica o caráter volátil do crescimento que remonta a concentração de renda e ao aumento da

pobreza, gerando um verdadeiro “apartheid social”. (IAMAMOTO, 2008) Ampliando as desigualdades territorialmente, que pode se traduzir na distância entre as rendas de trabalho e do capital e entre os rendimentos dos trabalhadores qualifi cados e não qualifi cados.

Como sustenta Iamamoto (2008), a esfera de or- ganização da produção, o padrão fordista-taylorista convive com as formas de organização da produção dotadas de elevado padrão tecnológico, por meio da incorporação dos avanços científi cos, mas que do ponto de vista dos interesses dos trabalhadores é regressiva. A desregulamentação do capital nutre o aumento das taxas de mais-valia absoluta e relativa, presente e futura, que o capital resume em seu dis- curso na “fl exibilidade”.

Ou seja,

o rebaixamento dos custos do chamado “fator tra- balho” tem peso decisivo, envolvendo o embate contra a organização e as lutas sindicais, os cortes de salário e direitos conquistados. A necessidade de redução de custos para o capital revela-se na fi gura do trabalhador polivalente, em um amplo enxugamento das empresas, na captação da mais- valia das empresas terceirizadas para as quais são transferidos os riscos das oscilações de mercado. A concorrência entre os capitais no mercado mundial estimula um acelerado desenvolvimento científi co e tecnológico, que revoluciona a produção de bens e serviços. (IAMAMOTO, 2008, p. 143)

Nesse cenário, a reestruturação produtiva afeta radicalmente a organização dos processos de traba- lho, que se pode traduzir no consumo e gestão da força de trabalho, nas condições e relações de tra- balho, como também no próprio conteúdo do tra- balho. O que provoca o crescimento dos níveis de exploração e as desigualdades, bem como as insatis- fações e resistências presentes nas lutas do dia a dia. Contudo, a questão social é indissociável da so- ciabilidade capitalista e, particularmente, das con- fi gurações assumidas pelo trabalho pelo Estado na expansão monopolista do capital. (IAMAMOTO, 2008) Pois, a gênese da questão social na socieda-

de burguesa deriva do caráter coletivo da produção contraposta à apropriação privada da própria ativi- dade humana.

Para Iamamoto (2008), a questão social condensa o conjunto das desigualdades e lutas sociais, produzi- das e reproduzidas no movimento “contraditório das relações sociais, alcançando plenitude de suas experi- ências e matizes em tempo de capital e fetiche”. (p. 156) Por outro lado, na atualidade o debate acerca da questão social relacionado ao Serviço Social foi im- pulsionado pelo processo coletivo de construção das diretrizes curriculares para o ensino superior na área, que teve lugar nas duas ultimas décadas do século XX.

Conforme Iamamoto (2008), o projeto de for- mação profi ssional no Brasil reconhece a dimensão contraditória das demandas que se apresentam à profi ssão, por meio das forças sociais que nela in- cidem. Pois,

um dos maiores desafi os que o assistente social vive no presente é desenvolver sua capacidade de deci- frar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. En- fi m, ser um profi ssional propositivo e não só execu- tivo (IAMAMOTO, 2006, p. 20).

Para ter o controle de suas ações e previsão de suas infl uências nos processos sociais, faz-se neces- sário que o profi ssional tenha mais conhecimento acerca da matéria-prima ou do objeto de seu traba- lho, que consiste na questão social.

Na realidade,

a identifi cação da questão social como elemento transversal à formação e ao exercício profi ssio- nal não é fruto de uma decisão arbitrária ou ale- atória. Decorre, em primeiro lugar, da necessidade de impregnar a profi ssão de história da sociedade presente e, em particular, da realidade brasileira, como caminho necessário para superar os dilemas da reiterada defasagem entre teoria e exercício pro- fi ssional cotidiano, qualifi cando as respostas profi s- sionais no enfrentamento das expressões cotidianas da questão social.

Em segundo lugar, o privilégio atribuído à questão social requer aprofundar a apropriação teórico-sis- temática do universo plural da tradição marxista, em sua interlocução com as correntes mais repre- sentativas do pensamento social contemporâneo, estimulando o debate. (IAMAMOTO, 2008, p. 184)

Uma vez que o serviço social deu um enorme salto nos anos 1980, ao aproximar-se da análise da política social, o que não ocorreu com a sociedade civil.

Apoiada em Yazbek (2001), Iamamoto assinala que a “questão social se redefi ne, mas permanece substantivamente a mesma por se tratar de uma di- mensão estrutural” (2008, p. 188) assumindo, hoje novas “confi gurações e expressões com a transfor- mação nas relações de trabalho e a perda da prote- ção social dos trabalhadores e setores mais paupe-

rizados”. (p. 188) Em suma, a questão social é um elemento central da relação entre profi ssão e reali- dade, em uma sociedade de classe. Pois, a questão social é considerada no serviço social como base da fundação histórica da profi ssão e deve ser apreen- dida como o conjunto das expressões das desigual- dades da sociedade capitalista resultante do confl ito capital-trabalho.

Embora esta análise seja breve, vale destacar que autores como Martins, Serra, Faleiros, Yazbek, Rai- chellis, Pereira entre outros, tem produções especia- lizadas da área sobre a questão social, com louvável preocupação metodológica de ressalvar as particu- laridades históricas brasileira no processo de consti- tuição do trabalho assalariado. No entanto, existem visões diferenciadas na compreensão da questão so- cial e sua relação com o serviço social.

Unidade Didática – Desafi

os e Perspectivas do Serviço

Social

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OS DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO

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