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EM EMPRESAS PRIVADAS  Conteúdo

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 180-184)

• A prática profi ssional do Assistente Social no ambiente empresarial

 Competências e habilidades

• Compreender que a inserção, manutenção e atuação do Assistente Social no desenvolvi- mento do trabalho em empresas requerem qualifi cação e envolvimento profi ssional

• Possibilitar a discussão sobre as mudanças do mercado de trabalho e o projeto ético-político do Serviço Social

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Muitas transformações no mundo do trabalho estão ocorrendo, geradas pela crise do capitalismo, infl uindo diretamente nas condições de trabalho do assistente social no ramo de empresas privadas; mas também, possibilitando a ampliação do campo de atuação desse profi ssional. A expansão do mercado de trabalho para o serviço social encontra respostas e demonstra que com o avanço do capital aumentam as demandas e necessidades sociais dos trabalhadores.

Com os processos de abertura de mercado, acen- tuada na década de 1990, houve muitas mudanças

no mundo empresarial, exigindo por parte desses a inserção de novas tecnologias, formas de gestão e sistemas de redução de custos, favorecendo a com- petição entre empresas. Nesse aspecto, a empresa tem que conhecer muito bem o mercado que atua e ter estratégias que ressaltem suas vantagens compe- titivas e que a mantenham no mercado.

Esse processo de inserção no mercado globali- zado tem levado a um desmantelamento da vida e das relações sociais, gerando um aumento da pau- perização e exclusão, deixando fora do mercado

formal grupos e segmentos populacionais que não têm condições de sobreviver nesse mercado, como: idosos, crianças e outros.

É no contexto da globalização mundial sobre a he- gemonia do grande capital fi nanceiro, da aliança entre o capital bancário e o capital industrial, que se testemunha a revolução técnico-científi ca de base microeletrônica, instaurando novos padrões de produzir e de gerir o trabalho. Ao mesmo tempo, reduz-se a demanda de trabalho, amplia-se a po- pulação sobrante para as necessidades médias do próprio capital, fazendo crescer a exclusão social, econômica, política, cultural de homens, jovens, crianças, mulheres das classes subalternas, hoje alvo da violência institucionalizada. Exclusão social esta que se torna, contraditoriamente, o produto do desenvolvimento do trabalho coletivo. Em outros termos, a pauperização e a exclusão são a outra face do desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social, do desenvolvimento da ciência e da tecnologia, dos meios de comunicação, da pro- dução e do mercado globalizado. (IAMAMOTO, 2008, p. 18)

Nos parâmetros do processo produtivo, as regras são ditadas tendo sempre em foco o lucro e a ma- nutenção das condições materiais do capitalismo, e para isso os mecanismos postos na sociedade con- temporânea é a fl exibilização do trabalho, a adoção de estratégias e racionalização dos meios de produ- ção, a mudança das condições de trabalho, na redu- ção de direitos e na consequente perda salarial.

Assim, com essa conjuntura posta à requisição do assistente social por empresas, confi rma a necessi- dade desse profi ssional para o desenvolvimento de trabalhos socioassistenciais, de educação continu- ada com o trabalhador e sua família, de busca da qualidade de vida e para atender outras atribuições feitas por seus empregadores.

Sendo o agente profi ssional um intelectual media- dor de interesses de classes em luta pela hegemo- nia sobre o conjunto da sociedade, a prática pro- fi ssional é, visceralmente, permeada por esse jogo de forças, subordinando-se, historicamente, àque- las que são dominantes do ponto de vista político,

econômico e ideológico, em conjunturas históricas determinadas. Embora constituída para servir aos interesses do capital, a profi ssão não reproduz, mo- noliticamente, necessidades que lhe são exclusivas: participa, também, ao lado de outras instituições sociais, das respostas às necessidades legítimas de sobrevivência da classe trabalhadora, face às suas condições de vida, dadas historicamente. (IAMA- MOTO e CARVALHO, 1988, p. 95)

No âmbito das empresas o assistente social tem uma atuação mais focada, mais limitada, porém não menos desafi adora, que requer permanentes e con- tinuados cursos de aperfeiçoamento, uma vez que a empresa visa à realização de um produto ou serviço e os empregados tem um papel previamente deter- minados para a efetivação desse produto. No caso específi co do serviço social, geralmente esse profi s- sional é chamado para afastar os confl itos inerentes à relação capital × trabalho e minimizar a interfe- rência de problemas pessoais e familiares dos em- pregados na produtividade esperada pela empresa.

As formas de atuação do profi ssional pode se dar de diferentes formas, dependendo inclusive, da abertura e inserção que tenha na empresa junto aos administradores e/ou diretores ou no setor de recursos humanos, setor que também pode atuar, e atualmente com grande inserção do assistente so- cial. Em alguns casos a contribuição do assistente social se dá na melhoria das condições de trabalho do empregado, seja por meio de oferecimento de serviços e benefícios aos próprios empregados e os seus familiares, fazendo orientações sobre os direi- tos trabalhistas, sociais e de saúde, fazendo encami- nhamentos para outros setores ou profi ssionais, ou “normalmente” como agente mediador, tentando promover o equilíbrio entre os interesses organiza- cionais e dos trabalhadores, mas sempre buscando a melhoria das relações no trabalho.

Entre as atividades mais desenvolvidas temos: o atendimento individualizado ao empregado e às famílias, a realização de pesquisas e levantamentos de necessidades, desenvolvimento de programas sociais, abordagens grupais junto aos empregados, assessoria à administração e gerentes da empresa,

administração e cessão de benefícios e a realização de diagnósticos organizacionais. Também é impor- tante considerar que em virtude de sua multifun- cionalidade e horizontalização das ações junto aos dirigentes e empregados, esse profi ssional tem sido chamado para exercer a função gerencial.

Da mesma forma que hoje para se manter no mercado, a empresa tem que contemplar alguns re- quisitos, como a utilização de técnicas modernas e consistentes, estratégias operacionais de conquista e manutenção de clientes e a geração de empregos qualifi cados; o assistente social também para se manter nesse campo de atuação deve estar apto para fundamentar e qualifi car sua atuação nesse processo de trabalho, por meio do desenvolvimento de múl- tiplas atividades, intensifi cação no desenvolvimento de tarefas, fl exibilidade e disposição para atuar em diferentes frentes de trabalho.

Verifi ca-se hoje a diversifi cação da demanda des- se profi ssional para mais além da linha executiva, abrangendo pesquisas, planejamentos, assessorias e consultorias, capacitação, treinamentos, geren- ciamento de recursos e projetos. Crescem os traba- lhos em parcerias interinstitucionais e em equipes multidisciplinares. Observa-se uma clara tendência de superação da perspectiva restrita das especia- lizações, afi rmando-se a preferência por um pro- fi ssional competente em sua área de desempenho, mas generalista em sua formação intelectual e cul- tural, munido de um acervo amplo de informações em um mundo cada vez mais globalizado, capaz de apresentar propostas criativas e inovadoras. (IA- MAMOTO, 2008, p. 265)

Historicamente o serviço social tem sido chama- do para eliminar focos de tensões sociais, auxiliar na criação de um comportamento produtivo no traba- lhador, reduzindo faltas e impulsionando a partici- pação do empregado nas atividades e interesses pela empresa, tudo isso como forma de aumentar a pro- dutividade. Outrossim, para IAMAMOTO (2008), no discurso de uma nova forma de mediação, e de assegurar a qualidade do produto, o empregado é chamado à participação, a parceria, a cooperação,

tudo acompanhado pelo discurso de valorização do trabalhador.

Na perspectiva gerencial, transformar cada empre- gado em um parceiro, que interiorize as metas e os objetivos da empresa, concentrando esforços no aperfeiçoamento do trabalho, buscando maior pro- dutividade, racionalidade e redução de custos, a fi m de que contribua para a sobrevivência da empresa no mercado, é um desafi o que tem assumido em muitos casos, a forma de ameaça aos trabalhadores. De fato, já eles precisam preservar seus empregos, não lhes resta alternativa, a não ser “cooperar” e se “envolver”. (DRUCK, 1999, p. 55)

Da mesma forma em que se alteram os requisitos e as condições de trabalho, que fi ca cada vez mais seletivo, o profi ssional de serviço social tem que se adequar também por meio de qualifi cação e aptidão para o trabalho em equipes multiprofi ssionais. Para Iamamoto (2008, p. 47),

(...) ao mesmo em que cresce a atuação do servi- ço Social na área dos recursos humanos, na esfera da assessoria gerencial e na criação dos comporta- mentos produtivos favoráveis para a força de traba- lho, também denominado “clima social”. Ampliam- se as demandas ao nível da atuação nos círculos de controle da qualidade – CCQs –, das equipes interprofi ssionais, dos programas de qualidade to- tal, todos voltados ao controle de qualidade, ao es- tímulo de uma maior aproximação da gerência aos trabalhadores do chão da fábrica, valorizando um discurso de chamamento à participação.

Dessa forma, considerando todo esse processo que está acontecendo com as relações do trabalho vividas e fomentadas pelo assistente social no traba- lho em empresas; esse profi ssional tem que manter “um olhar crítico” sobre: seu agir profi ssional e a re- alidade que o cerca, a sociedade capitalista e as for- mas de exploração do trabalho, os usuários de seus serviços, sem perder a percepção do ponto de vista “macro” baseado no direito e na cidadania.

Para concluir, ressaltamos que o perfi l do profi s- sional atual, exige segundo Iamamoto (1998, p. 131)

Requisitos de qualifi cação, que extrapolam o cam- po empresarial, envolvem capacitação para atuar em equipes interdisciplinares, para atuar em pro- gramas de qualidade total e para elaboração e re- alização de pesquisas; reciclagem do instrumental técnico; capacitação em planejamento (planos, pro- gramas e projetos), aprofundamento de estudos so- bre as áreas específi cas de atuação e temas do quoti-

diano profi ssional, entre outros. Tais elementos são indispensáveis para que o assistente social possa responder às novas e antigas atribuições que abran- gem funções de coordenação e gerenciamento, pla- nejamento, socialização de informações referentes a direitos sociais, mobilizações da comunidade para implantação de projetos além de orientações, encaminhamentos e providências.

Unidade Didática – T

eoria e Prática em Serviço Social

AULA

5

ATUAÇÃO E ANÁLISE DA PRÁTICA

PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL

COMO ASSESSOR/CONSULTOR

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 180-184)